Aprimorando A Capacidade De Tomar Decisões Em Ambientes Complexos
Por Ranaulfo P Sobrinho
Edição Nº 37 - Março/ Abril de 2009 - Ano 7
É interessante observar que notórios personagens da história já reconheciam a importância e a dificuldade em tomar decisões. O imperador francês, Napoleão Bonaparte, proferiu uma frase interessante sobre esse assunto: “Nada é ma
É interessante observar que notórios personagens da história já reconheciam a importância e a dificuldade em tomar decisões. O imperador francês, Napoleão Bonaparte, proferiu uma frase interessante sobre esse assunto: "Nada é mais difícil, e, portanto mais precioso, do que ser capaz de tomar decisões."
Esta frase, proferida no século XVIII, ainda é válida nos dias atuais, como pode ser observado nos resultados de pesquisas publicadas em revistas como a Havard Business Review (HBR). Em 2001, os professores D. Garvin e M. Roberto escreveram na HBR: "O resultado de nossas pesquisas sugere fortemente que, dito de forma simples, os líderes abordam a tomada de decisão de forma completamente errada."
O professor Chrys Argyris, na mesma revista HBR em 2001, cita: "Um estudo aprofundado no comportamento de 165 executivos de topo em várias companhias revela que praticamente todos os grupos de gestão apresentam fraquezas na tomada de decisão."
A somatória de decisões equivocadas durante anos resultou na atual crise financeira internacional, gerando prejuízos financeiros, econômicos e sociais. Em resposta a tal situação, as organizações estão adotando aparatos jurídicos para se resguardarem das escolhas malsucedidas de seus decisores, como pode ser observado no fragmento da matéria intitulada, "Cenário de crise reforça ações contra alto escalão", publicada em 7 de dezembro de 2007, no jornal Folha de São Paulo: "... No atual cenário de recessão, com perdas financeiras, demissões e incertezas, os executivos devem atentar ao risco de serem processados por decisões tomadas em nome da empresa."
Tal medida é paliativa, e tampouco minimiza as chances de novos erros, pois, o ambiente de negociação para entidades públicas, privadas na atual era da informação é mais complexo e marcado por incertezas de várias naturezas do que outra época anterior. Este fato aumenta as chances de decisões equivocadas serem tomadas, ou podem inibir ou adiar decisões a serem tomadas, justamente pela falta de informações (seja em qualidade e/ou quantidade), o que pode também contribuir para o fracasso de uma instituição em não adotar medidas no tempo certo, ou perder oportunidades pela morosidade na tomada de decisão devido ao engessamento do processo decisório.
A capacidade em decidir corretamente é um dos ingredientes para o sucesso e diante das dificuldades apresentadas pergunta-se: "Como os decisores podem aprimorar a sua capacidade em decidir corretamente? Isto é, como aprimorar sua capacidade de julgamento dos fatos à sua frente para decidir o que fazer?"
A resposta a esta questão existe, e serão apresentados alguns dos itens para alcançá-la.
O primeiro é a capacidade do decisor admitir que precisa aprimorar o seu sistema de decisão, seja ele interno, isto é, sua forma pessoal de decidir, e/ou processo de decisão dentro de sua organização.
O segundo é conhecer alguns resultados oriundos de pesquisas na área cognitiva do processo de decisão.
O terceiro é tomar consciência que existem profissionais que desenvolvem e detém conhecimento sobre métodos inteligíveis, práticos e eficientes, os quais podem ser implementados em qualquer organização, exigindo do decisor alocação de investimentos acessíveis que justificam sua aplicação.
