Economia brasileira e qualidade do público marcam edição de 2008

por Tiago Dias

O Brasil continua sendo um dos maiores produtores mundiais de máquinas e equipamentos. No primeiro semestre, o setor registrou crescimento de 10% no faturamento em comparação ao mesmo período do ano passado. Isso se refletiu também na Feira Internacional da Mecânica, que aconteceu de 13 a 16 de maio, em São Paulo.
Se no ano de 2006 o evento foi considerado por muitos empresários como um dos maiores de todos os tempos, a 27ª edição superou as expectativas. Na abertura da feira, o pré-cadastramento já contava 60 mil inscritos para conhecer as novidades do setor de máquinas e equipamentos.
Durante os cinco dias do evento, 1.969 expositores apresentaram para 117.734 mil compradores/visitantes, entre nacionais e estrangeiros, produtos com tecnologia capaz de competir em igualdade de condições no mercado global. “Tivemos visitas de quem realmente estava expondo, o que é bom, pois há um intercâmbio de informações entre as empresas”, comenta João David Ocanha, Vendedor Externo da Hydac, fabricante de sistemas hidráulicos há 40 anos, fornecendo unidades hidráulicas completas e componentes como filtros, acumuladores, válvulas de embutir, filtros de processo, eletrônicos e acessórios. “Expomos com uma bancada nova, da parte de eletrônica, em nosso stand. Acredito que a feira vai dar o retorno que estávamos esperando”. A Bosch Rexroth, que expôs uma prensa hidráulica de 250 toneladas, uma máquina para dobrar tubos, entre outros produtos, recebeu no stand muitos contatos, como conta Daniel Roberto Gonçalves, Gerente da Divisão de Pneumática da empresa. “A movimentação estava animada e os visitantes interessados no que estava sendo apresentado pelas empresas, rendendo um bom feedback para nós”.
No segundo dia do evento, o Eng. Edson Ricco Júnior, da Apexfil, empresa fabricante de filtros para diversas aplicações industriais, também já havia registrado sua impressão sobre a visitação, que veio confirmar com os números divulgados após o término do evento. “A feira está bem cheia, bem movimentada. Consequentemente, a procura por produtos e soluções também é grande, estamos com muitas expectativas”. Com a casa cheia, a feira propôs um intercâmbio de informações com profissionais influentes do setor, fazendo com que o segmento de filtro seja bem visto e solicitado ainda mais nas indústrias.

Vitrine para filtros e equipamentos
Desde sua criação, a Mecânica é uma grande vitrine de máquinas, equipamentos e acessórios, soluções para instalações industriais nas áreas de produção, manutenção, transporte, armazenagem, controle de qualidade e automação, de mais de 25 segmentos industriais, incluindo aí o segmento de filtros e seus sistemas. “A Feira Internacional da Mecânica é um dos eventos mais importantes para a indústria nacional de máquinas e equipamentos. Ela aproxima as principais empresas do setor de seus públicos-alvo, gerando um ambiente propício para negócios”, comenta Evaristo Nascimento, diretor da feira.
Segundo previsões da indústria, divulgadas pela assessoria do evento, a Mecânica deve gerar R$ 7 bilhões em negócios nos próximos 12 meses.
Entre as empresas expositoras do segmento de filtros e seus sistemas, estavam a 3M/Cuno, Apexfil, Bosch Rexroth, Eaton, Filtracom, HB-Domnick Hunter, HDA, Mcfil, Minas Filtros, Parker, Renner, Spirax Sarco, Tecitec, entre outras.
Todas apostaram em soluções e produtos para a área industrial, agregando inovação e tecnologia às novidades que facilitam diversos processos industriais, como por exemplo a Metalsinter, fabricante de equipamentos para filtragem que atendem ao segmento de postos de serviços e indústrias em geral. A empresa mostrou na feira uma nova tecnologia para sua linha de produtos, ao desenvolver equipamentos e sistemas para nanofiltração com tecnologia da Argonide, fabricante dos Estados Unidos. Podendo combinar também as vantagens da nanofiltração com carvão ativado ultrafino, o que, segundo a empresa, potencializa os resultados da filtragem.
A Hydac, por sua vez, expôs o denominado fluid engeneering, no qual é apresentada a tecnologia de monitoramento do fluido de uma unidade hidráulica com aparelhos eletrônicos para monitorar temperatura, nível de óleo, contaminação sólida e líquida, envelhecimento do óleo hidráulico, sendo que as informações são transmitidas diretamente a um monitor ou até no celular. “Numa feira como a Mecânica, na qual quase não há máquinas que não tenham unidade hidráulica ou de lubrificação, o segmento de filtros não deve faltar”, comenta Helmut Zschieschang, Diretor Geral da empresa no Brasil. Pedro Aoki, da Engenheira de Vendas da Divisão Hidráulica Industrial da Bosch Rexroth, diz que a empresa sempre consegue um bom retorno após as feiras que participa. “Eventos como este nos possibilitam apresentar nossas tendências tecnológicas para o segmento, fortalecer nossa marca no mercado nacional e realizar negócios”.

