O Que Importa É O Cliente. A Crise, Vamos Superá-La
Por Edgard Luiz Cortez
Edição Nº 36 - Janeiro/ Fevereiro de 2009 - Ano 7
Visão Empresarial
O que mudou no cliente da época em que a moeda era o escambo, e que a economia girava diante das necessidades? Nada. O cliente ainda é a causa, o responsável pelo efeito.
O título seria óbvio se fosse limitado a “O que importa é o cliente”. Uma afirmação, um clichê empresarial, certo?
Tenho trabalhado com esse pensamento a minha vida toda, mas custo a acreditar que esse assunto ainda seja relevante diante da omissão das empresas independente de suas origens, que ignoram essa máxima.
Modernos métodos de administração, softwares e ferramentas de tomadas de decisões, empresas certificadas, com funcionários de currículos irreparáveis, estão avessas ao vértice do mercado, o motivo de todo o “circo empresarial”.
As empresas ficam envolvidas em números, relatórios, monitorando bolsas, crises, em uma corrida desenfreada atrás de lucro, lucro, lucro. Contrata, demite, reduz custo, uma busca de quebra de paradigmas, de reinventar a roda, e no fim das contas, o longo prazo, o mais distante que enxergam em seus horizontes são 90 dias em um fluxo de caixa.
Sim, trabalho por lucro, mas se preciso arco, também, com o prejuízo, como já o fiz inúmeras vezes para atender clientes na dimensão de sua necessidade. Pode ser a “rebimboca da parafuseta”, não importa, o cliente precisa, nós fazemos.
Não é milagre, é bom senso. O cliente quer soluções, se não temos, criamos. Se não podemos definitivamente fazer, de alguma forma encontramos uma melhor solução, o cliente quer isso, quer comprometimento, atenção, ele não está preocupado se sua empresa tem a máquina de último tipo, se é italiana, alemã ou chinesa, se “cospe” 50 mil peças por minuto, ele quer uma, cinco, ou seis peças, e você, sua empresa, estão preparados para isso?
Cliente é o melhor colaborador de sua empresa. Satisfeito é corporativista, é o melhor profissional de marketing que você pode ter, é o responsável pelo mais eficaz método de divulgação, a indicação, o boca-a-boca.
Entendo as limitações de grandes corporações, as regras das linhas de montagens, não faço coro romântico, utópico, é óbvio que não há flexibilidade em tudo, mas deveria, e melhor, cabe principalmente a re-flexão as micro, pequenas e médias empresas que, obcecadas em seguir as visões das imensas corporações, atropelam clientes que são o início, meio e fim de nossa existência.
Permitam-me ir mais além, aproveitar o cenário atual da economia e chegar ao assunto crise, centro das atenções, motivo de noites mal dormidas de jornalistas, economistas, acionistas, empresários, estudantes, padres, todos. Olha, se achar pêlo em ovo, ou chorar pelo leite que será derramado fosse sinônimo de sucesso, o mundo seria um oásis.
A especulação econômica é a nova novela das oito, os bandidos são os imóveis dos Estados Unidos e os mocinhos somos nós, o resto do mundo, a economia brasileira que nadava firme a longas braçadas e que agora é um peixe fora d’água.
Cito o grande Sam Walton, fundador do Wal-Mart, que uma vez perguntado sobre uma grande recessão americana disse: “me perguntaram o que eu achava da crise, e depois de pensar muito cheguei a uma conclusão, não farei parte dela”.
Esse temor, impulso, zelo, pode ser natural devidos as noticias, especulações, mas cabe lembrar que não é um fator inédito nem único, fosse assim o mundo teria acabado frente a crise de 29, ou em outras tantas crises, golpes, no bug do milênio.
Tenho saudade da minha infância humilde em uma fazenda em Vargem Grande do Sul, filho de Administrador de fazenda, cresci em meio a muito trabalho, para muitos um trabalho pesado em um lugar bucólico, no meio do mato, no meio de nada, pois bem, aprendi ali os valores da vida.
Passo as palavras e gestos dos meus pais aos meus netos, olho para trás e sou grato ao esforço deles para me proporcionar estudo, para que fosse uma pessoa capacitada, correta, honesta, justa, e mesmo diante dos meus tropeços, ou do que realizei, não me esqueço da fazenda, da simplicidade, dos meus pais.
Cabe nossa indignação nos episódios onde filhos matam a mãe, corruptos são reeleitos, fome, miséria?
Tudo isso é inaceitável, absurdo, mas é resultado da falta de educação de base, não apenas dos livros, e sim em casa, disciplina, precisamos trazer de volta aos tempos de hoje os valores de antigamente.
Em resumo, a vida é reflexo de ações, omissões. Novas colheitas virão, cabe a nós cultivar, semear.
Cada dia é uma nova oportunidade, então daqui pra frente respeite a disciplina, siga com valores e continue trabalhando embaixo do sol, quando todos ficam esperando pela chuva.
Edgard Luiz Cortez, 74 anos, pedagogo, empresário, desde 1956 atuando no mercado de borracha em empresas nacionais e multinacionais, fundador da ITEB - Indústria Técnica de Borracha, em 1973. |