Mahle Mostra Sua Nova Fábrica De Filtros Automotivos
Por Meio Filtrante
Edição Nº 5 - Abril/Maio/Junho de 2003 - Ano 2
Uma das maiores e mais antigas fabricantes de sistemas de filtragem no mundo, a empresa alemã investe US$ 12 milhões em nova planta
A
multinacional alemã
Mahle oficializou, no último dia 21 de março,
sua entrada na fabricação no Brasil de filtros
para o setor automotivo. A empresa promoveu uma
visita coletiva de seus distribuidores à nova
planta, em Mogi-Guaçu (200 km de SP). O
investimento, que vem sendo aplicado desde 2001,
foi da ordem de US$ 12 milhões, sendo 40% deles
em máquinas e equipamentos, 20% na construção
do novo prédio, 25% em ferramentas e reposição
e 5% em um rigoroso treinamento dos funcionários,
que incluiu estágios na Alemanha e Áustria.
Durante a visita, batizada de Mahle Day, o presidente mundial da empresa, Peter Grunow, disse que a previsão de faturamento dos filtros é de US$ 22 milhões em 2004 com projeção de US$ 26 milhões para 2005.
A produção deverá atender tanto a demanda interna quanto aos Estados Unidos e Europa. "Como estamos presentes em todos os mercados, acompanhamos todas as mudanças tecnológicas e o Brasil está no caminho certo em relação a essas exigências", avaliou, sinalizando para o nicho de mercado que se desponta com o aumento do rigor nas leis ambientais brasileiras.
Segundo Grunow, a Mahle está em fase de ampliação de sua linha de produtos, que neste ano somam 64 itens, mas, para 2004, deverá quase dobrar o leque, produzindo uma linha de 118 produtos. A capacidade da nova planta é de 11 milhões de filtros por ano.
O presidente do grupo Mahle no Brasil e diretor de after market, Claus Hoppen, afirmou que a marca da Mahle é o foco no cliente e na qualidade. A empresa exporta mais de 50% de sua produção, sendo que, tanto no Brasil quanto no mercado externo, 46% de seus produtos vão para o mercado de reposição, destinado tanto para carros de passeio como para caminhões. São peças desenvolvidas ao longo dos 100 anos de experiência mundial da Mahle.
Os principais produtos são pistões e componentes de motores, além dos kits para reposição de sistemas e conjuntos para as montadoras.
A empresa, que comprou a fábrica de amortecedores Cofap e a Metal Leve, faturou em 2002 US$ 439 milhões.
As exportações, segundo ele, são responsáveis por US$ 228,6 milhões desse montante.
Das nove plantas da Mahle no Brasil, a principal fica em Mogi-Guaçu, com 3.488 funcionários em suas três divisões. As outras unidades estão em Limeira, São Bernardo (2, uma delas é a maior fábrica de pistões da Mahle no mundo, com 2 milhões de peças por mês), Mauá, Indaiatuba (SP) e Itajubá (MG), envolvendo 8.148 funcionários ao todo.
Os investimentos em tecnologia e treinamento podem ser calculados pelo número de funcionários da nova planta de filtros: apenas 76 para uma capacidade de 11 milhões de filtros/ano. "A exportação exige um alto grau de automação", revelou Ricardo Simões, diretor da nova fábrica de filtros. Com o alto grau tecnológico, as linhas são flexíveis para uma demanda de altos volumes de produção.
A unidade foi construída com um sistema de pressão interna maior que a externa, o que evita a entrada de poeira na linha de produção. "Nossos investimentos são em tecnologia tanto no produto quanto no processo", alinhavou Hoppen. Segundo ele, investimentos da ordem de R$ 3,2 milhões foram feitos em 802.531 horas de treinamento para os funcionários. Além das exigências para atender ao mercado externo, a nova fábrica tem desenvolvido tecnologia para atender a diferentes necessidades das regiões brasileiras. "Já estamos com patentes para produtos com soluções para regiões do Brasil onde temos maior concentração de poeira", disse Ricardo Simões. Outra novidade é que a fábrica já produz filtros em alumínio, em versões que dispensam cola, com elementos filtrantes mais avançados para as linhas do Audi e do Golf. Os filtros ecológicos também são outro destaque. Montados sem materiais metálicos, aos serem descartados são completamente incinerados, poupando o meio ambiente. "A partir de 2004, a legislação brasileira terá outro nível de exigência quanto à emissão de poluentes", adiantou Simões.
