Redução De Ferro E Manganês Da Água. Solução Para O Consumidor
Por Prianti Junior, N.G. B
Edição Nº 3 - Outubro/Novembro/Dezembro de 2002 - Ano 1
Nas águas subterrâneas pode haver ocorrência de ferro em estado reduzido (Fe++), e segundo MACÊDO (2001), os sais ferrosos, que são bastante solúveis em água...
Nas águas subterrâneas pode haver ocorrência de ferro em estado reduzido (Fe++), e segundo MACÊDO (2001), os sais ferrosos, que são bastante solúveis em água, são facilmente oxidados, e formam hidróxidos férricos que tendem a flocular e decantar.
A presença de ferro total, geralmente associado
ao manganês pode conferir à água de
abastecimento uma coloração que pode variar de
amarela a preta, dependendo da substância
preponderante, podendo também apresentar turvação.
LEGISLAÇÃO
A Portaria n° 1.469 do Ministério da Saúde
estabelece os teores de 0,3 mg/L de ferro total e
0,1 mg/L de manganês como valores máximos
permitidos, e a despeito desses metais não
causarem problemas ao ser humano, sua presença em
determinadas concentrações afetam
significativamente a qualidade organoléptica,
causando manchas em louças sanitárias, roupas,
podendo ainda levar o consumidor a buscar outras
fontes de abastecimento não controladas.
Como cita DI BERNARDO (1993), para controle ou
remoção de ferro e manganês da água pode-se
utilizar um processo de aeração, sedimentação
e filtração conjugado ao uso de oxidantes como o
cloro, dióxido de cloro, ozônio. Esse autor cita
ainda a possibilidade do uso do processo de troca
iônica, quando a concentração de ferro for
menor que 0,5 mg/L. A literatura cita ainda a
possibilidade da utilização de ortopolifosfato
como agente quelante de metais (PRIANTI JUNIOR et
al., 1998; COIMBRA et al., 1999).
FILTRAÇÃO ATRAVÉS DE ZEÓLITOS
Outra possibilidade para remoção dos citados
metais seria a filtração da água através de um
meio filtrante à base de zeólitos naturais e
sintéticos ativados, onde a remoção do ferro e
do manganês se daria pelo processo de oxidação
e adsorção.
MATERIAIS E MÉTODOS
Com o objetivo de se avaliar esse tipo de filtração,
desenvolveu-se essa pesquisa, que visa quantificar
os índices de ferro total e manganês, da água
bruta de poços tubulares profundos da cidade de
Jacareí (SP), comparando-os com os índices
finais da água pós filtração.
Para este estudo foram utilizados dois poços
tubulares profundos situados na Bacia do Parateí,
cujos perfis geológicos apresentam formações do
tipo Caçapava e embasamento cristalino, tendo
como características diferenciais a presença de
ferro total e de manganês na composição química
de sua águas.
Inicialmente instalou-se na adutora dos dois poços
profundos da região, uma tomada de água para um
filtro de pressão piloto, compacto, de aço
inoxidável, contendo como meio filtrante, um
composto à base de zeólitos naturais e sintéticos,
que, segundo seu fabricante, é composto de óxidos
metálicos e alumino silicatos processados em
temperatura, pressão e atmosfera controladas,
conferindo-lhe alta atividade catalítica.
Foi realizado um primeiro estágio de filtrações
e retrolavagem por pressão somente para limpeza e
adequação do meio filtrante. Após ter-se
observado visualmente água límpida na descarga
da retrolavagem, iniciou-se o teste que teve a
duração de 18 dias, sendo realizado de primeiro
a dezoito de julho de 2002.
Durante o período de estudo, o processo de filtração
ocorreu em uma média de 16 horas diárias,
somente sendo
interrompido quando do desligamento automático
dos poços, ou quando eram efetuadas as lavagens
do filtro, que ocorriam a cada 48 horas.
As coletas de amostras de água filtrada foram
realizadas sempre no período da manhã,
anteriormente às lavagens, sendo coletadas
simultaneamente amostras de água bruta para
comparação de resultados, Foram analisados os
parâmetros ferro total e manganês, conforme
descrito no Standard Methods for The Examination
of Water and Wastewater 20ª edição, e os
resultados compilados em tabelas e posteriormente
executados gráficos para melhor visualização
dos dados.
RESULTADOS E CONSIDERAÇÕES
No Gráfico 1 foram plotados os resultados de
ferro total da água afluente ao filtro, bem como
os resultados pós-filtração, observando-se uma
taxa de redução de 82,76 %, estando a água com
resultados de ferro bem abaixo dos padrões
estabelecidos pela legislação.
Como pode ser observado no Gráfico 2, no período
estudado houve uma diminuição de 0,11 mg/L para
0,03 mg/L de manganês, tendo portanto uma redução
de 72,73 % desse metal na água final.
Comparando-se o método de filtração descrito
com os tradicionais processos para remoção de
metais que incluem aeração e decantação,
verifica-se no primeiro uma redução no consumo
de oxidantes, por não necessitar de pré-cloração,
e uma diminuição do tempo de trabalho
operacional e do consumo de água para limpeza,
devido à eliminação das etapas referentes a
aeração e decantação.
Pelos resultados obtidos, considera-se esse método
de filtração viável e de fácil aplicabilidade,
pois o mesmo apresentou bons resultados na remoção
de ferro e manganês, reduzindo as concentrações
desses metais a valores bem abaixo dos padrões
requeridos.