A Importância Da Assessoria Em Momentos De Turbulências
Por Hercules Guilardi
Edição Nº 36 - Janeiro/ Fevereiro de 2009 - Ano 7
Diante do cenário atual da economia, principalmente para o mercado brasileiro, a atitude é um fator determinante para o sucesso das empresas.
Diante do cenário atual da economia, principalmente para o mercado brasileiro, a atitude é um fator determinante para o sucesso das empresas. A inovação no sentido mais amplo passa a ter uma importância fundamen-tal para que as empresas brasileiras atravessem o mar agitado e cheguem a um porto seguro.
Temos trabalhado nos últimos anos atendendo a micros, pequenas e médias empresas, o que nos habilita a analisar o porquê delas terem tido sucessos e fracassos.
Existe um preconceito de que somente as grandes empresas, e principalmente as multinacionais, têm condições de competir no mercado, uma vez que elas detêm tecnologia e recursos financeiros suficientes para suportar o nível de investimento necessário para um programa estruturado de treinamento, e para atender as necessidades de investimentos em ativos fixos, etc.
Todavia, a experiência que temos vivido nestes últimos 10 anos demonstra que se as micros, pequenas e médias empresas tiverem atitude para mudanças de comportamento, elas podem implementar programas e utilizar ferramentas de gestão das grandes com sucesso e, em muitos casos, com retornos maiores do que aquelas. Isto é, as micros, pequenas e médias empresas têm mais condições de implementar programas de melhoria contínua, porque têm mais flexibilidade e o poder de decisão, na maioria dos casos, está nas mãos de uma ou poucas pessoas, não exigindo longo tempo para implementação.
O modelo de gestão que temos utilizado para a melhoria do desempenho de nossos clientes é muito simples, porém de difícil implementação pelos gestores, porque muitas vezes os executivos principais são oriundos de áreas técnicas e sentem dificuldades em instalar metodologias que realmente planejem e controlem suas operações. Estas funções são normalmente delegadas a níveis inferiores na organização, distanciando cada vez mais, o proprietário da compreensão dos relatórios gerados, os quais apesar de existentes em grande quantidade, são de difícil interpretação.
O processo de assessoria desenvolve serviços nas diversas áreas, com a par-ticipação e envolvimento direto do executivo principal, funcionando como um processo de treinamento em técnicas de administração e controle.
Dessa forma, o executivo principal experimenta todas as etapas do processo de planejamento e controle e percebe que inexistem quaisquer sofisticações, pelo contrário, é uma ferramenta fundamental.
Como conseqüência da implantação efetiva de um sistema de planejamento e controle, o executivo principal começa a perceber a importância da precisão das informações contábeis, bem como a necessidade imperativa de serem geradas em tempo hábil. Isto nos leva, muitas vezes, a intervir em demais sistemas para que os mesmos se adaptem à nova filosofia de controle.
As demais áreas que podem necessitar de intervenção são basicamente: sistemas de custos de produção, formação de preços de vendas, sistemas de manufatura, onde incluímos Produção, Planejamento e Controle da Produção e um eficiente controle dos inventários (estoques), Programas de Redução de Custos, estrutura organizacional e uma política saudável de remuneração variável para executivos.
“O modelo de gestão que temos utilizado para a melhoria do desempenho de nossos clientes é muito simples, porém de difícil implementação pelos gestores, porque muitas vezes os executivos principais são oriundos de áreas técnicas(...)”
Hercules Guilardi
As principais ferramentas de gestão são as tradicionais, Balanço Patrimonial, Demonstração de Lucros e Perdas, Demonstração da Origem e Aplicação de Recursos e Demonstrativo do Fluxo de Caixa. Não podemos esquecer que o principal objetivo da empresa é gerar lucros. Diante disso, não podemos deixar de analisar mensalmente como estamos em relação ao nosso objetivo de lucros.
Com o desenvolvimento do projeto, o executivo principal tem cada vez mais facilidade em ligar as tarefas técnicas com as de administração e controle, até perceber que as mesmas são totalmente interdependentes.
Para que todas essas peças funcionem adequadamente, será necessária a mudança de atitude de cada um dos executivos e de todos os funcionários da empresa.
A inovação que falamos no início tem que começar com uma nova atitude, e este processo depende de uma nova postura das pessoas.
Estamos em uma fase de transição e de adaptação para um novo cenário econômico, e só conseguirá sobreviver a empresa que efetivamente puder contar com uma gerência (pessoa) competente para reduzir custos, aumentar a produtividade e melhorar a qualidade de seus produtos ou serviços.
Os recursos humanos são um dos fatores de sucesso das empresas. Na atualidade, quando cada vez mais as empresas têm acesso às mesmas tecnologias, o fator diferenciador é o elemento humano que as aplica. Por outra parte, ele é fundamental no processo de mudanças das organizações, na busca de adaptação e aperfeiçoamento. Como patrocinador, agente, ou alvo, a sua participação é decisiva para o sucesso da mudança.
Recentemente, participamos de uma semana de
ciências contábeis em uma das grandes universidades instaladas na cidade de São Paulo, com a presença de mais de 300 alunos. Apresentamos a análise de um universo de mais de 80 empresas, onde constatamos que todas tinham um ponto em comum: “contabilidade gerencial e controles internos deficientes, na maioria dos casos inexistentes, quando muito somente um fluxo de caixa, também com análise deficiente”. Isto não é uma dedução, é um fato.
Em uma publicação da “Deloitte”, dentre os 15 itens mais perigosos às corporações brasileiras, estão os problemas de contabilidade, deficiência na realização de orçamentos e no controle dos custos das empresas.
Portanto, nesta fase de transição, teremos necessidade de ajustes finos nos controles internos e uma estrutura enxuta e flexível, que possibilite a tomada de decisões de forma segura e rápida. Será necessária uma assessoria em gestão de negócios que além de trazer experiências dos mais diversos segmentos de mercado, possa rapidamente identificar os pontos fracos, e fazer, juntamente com a experiência dos atuais executivos na linha de produtos e no mercado consumidor, um plano para aproveitamento de oportunidades, porque o mundo não pára e a vida continuará, exigindo de cada um de nós o uso adequado da nossa inteligência para a recuperação dos níveis de investimentos, geração de empregos e obtenção de retorno dos ativos.
Muitos empresários, titulares de micros, pequenas e médias empresas, fazem uma pergunta clássica: ONDE ESTÁ O MEU DINHEIRO? Se conseguirmos responder a essa pergunta, poderemos considerar que a empresa está razoavelmente organizada. Essa será a nossa contribuição para a melhoria do desempenho das empresas brasileiras nesta fase de transição.
Hercules Guilardi é economista pela PUC-SP, empresário, Diretor da HGN Assessoria Empresarial – Gestão de Negócios, e membro do conselho editorial da Revista e Portal Meio Filtrante.
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