A História Dos Filtros No Brasil
Por João B. Moura
Edição Nº 38 - Maio/Junho de 2009 - Ano 8
Um dos pioneiros no mercado de filtros e de elementos filtrantes, o italiano Mario Milani consolidou sua carreira no auge dos anos 60, atendendo montadoras e estabelecendo negócios com a norte-americana Fram, especializada na fabricação de filtros
Nascido no ano de 1937, na Itália, o astucioso Mario Milani mal sabia que sua vida profissional seria delineada em território brasileiro, e que seu nome teria tamanha importância no mercado de filtros automotivos.
A trajetória deste empresário teve início em 1955, com sua chegada ao Brasil. Na época, seu pai, o engenheiro Francesco Milani, fora contratado pela Lambretta do Brasil para atuar como diretor industrial da companhia. Com isso, não tardou para que as oportunidades logo batessem à porta do jovem rapaz.
Aos 19 anos, Milani iniciou sua vida profissional também na Lambretta do Brasil, onde aprendeu algumas das técnicas comerciais empregadas no mundo dos negócios, com um superior suíço. Promovido para a área comercial, logo teve a oportunidade de montar sua empresa - fruto de uma sociedade com Francesco Corti, que resultaria na SBC Cia. de Estamparia, em São Bernardo do Campo, SP. "Éramos uma bela dupla. Ele ficava na fábrica e eu como agente externo da empresa", conta Milani, diretor - presidente do grupo Sogefi – Filtration do Brasil Ltda.
Desta época para a obtenção da Filtros Fram foi um pulo. Com a falência da Sueden – que detinha a licença da Fram no País -, Milani viu a oportunidade perfeita de expandir seu negócio. Em 1970, o empresário firmou uma sociedade com a matriz norte-americana e obteve 30% do capital da empresa. Um ano depois, uma procuração garantiria a Milani a oportunidade de representar a Fram no País, com um total de 80% das ações.
Já como acionistas majoritários da companhia, a dupla Milani e Corti, propôs aos proprietários da Fram uma joint venture. Contudo, apesar do sucesso decorrente de tal associação, sentiu a necessidade de vender seu capital em 1982, com o término da ditadura brasileira. "Desde o início, as previsões na época eram que quando a democracia voltasse ao País, os negócios seriam afetados e o quadro beirasse o caos", justifica Milani.
Onze anos após a venda da empresa, a Fram novamente caiu nas mãos de Mario Milani, agora tendo como sócio majoritário a SOGEFI SPA sociedade cotada na bolsa de Milão.
De acionista, Milani passou a funcionário em 2003, quando consolidou a venda de sua participação na empresa. Atualmente o empresário, sempre na qualidade de presidente, é responsável pelos negócios do grupo SOGEFI na América Latina que incluem 3 fábricas de filtros, sendo uma na Argentina e as 2 unidades da Allevard - molas de suspensão - uma no Brasil, localizada na cidade de Mogi Mirim, e uma unidade na cidade de Córdoba, na Argentina. Unidades que movimentaram no último exercício fiscal mais de 150 milhões de euros.
Montadoras como a Willys do Brasil, a DKV e a Volkswagen. Para a Ford atendíamos apenas a parte de caminhões.
Sim. Vendíamos para a General Motors e fazíamos a dobradiça do capô e o macaco das picapes da época. Para a Willys fazíamos o pára-lama interno de jipe e para a DKV, o macaco. Além disso, em 1964, éramos responsáveis pela fabricação da máquina de levantar os vidros e todas as partes metálicas dos filtros de óleo que fornecíamos para a Sueden.
A Sueden detinha a licença da Fram americana e fazia parte do grupo de grandes players de filtros do momento, junto com a Purolator, Wix e a Fram. Com a falência da Sueden após a morte do Eng. Eduardo Lee em 1966, não demorou para que os negócios da empresa desandassem.
Passávamos por um momento interessante na época e conversando com o Corti, percebemos que podíamos criar a maior estamparia do pais se juntássemos forças. Assim, fui procurar o Pietro Poloni - da empresa Poloni,
atual Companhia Dura, e o Roberto Barossi que representava os interesses da Zanettini & Barossi.
