Filtros e Tratamentos de água ajudam a manter as condições em todas as etapas do processo de lavagem

por Tiago Dias

Lavar as roupas de maneira adequada pode ajudar a aumentar a durabilidade das peças. Assim como o modo certo de retirar as manchas (nos casos de sujeira), o processo correto para tingimento e modificação da peça (nos casos de criação de novos modelos de roupas), a escolha dos produtos utilizados, as máquinas que farão o serviço e, principalmente, que a água que for utilizada em todo o processo de lavagem seja de qualidade e não calcária.
É comum empresas que oferecem serviços de higienização e conservação de rouparias e similares para diversos lugares, como hotéis, clínicas, restaurantes e indústrias. Chamadas de lavanderia industrial, essas prestadoras de serviços são responsáveis por todo o manuseio, coleta e entrega da rouparia - locação e higienização de uniformes, toalhas e embalagens industriais, reciclagem de equipamentos de proteção individual (Epi’s), entre outros.
Para esse serviço, são necessários equipamentos especiais diversos: lavadoras, centrífugas, secadoras, calandras etc., para que possa processar grandes volumes de peças, conservando os padrões de limpeza e higiene no mais alto nível para evitar qualquer problema nas peças. "Deve ser observado, entre outros itens, o pH. Para tanto, usamos água proveniente do departamento municipal de Água e Esgotos, tarifada. Não concordamos com o uso de água de poço ou mineral que invariavelmente necessita de correção", explica Carlos Rios, proprietário da Lavind, lavanderia industrial que presta serviços de terceirização.

Antes e após o uso
A água utilizada para esses fins precisa ser de qualidade para evitar qualquer tipo de problema durante a atividade de lavagem. Há algumas lavanderias que filtram e decantam a água em um reservatório, antes mesmo de começar a ser utilizada.
Esse tratamento e cuidado no pré-processo dá condições para uma lavagem ou um tingimento de qualidade, inclusive, se necessário, no alvejamento de roupas.
Durante o processo de lavagem ou caracterização da peça, são diversos produtos químicos utilizados, seja ela mais voltada para a parte industrial ou domiciliar. Detergentes, sabões, agentes químicos, colorantes etc., todos devem seguir um padrão de emissão estabelecido pelos órgãos ambientais. Mesmo estando a par com essas condições, esses produtos tornam-se impurezas na água utilizada. "Por isso há monitoração na água nos seguintes itens: pH, soluções sedimentáveis, DBO5, DQO, dureza, sólidos suspensos, óleos e graxas, fósforo total, nitrogênio total, surfactantes, concentração de mineral, cor e espuma", esclarece Rios.

Os benefícios do tratamento são diversos. "Um dos pontos positivos é principalmente a economia. Uma água com alto teor de dureza dificulta a lavagem e necessita de um maior volume de sabão além do necessário, neste caso, um abrandador seria o equipamento adequado", explica Carlos Eduardo da Silva, do departamento técnico de vendas da Filtrando, que trabalha com tratamento deágua em geral, seja ela proveniente de abastecimento público, de poços artesianos ou de mananciais.

Junto com os abrandadores, são utilizados filtros de tecido sintético, filtro de areia filtro de carvão, abrandadores, sistemas de remoção de ferro, assim como diversos componentes químicos. A dureza é uma característica conferida à água devido a presença de íons metálicos, principalmente os de cálcio e magnésio, produzindo as chamadas incrustações. "Os sistemas de abrandamento por troca iônica se processam substituindo os íons de cálcio e magnésio por íons solúveis de sódio, e são utilizadas principalmente na alimentação de caldeiras de baixa e média pressão, em sistemas de aquecimento, resfriamento e em alguns processos industriais", conta Carlos Eduardo.
A água de alimentação deve ser pré-tratada e, se proveniente, de poço artesiano, filtrada antes de entrar no equipamento. Caso seja clorada, deve-se colocar um filtro de carvão ativado para remover o cloro residual, que é nocivo às resinas.
Há também o processo de decloração, realizada por um filtro de carvão ativado visando a remoção do teor de cloro residual presente em águas tratadas em ETAs. O gosto, cor, odor e matérias orgânicas são eliminados após a filtragem.

