Reuso De Água: Novo Caminho Para As Necessidades
Por Meio Filtrante
Edição Nº 16 - Setembro/Outubro de 2005 - Ano 4
Quase 100% de toda água do planeta é salgada. As poucas fontes disponíveis de água doce estão comprometidas ou correndo risco.
A idéia da água de reuso e a taxação da utilização da água tornaram-se novas alternativas para o consumo controlado dos recursos hídricos
Quase 100% de toda água do planeta é salgada. As poucas fontes disponíveis de água doce estão comprometidas ou correndo risco. Em outras palavras, cada dia que passa a situação da água fica mais crítica e nossa necessidade por fontes se torna mais decorrente. O Reuso de água aparece como uma solução simples e, comparada a outros sistemas, econômica. O Reuso é a utilização da água por mais de uma vez, através de um tratamento que varia conforme a finalidade do uso pretendido. A água tratada geralmente é produzida dentro das Estações de Tratamento de Efluentes e pode ser utilizada para inúmeros fins, como geração de energia; refrigeração de equipamentos, em diversos processos industriais; em prefeituras e entidades; no setor hoteleiro; irrigação no setor agrícola; entre outros. A utilização do reuso preserva a água exclusivamente para atendimento de necessidades que exigem a sua potabilidade, ou apenas os que exigem apenas uma razoável qualidade, como a água industrial, por exemplo.
O Reuso de água começou a ficar mais popular graças ao aumento do preço das águas de abastecimentos, o que, consequentemente, aumentavam os produtos finais no processo de fabricação industrial, além dos gastos habituais durante o processo. Outro fator que colaborou por seu conhecimento foi a utilização do processo em vários outros países e para diversas aplicações, com a fama de reduzir a demanda dos mananciais.
Preocupação geral
Hoje em dia há uma preocupação geral com o meio ambiente e com a reciclagem da água, inclusive o Brasil que tem uma grande parte da quantidade de água que há na superfície do planeta. O Governo Brasileiro, por exemplo, já começa a se preocupar com a regulamentação do setor e as indústrias pesquisam opções para a reciclagem de seus efluentes. Enfim, as questões ambientais agora andam lado a lado com a preocupação social do assunto. Porém, as legislações existentes dizem respeito somente ao lançamento dos efluentes tratados em corpos receptores ou redes coletoras. A maioria das indústrias respeita a legislação e reconhece que tais atividades prejudicam o meio ambiente, além das penalidades financeiras e nas vendas ao exterior, onde se preza muito pelo cuidado e preservação do meio ambiente. Com o início da liberação de efluentes nas bacias hidrográficas e, em alguns lugares, da cobrança pela captação, está sendo introduzida a questão da utilização da água nas estratégias das grandes indústrias. As empresas agora estão reduzindo, como prioridade, o consumo de água, além de estar sempre atentas para melhorar o tratamento e até transformar o efluente em água de reuso. Projetos estão sendo desenvolvidos para implantação de estações de tratamento para conversão de efluentes em águas de reuso e esgoto municipal em água industrial. Além de ser uma medida eficaz para resolver a questão do abastecimento, o reuso proporciona um ganho econômico, com a redução na captação, na quantidade de químicos para seu tratamento e no lançamento de efluentes. Mas para isso, necessita-se de um tratamento seguro e exclusivo para determinada atividade onde a água será necessária.
Usou, pagou
As indústrias da Região Metropolitana de São Paulo (RMSP) reutilizam pouca água, uma das boas formas de transformar esse conceito numa iniciativa rotineira e mais prática é a cobrança pela quantidade de água utilizada.
Há sete anos prevista em lei federal, a cobrança pelo uso da água no Brasil é pouco conhecida e praticada. O primeiro a instituir foi o Ceará, que há cerca de seis anos adotou a taxação apenas para a captação de água e não sobre a poluição dos rios. Havia a necessidade do Reuso no Ceará, já que o estado sofre com a escassez da água devido aos períodos longos da seca.
Além disso, o estado criou uma agência estadual de águas, que gera a aplicação dos recursos e determina os valores a serem cobrados.
O processo funciona da seguinte forma, tomando como exemplo a prática na bacia do Rio Paraíba, quem devolver água ao rio em condições piores do que a captou paga R$ 0,02 por metro cúbico coletado. Quem devolver a água tratada em condições iguais ou melhores do que a água quando captada, terá um custo quase três vezes menor. Os usuários dos recursos hídricos do segmento industrial e agrícola são da categoria ‘poluidor-pagador’, que captam a água e também devolvem em qualidade inferior à original.
O reuso de água é uma grande alternativa também no dia-a-dia, em operações não tão grandes como as das indústrias, mas que consomem uma grande demanda de água, como por exemplo, a lavagem de veículos. O sistema de reuso podem gerar uma economia de até 80% de água, podendo ser usada até seis vezes sem prejudicar a atividade.
A cobrança é uma forma de administrar a exploração dos recursos hídricos federais e estaduais para a geração de fundos que permitam investimentos na preservação dos próprios rios e bacias. França, Inglaterra e Alemanha são alguns dos paises beneficiados com essa lei. Depois da taxa, as indústrias desses países têm captado a água com maior eficiência e responsabilidade.