Filtros em motocicletas têm a mesma função de reter impurezas, com tecnologia e meio filtrante semelhantes aos carros

por Tiago Dias

O mercado nacional de motocicletas vem ganhando novos players nos últimos tempos, aumentando cada vez mais sua frota, ainda mais pela praticidade dentro da aglomeração no trânsito das grandes metrópoles.
Segundo dados da Abraciclo, associação brasileira dos fabricantes da categoria, mais de 1 milhão de motocicletas foram fabricadas somente no primeiro semestre do ano, atingindo crescimento de 27% em relação ao mesmo período em 2007. Em junho, só para se ter uma idéia do montante, foram vendidas 180.609 motocicletas no mercado interno.
"Os números positivos confirmam as previsões de crescimento setorial feitas para 2008 e demonstram que a motocicleta vem, cada vez mais, sendo encarada pelos brasileiros como meio de transporte eficiente nos grandes centros urbanos", afirma Paulo Shuiti Takeuchi, Presidente da Abraciclo.
Representando mais de 10% da frota da região metropolitana de São Paulo, as motocicletas possuem necessidades praticamente idênticas aos veículos de quatro rodas, tomando inclusive o mesmo aspecto de vilão quando o assunto é a emissão de poluentes. Segundo dados da Cetesb, uma moto nova emite em média 2,3 gramas de monóxido de carbono por km rodado, enquanto um carro novo emite 0,34 gramas.
Por conta dessas características entre tantas outras, o objetivo dos filtros é o mesmo em ambos os casos: reter impurezas, com tecnologia e meio filtrante semelhantes. A principal diferença fica a cargo do contorno estético e as características construtivas, como o tamanho e o formato.
Além dos cuidados com a emissão dos poluentes, o uso do filtro tem em vista também os combustíveis adulterados e a falta de manutenção de alguns postos, que contam com tanques enferrujados e sujos. Uma moto sem filtro do combustível, por exemplo, fica vulnerável aos poluentes presentes na gasolina, o que pode comprometer o sistema de injeção do combustível do veículo.
Segundo a Honda, uma das maiores montadoras de motocicletas, geralmente somente os filtros de ar são nacionais, para o restante, ainda são muito utilizados equipamentos importados.

Tríade filtrante
Normalmente, as motos saem de fábrica com três filtros: ar, óleo e combustível. Os locais de instalação variam de acordo com o fabricante e modelo de cada moto.
"Porém, motos de baixa cilindrada saem somente com filtros do ar e combustível, estes modelos não possuem o filtro do óleo de fábrica", diz Flávio Sureira Netto, consultor técnico de Produtos MANN+HUMMEL, fabricante de filtros automotivos. Para conhecer cada um:

Filtro do Ar
O elemento do filtro de ar é instalado na caixa que antecede o carburador, ou corpo de borboletas, no caso das motos com injeção eletrônica.
"O elemento do filtro do ar tem como função principal reter os contaminantes, entre os quais, poeira, fuligem e areia, assegurando que só o ar limpo chegue ao sistema do motor, na quantidade ideal para mistura ar/combustível, evitando assim desgastes prematuros", explica o Engenheiro Rodrigo Malagutti Pereira, da área de Vendas Aftermarket e Assistência Técnica da Sogefi Filtration do Brasil, fabricante dos filtros Fram.
Além de reter impurezas, o filtro também auxilia na durabilidade do motor e na diminuição do consumo de combustível. "Sem o filtro, entrará mais ar no motor, o que aumenta o consumo de combustível sem aumentar a potência da moto", comenta Flávio.

Filtro do óleo
Basicamente, os filtros de óleo lubrificantes devem reter todos contaminantes presentes no óleo e provenientes do desgaste do próprio motor (resíduos de carbonização e limalhas metálicas, que podem causar danos ao perfeito funcionamento do motor), mantendo as características de estrutura do óleo, uniformidade de circulação e eficiência durante sua vida útil.
O filtro oferece proteção para todo o sistema de lubrificação.

Filtro do combustível
"O filtro de combustível encontra-se na linha entre o tanque e o carburador, ou bomba de combustível, nas motos com injeção eletrônica", esclarece Alfredo Guedes Junior, engenheiro mecânico do Departamento de Relação Públicas da Honda.
Entre suas funções, auxilia na conservação do sistema de injeção do combustível (injeção eletrônica/carburador) e retém impurezas no combustível, provenientes do transporte, estocagem ou presentes no tanque (oxidação), "evitando assim a obstrução dos pequenos orifícios calibrados no sistema de alimentação do combustível", como explica Rodrigo. Com sua utilização, até pequenas quantidades de água, que podem comprometer o sistema, conseguem ser evitadas.

Poluentes Segundo o Engenheiro Rodrigo Malagutti Pereira, da área de Vendas Aftermarket e Assistência Técnica da Sogefi Filtration, os filtros de ar não possuem características específicas para redução da emissão dos poluentes, esta função é atribuída aos catalisadores - obrigatórios por lei em automóveis há mais de dez anos e também para as motocicletas a partir de janeiro de 2009. "O catalisador converte três compostos nocivos para contribuir com a redução de emissão de poluentes: monóxido de carbono em dióxido de carbono; hidrocarbonetos em dióxido de carbono e água; e óxidos de nitrogênio em nitrogênio e oxigênio. É importante enfatizar que o monóxido de carbono é gerado devido ao combustível não queimado no processo de combustão, os hidrocarbonetos são formados pela combustão e os óxidos de nitrogênio são criados devido a alta temperatura a qual o combustível é submetido", explica. Pelo mesmo motivo, é preciso fazer periodicamente a troca e manutenção dos filtros, pois, se o filtro estiver em más condições de uso, pode restringir a passagem do ar e comprometer o volume necessário para uma boa combustão. "A emissão destes gases é fruto da ausência de um catalisador e do próprio sistema de combustão das motocicletas atualmente. A correta utilização do filtro do ar contribui indiretamente para melhor combustão, já que impede a entrada de impurezas e proporciona uma mistura ar/combustível mais homogênea", esclarece Flávio Sureira Netto, consultor técnico de Produtos MANN+HUMMEL.