"No processo de filtração, os materiais sólidos presentes na água que provocam a turbidez, são retidos por processo mecânico, através da passagem do fluido por um leito de material filtrante obtendo–se água límpida e clara", diz Carlos Eduardo.
Já Adriana Alves Vieira, gerente da Stone Washed – Lavações e Tingimentos de Jeans -, explica que no caso de sua empresa se utiliza o mínimo de tratamento possível. "Temos como utilização a água do rio que se desloca a um tanque enorme, decantando materiais orgânicos. A água que vem do mato, limpa e utilizada mais para o processo de tingimento e, por último, temos o poço artesiano onde só utilizamos para desenvolvimento branco", conta. Porém, uma etapa não muda, o tratamento da água após a utilização da mesma. Muito além das manchas e defeitos nas roupas, um ponto especial a ser previsto durante as etapas do processo em uma lavanderia é o cuidado em não agredir o meio ambiente. Afinal, é preciso cuidar dos recursos naturais que estão sempre à disposição para diversas empresas e industriais, principalmente as desse segmento. Após o processo produtivo, antes de devolver a água utilizada no rio, é extremamente necessário um tratamento para que sejam retirados todos os componentes químicos, resquícios de pano, entre outras sujidades; e assim seja restaurada as características originais da água. Geralmente as empresas possuem uma Estação de Tratamento de Efluentes (ETE) para este fim. Até quem ainda não tem espaço físico e infra-estrutura para um sistema de tratamento como esse, de grande porte, já está se preocupando e começando a implantar processos na água após o uso. A Lavind, em plena finalização da implantação da ETE em sua planta, é um exemplo. "Em vez de descartarmos a água na rede pública, tratamentos na ETE que, ao purificar a água, é enviada novamente para outras lavagens. No final do processo, a água de reúso vai novamente para o processo da ETE, para enfim ser descartada na rede pública", explica Rios.
Segundo ele, o resultado do reúso gera benefícios para todos: "A lavanderia economiza na conta de água e faz a sua parte na preservação do meio ambiente. A água fica então nos parâmetros exigidos pelos órgãos ambientais, que no caso são a Secretária Municipal do Meio Ambiente ou fundações de proteções ambientais", conta.

Processo em uma Estação de Tratamento de Efluentes
- Equalização: Os efluentes são misturados com o auxílio de um agitador, fazendo com que o pH esteja constante, com uma cor homogênea e poluentes bem distribuídos.
- Coagulação: Ao entrar na estação o efluente bruto recebe uma dosagem de coagulante. As partículas sólidas (sedimentos) iniciam um processo de aglomeração.
- Floculação: Processo onde a água recebe uma substância química chamada de sulfato de ínio. Com isso, as impurezas se aglutinam formando flocos para serem facilmente removidos, com o auxílio de um Polieletrólito.
- Decantação: As impurezas, que água pela ação da gravidade.
- Filtração:Quando o efluente passa por filtros com camadas diversas de seixos e de areia com granulações diversas e quando há necessidade carvão ativado.
- Desinfecção: O processo de desinfecção protege conta o risco de contaminações. Pode ser realizado com o cloro líquido ou ozônio, entre outros. A cloração serve para eliminar parte dos germes patogênicos.

Processos específicos
Em diversas lojas de roupas há a procura por peças com elementos diferentes, como, por exemplo, os jeans com estilo rasgado, stoneado, lixado ou com efeitos de cores.

