Segundo o IBGE, aproximadamente 50% dos domicílios possuem pelo menos um filtro ou purificador de água. Somado a este fato, os brasileiros já o consideram um bem de consumo indispensável




Os filtros de água por pressão e por gravidade hoje são objetos comuns em diversas residências, cada vez mais presentes até mesmo em escritórios. Essa realidade tem como base os resultados da Pnad – Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios 2005/2006, realizada pelo IBGE, que aponta crescimento da utilização desses filtros em diversos Estados. No Distrito Federal ocorreu o crescimento mais significativo, de 80,2% em 2005 para 83,1% em 2006, enquanto o Rio Grande do Norte ficou com o pior resultado, de 31,8% para 25,2%. Porém, de um modo geral, a pesquisa revela que após a ascensão que começou na década de 90, o número de filtros dentro das casas dos brasileiros estagnou-se na média dos 50%. Já o Norte do País é a região onde menos se utiliza o equipamento.
Nos últimos anos, os filtros por pressão entraram de vez no comércio, em lojas de material de construção e até supermercados, onde o consumidor pode escolher entre diversas opções. A cada ano, aperfeiçoam-se os aparelhos para melhoria da água e aumentam os modelos disponíveis no mercado.
Os filtros por gravidade também são procurados. Neste caso, utiliza-se a gravidade para filtrar - é o próprio peso da água que exerce pressão e faz o líquido passar através do elemento filtrante. A pressão máxima varia de acordo com a aplicação e material empregado. Já o filtro por pressão é instalado na rede hidráulica. A água passa por um refil, geralmente com diversas etapas de filtragem.
Os filtros por pressão são classificados em aparelhos para ponto de entrada, para retenção do particulado em todo o sistema, ou ponto de uso, para retenção do particulado e redução dos níveis de cloro, odor, gosto e cor da água, especificamente no local da instalação.

Necessidade de água pura
O prazer em tomar uma água leve, sem odor e gosto, já é uma sensação muito boa. Porém, não há como assegurar 100% a qualidade da água que sai da estação de tratamento, como explica Alexandre Tambasco, Gerente de Marketing da Lorenzetti, empresa que vem trabalhando no segmento de filtros residenciais e purificadores. "A água que bebemos passa nas estações de tratamento através de diversos processos de limpeza. O problema é que ela percorre um longo caminho até à torneira de casa, podendo chegar com resíduos e ser contaminada durante o percurso", comenta.

Antônio Carlos Camargo, Diretor Industrial da Brasfilter/Europa, marca líder de mercado no setor residencial, ressalta: "muitas vezes esses problemas são provenientes das próprias tubulações internas ou caixa d’água da residência ou empresa do consumidor, uma vez que é fato notório que grande parte da população não realiza o procedimento semestral de limpeza da caixa d’água recomendado pelas estações concessionárias", explica.
Determinados problemas são comuns: colorações, gostos (causados muitas vezes pela presença de algas ou ferro dos encanamentos antigos) e odores estranhos (o cloro, utilizado no tratamento da água, pode deixar odor e sabor na água).
Emerson Gonçalves do Prado, do Setor de Produção e Desenvolvimento da IBBL – Indústria Brasileira de Bebedouros, comenta sobre a utilização do cloro: "Apesar de ser extremamente necessário, existem muitos estudos que mostram influências negativas do cloro no organismo, de forma que evitar ou minimizar o seu consumo se torna cada vez mais importante".