Visto a importância do assunto, equipes de pesquisadores vêm realizando avanços significativos, após décadas de dedicação, no entendimento de como as pessoas decidem, isto é, o seu aspecto psicológico, principalmente, em situações complexas envolvendo incertezas. Antes de descrevê-los, o leitor é convidado a responder a seguinte questão: "Um chapéu e uma bola custam R$ 1,10 no total. O chapéu custa R$ 1,00 a mais que a bola. Quanto custa a bola?" Naturalmente, R$ 0,10 (dez centavos), responderam dezenas de estudantes das universidades de Princenton e de Michigan nos EUA. Para responder a uma questão simples, pode ser que o leitor também tenha decidido em responder R$0,10
A resposta a essa simples questão mostra a manifestação do sistema de decisão baseado na intuição, o qual é rápido, automático, requer pouco esforço para gerar respostas, e que infelizmente, algumas vezes, leva a conclusões equivocadas, como no caso dos estudantes de Princenton e de Michigan que responderam R$0,10.
A maioria das pessoas utiliza o sistema intuitivo na tomada de decisões no seu cotidiano, pois em várias situações, tal sistema é suficiente para atender as nossas necessidades de decidir, por exemplo, na compra de alimentos, vestuários e demais acessórios pessoais, entre outros casos do dia-a-dia. São situações simples, de pouca complexidade e envolvendo pouca incerteza, diferente do cotidiano de quem trabalha no ambiente empresarial e governamental tomando decisões cujos resultados podem afetar a vida de pessoas, as finanças dos acionistas, imagem da organização etc.
Em seu dia-a-dia, empresários, governantes e demais decisores, por exemplo, freqüentemente não dispõem de informações e demais fatores importantes que os auxiliariam a definir o problema a ser resolvido. Isto se deve a limitações de tempo e recursos financeiros os quais restringem a quantidade e qualidade das informações disponíveis.
Além dos fatores mencionados no parágrafo anterior, o contexto dinâmico e competitivo no qual os decisores estão imersos os induzem a se apoiar no sistema intuitivo para decidir, segundo resultados de pesquisas recentes. Como observado mesmo em situações simples o sistema intuitivo pode levar a conclusões equivocadas.
Essa afirmação esclarece em parte a causa da dificuldade na tomada de decisão. Por outro lado, há o sistema de decisão baseado no raciocínio, cujas características são opostas ao sistema intuitivo: é mais lento (relativo ao intuitivo), controlado, exige mais esforço intelectual para chegar a uma conclusão, é governado por regras e por fim é mais flexível. E este é justamente o sistema em que a maioria das pessoas deveria se basear para tomar decisões, precisamente nas situações em que o sistema intuitivo não atende.
O desafio dos decisores é detectar quando é que precisam se beneficiar do apoio do sistema de decisão baseado no raciocínio ao invés do sistema intuitivo. Uma vez ciente disso é importante saber que existem métodos que podem auxiliá-lo a decidir melhor.
Uma vez que o decisor reconhece a sua necessidade em aprimorar o seu sistema de tomar decisões, é importante saber que existem profissionais que podem auxiliá-lo nesse processo.
O LADSEA (Laboratório de Apoio multicritério à Decisão orientada à Sustentabilidade Empresarial e Ambiental) da UNICAMP (Universidade de Campinas), é composto por profissionais com ampla experiência prática e teórica nas diversas áreas do conhecimento voltados a apoiar os decisores a aprimorar sua capacidade intelectual e prática em tomar decisões. Os métodos utilizados pelo LADSEA partem do princípio de que o problema e a sua solução pertencem aos clientes (decisores), cabendo aos facilitadores (integrantes e colaboradores do LADSEA) auxiliar os decisores a estruturar e analisar o problema, para que estes possam em conjunto, visualizar, entender, ampliar seus conhecimentos e obter maior certeza no momento de decidir, apoiado por métodos científicos comprovados tanto na teoria quanto na prática.
Esses métodos levam em consideração a percepção do decisor (características subjetivas), bem como as suas preferências e aversões aos fatores que devem ser considerados na análise do problema. A partir dessa interação entre o decisor o facilitador é possível tornar o complexo mais simples e entendível, facilitando a tomada de decisão.
Dessa forma, os integrantes do LADSEA/UNICAMP, estão cientes de que é possível auxiliar os interessados nessa tarefa importante, complexa e interessante que é tomar decisões.
"Um chapéu e uma bola custam R$ 1,10 no total. O chapéu custa R$ 1,00 a mais que a bola. Quanto custa a bola?"
