Cada vez mais cresce o uso de filtros nos mais diversos locais e aplicações, onde antes não se tinha nem ideia de que eles poderiam ser usados. Isso dá a entender que há ainda um vasto campo a ser explorado pelos filtros. No caso de uma residência, fazem parte as novas linhas de filtros para Ponto de Entrada (POE) – para cavalete e caixa d´água – e de Ponto de Uso (POU) – para chuveiros e máquinas de lavar –, aplicações nas quais até pouco tempo eles não eram utilizados. Não só devido à crise da água, o que está vindo por aí é que o uso de filtros em residências traz uma nova forma de pensar sobre a água com uma perspectiva de estilo de vida mais moderna. A expansão de uso destes filtros será corriqueira quando entendermos que também podemos fazer o nosso tratamento da água particular e desfrutar melhor dos seus benefícios. Não como um artigo de luxo, mas pela necessidade de cuidar deste bem tão precioso. 

Os filtros de Ponto de Entrada (POE) residenciais são instalados nos pontos onde a água chega aos domicílios. Os tipos mais usuais, que possuem certificação compulsória do Inmetro, são os que vêm após o relógio do cavalete, conhecido como hidrômetro, que faz o registro de entrada da água; antes da caixa d’água, evitando que a sujeira da tubulação da rede entre na caixa; ou antes dos pontos de abastecimento de equipamentos alimentados diretamente pela rede pública. Já os de Ponto de Uso (POU) são utilizados nas máquinas de lavar, chuveiros, purificadores e filtros de água para consumo, entre outros.  

"Como a função de um filtro de entrada é levar água filtrada para toda a casa, os produtos deste tipo contam com elementos filtrantes de polipropileno melt blow, responsáveis por reter barro, ferrugem e demais impurezas sólidas", salienta Juliano F. Frizzo, gerente de marketing da Planeta Água. Os filtros para aplicação em máquinas de lavar roupas e lava-louças estão começando a ser utilizados no Brasil. "São os mesmos tipos de elementos filtrantes POE, que têm o objetivo de reter partículas para melhores limpezas", diz

Os filtros de entrada são, em geral, de maior porte e para melhoria da qualidade de água de consumo humano previamente tratada cujo padrão de potabilidade atenda aos requisitos da Portaria 2.914/11 do Ministério da Saúde. "Em suas configurações típicas, destinam-se à retenção de lodo, limo e outros contaminantes sólidos em suspensão. Quando a água de entrada não é fornecida por estação de tratamento, é necessário fazer sua classificação e caracterização através de análises para definir o perfil do sistema a ser utilizado – dimensionamento do volume e vazão, meio filtrante, tratamentos adicionais etc.", relata Manuella Curti de Souza, diretora-geral do Grupo Europa. Segundo ela, quanto mais exigida for a aplicação da água de saída, mais cuidados serão necessários.

"Os filtros POE têm a função principal de retirar partículas suspensas presentes na água e atualmente são instalados nas residências conforme o tipo de compostos que se deseja retirar dela", salienta Anderson Alves Oliveira, gerente de marketing de produtos sênior da Pentair Water Quality Systems. Além destes, a Pentair lançou no mercado outros tipos de filtros que não necessitam de certificação do Inmetro, mas que também contribuem para a melhoria da água. 

Um deles é o Abrandador, bem pouco conhecido no mercado ainda. Ele pode ser instalado após a caixa d´água e tem a função de retirar a dureza da água – redução de TDS (Total Dissolved Solids), ou seja, remove principalmente cálcio e ferro da água porque causam danos às tubulações, roupas e utensílios domésticos. Outro produto é o filtro para chuveiro, que retira elementos sólidos da água e reduz o cloro durante o banho quente por ser prejudicial para as vias respiratórias, pele e cabelos. Já o filtro para máquina de lavar retém partículas ainda mais finas da água (5 µm) que podem danificar as roupas e até mesmo a máquina de lavar.

Como são poucos conhecidos no mercado, o consumidor ainda não está familiarizado com estes tipos de filtros. Segundo Frizzo, é recomendável que o consumidor possua ao menos um filtro de entrada em sua residência, uma vez que ele possui vários benefícios. "Quando aplicado em caixas d’água, reduz a necessidade de limpezas destas caixas. Já quando instalado, tanto no cavalete quanto na caixa, fornece água filtrada para todos os pontos de água da casa, reduzindo a quantidade de manutenções de equipamentos, como máquinas de lavar e purificadores de água, e aumentando a vida útil deles", aponta.

Frizzo compara estes filtros com quem está habituado à tecnologia. "Imagine que estes filtros são como um firewall – ou uma parede. Ele é usado especificamente para bloquear as sujeiras que chegam às casas, tornando a qualidade da água que se consome ainda mais segura", exemplifica.

Para Oliveira, sempre depende da necessidade do cliente. "O recomendável é o filtro para caixa d´água, porque a água da entrada da residência pode chegar com barro, areia e outros elementos suspensos devido às tubulações mais antigas da rede de fornecimento e possíveis vazamentos. Este filtro garante uma água de mais qualidade dentro de casa e também evita a necessidade de limpezas sucessivas na caixa d´água, que, aliás, deve ser feita a cada seis meses", indica. No caso do abrandador, segundo ele, pode ou não ser necessária a instalação já que a dureza da água é diferente em diversas regiões do país.