O desenvolvimento do filtro ecológico foi um dos fatores que levou a empresa a receber o certificado ISO TS 16.949, a última palavra em normas para as montadoras.
Espectativa é atender 10% do mercado em 2004 A expectativa da Mahle é entrar no mercado de filtros automotivos aos poucos, segundo o que foi divulgado no evento do dia 21. Hoje, a Tecfil atende a 35% da demanda, a Fram, 24%, Mann, 20% e outras empresas atendem de forma pulverizada os 21% restantes. Segundo o gerente nacional de venda da empresa, Edvaldo R. Selidonio de Souza, em 2002 a Mahle Filter obteve 6% desse mercado. Para este ano, a meta é 8% e, em 2004, 10%. "No momento estamos focando todos os nosso esforços na introdução e consolidação da linha de filtros", revelou Edvaldo de Souza. O gerente afirma que o mercado está cada vez mais competitivo e exigente, mas acredita que a marca Mahle Metal Leve possui um diferencial em relação às demais concorrentes. "Temos o pacote completo da linha motor, nosso core business, é a alta tecnologia na fabricação de nossos produtos, ações integradas de marketing e promoção, além de uma equipe de vendas treinada também para o pós-venda", disse. Esse preparo inclui, em logística, um grande centro de distribuição em Limeira (SP), numa área de 25 mil metros e um centro de treinamento em Santo Amaro, na capital paulis-ta, para reparadores, profissionais de vendas dos varejos e distribuidores, onde, só neste ano serão treinadas 1.000 pessoas. Edvaldo avalia que o mercado está muito mais exigente e aposta em novas posturas. "Teremos uma modernização e renovação da frota, fabricantes e distribuidores trabalhando com operadores logísticos, havendo aumento da competitividade em todos os elos da cadeia, alta tecnologia empregada na fabricação dos produtos, redução da cadeia (fabricantes/distribuidores/varejos e reparadores), tecnologia de informação e maior foco das montadoras em peças e serviços, buscando ganhar maior market share", afirmou. "Como o Brasil tem dimensões continentais, o distribuidor passa a ter um papel fundamental de extensão do fabricante, disponibilizando o produto com competência e adequação", disse. |
Andap vê mercado muito promissor no Brasil O diretor executivo da Andap (Associação Nacional dos Distribuidores de Autopeças), Luiz Carlos Vieira, acredita que o mercado de filtros no Brasil é bastante promissor. No Mahle Day, ele disse aos distribuidores dos produtos da empresa que o fatura-mento total das indústrias de autopeças em 2002 foi de R$ 43 bilhões. As montadoras respondem por 56% desse volume, as exportações ficam com 20%, e o mercado de reposição é responsável por 18% outros 6% têm origem em outras categorias.Vieira afirmou que as alterações nos automóveis e a mudança da mentalidade dos consumidores vão contribuir para o aumento da manutenção dos veículos e o mercado pedirá, cada vez mais, peças bem desenvolvidas. "Hoje o consumidor tem muito mais consciência de seus direitos", disse. Além disso, ele aponta o desenvolvimento da agricultura como outro fator que vai ampliar o mercado de filtros. "No nosso país, 60% das cargas são transportadas por meio rodoviário e 90% dos passageiros também. Por isso, o Brasil tem características importantes para o mercado de filtros", declarou. A frota de veículos está somando: 16.510.000 carros de passeio, 2.891.000 carros comerciais leves, 1.148.000 caminhões e 238.000 ônibus. |