Tipos De Válvulas E Critérios Para Aplicação Industrial
Por Daiana Cheis
Edição Nº 63 - Julho/Agosto de 2013 - Ano 12
Com um leque de opções disponíveis hoje no mercado, as válvulas industriais são acessórios indispensáveis e de fundamental importância nas tubulações
Exitem diversos tipos válvulas que atendem os mais variados setores, como: indústrias farmacêutica, químicas, alimentícias, siderurgias, saneamento, óleo & gás, açúcar & álcool, biocombustíveis, mineração, etc. No entanto, embora algumas válvulas tenham aplicações parecidas, cada tipo de válvula é destinada para uma finalidade, e existem até cursos para que o usuário aprenda a identificar cada uma, onde se aplicam e como fazer a manutenção delas.
Dentro de um processo industrial, por exemplo, as válvulas podem representar até 15% de toda instalação, que, dependendo do tipo e tamanho, essa porcentagem pode aumentar. Já que o rendimento de uma bomba, ou do sistema de filtragem, podem ser seriamente reduzidos pela falta de conhecimento sobre esses acessórios.
Segundo o gerente comercial, Marcos de Oliveira, da Bermad Brasil, as válvulas industriais mais comuns são as válvulas manuais, do tipo esfera ou gaveta para bloqueio de fluidos. "Estes produtos, normalmente, são utilizados em massa na indústria, na construção civil, no mercado de saneamento básico, além da utilização em máquinas e equipamentos para diversas utilidades", diz ele. Nas industriais, na maioria, são válvulas de acionamento manual e os principais tipos são: gaveta, globo, retenção (acionamento pelo próprio fluido de processo), guilhotina, diafragma, mangote, esfera, borboleta e macho. As válvulas de segurança e/ou alívio também são acionadas pela própria ação do fluido e utilizadas em equipamentos sujeitos a pressões mais elevadas que a atmosférica. Já as válvulas automáticas de controle, ao contrário das demais, como o próprio nome sugere, são acionadas em resposta a um comando que pode ser pneumático, elétrico ou eletropneumático, através de sensores e controladores automáticos. Ou seja, elas independem da experiência de um operador como nas válvulas industrias. Essas válvulas podem ser dos tipos globo sede simples ou sede dupla, globo gaiola, globo três vias, esfera segmentada, obturador excêntrico, dessuperaquecedores de vapor, etc.
Contudo, independente do tipo de válvula, é necessário que o usuário conheça as diferenças entre elas para escolher o dispositivo certo para cada aplicação, uma vez que nem todas as válvulas podem operar com a mesma temperatura ou pressão. E um dos erros mais frequentes cometidos pelo usuário é a falta de conhecimento técnico do sistema ou da válvula adquirida. De acordo com Oliveira, o uso incorreto da válvula, como de qualquer outro dispositivo, pode causar ineficiência no sistema hidráulico, além de, muitas vezes, não atender o objetivo funcional. Em outras situações uma válvula subdimensionada poderá apresentar um desgaste prematuro (cavitação), além de apresentar ruído e tornar o abastecimento ineficiente em função da perda de carga localizada na válvula de controle. Da mesma forma, uma válvula superdimensionada poderá apresentar dificuldade em uma operação de modulação (regulagem), pois em algumas situações uma válvula muito grande para uma vazão muito baixa implicará em uma abertura muito pequena da válvula, ou seja, em algumas situações a válvula não terá uma precisão no controle do fluxo. E há os cuidados específicos para determinados tipos de válvulas, porque alguns problemas acontecem corriqueiramente: "em válvulas agulha micrométricas deve se tomar muito cuidado no fechamento, pois caso aperte muito a manopla poderá quebrar a agulha, evitando o controle do fluxo e perdendo tempo para manutenção. Não são todas as válvulas micrométricas que fazem o shut-off. Para todas as válvulas a compatibilidade química da vedação, material de construção é de suma importância, pois caso a vedação seja incompatível com o fluido será danificada a vedação e sem ela haverá vazamento que, em alguns casos, a degradação da vedação acaba soltando partículas que podem entrar no sistema prejudicando equipamentos caros, sensíveis, ocasionando paradas desnecessárias e contaminação do produto final", exemplifica Dina Diamand, do departamento de marketing da Tecflux-Swagelok Brasil.
