Nova Tecnologia De Soldagem Na Fabricação De Elementos Filtrantes
Por Meio Filtrante
Edição Nº 33 - Julho/Agosto de 2008 - Ano 7
Processo pode ser utilizado pela indústria petrolífera, aeronáutica, espacial, em saneamento básico, tratamento de água industrial, entre outras
Processo pode ser utilizado pela indústria petrolífera, aeronáutica,
espacial, em saneamento básico, tratamento de água industrial, entre outras
por Tiago Dias
O Laboratório Nacional de Luz Síncrotron (LNLS), órgão do Ministério da Ciência e Tecnologia (MCT), está desenvolvendo tecnologia de soldagem de vários tipos de ligas metálicas especiais, que vai possibilitar a fabricação de elementos filtrantes para “Telas Premium”, utilizadas especialmente para controle de areia em poços de petróleo e gás. Esse mesmo processo pode ser utilizado no tratamento de água industrial, filtração
em alta pressão e em alta vazão, em saneamento básico, em equipamentos científicos, além das indústrias aeronáutica, espacial, entre outras.
A tecnologia traz um diferencial na hora de fabricação do elemento filtrante por permitir a solda de diversos tecidos metálicos, com diferentes aberturas de
uma única vez. “Deste modo, é possível ter um produto final com uma variação de tamanhos de poros muito grande, além de poder utilizar diferentes materiais metálicos, sejam ligas ferrosas ou não ferrosas”, explica Odair R. Bagnato, líder do Grupo de Materiais
e Coordenador da pesquisa.
Diferença nos elementos filtrantes
A principal diferença dessa tecnologia na fabricação
dos elementos filtrantes está no processo de solda.
“Você poderá unir chapas de tecidos metálicos, formando uma manta filtrante grande e, a partir dela, recortar ou manter os elementos filtrantes nas dimensões requeridas pelo cliente”, comenta Odair. O coordenador ainda explica a questão da filtragem, afinal, a nova tecnologia vai garantir um resultado melhor quanto
a filtração? “Quanto à garantia, o que se pode dizer é que se os tecidos metálicos utilizados são uniformes, todos os poros serão uniformes. A seleção dos diferentes tipos de tecidos é que definirá o que filtra e não filtra”.
Segundo Samuel Tocalino, da DFB Técnicas para Soldagem de Metais Ltda., parceira do LNLS no projeto, a importância do desenvolvimento da tecnologia fica mais evidente quando se sabe que cerca de 80% da produção de petróleo no país procede de reservatórios em águas profundas, onde a instalação de contenção de areia é praticamente obrigatória.
Tocalino afirma que apenas três empresas no mundo dominam a técnica de fabricação de elementos filtrantes utilizando essa tecnologia. “O sucesso do projeto abrirá outras oportunidades, como o desenvolvimento futuro de designs de “Telas Premium” adaptadas às condições de produção brasileira e a
difusão dessa tecnologia para outros setores industriais.”
De acordo com Osmar, o LNLS trabalha no desenvolvimento de processos especiais de soldagem há mais de 10 anos, onde os mesmos são utilizados na fabricação de componentes para os aceleradores de elétrons, linhas de luz e outros componentes do Laboratório. “A parceria para o desenvolvimento desse projeto surgiu há dois anos com o interesse comum em técnicas de soldagem não-convencionais que pudessem unir diferentes materiais metálicos, que podem ser utilizados tanto para a fabricação de peças para os aceleradores, como para as outras aplicações citadas.”
Os recursos para o desenvolvimento da tecnologia são fornecidos pela Financiadora de Estudos e Projetos (FINEP) e pela DFB Técnicas para Soldagem de Metais Ltda., que detém os direitos de fabricação e comercialização. O projeto conta ainda com a assessoria da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), que testará o produto. Desde 2003, após sugestão da Petrobrás, a FINEP tem incentivado a produção dessas telas no Brasil.
Um detalhe importante é que os equipamentos serão produzidos no Brasil, sem pagamento de royalties
ou de importações, o que, segundo o órgão, vai gerar uma economia de cerca de US$ 40 milhões em importação, além de acesso a um mercado internacional de cerca de US$ 200 milhões.
“Na etapa atual, estamos produzindo amostras em aço inoxidável 316L, de diferentes aberturas, que estão sendo testadas quanto a corrosão e propriedades mecânicas. No final de 2008 deverão estar disponíveis amostras maiores”, garante.