Dias quentes
Em dias muito quentes, aumenta o número de copos de água ingeridos durante o dia, bem como o consumo de sucos e chás gelados. "Com a evolução do comportamento do consumidor, as pessoas perceberam a necessidade de um filtro ou purificador, que fornece água em condições próprias para o consumo a qualquer momento", explica Marcio Zago, da comunicação da Hidro Filtros, que fabrica diversos modelos de filtros através de duas marcas: Hidro Filter e Acqua Star.
Para se ter uma idéia, é em época como essa que a venda de filtros cresce cerca de 15%, conforme informações da IBBL.
Prado comenta que a temperatura elevada também traz uma preocupação a mais: o aumento de bactérias. "Em locais em que a temperatura de entrada de água é elevada e que, somado a isto, encontramos uma baixa quantidade de cloro residual, recomendo o uso de filtros com eficiência bacteriológica. Uma boa condição para instalação de filtros residenciais é em locais arejados e que não tenham incidência de luz solar diretamente no produto", esclarece.
As maiores preocupações dos fabricantes de filtros são retirar partículas que podem ser adicionadas na água da rede, desde que ela sai da estação de tratamento até a casa do usuário, e retirar o excesso de cloro que é colocado na rede para evitar a presença de microorganismos. Para isso, muitos deles realizam os ensaios necessários conforme a norma NBR 14908:2004, por exemplo. Esta melhoria ocorre em três categorias: retenção de partículas por filtração mecânica, redução de cloro e eficiência bacteriológica. Garante-se também a filtração sob temperaturas que variam de 2 a 38 graus - temperaturas representativas para entrada de água no Brasil.

Conforme norma NBR 14908:2004, os materiais em contato com a água devem ser atóxicos. "Os aparelhos devem apresentar em todas as suas partes acabamento uniforme, sem defeito e resistência à pressão aplicada no produto", explica Tambasco, da Lorenzetti. "Se considerarmos que a água é um importante fator para a preservação da saúde e proteção do organismo contra o envelhecimento, além de regular a temperatura e eliminar as toxinas do corpo, percebemos a relevância de se consumir água de boa qualidade", diz Adriano Pellegrini, do Departamento de Marketing da Ulfer, fabricante da ECOPURE, sistema de purificação de água.

Elemento filtrante
Os elementos filtrantes mais comuns possuem uma barreira física porosa. Quanto mais fechado este meio poroso, maior será a eficiência, porém as características variam de acordo com a aplicação.
No Brasil há a fabricação de elementos filtrantes em polipropileno "Melt Blown", processo na qual o polipropileno aquecido forma microporos para a retenção de partículas de diferentes micragens. "Para a linha residencial, as micragens disponíveis nos elementos de polipropileno são 5 micra (elementos que acompanham carvão ativado e os que necessitam de uma retenção maior), 10 e 25 micra", diz Zago, da Hidro Filtros.
Existe também o carvão ativado com prata coloidal, que adsorve substâncias que alteram o gosto e o odor da água, além de evitar a proliferação de bactérias. O uso do carvão ativado pode ser granulado ou compactado.

Algumas linhas adotam elementos plissados laváveis, onde uma manta de poliéster é disposta em plissas com alto poder de redução da sujeira, com a vantagem de permitir a reutilização do elemento. Quando o assunto é matéria-prima, os fabricantes possuem uma lista com diversas opções.As mais comuns, junto com as citadas, são a resina, a celulose e o quartzo. A ação comum, na maioria dos purificadores, consiste no tratamento físico-químico da água com a retenção de resíduos, impurezas e também do cloro, eliminando gosto e odores. Nos modelos mais completos, ocorre também o tratamento microbiológico e bacteriológico da água, para eliminar coliformes fecais, totais e bactérias como o Vibrio Cholerae, causador da cólera, como exemplifica Antônio Carlos Camargo, do Europa. "Entre as tecnologias empregadas em nossos purificadores para tratamento microbiológico, o Hollow Fibre é composto por membranas importadas com mais de 400 bilhões de microporos de 0,3 mícron – número 250 vezes menor que o diâmetro de um fio de cabelo – para reter micropartículas e bactérias. Já o sistema UV Light System elimina bactérias pela exposição da água, em turbilhonamento, à luz ultravioleta. Nosso purificador mais completo - o Summer Line UVLS+HF, combina essas tecnologias além do SNTA – Sistema Natural de Tratamento de Água, presente em todos os purificadores Europa".

