Existem diversos tipos de sistemas de filtração e microfiltração usados na indústria de microeletrônicos. E são vários tipos de fluidos utilizados também: desde água ultrapura, solventes ácidos e alcalinos fortes, gases estéreis, salas limpas com controle
Existem diversos tipos de sistemas de filtração e microfiltração usados na indústria de microeletrônicos. E são vários tipos de fluidos utilizados também: desde água ultrapura, solventes ácidos e alcalinos fortes, gases estéreis, salas limpas com controles de partículas e microbiológicos até vapores e fluidos com altas temperaturas. "Em todos esses processos, o passo a passo dos sistemas baseia-se que as primeiras etapas retêm as partículas e/ou micropartículas sólidas e os filtros finais retêm os microrganismos vivos ou mortos, pois os fragmentos celulares destes microrganismos são contaminantes nos processos de fabricação de microcomponentes eletrônicos" – explica Rogério Jardini, engenheiro químico especializado em filtração industrial e residencial.
Os avanços em filtração e microfiltração atendem às diversas exigências de trabalho. "São produtos desenvolvidos para suportar as condições agressivas de uso destes processos, seja com bases e ácidos fortes, temperaturas elevadas e ausência de contaminantes e microrganismos" – salienta Jardini.
Particulado
Quanto à qualidade do ar, o processo de filtragem de particulado na indústria microeletrônica se assemelha muito com o da indústria farmacêutica. Hairton Oliveira, engenheiro de aplicação sênior do Filtration Group/LAG divisão filtração da Parker Hannifin, enfatiza que o projeto do sistema de ar condicionado deve prever os controles de velocidade, pressão, temperatura e umidade, além de usar estágios de filtragem para os particulados. Inicia-se para ar externo com classes G ou M e segue para a filtração intermediária classe F (conf. EN779:2012), até o filtro final Hepa ou Ulpa (EN1822:2009), que vai desde H-13 até U-16, dependendo do grau de pureza do ar exigido pelo produto.
Molecular (gases)
No processo de filtragem molecular, segundo Oliveira, como até mesmo os filtros Ulpa mais eficazes não coletam as moléculas de gás, os filtros de fase gasosa são necessários para evitar a contaminação molecular no ar. Filtros de carvão ativado, por exemplo, eliminam moléculas gasosas indesejadas que afetam negativamente a taxa de rendimento durante a produção microeletrônica. "Nem todos os fabricantes de microeletrônicos utilizam filtros de fase gasosa, mas seu uso está aumentando porque a indústria vem se tornando mais consciente do efeito da contaminação molecular sobre a taxa de rendimento" – afirma Oliveira.
Em alguns projetos de filtragem de particulado, segundo ele, o layout permite a instalação de forros filtrantes com vedação em gel. "Este gel deve ser apropriado para esta aplicação, pois alguns tipos, em contato com o ar, produzem gases nocivos aos componentes" – alerta.
Líquidos e gases
"As soluções de filtração e microfiltração de líquidos e gases melhoram muito o desempenho dos processos e reduzem os custos totais, evitando reprocesso e/ou perda de produção" – ressalta Jardini. Em suas vantagens, destaca-se a padronização destes componentes microeletrônicos manufaturados, de maior capacidade e de menor tamanho, gerando produtos com maior e melhor resoluções em suas inúmeras aplicações.
Entre estes produtos, estão: as células fotovoltaicas, semicondutores, memórias, fibras óticas, monitores avançados, tintas de impressão, processos de fotolitografia e circuitos integrados. "Eles controlam quase todos os equipamentos e máquinas em uso rotineiro atualmente, que não existiriam sem o uso das sofisticadas tecnologias de purificação" – observa Rogério Jardini.