Para Manuella, a decisão de aquisição e escolha de tais filtros geralmente está associada a duas questões. Uma delas algum problema pontual enfrentado por consumidores residenciais ou corporativos: reservatórios com alto grau de sujidade, entupimento de linhas de entrada de lavadoras de roupa ou louça, amarelecimento de tecidos, abastecimento de bebedouros desprovidos de filtros etc. E a outra questão, por necessidades específicas de tratamento de água que não seja proveniente de ETA, tais como poços, minas, reservatórios de captação etc. "No primeiro caso, as configurações ‘padrão’ de mercado são suficientes. Já no último, fazem-se necessárias análises e configurações específicas para assegurar a qualidade da água de saída em relação à sua aplicação", relaciona.

Normas e manutenção

"As manutenções destes filtros são rotineiras, estimadas de seis a oito meses, e basta trocar o elemento filtrante do aparelho", esclarece Frizzo. O gerente de marketing da Planeta Água explica que até 2015 o Inmetro utilizava a norma NBR 14.908:2004, que pedia uma vida útil para os produtos. Agora, a nova norma vigente ABNT NBR 16.098:2012 desconsidera essa obrigatoriedade devido às muitas diferenças da qualidade da água das regiões brasileiras. Quanto aos filtros de entrada exclusivos para máquinas de lavar, ele diz que não possuem nenhuma certificação, porque não são filtros de água para consumo humano, mas sim para aumentar a vida útil, reduzir as manutenções dos equipamentos e melhorar a qualidade das limpezas.

Além da troca do meio filtrante saturado, segundo Manuella, faz parte da manutenção desses produtos também a substituição de eventuais elementos adicionais de tratamento quando exauridos. "Inclui-se ainda a realização de retrolavagens regulares quando o sistema é dotado de tal recurso", salienta a diretora-geral do Grupo Europa. Os filtros de entrada devem seguir as determinações da ABNT NBR 16.098:2012, em Aparelhos por Pressão, que têm por objetivo a melhoria da qualidade da água para consumo humano.

Os processos de manutenção são descritos nos manuais dos produtos e variam conforme a qualidade da água. "Por exemplo, se houver mais concentração de sólidos na água, o elemento filtrante irá saturar mais rápido, o que diminui a vazão, sendo necessária a troca imediata do elemento filtrante", esclarece Oliveira. Já para o abrandador, ele explica que, se a quantidade de TDS for muito alta, isso fará com que a resina de troca iônica sature mais rápido e seja preciso fazer uma retrolavagem com água salgada controlada através de uma válvula automática que faz todo esse processo para o cliente.

Custo-benefício

"São inúmeros os benefícios desses produtos: a certeza da qualidade da água consumida e a conservação das tubulações, das roupas e dos utensílios domésticos. Na realidade, considerando o custo-benefício, os produtos são bem econômicos", aponta Oliveira. Ele pede para que o consumidor faça um cálculo do custo da limpeza da sua caixa d´água ou da troca do elemento filtrante. "Por exemplo, o purificador de água equivale a 200 galões de água mineral, o que gera, no mínimo, uma economia de 50% e ainda não agride o meio ambiente com o descarte das garrafas plásticas", compara. 

O consumidor compra um produto com valor agregado. "A aquisição e instalação destes filtros têm um custo-benefício com base na entrega de valor ao cliente, consideradas as suas necessidades quanto à qualidade da água. A proporção de especificidade e quantidade tem relação direta com as características da aplicação", destaca Manuella.

Estes filtros são uma garantia a mais para o consumidor no tratamento da água que chega à sua casa. Segundo Manuella, as vantagens estão diretamente associadas às características do sistema de filtragem em relação à necessidade específica que se busca atender. "Pode-se dizer que os filtros de entrada consistem em uma proteção adicional, coadjuvante a outros sistemas de ponto de uso (filtros ou purificadores) ou mesmo como o principal meio de tratamento para o consumidor. Tudo isso depende do tipo e características da aplicação", ressalta. 

A instalação destes filtros traz benefícios para a saúde, segurança e qualidade de vida. "Estes filtros apenas bloqueiam as impurezas sólidas, é preciso inserir um purificador de água, que possui capacidade de retenção de cloro. É uma segurança a mais que ainda permite o aumento da vida útil destes purificadores e outros equipamentos que usam a água da rede", pontua Frizzo. 

Mercado a ser trabalhado
A crise econômica também afetou o mercado de filtros de entrada que tem ser trabalhado por ainda não ser tão conhecido do consumidor. "Existe procura, mas não há um ​crescimento tão forte. Acredito que não apenas pela crise, mas pelo desconhecimento do consumidor sobre as vantagens econômicas de utilizar todas as opções de filtros e purificadores para melhor bem-estar e qualidade de vida", afirma Frizzo. Na opinião de Manuella, o mercado de filtros de entrada foi afetado na mesma proporção que o conjunto do mercado. "Trata-se de um segmento com grande potencial de crescimento pela baixa penetração e atual cenário da qualidade da água no Brasil", ressalta.
Para Oliveira, embora haja uma necessidade latente em melhorar a qualidade da água nas residências dos brasileiros, segundo dados do IBGE, apenas 51% delas possuem filtros.
"O mercado de filtros e purificadores tem tendência em aumentar em duas a três vezes o crescimento do PIB, porém, com a atual crise econômica, tem se mostrado em estagnação", pontua. A empresa acredita que este crescimento será retomado em breve. "Por isso, continuamos investindo fortemente no Brasil por meio da aquisição de novas máquinas produtivas e desenvolvimento de novos produtos com lançamentos previstos para o início de 2016", revela.