Mitos E Verdades Na Filtração
Por Alice Ribeiro E Roberto
Edição Nº 13 - Março/Abril de 2005 - Ano 3
Os filtros fazem parte de nossa vida diária, mesmo sem percebermos a presença deles.
Os filtros fazem parte de nossa vida diária, mesmo sem percebermos a presença deles.
Na realidade, temos exemplos de filtração em nosso próprio corpo. O nariz tem pêlos que filtram as partículas do ar, assim como os alvéolos pulmonares; os rins são filtros eficientes do sangue. Além disso, praticamente todas bebidas ou medicamentos líquidos que consumimos passam por alguma etapa de filtração. A Filtração é o processo de separação de material particulado (sólido), de um fluido (gás ou líquido), pela passagem do fluido através de um meio poroso permeável. Todo processo de filtração envolve a interação dos componentes do triângulo:
Fluido/Partícula/Meio Filtrante
A seleção do meio filtrante apropriado está ligada a diversos fatores, mas basicamente os mais relevantes são a compatibilidade química e térmica do material do filtro com relação ao fluido a ser filtrado. No caso da filtração de água para uso doméstico, a temperatura deixa de ser importante, já que dificilmente se encontram valores que excedam 40oC. Quanto à compatibilidade química, a água para consumo humano tem que seguir os padrões de potabilidade determinados pela legislação. Neste caso, o que determina a escolha de um meio filtrante?
Até bem pouco tempo atrás se verificava a existência de uma série de mitos e lendas no mercado de filtração de água para consumo humano, gerados principalmente pela inexistência, até então, de normas e conceitos claros. Uma lenda interessante propagada nesse mercado era de que se devia utilizar filtros com elementos filtrantes de plástico ao invés dos de celulose. Havia até mesmo aqueles que confundiam o tipo de material, dizendo que "plástico é um material mais inorgânico". Além do erro de conceito, já que materiais poliméricos, celulose ou polipropileno são compostos orgânicos, existia um grande medo de que a celulose pudesse ser digerida por microorganismos presentes na água.
De fato, a degradação da celulose no meio ambiente é reconhecidamente um fenômeno microbiológico, porém sob condições específicas, onde determinados grupos de microorganismos presentes na terra metabolizam este tipo de material. Nessa linha de raciocínio, filtros de celulose podem ser considerados produtos ecologicamente corretos, pois são degradados pela natureza.
Por outro lado, essa recíproca não é verdadeira quando se trata de água para consumo humano (água potável), uma vez que esta comumente não contém microorganismos capazes de produzir "celulase", enzima responsável pela quebra da celulose em açúcares.
Para nossa sorte, a produção deste tipo de enzima é específica de alguns tipos de microorganismos. Não haveria casas de madeira se fosse assim tão fácil assimilar a celulose.....
A água potável tem limites físico-químicos e microbiológicos bem definidos. Não é recomendável a colocação de filtros em água cuja qualidade, principalmente microbiológica seja duvidosa. Não é esperado encontrar na água organismos que produzam celulase. Em contrapartida, as sujidades recolhidas por filtros de qualquer tipo de material são passíveis de ancorar microorganismos, daí a preocupação do entendimento de que não se pode pretender utilizar filtros em qualquer tipo de água. A outra preocupação é com a qualidade dos materiais utilizados para a fabricação dos filtros.
Do ponto de vista da filtração, os fatores relevantes para a escolha de um filtro estão contemplados na norma NBR 14908: "Aparelho para melhoria da qualidade da água para uso doméstico - Aparelho por pressão".
Segundo a Norma, todos materiais que entram em contrato com a água para consumo humano devem ser atóxicos. Tanto os materiais de fabricação dos aparelhos como todo o conjunto, não devem acrescentar à água extraíveis ou contaminantes que excedam os valores máximos permitidos estabelecidos em seu item 4.10.
Desta forma, combatemos a lenda com fatos científicos. O que interessa para o consumidor é o conhecimento e a segurança de quem é especialista em filtração. Celulose ou polipropileno são materiais possíveis de serem empregados na confecção de filtros, desde que atendam os requisitos da norma.