Altos padrões
Como os componentes ficam cada vez menores, existem riscos de contaminação. São precisos procedimentos nas filtragens e microfiltragens para evitá-la e alcançar integridade nos processos. "O grande desafio deste mercado é a busca contínua por melhoria de qualidade nos processos de filtração e microfiltração para mitigar os riscos de uma contaminação, seja por partículas, micropartículas ou microrganismos" – salienta Jardini. Além disso, o controle dos processos de filtração e microfiltração ajuda muito para evitar e alcançar a integridade nos processos.
A qualidade do ar em ambiente fabril é extremamente necessária. A fabricação de microeletrônicos exige ambientes chamados salas limpas porque algumas partículas perdidas ou em suspensão podem ter consequências terríveis na produtividade. "Os padrões de qualidade são altíssimos e os requisitos de procedimentos tendem a aumentar à medida que os avanços tecnológicos continuam a reduzir o tamanho dos componentes microeletrônicos enquanto aumentam a produção. Portanto, a qualidade do ar neste tipo de ambiente é fundamental, tanto para evitar a contaminação molecular (gases) quanto a particulada" – avalia Oliveira.
Mercado embrionário
O setor de filtragem e microfiltragem em microeletrônica precisa estar preparado para atender toda a demanda das inovações tecnológicas nos equipamentos e materiais que invadem o mercado. "O mercado mundial cresce, mas o mercado brasileiro de microfiltragem ainda é embrionário, quando comparado com o dos EUA e Japão, com suas inovações tecnológicas em todas as áreas, produtos macroeletrônicos com componentes microeletrônicos" – explica Jardini.
Oliveira também diz que não há muitas instalações de microeletrônica no Brasil. "A maioria que está aqui já veio com projetos e equipamentos de outros países e sofre com a concorrência internacional, pois o custo de produção é muito alto" – afirma.
Por outro lado, além do mercado brasileiro dispor de empresas globais de alta tecnologia fabricantes de filtros, conta, localmente, com projetistas e instaladores experientes e atualizados. "Nossa expertise local vem do cuidado em projetar e construir salas limpas de alta performance para a indústria farmacêutica na produção de medicamentos e vacinas, para a indústria de semicondutores, chips e circuitos integrados e para a indústria nuclear. Todas com alto nível de segurança" – ressalta Oliveira.
Perspectivas com IoT
Nos próximos anos, é previsto um alto volume de Internet das Coisas (IoT), o que significa que os microeletrônicos representariam um grande volume para a escala de produção, que viabilizaria a indústria num futuro bem próximo. "Porém, não é o que vivemos atualmente. Concorrendo com mercados que produzem em escala, e o ambiente de filtragem cada vez mais exigente, a produção é mais cara, tirando nossa competitividade em microeletrônicos no mercado" – avalia Oliveira.
Redução de custos e TCO
Neste tipo de instalação, o item energia é alto, com filtros mais fechados e eficientes que exigem mais dos sistemas de movimentação e tratamento de ar para vencê-los. "Com o objetivo de reduzir os custos de produção de microeletrônicos, nossos filtros de ar são desenvolvidos para resultar em baixíssima resistência ao ar – perda de carga – e longa vida útil, mantendo alto índice de eficiência. Como resultado, temos a Eficiência Energética, e o melhor TCO, custo total de propriedade" – diz Oliveira.
Hoje, os fabricantes de filtros de ar devem procurar atender a esta demanda. "Com a aplicação de tecnologia de filtragem, no meio filtrante e no design do filtro, para reduzir os custos de produção e o custo total de propriedade. Não necessariamente serão os filtros mais baratos, mas possibilitarão um payback a curto prazo, levando em conta o ciclo de vida monitorado por perda de carga indicativa para a troca" – analisa o engenheiro de aplicação sênior da Parker.
Na opinião dele, o cliente moderno precisa reduzir o custo de sua produção e o estoque dos filtros de ar, além de ter disponibilidade do seu equipamento. "Mas, para isso, cabe a nós ter o produto certo e saber apresentar e ofertar produtos de alta performance. Não o mais barato, mas aquele que não tirará o seu sono" – conclui.
Contato das empresas
Rogério Jardini: rflcursoseservicos@gmail.com