A idéia era unificar as três maiores estamparias do mercado, criando uma única companhia. A negociação caminhava muito bem, mas acabou não dando certo e nós desistimos do negócio. A nossa estamparia caminhava muito bem, vivíamos uma fase de prosperidade e de crescimento acelerado pela indústria automobilística e percebendo que a Sueden estava com dificuldades financeiras, prestes a quebrar mesmo, fizemos uma proposta para o proprietário da Fram, na época o Mr. Steven B. Wilson.
A Fram nasceu como uma empresa familiar. Desde sua fundação em 1945, permaneceu sob o comando do Mr. Wilson. Para ter uma idéia, a Fram foi responsável pela fabricação do primeiro filtro de óleo para jipe, o C3PL, utilizado na 2ª. guerra mundial nos desertos africanos.
Tivemos muita sorte, pois o proprietário da Fram fez questão de dizer que queria trabalhar em sociedade, era tudo que nós queríamos ouvir. Obviamente, aceitamos.
Tínhamos a licença técnica, produzíamos e disponibilizávamos uma comissão com base na legislação vigente e com aprovação do INPI - Instituto Nacional da Propriedade Industrial.
É verdade e ocorreu durante uma assembléia. Apesar de ser jovem e inexperiente, discuti quais as melhores formas de atuarmos em conjunto. Na época, sugeri que a Sueden pagasse a dívida com a Fram fornecendo os equipamentos como parte do capital. Assim, nós da SBC Estamparia entramos com um galpão – que serviria de sede para a fábrica -, e a Fram com os equipamentos. As ações ficaram divididas entre a Fram, com 50% do capital, a Estamparia, com 30%, e a diferença dividida entre a família Lee (15%) e o Alexandre Yang, ex-diretor industrial da Sueden (5%).
Um ano após a negociação percebi que a empresa poderia quebrar, pois um rapaz muito inexperiente estava atuando como diretor superintendente. Então, um dia liguei para o Mr. Wilson e perguntei se ele confiava em mim, respondeu que sim e me passou uma procuração para que eu representasse a Fram. Assim, passamos a ter 80% do capital da empresa. Após a morte do proprietário da Fram, em 1976, reestruturei a companhia e um ano depois, compramos as ações da família Lee.
Não me recordo numa ordem, mas já tínhamos algumas empresas, a Fram, a Filtros Mann, Irlemp, Inpeca, Logan e a Roma. Da Fram havia apenas um licenciado quando começamos, que durou até 1964. A Logan se posicionava e era considerada uma das mais fortes promissoras para nosso mercado, pela licença que trazia na época.
Isso foi antes.
A licença era da Knecht, que posteriormente foi comprada pela Mahle.
É, podemos dizer que sim. Esse foi o primeiro grupo setorial de filtros. E nós discutíamos assuntos de interesse desse pequeno grupo.
Nós já estávamos no mercado, éramos cerca de quatro grandes empresas e outros menores no mercado. Era a Irlemp do João e do Francisco Reinholz, a Inpeca do Julio Carneiro, Logan do Ricardo Fundamen, a Filtros Mann era uma licença na época e o Vitório Ricciteli que estava começando com a Roma - Filtrobras, em 1968.
Em 1969 a empresa estava com uma boa margem de lucro, então eu e o Corti percebemos que era o momento de unir a estamparia e a Fram.
A empresa foi vendida para a Bendix.
Sim. Até quando eles foram obrigados a vendê-la após a compra da empresa pela Bendix. Era uma negociação de praxe.
Sim. Chamava-se Federal Trade Commission. No nosso caso, tínhamos um ano de prazo, mas como eu segurei por mais tempo, isso nos levantou. Quando propusemos a joint venture aos proprietários da Fram, já era Bendix, pois, o governo americano obrigou a empresa a se manter autônoma.
Meu sócio fez a negociação da joint venture em 1971. A Fram estava crescendo de tal maneira, que investimos uma fortuna em propaganda para divulgar a marca no mercado. Fizemos de tudo um pouco na televisão, patrocinamos o Jornal Nacional, com filminhos. Usamos o rádio. Além de mobilizar uma bruta organização de vendas, uma frota de veículos carros e kombis com publicidade por todos os lados, por onde nós passávamos tínhamos nossa marca exposta de alguma forma. Todos os estádios de futebol tinham outdoors da Fram. Usamos ainda outdoors nas principais rodovias. Enfim, nós não medimos os investimentos em publicidade e propaganda na marca FRAM. Foram esses investimentos que fizeram a marca FRAM uma marca forte.
