Normas Para Construção E Utilização De Vasos De Pressão
Por Bruna Lavrini
Edição Nº 63 - Julho/Agosto de 2013 - Ano 12
O equipamento, que é fundamental para o dia a dia da indústria, deve ser uma grande preocupação da empresa, uma vez que um erro de projeto, uso ou manutenção pode acarretar em acidentes graves
O equipamento, que é fundamental para o dia a dia da indústria, deve ser uma grande preocupação da empresa, uma vez que um erro de projeto, uso ou manutenção pode acarretar em acidentes graves.
A maioria dos filtros pode ser considerado um vaso de pressão, toda a peça que é capaz de armazenar fluidos pressurizados é classificada como um vaso de pressão. De acordo com Edison Ricco Junior, engenheiro da Apexfil, empresa de Atibaia (SP), especializada em filtragem industrial, pode-se considerar um vaso de pressão equipamentos simples, como uma panela de pressão, até máquinas complexas como os filtros industriais.
Como o próprio nome já diz, o vaso de pressão armazena fluidos que geram pressão e que, se não for projetado e operado de maneira segura, pode gerar acidentes catastróficos para uma empresa. Segundo Milton Mentz, engenheiro mecânico, diretor da MKS Engenharia, de Porto Alegre e diretor da Associação Brasileira de Ensaios Não Destrutivos e Inspeção (Abendi), além dos riscos de acidentes na fábrica, a empresa ainda corre o risco de penalizações por parte dos agentes fiscalizadores. "Estas penalizações podem chegar até mesmo à interdição da instalação onde estejam operando os equipamentos".
Documentação
De acordo com Mentz, as normas utilizadas para confecção e uso de vasos de pressão são da NR-13, Manual técnico de caldeiras e vasos de pressão e da norma ASME VIII. Em primeiro lugar, todo vaso de pressão deve vir de fábrica com uma série de especificações fixadas no equipamento. Essa ficha deve conter: fabricante, ano de fabricação, pressão máxima de trabalho admissível, pressão de teste hidrostático, código de projeto ano e edição e número de identificação. Todas essas informações devem estar legíveis e em local de fácil visibilidade, pois fazem parte de um programa de segurança.
Além de ter algumas especificações técnicas carimbadas na máquina, a empresa deve se preocupar em manter uma documentação atualizada sobre o produto. O prontuário do vaso de pressão deve conter: código do projeto e ano de edição, especificação dos materiais, procedimentos utilizados na fabricação, montagem e inspeção final e determinação da PMTA, conjunto de desenhos e demais dados necessários para o monitoramento da sua vida útil, característica funcionais do equipamento e categoria do vaso. Além dessa documentação, é necessário ter em dia o registro de segurança do maquinário, o projeto de instalação, projetos de alterações ou reparos e todos os relatórios de inspeções. É importante lembrar que, todas as plantas de uma mesma indústria deve ter essa documentação atualizada e arquivada. Segundo a NR-13, essa norma se aplica até as instalações marítimas.
Toda a documentação exigida pela norma deve ser expedida pelo fabricante do vaso de pressão, caso o fabricante não tenha enviado a documentação, a empresa que receber o projeto de vaso de pressão deve se responsabilizar por levantar as informações e montar essa pasta.
A instalação
Para que o vaso de pressão possa ser operado de maneira segura, é importante que todos os drenos, respiros, bocas de visitas e indicadores de nível estejam bem visíveis e em locais de fácil acesso.
A NR-13 estabelece algumas normas para a instalação de acordo com a disponibilidade geográfica do local. No total, são um conjunto de cinco exigências que, segundo o manual, são de suma importância para a segurança do local e das pessoas que trabalham nele. Trecho extraído do NR-13 Manual técnico de caldeiras e vasos de pressão:
a) Dispor de pelo menos duas saídas amplas, permanentemente desobstruídas e dispostas em direções distintas;
b) Dispor de fácil acesso e seguro para as atividades de manutenção, operação e inspeção, sendo que, para guarda-corpos vazados, os vãos devem ter dimensões que impeçam a queda de pessoas.
c) Dispor de ventilação permanente com entradas de ar que não possam ser bloqueadas;
d) Dispor de iluminação conforme normas oficiais vigentes;
e) Possuir sistema de iluminação de emergência.