R. A bola custa R$ 0,05, pois se o chapéu e a bola juntos custam R$ 1,10, e o chapéu é R$ 1,00 mais caro, portanto a bola custa R$ 0,05 e o chapéu R$ 1,05
Pesquisador do LADSEA/UNICAMP
E-mail: ranulfopsobrinho@yahoo.com.br
Esta frase, proferida no século XVIII, ainda é válida nos dias atuais, como pode ser observado nos resultados de pesquisas publicadas em revistas como a Havard Business Review (HBR). Em 2001, os professores D. Garvin e M. Roberto escreveram na HBR: "O resultado de nossas pesquisas sugere fortemente que, dito de forma simples, os líderes abordam a tomada de decisão de forma completamente errada."
O professor Chrys Argyris, na mesma revista HBR em 2001, cita: "Um estudo aprofundado no comportamento de 165 executivos de topo em várias companhias revela que praticamente todos os grupos de gestão apresentam fraquezas na tomada de decisão."
A somatória de decisões equivocadas durante anos resultou na atual crise financeira internacional, gerando prejuízos financeiros, econômicos e sociais. Em resposta a tal situação, as organizações estão adotando aparatos jurídicos para se resguardarem das escolhas malsucedidas de seus decisores, como pode ser observado no fragmento da matéria intitulada, "Cenário de crise reforça ações contra alto escalão", publicada em 7 de dezembro de 2007, no jornal Folha de São Paulo: "... No atual cenário de recessão, com perdas financeiras, demissões e incertezas, os executivos devem atentar ao risco de serem processados por decisões tomadas em nome da empresa."
Tal medida é paliativa, e tampouco minimiza as chances de novos erros, pois, o ambiente de negociação para entidades públicas, privadas na atual era da informação é mais complexo e marcado por incertezas de várias naturezas do que outra época anterior. Este fato aumenta as chances de decisões equivocadas serem tomadas, ou podem inibir ou adiar decisões a serem tomadas, justamente pela falta de informações (seja em qualidade e/ou quantidade), o que pode também contribuir para o fracasso de uma instituição em não adotar medidas no tempo certo, ou perder oportunidades pela morosidade na tomada de decisão devido ao engessamento do processo decisório.
A capacidade em decidir corretamente é um dos ingredientes para o sucesso e diante das dificuldades apresentadas pergunta-se: "Como os decisores podem aprimorar a sua capacidade em decidir corretamente? Isto é, como aprimorar sua capacidade de julgamento dos fatos à sua frente para decidir o que fazer?"
A resposta a esta questão existe, e serão apresentados alguns dos itens para alcançá-la.
O primeiro é a capacidade do decisor admitir que precisa aprimorar o seu sistema de decisão, seja ele interno, isto é, sua forma pessoal de decidir, e/ou processo de decisão dentro de sua organização.
O segundo é conhecer alguns resultados oriundos de pesquisas na área cognitiva do processo de decisão.
O terceiro é tomar consciência que existem profissionais que desenvolvem e detém conhecimento sobre métodos inteligíveis, práticos e eficientes, os quais podem ser implementados em qualquer organização, exigindo do decisor alocação de investimentos acessíveis que justificam sua aplicação.
Visto a importância do assunto, equipes de pesquisadores vêm realizando avanços significativos, após décadas de dedicação, no entendimento de como as pessoas decidem, isto é, o seu aspecto psicológico, principalmente, em situações complexas envolvendo incertezas. Antes de descrevê-los, o leitor é convidado a responder a seguinte questão: "Um chapéu e uma bola custam R$ 1,10 no total. O chapéu custa R$ 1,00 a mais que a bola. Quanto custa a bola?" Naturalmente, R$ 0,10 (dez centavos), responderam dezenas de estudantes das universidades de Princenton e de Michigan nos EUA. Para responder a uma questão simples, pode ser que o leitor também tenha decidido em responder R$0,10
A resposta a essa simples questão mostra a manifestação do sistema de decisão baseado na intuição, o qual é rápido, automático, requer pouco esforço para gerar respostas, e que infelizmente, algumas vezes, leva a conclusões equivocadas, como no caso dos estudantes de Princenton e de Michigan que responderam R$0,10.