Sim. Ficamos com 68% do capital. A porcentagem do Alexandre Yang tinha caído de 5 para 2%, e os americanos ficaram com os outros 30%. Os americanos compraram a empresa, no término da ditadura, em 1982, mas nunca conseguiram entender como realizar negócios em um Brasil que passava por tantas mudanças políticas e econômicas. Em 1993, o pessoal da Bendix ligou e me ofereceu a companhia de volta para compra. Alegaram que ninguém entendia de inflação na empresa e eu acabei convencendo a SOGEFI a comprar a empresa com uma participação minoritária minha.
Sim. Como não tinha dinheiro suficiente, chamei o Roberto Colaninno, presidente da Sogefi, para ser meu sócio, mas vendi minha participação quando o Roberto saiu, em 2002. Hoje sou apenas funcionário e presidente da companhia.
Tenho orgulho de dizer que fizemos o primeiro filtro de ar seco para a Volkswagen.
Ah!, foram tantas realizações para o setor, mas acho que em 45 anos, o Sindipeças nunca teve sede própria. Nos orgulhamos em dizer que em cinco anos de gestão do Paulo Butori como presidente e eu como tesoureiro, não só compramos o prédio, como o terreno ao lado. A idéia é ter uma nova área destinada para sediar um Centro Automobilístico do Brasil, que poderá reunir todos os sindicatos ligados a automóveis em um único local.
Bom, eu sou chamado de otimista pelo nosso grupo, nós já passamos por tantas. Elas vão e voltam, e nós temos que continuar fazendo. As chamadas crises na verdade são nossas grandes oportunidades de aprendermos a gerir melhor nossas empresas e negócios, com mais atenção e vigilância. O que me aborrece são empresários que tem capital e condições de investir nesses momentos e não o fazem por receio do pior, quando essa insegurança se desencadeia a reação fica mais lenta, mas como eu disse, são passageiras. O momento não deixa de ser mais uma oportunidade para os mais observadores.
Os avanços em tecnologia trazem mudanças e inovações muito rápidas, diria - diária e as indústrias de filtros em geral acompanham toda essa evolução através das exigências de toda cadeia produtiva, como você mesmo pode observar nesses últimos sete anos, isso nunca me preocupou, porque o homem sempre deu e continuará dando soluções às suas necessidades. E se a minha experiência com a marca FRAM durante todos esses anos pode servir de incentivo para seus leitores, eu digo que o mercado de filtros continuará crescendo e muito, não percam mais tempo, invistam.
A trajetória deste empresário teve início em 1955, com sua chegada ao Brasil. Na época, seu pai, o engenheiro Francesco Milani, fora contratado pela Lambretta do Brasil para atuar como diretor industrial da companhia. Com isso, não tardou para que as oportunidades logo batessem à porta do jovem rapaz.
Aos 19 anos, Milani iniciou sua vida profissional também na Lambretta do Brasil, onde aprendeu algumas das técnicas comerciais empregadas no mundo dos negócios, com um superior suíço. Promovido para a área comercial, logo teve a oportunidade de montar sua empresa - fruto de uma sociedade com Francesco Corti, que resultaria na SBC Cia. de Estamparia, em São Bernardo do Campo, SP. "Éramos uma bela dupla. Ele ficava na fábrica e eu como agente externo da empresa", conta Milani, diretor - presidente do grupo Sogefi – Filtration do Brasil Ltda.
Desta época para a obtenção da Filtros Fram foi um pulo. Com a falência da Sueden – que detinha a licença da Fram no País -, Milani viu a oportunidade perfeita de expandir seu negócio. Em 1970, o empresário firmou uma sociedade com a matriz norte-americana e obteve 30% do capital da empresa. Um ano depois, uma procuração garantiria a Milani a oportunidade de representar a Fram no País, com um total de 80% das ações.
Já como acionistas majoritários da companhia, a dupla Milani e Corti, propôs aos proprietários da Fram uma joint venture. Contudo, apesar do sucesso decorrente de tal associação, sentiu a necessidade de vender seu capital em 1982, com o término da ditadura brasileira. "Desde o início, as previsões na época eram que quando a democracia voltasse ao País, os negócios seriam afetados e o quadro beirasse o caos", justifica Milani.
Onze anos após a venda da empresa, a Fram novamente caiu nas mãos de Mario Milani, agora tendo como sócio majoritário a SOGEFI SPA sociedade cotada na bolsa de Milão.
