A Donaldson É Mais Brasil
Por Eliane Quinalia
Edição Nº 36 - Janeiro/ Fevereiro de 2009 - Ano 7
Atenta à demanda do mercado por filtros automotivos e industriais, a Donaldson dribla a crise mundial e investe em uma nova unidade fabril no País para atender o Mercosul
Especializada na fabricação de filtros automotivos e industriais, a Donaldson Company inaugurou no último dia 11 de novembro, em Atibaia, interior de São Paulo, a primeira unidade fabril da companhia no Brasil destinada ao segmento automotivo pesado.
A produção, programada inicialmente para ser executada com uma equipe enxuta, será destinada à fabricação exclusiva de filtros de ar para motores de caminhões, ônibus, tratores, máquinas agrícolas e de construção, visando, prioritariamente, suprir as necessidades de seus clientes nacionais, os quais a empresa prefere manter em sigilo no momento. “Utilizamos know-how em gestão de negócios e tecnologia de ponta para que, em um futuro próximo, tenhamos um crescimento agressivo que nos permita duplicar a linha de produção”, explica Fábio Elias, Gerente Industrial da Donaldson Brasil.
Consolidada mundialmente, a empresa - que iniciou suas atividades em 1915 - detém um faturamento anual de 2,2 bilhões de dólares no mundo e atualmente trabalha com 50% de seus produtos voltados para o mercado industrial e 50% para o mercado automotivo. Assim, a mesma considera o Brasil peça-chave para a continuidade de seus negócios, bem como para o desenvolvimento de suas atividades no segmento de filtros.
Para Sérgio Manzoli, diretor da Silubrin, o retorno da Donaldson ao Brasil deverá sacudir o mercado tanto na linha móbil quanto industrial. “É importante frisar que a Donaldson e outras marcas já conhecidas no Brasil deverão colaborar para a formação de um mercado diferenciado, com opções em filtros cuja qualidade seja reconhecida mundialmente”, afirma.
Por estas razões, não é à toa que a própria Donaldson tenha escolhido o País para sediar sua 39º unidade. “Por trabalhar de forma global, procuramos estar próximos de nossos parceiros. Esta foi uma de nossas prioridades ao optar pelo Brasil”, revela Mauricio Goes, Country Manager da Donaldson Brasil, que não hesitou em investir numa nova unidade fabril.
Distribuição e revenda
A fábrica, localizada em Atibaia, encontra-se em um galpão de 3.000 m2 próximo às rodovias Anhanguera, D. Pedro, Bandeirantes e Fernão Dias, o que permite uma excelente logística para o escoamento de produtos para o interior do Brasil. Assim, a chegada da empresa ao País marca o setor e traz otimismo para distribuidores de filtros, em especial porque com a inauguração de uma unidade fabril em São Paulo, a nacionalização de produtos passa a ser uma recorrente em território nacional, favorecendo as transações comerciais e fortalecendo a cadeia produtiva. “As negociações poderão ser efetuadas diretamente com a unidade brasileira da Donaldson, o que facilitará a amortização de custos para os distribuidores nacionais, além de permitir o abastecimento de estoques quinzenalmente, recurso impossível no passado com as importações diretas”, explica Aldenir Montesso, diretor da Poli-Filtro, que aguardava até 60 dias para solicitar produtos.
As negociações entre distribuidores e fabricantes se desenvolveram com base em um nível acentuado de profissionalismo, de modo que as transações sejam facilitadas e obedeçam ao planejamento de produção, readequando estoques e políticas mais ágeis de comercialização de produtos.
Essa política de “ganha-ganha”, trará benefícios ao mercado como um todo, pois beneficiará o Brasil com a entrada de tecnologia e know-how estrangeiro, além de obrigar os profissionais que aqui se encontram a aprimorarem suas técnicas para se equiparar à concorrência. “Com a vinda da fábrica ao Brasil, poderemos fornecer produtos com a mesma qualidade e eficiência dos comumente entregues na Europa e Estados Unidos”, afirma Willy Bordignon, Gerente Geral da Ahlstrom Louveira. De acordo com o mesmo, a Ahlstrom possui uma equipe de P&D empenhada no desenvolvimento de elementos filtrantes de acordo com os requisitos da Donaldson.