Para chegar a cada um desses resultados, há a lavanderia por trás, que cuida dos jeans engomados, sem nenhum tratamento de cor, dando uma nova cara à peça. Dependendo do tipo de tecido, o nível de sujidade ou a finalidade da utilização, eles recebem um tratamento diferenciado. Para cada efeito, um processo diferente, com temperatura, pigmentos, tempo de lavagem e uso de produtos químicos exclusivos. Alguns efeitos inclusive exigem finalização manual para assim poder ir à venda em diversas lojas. "Imagine uma grande loja de roupas que precise de uma peça com corte A, onde vou dar um efeito de desgaste com abrasivo ou com pedra; outra com corte B, com uns jeans mais forte; e também uma com corte C, onde é diminuída a intensidade da cor. São processos totalmente diferentes para cada resultado", comenta Reinaldo Cetra, Diretor Administrativo da Apollo Lavanderia. A demanda de água utilizada nas lavanderias é tão grande que, no caso da Apollo, são gastos por volta de 25 mil litros de água por hora: "Fazemos uso de um poço artesiano, com uma bomba alimentando as caixas de água e que, por sua vez, alimentam os torques".

Reúso
O reúso de água é algo que já faz parte do procedimento de diversas empresas. Nas lavanderias, não se foge à regra. Antes que o retorno da água seja feito, o tratamento foca atingir uma qualidade da água para fins não potáveis, mas livre de poluentes e microorganismos que interfiram no processo de lavagem.
Porém, segundo os profissionais do segmento de lavanderia comentam, não são em todos os processos em que a água reciclada pode ser aplicada, "Nos processos mais específicos, tais como os de tinturaria, não é aceito a água de reúso por conta do pH alterado, que pode causar alguma reação durante o tratamento na peça", explica Cetra. A água passa por 4 células para tratamento químico contínuo. Após o terceiro, ela é encaminhada para um filtro de brita com areia, seguida do filtro de carvão ativado e filtros clarificadores.
Das etapas que se seguem no tratamento, está a floculação e as caneletas, onde se faz a separação do líquido e do sólido. Nessa etapa também pode-se utilizar um tratamento biológico, onde as bactérias comem os resíduos.
"A água volta aos tanques, enquanto o lodo retirado é encaminhado para os filtros prensa ou para secadeiras, onde a massa de resquício é diminuída pela secagem. Daí pra frente, o destino desse sólido é ir para um aterro homologado da Cetesb", explica Cetra.

Lavanderias rápidas
Tratamento de roupas por meio de lavanderias já é prática costumeira no dia-a-dia. Lavagens a seco ou normais são feitas sempre com rapidez, aliados aos equipamentos e produtos de alta tecnologia, garantindo a roupa limpa. Segundo Ricardo Monteiro, Gerente operacional da Quality, uma das maiores franquias de lavanderia no país, cerca de 80% das roupas são lavadas a seco e toda água, retirada da máquina é colocada em um recipiente adequado e enviado para incineração, com documentação de quantidade e destino.

"Na parte de água que é bastante pequena - apenas 20% do volume, descartando em média 1,0 m³ por dia -, são utilizados produtos biodegradáveis e existe uma caixa de sabão para evitar a saída de fiapos ou produtos sólidos. Segundo análises realizadas nas saídas das águas, o grau de substâncias tóxicas foi inferior ao esgoto despejado por uma residência", explica Monteiro.

Nas residências
A máquina de lavar representa cerca de 5% do consumo de eletricidade em uma residência. As ações mecânicas do eletrodoméstico são muitas, da rotação do tambor ao enxugamento. Além do simples sabão em pó, a água que entra na máquina e que vai lavar as roupas precisa, assim como todos os outros exemplos de lavanderia, ser de qualidade.
"O filtro protege a máquina, seus componentes e também garante a qualidade da água, o que resulta em economia em alvejantes, sabões e amaciantes", comenta Márcio Zago da comunicação da Hidro Filtros, fabricante de diversos filtros residenciais, de purificadores à elementos para máquinas de lavar. O filtro citado não é bem aquele componente, geralmente de plástico que vai na parte de dentro da máquina e que visa barrar pêlos, linhas, entre outros.
O filtro para máquinas de lavar é classificado, de acordo com a NBR 14.908:2004, em ponto de uso, pois sua instalação se dá no local do consumo da água. Ele deve ser instalado na parede, na saída da água que alimentará a máquina de lavar.