Faturamento
A Mecânica deu origem às feiras industriais no país. Foi realizada pela primeira vez em 1959, num contexto da economia brasileira em que o governo Juscelino Kubitschek apostava com otimismo na modernização do país. “A idéia de promover o evento foi de Caio de Alcantara Machado, fundador da Alcantara Machado Feiras de Negócios, e do então presidente do Sindimaq (Sindicato da Indústria de Máquinas do Estado de São Paulo), Einar Kok. A primeira edição durou 15 dias e reuniu 220 expositores”, conta Evaristo.

“Participamos da Mecânica há nove edições e não tenho dúvida de que esta foi a melhor de todas. O clima de otimismo entre compradores e expositores foi geral e resultou em bons negócios. Na feira, vendemos cerca de R$ 500 mil, mas temos um potencial de negócios de R$ 4,5 milhões para os próximos meses. O anúncio na Mecânica da construção do laboratório de testes para ensaio de máquinas e ar comprimido, projeto da Câmara de Ar Comprimido e Gases da ABIMAQ em parceria com o IPT de São Paulo, também é de grande importância para toda indústria brasileira”, diz Edgard Dutra Jr., diretor da Metalplan e membro da Câmara de Ar Comprimido e Gases da ABIMAQ.
Segundo dados da ABIMAQ, o setor teve faturamento de R$ 61,6 bilhões em 2007. Durante a feira, a entidade divulgou o faturamento da indústria no primeiro trimestre, que foi de R$ 17,1 bilhões, um crescimento de 29,6% em relação ao mesmo período de 2007. “Esses números são anteriores à realização da Mecânica. Se antes da realização da feira, as perspectivas eram animadoras, agora o clima realmente é de entusiasmo. Com o anúncio do implemento das medidas da política industrial em 45 dias e mais a boa perspectiva que encontramos, acreditamos que o setor deslanchará”, comemorou Luiz Aubert Neto, presidente da ABIMAQ.
Durante visita à feira, o presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Luciano Coutinho, comentou a política industrial anunciada pelo governo no dia 12 de maio e afirmou que colocaria os novos prazos de financiamento em operação em 45 dias. Na Mecânica, a equipe do BNDES atendeu mais de 150 empresários interessados em ter informações a respeito das linhas oferecidas pelo banco, com destaque para o Finame, que de janeiro a março de 2008 desembolsou cerca de R$ 4,2 bilhões.
O desempenho do Banco do Brasil na feira também reafirma o entusiasmo do setor: apenas nos três primeiros dias do evento foram registradas 16 propostas de financiamento, com valor estimado em R$ 7 milhões. Os expositores tiveram acesso a 4 linhas de financiamento oferecidas pela banco – Proger (Programa de Geração de Emprego e Renda, com recursos do governo federal), Finame, Cartão BNDES e Leasing.
Outra oportunidade de incrementar os negócios que os expositores encontraram na Mecânica foi a realização da Rodada Internacional de Negócios, uma parceria da ABIMAQ com a Apex, que resultou em 126 reuniões entre 27 empresas brasileiras e 14 compradores latino-americanos, oriundos da Argentina, Bolívia, Peru, Colômbia, Paraguai, Uruguai, Chile e Venezuela.
“Superamos a visitação da última Mecânica, quando tivemos 900 pessoas cadastradas. Nesta edição, tivemos a média de 250 visitas ao dia.
As vendas realizadas aqui representaram 30% da produção ou um mês trabalho”, diz Cláudio Turlher, coordenador de marketing da HB-Domnick Hunter, especialista em Tratamento de Ar comprimido, Filtros de ar e Filtros Coalescentes – utilizados largamente nos setores de produção das indústrias.
Com tamanha exposição e contato com o segmento, é uma oportunidade importante para as empresas de filtros e seus sistemas divulgarem lançamentos ao mercado e ampliar sua rede de relacionamento. O importante é estar presente e mostrar seu potencial tecnológico nesse grande segmento industrial.