Outro erro bem comum, e que não é exclusivo destes usuários, é a busca por baixos preços, ao invés de qualidade. Os problemas que podem acontecer com válvulas durante a operação de um processo, por vezes, se tornam mais caros do que o custo de se escolher a válvula correta logo na primeira vez.
Muitos fabricantes já se preocupam com a durabilidade do produto e utilizam materiais que aumentam a vida útil destes dispositivos, como o aço inoxidável, ferro, alumínio e cobre; sendo o de aço inox o mais resistente e mais caro também. No entanto, o material a ser usado na fabricação das válvulas depende do tipo de fluido e as condições de operação; da especificação ser feita corretamente, boas instalações, da correta manutenção e dimensionamento, com isso elas podem ter uma longa vida útil.
"Se forem especificadas corretamente as válvulas são de longa duração, podendo chegar facilmente a mais de 20 anos, dependendo da criticidade da operação podem ter a necessidade de manutenções periódicas, reforça o gerente comercial, Djalma Bordignon, da KSB Válvulas Ltda.
Fabricantes
São muitos os fabricantes e distribuidores de válvulas no Brasil e no exterior. Com 45 anos no mercado, a Bermad Brasil é uma das pioneiras no desenvolvimento e fabricação de soluções e controle de fluxo. Com subsidiárias na Austrália, Brasil, China, Itália, México, Reino Unido e EUA, a Bermad fabrica válvulas auto operadas: redutoras de pressão, alívio de pressão, retenções mecânicas, válvulas borboletas, controladoras de nível, limitadoras de vazão, válvulas elétricas, além de ventosas para admissão e expulsão de ar. "A Bermad utiliza normalmente o ferro nodular (dúctil), porém a empresa pode fabricar em diversos materiais como aço carbono, aço inox, bronze marítimo, nylon reforçado e outros materiais sob consulta", comenta o gerente comercial Marcos de Oliveira.
Com mais de 20 anos de experiência no setor, os produtos da Tecflux-Swagelok Brasil conquistaram a confiança do mercado, graças à tecnologia empregada na sua fabricação, ao rígido controle de qualidade e ao alto nível técnico dos profissionais envolvidos, e distribuem, com exclusividade, para o Brasil válvulas para instrumentação (agulha, esfera, retenção, alívio proporcional, etc).
Outra fabricante renomada nesse mercado é a Spirax Sarco Brasil. A empresa fabrica e comercializa diversos tipos de válvulas, entre elas se destaca as válvulas de segurança e alívio, modelos SV80H e SV81H – ASME VIII – Selo "UV", que, segundo Cristina Hoster, do departamento de marketing da empresa, são as únicas no mercado nacional com certificação de capacidade final nos diferentes fluidos: líquido, vapor e gás perante ao NBBI – The National Board of Boiler and Pressure Vessel Inspector.
Com fabricação nacional e também no exterior, a consolidada KSB Válvulas conta com uma vasta variedade de produtos, sendo especialista nos tipos: esfera, gaveta, globo, retenção, borboleta, diafragma, e atuadores pneumáticos dupla ação e retorno por mola.
Tipos de válvulas
A linha de válvulas, além de completa, tem inúmeras opções dividas por grupos e subgrupos.
Válvulas para bloqueio de fluxo
Destinadas para permitir ou interromper o fluxo, trabalhando totalmente abertas ou completamente fechadas, não servindo, pois, para controlar vazões.
