Em 1981, a Racor, então pequeno fabricante de filtros separadores de água do óleo diesel, de posse da patente do inovador filtro Turbina séries FH900 e FH1000, saiu em busca de parceiros comerciais mundo afora. Os gestores da época já tinham a idéia de globalizar a produção e, ao mesmo tempo, ciência que fazê-lo da pequena cidade de Modesto, ao sul de São Francisco, na Califórnia (EUA), seria impossível.
O parceiro encontrado no Brasil foi nada mais nada menos que a Irlemp, pioneira na fabricação de filtros no Brasil (Meio Filtrante, edição 35). A parceria firmada entre Racor e Irlemp deu origem a uma joint venture, com transferência de tecnologia que possibilitou à Irlemp fabricar os filtros FH900 e FH1000 localmente.
Os principais clientes nesta época eram concessionárias Scania, que instalavam estes filtros como pré-filtros e separadores de água nos caminhões recém-lançados no mercado.
O emprego dos filtros, além de proteger todo o sistema de injeção dos motores diesel, aumentava o poder calorífico do combustível e reduzia a emissão de poluentes, por retirar a água do óleo diesel e, consequentemente, melhorar a combustão.
Os gestores da Irlemp, animados com a possibilidade de crescimento dos negócios criaram, em 1983, a divisão Irlemp Racor. Visando caracterizar a independência do negócio, alugaram um modesto prédio de 1.500 m2 nas imediações da Irlemp na Freguesia do Ó (SP), e contrataram um engenheiro, praticamente recém-formado,
Genaro Pascale Neto, que está na empresa até hoje e é reconhecido no mercado como um dos maiores especialistas brasileiros em filtração diesel. "Quem diz isto são nossos concorrentes que, vira e mexe, tentam tirá-lo da Parker", conta Sérgio Monteiro,
Gerente Geral da Divisão.
Ainda em 1983, a Scania percebendo que seus caminhões possuíam os filtros Racor instalados por seus concessionários, decidiu por sua instalação como item original de fábrica, sendo portanto a primeira montadora no Brasil a adotar os filtros Racor como item de fábrica.


Em 1984, a Parker Hannifin Corp., localizada em Cleveland, Ohio (EUA), adquire a Racor, que passa a integrar o Grupo de Filtração da Parker. A aquisição de empresas de renome sempre fez parte da estratégia de crescimento da Parker, que tem por princípio manter os acordos feitos anteriormente pelas empresas adquiridas. Portanto, não só a joint venture seguiu adiante, como ganhou força com a chegada da Parker ao negócio.
Na época, as vendas de FH900 e FH1000 iam de vento em popa. Porém, devido ao tamanho da peça, a consequente dificuldade de montagem, custo elevado e o fato do elemento filtrante poder ser removido pelo usuário sem a respectiva interrupção do fluxo de combustível, o mercado passou a clamar por um filtro mais compacto, econômico e que, se removido, interrompesse o fluxo de combustível, garantindo a integridade do motor. Foi então que ainda em 1984, a Parker lançou o precursor dos filtros blindados conhecido por série 200, originalmente empregado nos caminhões Ford Cargo e motores Perkins para uso agrícola.
Dada a seriedade com a qual a Irlemp administrava a empresa e superava constantemente as crises que assolavam o Brasil na década de 80, a Parker passou a se interessar mais profundamente pelas atividades da Irlemp, que acabou sendo adquirida em 1987.

A produção nas antigas instalações da Irlemp era muito onerosa pois, em função das circunstâncias da época, tudo era feito em casa - estampagem, repuxo, injeção de plástico, injeção de alumínio e usinagem em geral. Até matrizes e ferramentas eram "caseiras". A Divisão contava com mais de 1.000 funcionários e era iminente a necessidade de mudança, principalmente porque a empresa já enfrentava concorrentes internacionais que "ganharam" o Brasil na era Collor.
Em 1992, em função da abertura do mercado, a Parker – Divisão Filtros, teve que se reinventar e iniciou um processo de "desverticalização", visando reduzir sua complexidade e estrutura para poder seguir no mercado de forma competitiva.
A Racor foi transferida para Jacareí, no mesmo local em que se encontravam as Divisões Automação e Connectors. Os produtos da familia Irlemp foram transferidos para o bairro de Perus, em São Paulo, mesma localidade das Divisões Seals e Refrigeração.
Em 1994, foram desenvolvidos os filtros série 400 e 600, empregados atualmente. Estes filtros com meios filtrantes denominados Aquabloc I, II e III, de alta eficiência, ganharam mais e mais mercado com a chegada de novas tecnologias trazidas por clientes da Parker fabricantes de motores diesel, como Mercedes Benz, Scania, Volvo, MWM-International e John Deere.
Com a estrutura enxuta, aproveitando as sinergias de industrialização de outras divisões Parker, a Divisão Filtros se manteve competitiva e assim seguiu até 1998 quando mudou-se para um prédio alugado, também no município de Jacareí. Em consequência da mudança, toda a operação de fabricação de filtros ficou centralizada num único local. Naquele ano, nem os filtros Irlemp e nem os filtros da linha Donaldson eram tão populares e a fábrica de Jacareí dedicava-se basicamente à linha Racor, para combustível, lubrificante e ar. As operações da Donaldson no Brasil, juntamente com a Filtros Roma, foram adquiridas pela Parker em 1996 e o uso da marca foi permitido até 2001.


Em 2004, as instalações de Jacareí não comportavam a operação da Divisão Filtros e já não havia espaço para expansões. Em fevereiro de 2006, a Divisão foi transferida para um prédio moderno, construído para essa finalidade, no município de São José dos Campos, em São Paulo (Meio Filtrante, edição 19).
Com o passar do tempo, a Divisão se reinventou novamente e realizou importantes investimentos visando aumentar a capacidade de produção dos filtros das séries 400 e 600. Lançou os filtros para combustível série 700. Firmou-se no mercado de filtração hidráulica, fabricando localmente filtros absolutos e comercializando sistemas de monitoramento e controle. Passou a fabricar filtros coalescentes para ar comprimido e, posteriormente, a comercializar sistemas de tratamento de ar e sistemas de geração de gases (N2, H2). Entre os novos negócios, realiza instalações de filtração de água para fabricação de cervejas e refrigerantes, e sistemas de purificação de CO2 para refrigerantes. Também projeta e executa instalações de osmose reversa para purificação e reaproveitamento de água.
Enfim, a mudança de postura da Divisão no mercado, fez com que alterasse o nome Divisão Filtros para Filtração, pois a sua atuação hoje é mais voltada ao sucesso de seus clientes e não apenas à remoção de contaminantes, além de continuar sempre atenta para antever as necessidades do mercado.