De acionista, Milani passou a funcionário em 2003, quando consolidou a venda de sua participação na empresa. Atualmente o empresário, sempre na qualidade de presidente, é responsável pelos negócios do grupo SOGEFI na América Latina que incluem 3 fábricas de filtros, sendo uma na Argentina e as 2 unidades da Allevard - molas de suspensão - uma no Brasil, localizada na cidade de Mogi Mirim, e uma unidade na cidade de Córdoba, na Argentina. Unidades que movimentaram no último exercício fiscal mais de 150 milhões de euros.
Montadoras como a Willys do Brasil, a DKV e a Volkswagen. Para a Ford atendíamos apenas a parte de caminhões.
Sim. Vendíamos para a General Motors e fazíamos a dobradiça do capô e o macaco das picapes da época. Para a Willys fazíamos o pára-lama interno de jipe e para a DKV, o macaco. Além disso, em 1964, éramos responsáveis pela fabricação da máquina de levantar os vidros e todas as partes metálicas dos filtros de óleo que fornecíamos para a Sueden.
A Sueden detinha a licença da Fram americana e fazia parte do grupo de grandes players de filtros do momento, junto com a Purolator, Wix e a Fram. Com a falência da Sueden após a morte do Eng. Eduardo Lee em 1966, não demorou para que os negócios da empresa desandassem.
Passávamos por um momento interessante na época e conversando com o Corti, percebemos que podíamos criar a maior estamparia do pais se juntássemos forças. Assim, fui procurar o Pietro Poloni - da empresa Poloni,
atual Companhia Dura, e o Roberto Barossi que representava os interesses da Zanettini & Barossi.
A idéia era unificar as três maiores estamparias do mercado, criando uma única companhia. A negociação caminhava muito bem, mas acabou não dando certo e nós desistimos do negócio. A nossa estamparia caminhava muito bem, vivíamos uma fase de prosperidade e de crescimento acelerado pela indústria automobilística e percebendo que a Sueden estava com dificuldades financeiras, prestes a quebrar mesmo, fizemos uma proposta para o proprietário da Fram, na época o Mr. Steven B. Wilson.
A Fram nasceu como uma empresa familiar. Desde sua fundação em 1945, permaneceu sob o comando do Mr. Wilson. Para ter uma idéia, a Fram foi responsável pela fabricação do primeiro filtro de óleo para jipe, o C3PL, utilizado na 2ª. guerra mundial nos desertos africanos.
Tivemos muita sorte, pois o proprietário da Fram fez questão de dizer que queria trabalhar em sociedade, era tudo que nós queríamos ouvir. Obviamente, aceitamos.
Tínhamos a licença técnica, produzíamos e disponibilizávamos uma comissão com base na legislação vigente e com aprovação do INPI - Instituto Nacional da Propriedade Industrial.
É verdade e ocorreu durante uma assembléia. Apesar de ser jovem e inexperiente, discuti quais as melhores formas de atuarmos em conjunto. Na época, sugeri que a Sueden pagasse a dívida com a Fram fornecendo os equipamentos como parte do capital. Assim, nós da SBC Estamparia entramos com um galpão – que serviria de sede para a fábrica -, e a Fram com os equipamentos. As ações ficaram divididas entre a Fram, com 50% do capital, a Estamparia, com 30%, e a diferença dividida entre a família Lee (15%) e o Alexandre Yang, ex-diretor industrial da Sueden (5%).
Um ano após a negociação percebi que a empresa poderia quebrar, pois um rapaz muito inexperiente estava atuando como diretor superintendente. Então, um dia liguei para o Mr. Wilson e perguntei se ele confiava em mim, respondeu que sim e me passou uma procuração para que eu representasse a Fram. Assim, passamos a ter 80% do capital da empresa. Após a morte do proprietário da Fram, em 1976, reestruturei a companhia e um ano depois, compramos as ações da família Lee.
Não me recordo numa ordem, mas já tínhamos algumas empresas, a Fram, a Filtros Mann, Irlemp, Inpeca, Logan e a Roma. Da Fram havia apenas um licenciado quando começamos, que durou até 1964. A Logan se posicionava e era considerada uma das mais fortes promissoras para nosso mercado, pela licença que trazia na época.
Isso foi antes.
A licença era da Knecht, que posteriormente foi comprada pela Mahle.