A maioria das pessoas utiliza o sistema intuitivo na tomada de decisões no seu cotidiano, pois em várias situações, tal sistema é suficiente para atender as nossas necessidades de decidir, por exemplo, na compra de alimentos, vestuários e demais acessórios pessoais, entre outros casos do dia-a-dia. São situações simples, de pouca complexidade e envolvendo pouca incerteza, diferente do cotidiano de quem trabalha no ambiente empresarial e governamental tomando decisões cujos resultados podem afetar a vida de pessoas, as finanças dos acionistas, imagem da organização etc.
Em seu dia-a-dia, empresários, governantes e demais decisores, por exemplo, freqüentemente não dispõem de informações e demais fatores importantes que os auxiliariam a definir o problema a ser resolvido. Isto se deve a limitações de tempo e recursos financeiros os quais restringem a quantidade e qualidade das informações disponíveis.
Além dos fatores mencionados no parágrafo anterior, o contexto dinâmico e competitivo no qual os decisores estão imersos os induzem a se apoiar no sistema intuitivo para decidir, segundo resultados de pesquisas recentes. Como observado mesmo em situações simples o sistema intuitivo pode levar a conclusões equivocadas.
Essa afirmação esclarece em parte a causa da dificuldade na tomada de decisão. Por outro lado, há o sistema de decisão baseado no raciocínio, cujas características são opostas ao sistema intuitivo: é mais lento (relativo ao intuitivo), controlado, exige mais esforço intelectual para chegar a uma conclusão, é governado por regras e por fim é mais flexível. E este é justamente o sistema em que a maioria das pessoas deveria se basear para tomar decisões, precisamente nas situações em que o sistema intuitivo não atende.
O desafio dos decisores é detectar quando é que precisam se beneficiar do apoio do sistema de decisão baseado no raciocínio ao invés do sistema intuitivo. Uma vez ciente disso é importante saber que existem métodos que podem auxiliá-lo a decidir melhor.
Uma vez que o decisor reconhece a sua necessidade em aprimorar o seu sistema de tomar decisões, é importante saber que existem profissionais que podem auxiliá-lo nesse processo.
O LADSEA (Laboratório de Apoio multicritério à Decisão orientada à Sustentabilidade Empresarial e Ambiental) da UNICAMP (Universidade de Campinas), é composto por profissionais com ampla experiência prática e teórica nas diversas áreas do conhecimento voltados a apoiar os decisores a aprimorar sua capacidade intelectual e prática em tomar decisões. Os métodos utilizados pelo LADSEA partem do princípio de que o problema e a sua solução pertencem aos clientes (decisores), cabendo aos facilitadores (integrantes e colaboradores do LADSEA) auxiliar os decisores a estruturar e analisar o problema, para que estes possam em conjunto, visualizar, entender, ampliar seus conhecimentos e obter maior certeza no momento de decidir, apoiado por métodos científicos comprovados tanto na teoria quanto na prática.
Esses métodos levam em consideração a percepção do decisor (características subjetivas), bem como as suas preferências e aversões aos fatores que devem ser considerados na análise do problema. A partir dessa interação entre o decisor o facilitador é possível tornar o complexo mais simples e entendível, facilitando a tomada de decisão.
Dessa forma, os integrantes do LADSEA/UNICAMP, estão cientes de que é possível auxiliar os interessados nessa tarefa importante, complexa e interessante que é tomar decisões.
"Um chapéu e uma bola custam R$ 1,10 no total. O chapéu custa R$ 1,00 a mais que a bola. Quanto custa a bola?"
R. A bola custa R$ 0,05, pois se o chapéu e a bola juntos custam R$ 1,10, e o chapéu é R$ 1,00 mais caro, portanto a bola custa R$ 0,05 e o chapéu R$ 1,05
Pesquisador do LADSEA/UNICAMP
E-mail: ranulfopsobrinho@yahoo.com.br