Gaveta: As válvulas de gaveta, ou registros de gaveta, são usadas nas instalações industriais, podendo ser produzidas em ferro fundido, aço inox, bronze e demais ligas de metais. Normalmente, são desenvolvidas e projetadas para utilização em engenharia sanitária, em canalizações de esgoto, trabalhando em perfeitas condições quando está sob pressão e em temperaturas que não ultrapassem os 60 graus.
Esfera: Tipo de válvula rotativa utilizada em instalações industriais. É amplamente aplicada em sistemas de tratamento de fluidos para o controle de fluxo e são adequados para aplicações corrosivas. Elas são usadas nas indústrias farmacêuticas, química, borracha, papel e celulose, sistemas de tratamento de água, tecelagens e fábricas de processamento de alimentos. Exemplos: Isolamento de óleo combustível, fechamento de linha para manutenção, retirada de amostra, etc.
Borboleta: Com funcionamento semelhante ao da válvula esfera, o tipo borboleta, geralmente, tem menor custo. Usada em sistemas de pressão, possui bom desempenho em equipamentos de combate a incêndios por terem um dispositivo de desligamento rápido e eficaz. Pode ser empregada em diferentes situações, como controle de fluidos ou isolamento total da passagem de fluxos.
Válvula para regulagem ou controle de fluxo
Tem como principal função estabelecer e controlar a pressão e escoamento de fluido em tubulações.
Agulha: O objetivo deste tipo de válvula é o de regular o fluxo através de um sistema de regulagem simples ou fina. Embora a função principal do projeto é o controle de fluxo, algumas válvulas também fornece o controle on-off. Exemplo: Controle de entrada de fluido para cromatógrafos gasosos e líquidos, isolar ou drenar fluidos, painéis de controle, amostragem de gases, bancadas de teste, linhas de gases.
Globo: É um tipo de válvula comumente usada em gasodutos, para controlar o fluxo de fluidos mais viscosos como o óleo. Possui corpo esférico, separado por um defletor, e as válvulas automatizadas possuem hastes deslizantes. A válvula globo angular é indicada para o bloqueio, comando, dosagem e controle de fluidos líquidos ou gasosos.
Diafragma: As válvulas diafragma podem ser manuais ou automatizadas. Suas aplicações, em geral, são como válvulas de corte em sistemas de processo de alimentos, bebidas, farmacêuticos e biotecnologicos. Constituem por um corpo de válvula com duas ou mais portas, um diafragma e uma "sela" ou assento em que o diafragma fecha a válvula.
Borboleta: Algumas empresas indicam e utilizam a válvula borboleta para regulagem e controle de fluxo.
Válvulas de fluxo
Usadas para obstrução total ou parcial do fluxo.
Pistão: A válvula de retenção tipo pistão impede o contra fluxo de fluidos, ou seja, depois que o fluxo passa pela tubulação, a válvula pistão não deixa que esse mesmo fluxo retorne por meio da tubulação, o que afetaria a bomba e causaria alagamentos. Podem ser aplicadas em siderurgias, saneamento, óleo & gás, mineração, indústrias, açúcar & álcool e biocombustíveis.
Válvulas para controle de pressão
Usadas para controlar a pressão com que o fluxo pode passar por ela e as aplicações são distintas.
Segurança: Dispositivo automático de alívio de pressão, atuado pela pressão estática do fluido a montante da válvula. Adequado para trabalhar como válvula de segurança ou válvula de alívio, dependendo da aplicação desejada.
Redutoras de alívio de pressão: Sistemas de vapor bem projetados produzem vapor seco e limpo a altas pressões. Controles efetivos para esta aplicação demandam uma válvula automática que pode reduzir a pressão do vapor de forma precisa, confiável e a um custo que atenda à aplicação.
Contato das empresas:
Bermad Brasil: www.bermad.com.br
KSB Válvulas: www.ksb.com.br
Spirax Sarco: www.spiraxsarco.com
Tecflux-Swagelok: www.swagelok.com.br