Os Deuses Devem Estar Loucos
Por João B. Moura
Edição Nº 40 - Setembro/Outubro de 2009 - Ano 8
Não é de hoje que a percepção das pessoas em relação ao clima mudou. Tomemos como exemplo a cidade de São Paulo, carinhosamente conhecida por “terra da garoa”.
Não é de hoje que a percepção das pessoas em relação ao clima mudou. Tomemos como exemplo a cidade de São Paulo, carinhosamente conhecida por "terra da garoa". Se no início do século XX a cidade fazia jus ao apelido, não se pode dizer o mesmo das últimas décadas. Boa parte em função das alterações climáticas ocorridas no País devido a poluição gerada pelo avanço industrial – mais sentida na capital do estado e nas grandes metrópoles – há tempos não é possível delimitar as estações do ano simplesmente pela divisão calendário. E isso não ocorre apenas no Brasil, como podemos ver quase diariamente nos noticiários.
Vamos analisar a estação na qual fazemos essa edição da revista - inverno, que por definição começa em 21 de junho e termina em 23 de setembro. Segundo a mitologia grega, Zeus havia prometido a mão de Perséfone, sua filha fruto do relacionamento com Deméter, deusa das colheitas e das estações do ano, para Hades, deus das trevas, do inferno e irmão de Zeus.
O problema é que a permissão havia sido dada sem o conhecimento de Deméter. Apaixonado pela moça e ansioso pelo casamento, Hades raptou Perséfone e Deméter entristeceu profundamente. Para abreviar a história, foi então selado um novo acordo segundo o qual Perséfone deveria passar seis meses com a mãe e os outros seis meses com Hades.
A tristeza de Deméter no período em que ficava longe da filha teria originado o outono e o inverno.
Quando Perséfone estava longe, as árvores perdiam as folhas - característica do outono - e depois a terra ficava fria e não permitia colheitas, período conhecido como inverno. Até os pássaros se calavam. Porém, na sua volta, Perséfone era recebida com os cânticos dos pássaros, as folhas brotavam e se abriam: o inverno havia terminado e começava a primavera, seguida pelo verão.
Nos dias atuais, o inverno ainda manteve as características de ser uma época fria e de diminuição das colheitas, porém passou a ser conhecido também pelas temíveis inversões térmicas, que aliadas à poluição, trazem grandes prejuízos ao meio ambiente e à saúde do homem.
Podemos notar que especialmente nos dois últimos anos, tivemos recordes altamente preocupantes do ponto de vista do equilíbrio ambiental, ainda analisando a cidade de São Paulo. Em 2008, o mês de julho foi extremamente seco e não houve registro de chuva na capital paulista. E pior: ocorreram diversos alertas da Defesa Civil sobre a baixa umidade relativa do ar. Já neste ano, São Paulo terminou o mês de julho como a capital mais chuvosa do País, com 177 milímetros acumulados na medição do Inmet – Instituto Nacional de Meteorologia, recorde histórico no mês para a cidade desde o início das medições de chuva em 1943. Duas semanas depois do recorde de chuvas, em 14 de agosto a cidade registrou um novo recorde, o de baixa umidade relativa do ar, que chegou a 10% às 15:00 horas no Mirante de Santana, índice mais baixo desde que começou a ser medido em São Paulo, em 1963. Segundo a Organização Mundial da Saúde, o percentual indica estado de emergência pelos riscos à saúde da população.
Com a baixa umidade, os poluentes ficam mais concentrados no ar e aumenta a dificuldade de dispersão na atmosfera. O ar fica pesado, é difícil respirar; os olhos e boca secam, o nariz arde. O corpo tem que realizar mais esforço para respirar e aumenta a sensação de cansaço, os pulmões sofrem, as defesas naturais do organismo diminuem e todos ficamos mais propensos a doenças respiratórias. No ano passado, quando ainda não havia registro da gripe H1N1, o clima seco fez o movimento nos hospitais paulistanos aumentar em 25%.
Por isso, a maior concentração de poluentes faz com que a correta manutenção dos filtros dos automóveis, do ar condicionado – em casa e na indústria - ganhe ainda mais importância na proteção da saúde, barrando boa parte das partículas que, de outra forma, seriam absorvidas por todos nós. Obviamente, também é preciso manter a hidratação do corpo em alta.
