A Armadilha Dos Dados: Essa Informação É Útil?
Por Meio Filtrante
Edição Nº 26 - Maio/Junho de 2007 - Ano 6
Nas minhas aulas de jogos de empresas, onde são simuladas situações empresariais, costumo utilizar um software que apresenta uma grande quantidade de dados e informações como suporte para os participantes tomarem as decisões.
por Mauricio Sanches Graça
Nas minhas aulas de jogos de empresas, onde são simuladas situações empresariais, costumo utilizar um software que apresenta uma grande quantidade de dados e informações como suporte para os participantes tomarem as decisões.
Diante da quantidade aparentemente infindável de informações, os alunos geralmente apresentam uma certa dificuldade, sequer entendendo a totalidade de recursos à sua disposição. Invariavelmente, quando o primeiro exercício deve ser feito, esperam que eu diga quais são as informações relevantes. Nesse momento sempre me lembro do tempo em que, por não existirem tantos recursos informatizados, a dificuldade era outra: não tínhamos acesso a tantos dados e informações. E, mesmo assim, tínhamos que encontrar maneiras de conseguir essas informações para manter a dianteira sobre os concorrentes.
Hoje em dia, com tanto acesso a dados e informações, deveria ser fácil para os executivos e empresários tomarem decisões. Mas, paradoxalmente, ocorre exatamente o contrário: com tantos dados disponíveis, o problema agora é decidir quais utilizar para gerar a informação correta. E muitos acabam se perdendo em um mar de relatórios e visões distintas sobre um mesmo ponto, incapazes de decidir ou, tão ruim quanto, decidindo errado. A busca por “culpados” seria tão infrutífera quanto desnecessária. Vejamos: seriam os analistas de sistemas, com suas dezenas de opções de relatórios disponíveis “on-line”? Ou seriam os gestores, que solicitam diversos “cruzamentos de informações”? Ou ainda seriam culpados esses seres inanimados e onipresentes, os computadores, já que agora são mais rápidos e poderosos, guardando mais dados e gerando informações mais rapidamente?
Ao invés de buscar culpados, faríamos melhor se recuperássemos nossa capacidade de analisar os problemas. E como podemos fazer isso? Dentre as diversas formas de se fazer isso destaco, como uma das principais, a simplicidade. Simplicidade na forma de coletar dados, simplicidade na maneira de gerar soluções, simplicidade, enfim, nas ações.
De forma alguma advogo uma postura simplória, desinteressada até, no trato das questões de negócios. Muito pelo contrário, devemos ser cada vez mais profissionais em nossas ações, mas isso não significa trilhar o caminho mais complexo e sim o mais adequado, que invariavelmente é muito mais simples do que parece.
Não foram poucas as vezes que vi empresas investirem fortunas em computadores e softwares integrados e não conseguirem informações adequadas para a tomada de decisão, perdendo muito tempo para gerir a própria ferramenta. Essa situação não é boa para as empresas que prestam serviços de informática nem para as empresas que adquirem esses serviços.
Os casos de sucesso que presenciei não tinham relação com o binômio “comprar pacote x desenvolver em casa”,
o sucesso vinha de uma visão clara do que era necessário e
um plano de geração de informações baseado na simplicidade e nas ferramentas existentes. A complexidade vinha com naturalidade e devido a uma clara necessidade.
Como conseqüência dessas minhas experiências, eu hoje não me baseio apenas na verificação da existência, ou não, de um aparato informatizado em uma empresa para avaliar sua capacidade de gerar informações úteis e decidir adequadamente. Excelentes informações podem ser geradas tanto por formulários em papel quanto por planilhas eletrônicas ou por softwares integrados.
O segredo é descobrir qual é o método mais adequado para suas necessidades, pois ser moderno não significa, necessariamente, ser melhor. Como descobrir este método mais adequado? Mantendo o foco, utilizando os recursos já disponíveis, e aumentando a complexidade das ferramentas somente quando estritamente necessário, é um bom começo.
Mauricio Sanches Graça tem mais
de 20 anos de experiência profissio
nal em empresas de grande porte dos setores de consultoria e financeiro,
como a Pricewaterhouse Coopers e a
Credicard, na qual atuou nas áreas financeira, de planejamento e vendas, Maurício é o diretor executivo da MSG
Consultores Associados, empresa de consultoria composta, principalmente, por professores universitários com destacada experiência empresarial, onde contribui com sua visão de contexto e facilidade para a leitura de cenário. Bacharel e Mestre em Administração de Empresas pela FGV-SP,
Mauricio destaca-se também pela dedicação na formação de novos profissionais, simultaneamente ao constante aperfeiçoamento profissional, dados pela atuação como professor no curso de Administração de Empresas da Facamp –
curso do qual é, também, Coordenador-Adjunto –, e profes
sor de MBA e pós-graduação no Instituto Nacional de
Pós-Graduação (INPG).
MSG Consultores Associados |