Todas essas cinco normas são exigidas em locais onde o equipamento ficará "confinado". Já nas instalações abertas, o projeto deve desconsiderar o item que se refere a ventilação permanente, já que a própria geografia do local proporciona essa precaução. De acordo com o manual, o descumprimento dessas exigências ocasiona alto risco para a vida dos operadores. A NR-13 ainda explica que, em alguns casos, o projetista não conseguirá cumprir as normas como estão no manual e, por isso, ele deve apresentar soluções alternativas ao sindicato da classe predominante na fábrica onde o maquinário será instalado.
"Os riscos de uma má utilização de um equipamento pressurizado é muito grande. Esse tipo de maquinário pode causar explosões muito sérias, por este motivo, a preocupação com o projeto dos equipamentos pressurizados e a correta utilização, como manutenções periódicas e o correto dimensionamento e inspeções de equipamentos de segurança - como válvulas de alívio e de segurança -, garantem o bom funcionamento dos equipamentos. É na fase de projeto que são verificados quais ensaios serão necessários para a inspeção intermediária e final dos equipamentos pressurizados", afirma Ricco Junior.
Segurança da operação do equipamento
Em primeiro lugar, deve-se seguir o manual de instruções do vaso de pressão. Nele o operador deve encontrar: procedimento de partidas e paradas, procedimentos e parâmetros operacionais e rotina, como agir em situações de emergência e os procedimentos gerais de segurança, saúde e preservação do meio ambiente. A NR-13 ainda normatiza que os aparelhos de controle da máquina devem estar em boas condições de uso, sempre calibrados e inspecionados.
Os operadores de vasos de pressão devem ser habilitados para cumprir tal tarefa. Para isso, ele deve ter no mínimo o primeiro grau completo e passar por um treinamento de segurança na operação de unidades de processo. Além de proporcionar o treinamento para o operador, a fábrica deve sempre mantê-lo atualizado sobre as condições do equipamento, cursos e palestras sobre as novidades que envolvem o tema.
Manutenção e inspeção
Toda a manutenção dos vasos de pressão deve ser feita de acordo com o código de projeto. Quando necessário fazer algum reparo no equipamento, os funcionários que trabalham com a máquina ou ao redor dela devem ser informados, os materiais utilizados no processo devem ser os pré-determinados pelo projeto e se envolver soldagem, o equipamento deve passar por testes hidrostáticos.
Para garantir o bom funcionamento do equipamento e a segurança dos funcionários que trabalham com vasos de pressão, ele deve passar por algumas inspeções de segurança. A primeira delas é a inspeção inicial, o procedimento é feito em um equipamento novo dentro da fábrica onde ele irá operar.
Depois de instalado e já trabalhando, o equipamento deve passar por inspeções periódicas. A NR-13 possui duas tabelas de periodicidade para essas inspeção. A diferença entre as duas é quando a fábrica possui ou não serviço próprio de inspeção de equipamentos.
No primeiro caso, quando a empresa não possui equipe própria de inspeção, o exame externo varia de periodicidade entre 1 a 5 anos, a variável é referente a categoria do vaso de pressão. O exame interno deve ser feito no tempo que varia de 3 a 10 anos. Já para o teste hidrostático a periodicidade fica entre 6 e 20 anos.
Quando a fábrica tem serviço interno de inspeção, o exame externo deve ser feito numa variável de tempo que vai de 3 a 7 anos, dependendo da categoria do equipamento, o exame interno deve ser feito uma variável de 6 a 12 anos e na categoria de vaso de pressão V, o período fica a critério da empresa. Os testes hidrostáticos para quem tem programa de inspeção interno devem ser feitos entre períodos de 12 a 16 anos e, a partir da categoria III, os testes ficam a critério da fábrica.
Milton Mentz, diretor da Abendi, ressalta a importância de seguir de maneira assídua todas essas normas. "Quem não cumpre corre riscos de toda ordem. As normas de segurança visam garantir que estes equipamentos operem de forma segura. Portanto, o primeiro risco decorrente da não aplicação correta das mesmas é o de acidentes com danos pessoais. Além dos danos pessoais, há também os prejuízos materiais com a parada dos equipamentos, por conta de acidentes, vazamentos, explosões, entupimentos e etc", explica. "E mesmo que não ocorram acidentes num primeiro momento, há ainda o risco de penalizações por conta de fiscalizações que constatem o não cumprimento das normas de segurança aplicáveis."
Contato das empresas:
Abendi: www.abendi.org.br
Apexfil: www.apexfil.com.br
MKS Engenharia: www.mksservices.com.br