É, podemos dizer que sim. Esse foi o primeiro grupo setorial de filtros. E nós discutíamos assuntos de interesse desse pequeno grupo.
Nós já estávamos no mercado, éramos cerca de quatro grandes empresas e outros menores no mercado. Era a Irlemp do João e do Francisco Reinholz, a Inpeca do Julio Carneiro, Logan do Ricardo Fundamen, a Filtros Mann era uma licença na época e o Vitório Ricciteli que estava começando com a Roma - Filtrobras, em 1968.
Em 1969 a empresa estava com uma boa margem de lucro, então eu e o Corti percebemos que era o momento de unir a estamparia e a Fram.
A empresa foi vendida para a Bendix.
Sim. Até quando eles foram obrigados a vendê-la após a compra da empresa pela Bendix. Era uma negociação de praxe.
Sim. Chamava-se Federal Trade Commission. No nosso caso, tínhamos um ano de prazo, mas como eu segurei por mais tempo, isso nos levantou. Quando propusemos a joint venture aos proprietários da Fram, já era Bendix, pois, o governo americano obrigou a empresa a se manter autônoma.
Meu sócio fez a negociação da joint venture em 1971. A Fram estava crescendo de tal maneira, que investimos uma fortuna em propaganda para divulgar a marca no mercado. Fizemos de tudo um pouco na televisão, patrocinamos o Jornal Nacional, com filminhos. Usamos o rádio. Além de mobilizar uma bruta organização de vendas, uma frota de veículos carros e kombis com publicidade por todos os lados, por onde nós passávamos tínhamos nossa marca exposta de alguma forma. Todos os estádios de futebol tinham outdoors da Fram. Usamos ainda outdoors nas principais rodovias. Enfim, nós não medimos os investimentos em publicidade e propaganda na marca FRAM. Foram esses investimentos que fizeram a marca FRAM uma marca forte.
Sim. Ficamos com 68% do capital. A porcentagem do Alexandre Yang tinha caído de 5 para 2%, e os americanos ficaram com os outros 30%. Os americanos compraram a empresa, no término da ditadura, em 1982, mas nunca conseguiram entender como realizar negócios em um Brasil que passava por tantas mudanças políticas e econômicas. Em 1993, o pessoal da Bendix ligou e me ofereceu a companhia de volta para compra. Alegaram que ninguém entendia de inflação na empresa e eu acabei convencendo a SOGEFI a comprar a empresa com uma participação minoritária minha.
Sim. Como não tinha dinheiro suficiente, chamei o Roberto Colaninno, presidente da Sogefi, para ser meu sócio, mas vendi minha participação quando o Roberto saiu, em 2002. Hoje sou apenas funcionário e presidente da companhia.
Tenho orgulho de dizer que fizemos o primeiro filtro de ar seco para a Volkswagen.
Ah!, foram tantas realizações para o setor, mas acho que em 45 anos, o Sindipeças nunca teve sede própria. Nos orgulhamos em dizer que em cinco anos de gestão do Paulo Butori como presidente e eu como tesoureiro, não só compramos o prédio, como o terreno ao lado. A idéia é ter uma nova área destinada para sediar um Centro Automobilístico do Brasil, que poderá reunir todos os sindicatos ligados a automóveis em um único local.
Bom, eu sou chamado de otimista pelo nosso grupo, nós já passamos por tantas. Elas vão e voltam, e nós temos que continuar fazendo. As chamadas crises na verdade são nossas grandes oportunidades de aprendermos a gerir melhor nossas empresas e negócios, com mais atenção e vigilância. O que me aborrece são empresários que tem capital e condições de investir nesses momentos e não o fazem por receio do pior, quando essa insegurança se desencadeia a reação fica mais lenta, mas como eu disse, são passageiras. O momento não deixa de ser mais uma oportunidade para os mais observadores.
Os avanços em tecnologia trazem mudanças e inovações muito rápidas, diria - diária e as indústrias de filtros em geral acompanham toda essa evolução através das exigências de toda cadeia produtiva, como você mesmo pode observar nesses últimos sete anos, isso nunca me preocupou, porque o homem sempre deu e continuará dando soluções às suas necessidades. E se a minha experiência com a marca FRAM durante todos esses anos pode servir de incentivo para seus leitores, eu digo que o mercado de filtros continuará crescendo e muito, não percam mais tempo, invistam.