Deste modo, a agilidade de produção, a diminuição no tempo de entrega do produto e a redução dos níveis de inventário dentro da cadeia serão priorizadas. A Delrey Filtros, por exemplo, será impactada positivamente na medida em que acrescentar itens ofertados ao mercado. “Atualmente, grande parte dos equipamentos importados ou mesmo nacionais demandam nossos produtos. Ou seja, isto significa que nossa abrangência comercial será ainda maior”, explica Wanderley Miranda, diretor da Delrey Filtros.
Além disso, a expectativa é de uma sensível melhora em relação aos custos de comercialização, com acordos comerciais mais competitivos e ações ainda mais agressivas em relação ao marketing das empresas.
Exportação x Importação
Um dos objetivos da Donaldson Brasil é a exportação de produtos. Segundo Franklin Cárdenas, Diretor Geral da Donaldson Latino-América, entre as prioridades está o Cone Sul. “O Brasil se encontra em uma posição comercial estratégica, por isto nossa preocupação em fabricar e abastecer o Mercosul”, afirma. “O interesse se deve especialmente às facilidades deste negócio, que permite a ampliação da importação e exportação facilitada, dada à baixa de impostos entre os países latinos”.
Vale lembrar, no entanto, que a unidade de Atibaia não atenderá a produção de toda a linha de produtos da Donaldson. No Brasil apenas se concentrarão os produtos destinados à linha automotiva pesada. Desta maneira, para suprir as necessidades logísticas, serão montados estoques locais com o intuito de assegurar acordos comerciais, bem como ampliar a capacidade comercial da empresa, que alega interesses próprios em desenvolver uma estrutura de vendas no mercado nacional. “Para ter uma idéia, desde a abertura da unidade fabril, aumentamos nossa capacidade comercial consideravelmente em todos os sentidos. A princípio, tínhamos apenas um funcionário. Trata-se de um ganho para nossa companhia”, afirma Cárdenas.
Na área de equipamentos, no entanto, o plano será de médio e longo prazo. Em eventuais necessidades, a empresa deverá optar pela importação de produtos de suas filiais recorrendo ao México, por exemplo. “Os equipamentos continuarão sendo importados e os elementos filtrantes estocados em nossa fábrica”, explica Goes.
Positivismo frente à crise
Apesar da crise mundial, a Donaldson considera o momento propício para o investimento e aposta firmemente no desenvolvimento do setor, pois se coloca como uma empresa consolidada financeiramente para resistir às turbulências do mercado global. De acordo com Cárdenas, o Brasil se destaca por ser um País de crescimento notório e ressalta que nenhum investimento deste porte é feito de forma insensata. “Não estamos visando uma aquisição temporária. Trata-se de um investimento de base sólida. Pretendemos permanecer em solo brasileiro por muitos anos”, garante. “A crise a que todos se referem é apenas uma situação transitória, como outras que já ocorreram em nossa história. Vai passar”, diz o Diretor Geral da Donaldson Latino-América, que afirma estar tranqüilo por assegurar processos que eliminam desperdícios e manter uma base financeira sólida da companhia.
O positivismo é tamanho que, em meio à crise, a própria direção afirma que começou com apenas um funcionário em 2005 e agora já possui estrutura para inaugurar a fábrica no País. “A expectativa é continuarmos investindo e crescendo pois nossa fábrica foi concebida para ser flexível. Exatamente por isso, acredito que seremos competitivos no Brasil”, afirma Goes.
Para Miranda, a instalação da fábrica no Brasil é sinal do crescimento econômico do País, pois o investimento demonstra a confiança e reconhecimento dos agentes internacionais no mercado brasileiro. “Sob qualquer ponto de vista, a chegada deste empreendimento é positiva para o segmento de filtros”, defende Miranda.
A Donaldson possui aproximadamente 18% de participação do market-share mundial e concentra sua agressividade mercadológica nas áreas de filtração de ar para veículos motorizados e em sistemas automotivos pesados. Nos meios hidráulicos industriais destacam-se as linhas de filtros de controle de contaminação de poeira, fumaça e neblina, além dos filtros usados para recuperação de materiais farmacêuticos.