Por essas e outras, Deméter certamente teria muito trabalho para controlar as estações do ano nos dias atuais. Mesmo aposentada pela história, deve estar louca da vida com as alterações climáticas causadas pelo homem, que tomou nas mãos o seu próprio destino. Que saudade dos bons tempos do Olimpo...
Vamos analisar a estação na qual fazemos essa edição da revista - inverno, que por definição começa em 21 de junho e termina em 23 de setembro. Segundo a mitologia grega, Zeus havia prometido a mão de Perséfone, sua filha fruto do relacionamento com Deméter, deusa das colheitas e das estações do ano, para Hades, deus das trevas, do inferno e irmão de Zeus.
O problema é que a permissão havia sido dada sem o conhecimento de Deméter. Apaixonado pela moça e ansioso pelo casamento, Hades raptou Perséfone e Deméter entristeceu profundamente. Para abreviar a história, foi então selado um novo acordo segundo o qual Perséfone deveria passar seis meses com a mãe e os outros seis meses com Hades.
A tristeza de Deméter no período em que ficava longe da filha teria originado o outono e o inverno.
Quando Perséfone estava longe, as árvores perdiam as folhas - característica do outono - e depois a terra ficava fria e não permitia colheitas, período conhecido como inverno. Até os pássaros se calavam. Porém, na sua volta, Perséfone era recebida com os cânticos dos pássaros, as folhas brotavam e se abriam: o inverno havia terminado e começava a primavera, seguida pelo verão.
Nos dias atuais, o inverno ainda manteve as características de ser uma época fria e de diminuição das colheitas, porém passou a ser conhecido também pelas temíveis inversões térmicas, que aliadas à poluição, trazem grandes prejuízos ao meio ambiente e à saúde do homem.
Podemos notar que especialmente nos dois últimos anos, tivemos recordes altamente preocupantes do ponto de vista do equilíbrio ambiental, ainda analisando a cidade de São Paulo. Em 2008, o mês de julho foi extremamente seco e não houve registro de chuva na capital paulista. E pior: ocorreram diversos alertas da Defesa Civil sobre a baixa umidade relativa do ar. Já neste ano, São Paulo terminou o mês de julho como a capital mais chuvosa do País, com 177 milímetros acumulados na medição do Inmet – Instituto Nacional de Meteorologia, recorde histórico no mês para a cidade desde o início das medições de chuva em 1943. Duas semanas depois do recorde de chuvas, em 14 de agosto a cidade registrou um novo recorde, o de baixa umidade relativa do ar, que chegou a 10% às 15:00 horas no Mirante de Santana, índice mais baixo desde que começou a ser medido em São Paulo, em 1963. Segundo a Organização Mundial da Saúde, o percentual indica estado de emergência pelos riscos à saúde da população.
Com a baixa umidade, os poluentes ficam mais concentrados no ar e aumenta a dificuldade de dispersão na atmosfera. O ar fica pesado, é difícil respirar; os olhos e boca secam, o nariz arde. O corpo tem que realizar mais esforço para respirar e aumenta a sensação de cansaço, os pulmões sofrem, as defesas naturais do organismo diminuem e todos ficamos mais propensos a doenças respiratórias. No ano passado, quando ainda não havia registro da gripe H1N1, o clima seco fez o movimento nos hospitais paulistanos aumentar em 25%.
Por isso, a maior concentração de poluentes faz com que a correta manutenção dos filtros dos automóveis, do ar condicionado – em casa e na indústria - ganhe ainda mais importância na proteção da saúde, barrando boa parte das partículas que, de outra forma, seriam absorvidas por todos nós. Obviamente, também é preciso manter a hidratação do corpo em alta.
Por essas e outras, Deméter certamente teria muito trabalho para controlar as estações do ano nos dias atuais. Mesmo aposentada pela história, deve estar louca da vida com as alterações climáticas causadas pelo homem, que tomou nas mãos o seu próprio destino. Que saudade dos bons tempos do Olimpo...