O excesso de ferro na água, problema comum nas residências por conta do encanamento que traz a água até a torneira, pode ocasionar transtornos como manchas em roupas e instalações sanitárias.
Sem a filtração da água para este fim, um grande número de partículas de todo tipo, e em concentrações altas, podem ficar depositadas no equipamento reduzindo a eficiência dos sabões, gerando desperdício e danificando também o funcionamento da máquina. Fábio de Oliveira Pinto, do departamento de vendas da Asstefil, fabricante de filtros industriais e residenciais, comenta que o filtro deve ser instalado na entrada da máquina, de maneira bem prática e fácil, e de como o elemento funciona internamente:"Tratando-se de um filtro de cartucho, o processo de filtragemé o de forma mecânica, onde as partículas ficam retinas na estrutura do elemento, a chamada Filtração de profundidade, o mesmo processo utilizado nos filtros centrais residenciais", explica.

Elemento Filtrante
O cartucho utilizado no filtro é fabricado em polipropileno, não possui resinas e garante a retenção de 5 micra para particulado, retendo ferrugem, areia, lodo e outros tipos de partículas existentes. O elemento é ranhurado, o que permite uma maior área em contato com a água. Há também modelos constituídos em fibras de celulose agregado com resina melamínica ou polipropileno, onde a porosidade pode variar entre 1, 3 ou 5 micra, dependendo se o usuário já possui um filtro central instalado na residência.

Segundo os fabricantes, para maior eficiência e aumento de vida útil do filtro para máquina de lavar, aconselha-se o uso para ponto de entrada, instalado no cavalete da residência."O diâmetro dos poros se reduz no sentido citado, aumentando com isso a eficiência do processo de filtragem", comenta Roberto Fernandes, Engenheiro de serviço técnico da 3M – Divisão Cuno, que comercializa o filtro Aqualar Aquashine, voltado para máquinas de lavar. Já a eficiência na retenção de partículas é conferida conforme a classificação da NBR 14.908:2004. "Os modelos de filtros são classificados com a Classe III – referente a retenção de partículas (retenção de partículas de 5 a 15 micra), tendo a vazão de 800 litros/hora para o modelo de 7" e 1200 litros/hora para o modelo de 9.3/4"", explica Zago. O motivo de se utilizar o Polipropileno na maioria das vezes deve-se as tendências de uso muito comuns. Além de ser em muito indicados
nos setores alimentícios em farmacêuticos e em questões de compatibilidade, ele também atende outros setores como o industrial, o petrolífero.

Facilidade
A reposição deve ser realizada a cada seis meses, ou quando for observada a redução do fluxo da água."O elemento filtrante é descartável, sendo indicado sua substituição sempre que o tempo de enchimento da máquina aumentar, ou seja, queda de vazão da água. Procedimentos como lavagem do elemento filtrante com sal, açúcar ou areia, na tentativa de reaproveitar o elemento filtrante saturado são considerados ineficazes e não recomendados em função do processo de filtragem ocorrer em todo volume do elemento e não apenas em sua superfície", diz Fernandes. O consumidor pode ir até uma revenda e adquirir o refil, realizando ele mesmo a substituição de maneira fácil. O filtro possui um botão despressurizador na tampa, o que auxilia a abertura do copo do filtro", explica Zago.
Por tratar-se de um cartucho de profundidade, recomenda-se a colocação de um manômetro após o filtro que informará o momento da manutenção. Segundo
Fábio da Asstefil, há uma boa procura por esses filtros voltados para máquina de lavar doméstica. "Afinal, é comum a dona-de-casa reclamar das manchas originadas durante a lavagem", conclui.