Limpeza e manutenção
A manutenção do filtro residencial precisa ocorrer, em média, a cada seis meses ou dependendo da condição da água. A vantagem é que essa troca pode ser realizada pelo próprio consumidor, de forma fácil e econômica.
Alguns aparelhos chegam a ter um adesivo de alerta para controlar o tempo de troca do refil. "A durabilidade do refil varia aproximadamente em 2.500 litros de uso, ou seja, a mesma média de seis meses. A única recomendação adotada é não instalar o filtro em torneira de água quente", esclarece Marta Messa, Gerente de Marketing da Philips Walita, empresa que almeja expandir seus negócios nesse segmento. "Um bom refil em local de água de baixa qualidade deverá entupir", completa Prado, da IBBL.

É indispensável a higienização periódica para manutenção de filtros, bebedouros, reservatórios para uso imediato e caixas d’água. "Esse cuidado garante que o reservatório de água não se torne um criadouro de bactérias. Principalmente produtos que possuem reservatórios após o filtro, devem ser higienizados a cada três meses. É uma questão muito simples. Recipientes que utilizamos com alimentos, como panelas, copos e colheres, são higienizados todos os dias", conta Prado.
No caso do Europa, conforme o modelo de purificador, "o consumidor deve efetuar a substituição das câmaras de purificação no prazo de um ano ou três mil litros (o que ocorrer primeiro) ou dois anos ou seis mil litros (o que ocorrer primeiro), informação que consta no manual do produto", explica Camargo. A empresa dispõe de um acessório exclusivo e patenteado, denominado Contágua, que mede o consumo em litros e avisa o consumidor sobre o momento correto da substituição. O Contágua tem eficiência comprovada pelo Ipem/SP e pode ser acoplado a qualquer purificador Europa, mesmo os que já estejam em uso, sendo item de série incorporado ao gabinete, nos modelos da linha Smart.

Cuidados
Os cuidados variam conforme o material utilizado na confecção do aparelho, mas alguns são básicos como não expor ao sol, principalmente os modelos coloridos. "Com a luz solar diretamente na água, pode haver a formação de limo no interior do copo. Isso é apenas uma questão visual, uma vez que os elementos fazem a filtração de fora para dentro, ou seja, a água que enxergamos no copo será filtrada e percorrerá o interior do elemento até chegar a torneira. É necessário observar também os níveis de pressão permitidos e temperatura da água, para o funcionamento correto dos aparelhos", explica Zago. Quanto à parte externa, não é recomendável a limpeza do aparelho com produtos abrasivos, apenas com água e sabão neutro. Em alguns modelos que permitem a retrolavagem, também há recomendações antes da primeira utilização. "É necessário desprezar 14 litros para eliminar os resíduos. Posteriormente, deve-se realizar a retrolavagem do refil a cada 15 dias para garantir a eficácia do produto", comenta Pellegrini, da Ulfer.

Futuro
A dificuldade e o encarecimento dos processos de tratamento da água exigirão investimentos tanto da indústria, como mudanças no consumo de água. "Já observamos a entrada de grandes grupos mundiais neste segmento no País, seguindo o que já ocorre nos EUA e países da Europa e Ásia", explica Zago, da Hidro Filtros.
O mercado é promissor e está em constante crescimento. Atualmente, a atenção com a saúde e o bem-estar é uma preocupação de todos. "Cada vez mais, as pessoas estão cientes dos benefícios que a água propicia ao corpo", comenta.
Tudo que diz respeito à água terá importância fundamental num futuro próximo. "A cada dia, o consumidor fica mais informado sobre a necessidade do consumo de água pura. Apenas para citar um exemplo, a ONU instituiu os anos de 2005 a 2015 como a Década da Água", encerra Camargo, do Europa.