Extrair Água Do Leite Para Reúso Industrial É Opção Que Cresce Para Substituir Fontes Naturais

Você sabia que o leite tem entre 12% e 13% de elementos sólidos e, por incrível que pareça, cerca de 87% de água, de acordo com Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária – Embrapa? E essa água do leite após tratamento pode ser utilizada na indústria


Extrair Água Do Leite Para Reúso Industrial É Opção Que Cresce Para Substituir Fontes Naturais

 

Você sabia que o leite tem entre 12% e 13% de elementos sólidos e, por incrível que pareça, cerca de 87% de água, de acordo com Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária – Embrapa?(1) E essa água do leite após tratamento pode ser utilizada na indústria, de acordo com a Nestlé Brasil, para reposição de água de caldeira, água de torre de resfriamento, processo e água para limpezas das instalações industriais? Estas perguntas nos levam a outras, por exemplo: De quais outras fontes o homem ainda pode tirar água para substituir as fontes naturais de água?
Pois bem, segundo a Embrapa, entre os elementos sólidos, estão os lipídios (gordura), carboidratos, proteínas, sais minerais e vitaminas. O principal carboidrato do leite é a lactose produzida pelas células epiteliais da glândula mamária. A quantidade de água do leite e o volume de leite produzido pela vaca dependem da quantidade de lactose secretada na glândula mamária. A água é o elemento em maior quantidade no leite. Já o restante, por exemplo, é transformado em leite em pó. A água comum é igual à água do leite, uma prova é quando se dissolve leite em pó na água e se obtém o leite líquido(2).

Área em ascensão
O processo de extrair água do leite, filtrar e fazer reúso industrial da água nas empresas de laticínios, especificamente nas unidades da Nestlé Brasil, já está bem avançado. Hoje, a empresa possui cinco fábricas com tecnologia de filtração para reúso industrial da água de leite em Araçatuba (SP), Ibiá (MG), Ituiutaba (MG), Goiânia (GO) e Montes Claros (MG).
As três primeiras fábricas citadas têm até 40% do volume total de água consumida pela planta abastecido por água de leite de vaca. Enquanto a fábrica de Dolce Gusto, em Montes Claros, e a unidade de Goiânia já são "Zero Água", ou seja, 100% do volume total de água consumida por estas duas plantas é abastecido pela água do leite, elas não captam água de fontes externas, como de rios e águas subterrâneas.
Para o mercado Brasil, em geral, essa é uma área em ascensão, mas ainda há alguns desafios. "É preciso, por exemplo, disseminar conhecimento e até mesmo aprofundar o aprendizado sobre as tecnologias e processos envolvidos e também ter legislações e regulamentações mais claras para o reúso de água na indústria" – afirma Cristiani Vieira, gerente de sustentabilidade da Nestlé.

Viabilidade
Para investir no sistema de filtragem e reúso da água do leite para uso nos processos da indústria, cada caso precisa ser analisado individualmente. É fundamental o projeto fazer uma avaliação de viabilidade, levando em conta todos os benefícios de qualidade, ambientais e também os custos operacionais. "Esta avaliação deve ser realizada com profundidade, não considerando apenas o benefício direto de redução e conservação de água, mas o impacto que trará para outros processos, tais como de refrigeração e geração de vapor, onde se pode ter melhorias na qualidade de água, resultando em benefícios indiretos, como a redução de purgas e, consequentemente, do consumo de energia, de químicos e de outros insumos" – avalia Cristiani Vieira.

Fonte alternativa
"A água de leite de vaca é uma excelente fonte alternativa de água, visto que é resultante da condensação da evaporação do leite e, portanto, possui uma qualidade alta, podendo conter apenas traços de matéria orgânica provenientes do próprio leite. O tratamento ou polimento desta água nos garante confiabilidade, maior eficiência e continuidade em nossos processos" – aponta Cristiani.
Segundo ela, as tecnologias mais recentes, como osmose reversa, por exemplo, podem exigir operação mais especializada e nível de automação maior para evitar falhas e danos às membranas, que possuem ainda hoje alto custo em relação a outras tecnologias. "Outro ponto que pode impactar é a destinação da parte concentrada desta filtração ou rejeito, que, conforme a qualidade da água e dimensionamento do sistema, pode ser maior ou menor e deve esr considerada no projeto em tratar como efluente ou ter a destinação correta" – explica a gerente de Sustentabilidade da Nestlé.


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Rotas tecnológicas
A água de leite, gerada a partir dos condensadores dos evaporadores de leite, passa por três etapas de processamento: resfriamento, oxidação e filtração. Conforme a característica da água bruta, pode-se seguir por duas rotas tecnológicas:
Primeira rota, mais completa – Quando há concentração maior de orgânicos. Primeiramente, é resfriada através de trocadores à placa. Passa, posteriormente, por reatores para oxidação química da matéria orgânica residual. Na sequência, filtrado em filtros mídia, como zeólita e carvão ativado. E, por último, é feito o polimento com membranas de osmose reversa.
Segunda rota, mais simples – Utiliza-se apenas resfriar a água e fazer o polimento com membranas de osmose reversa.
Segundo Jackson Barbosa, da Laffi Filtration, esta é uma das diversas aplicações da osmose reversa, tecnologia que reduz custos de regeneração e desperdício de água quando usada independente ou combinada com outros processos, como troca iônica. "A membrana de OR age como barreira a todos os sais e moléculas inorgânicas dissolvidas, como também moléculas orgânicas com peso molecular maior que aproximadamente 100. Por outro lado, moléculas de água atravessam a membrana, criando um fluxo de produto purificado" – ressalta.

 

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Impacto zero
"Como objetivo maior, o tratamento e reúso industrial da água de leite de vaca é uma iniciativa sustentável, que permite o uso mais racional da água, reduzindo as captações de fontes naturais subterrâneas e superficiais para uso em nossas operações" – afirma Cristiani. Estes projetos fazem parte do compromisso da Nestlé de "Cuidar da Água", essencial para alcançar um impacto ambiental zero nas operações da empresa em 2030.
O "Cuidar da Água" busca, juntos, administrar os recursos hídricos para as gerações futuras. Com esta iniciativa, segundo Cristiani, a empresa concentra esforços e recursos em quatro principais áreas:
• Suas fábricas, melhorando continuamente a eficiência no uso da água;
• Nas bacias hidrográficas, trabalhando com parceiros para proteger os recursos hídricos compartilhados;
• Em toda a cadeia de suprimentos agrícolas da empresa, onde os desafios da água estão colocando em risco o fornecimento de matérias-primas;
• Nas comunidades em que a Nestlé está presente para ampliar o acesso à água potável e ao saneamento.
(1) www.agencia.cnptia.embrapa.br/Agencia8/AG01/arvore/AG01_128_21720039243.html
(2) www.cienciadoleite.com.br/noticia/134/composicao-do-leite

 

Contato das empresas
Laffi Filtration:
www.laffi.com.br
Nestlé: www.nestle.com.br

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