Novidades E Perfil De Filtros Para Carros De Passeio

Por Cristiane Rubim
Edição Nº 93 - Julho/Agosto de 2018 - Ano 17

Filtro é o que não falta. Principalmente para carros de passeio. E as fabricantes vêm lançando ano pós ano filtros com novas características e performances para atender às demandas do mercado automobilístico. Os avanços em filtros não param, inclusive os ecológicos, isso exige do consumidor uma postura mais atenta a fazer a manutenção preventiva de forma correta, aproveitando dos benefícios advindos destas novidades para manter o carro em bom funcionamento. São quatro filtros utilizados em carros de passeio: de ar, combustível, óleo e ar condicionado (cabine). Antes de falarmos do perfil e manutenção de cada um deles, vamos dar uma olhada nas novidades.
A Freudenberg Filtration Technologies (FFT), por exemplo, fornece filtros de cabine para a Tesla que permitem ar dentro do veículo tão puro quanto o ar dos Alpes. Outra novidade é o micronAir Blue, filtro antialérgeno que elimina até 100% de alergênicos menores que 2 micra e ajuda a melhorar quem sofre de alergias. Nos convencionais, a empresa traz a lateral flexível, que facilita a instalação, garante melhor vedação e reduz o nível de ruído no interior do veículo.
A Schuck dispõe de três tipos de filtros de cabine todos em fibra sintética de poliéster: o convencional; o acrescido de carvão ativado na forma de flocos; e o filtro acrescido da proteção antimicrobiana, desenvolvido e testado pela empresa suíça Sanitized. No convencional, devido à fibra sintética de poliéster, a formação e propagação de fungos e bactérias tendem a ser menores do que em filtros com fibras artificiais, como a celulose.
O filtro de cabine com carvão ativado neutraliza e impede a passagem de odores e poluentes para o interior do veículo.
O filtro de cabine com proteção antimicrobiana tem um plus a mais: impede que microrganismos se alimentem das fibras, o que inibe a sobrevivência e multiplicação de fungos, ácaros e bactérias em sua superfície e reduz o surgimento de manchas e odores (mofo ou bolor).
Nos últimos dois semestres, a Seineca fez 74 lançamentos entre filtros ar, óleo, combustível e cabine. Além dos filtros, um dos destaques é o elemento filtrante papel Blitz. Os filtros de óleo e de combustível da Seineca são: blindados ou elemento filtrante. Os filtros de óleo blindados têm caneca (aço), borracha de vedação, válvula de segurança (aço), válvula antirretorno (borracha) e elemento filtrante interno. O elemento filtrante possui o papel blitz bobinado e seu fechamento com náilon ou resina.
A caneca vem fixada ao motor e faz-se somente a troca do elemento. Os filtros de combustível blindados dispõem de caneca externa (em náilon ou aço) e elemento filtrante interno. O filtro é conectado na linha de combustível, interno ao tanque ou na parte externa do veículo. O elemento filtrante usa também o papel blitz bobinado e fechamento com náilon ou resina. A caneca vem fixada no tanque do veículo e realiza-se somente a troca do elemento.
O filtro de ar Seineca conta com elemento filtrante envolto por suporte de PU ou plástico para encaixe, composição homogênea, bom acabamento e propriedades mecânicas ideais. O filtro de cabine, com suporte de náilon ou feltro, tem elemento filtrante de Non Woven, papéis feitos de mistura especial de fibras naturais e sintéticas.

A Bosch aposta em tecnologias competitivas e os investimentos no segmento de reposição automotiva são contínuos. Os principais lançamentos em filtros de veículos para 2018 são os de cabine, combustível e óleo. Os filtros de óleo da Bosch têm material filtrante impregnado com resina fenólica a prova de desgaste, juntas de vedação nitrílica com 100% de impermeabilidade, válvula de retenção que evita o funcionamento do motor sem lubrificação e válvula bypass, que permite a lubrificação do motor mesmo com entupimento do meio filtrante.

Os filtros de combustível da Bosch filtram as partículas menores de sujeira/impureza. O tamanho dos poros permite uma completa filtragem e abastecimento de combustível, absorção de sujeira e capacidade de separação. Já os de cabine reduzem a concentração de partículas e resíduos cancerígenos derivados da combustão e do ar aspirado da atmosfera. Absorve 100% de partículas de pó, fuligem, pólen, germes e bactérias e possui tripla camada de filtragem, com maior resistência à umidade e à formação de microrganismos.

A Sogefi observa que há duas grandes exigências do mercado hoje, que são a sustentabilidade e a economia. Por isso, os filtros devem ser ambientalmente corretos, ter maior durabilidade e ser reciclados com facilidade. Ciente desses desafios, seu conceito de downsizing dos motores exige filtros e módulos que precisam filtrar melhor com um tamanho cada vez menor.

O design "Chevron", para filtros de óleo e combustível, garante ganho na área filtrante e no desempenho dos filtros. Para os filtros de cabine, vêm sendo desenvolvidas novas mídias filtrantes, inclusive com conceitos de nano filtragem. Além de reterem partículas e filtrarem odores, têm ação bactericida e outras propriedades antialérgicas.

A Mann-Filter dispõe do Klebie Folie, material que se conforma quando exposto à temperatura que substitui componentes metálicos na produção de elementos filtrantes ecológicos para óleo e combustível. Outra novidade é o Glue String, processo usado na fabricação de elementos filtrantes radiais de ar que também substitui carcaças metálicas e garante que as dobras fiquem estáveis e não empacotem durante o funcionamento do motor, o que diminui a restrição e aumenta a vida útil. Já o Multi-Filtro são cinco produtos que substituem mais de 20 modelos de filtros de óleo e atendem mais de 180 diferentes modelos de veículos.

Os filtros do combustível da empresa protegem carburadores, bicos de injeção e agregados sensíveis do sistema de alimentação do combustível, uma garantia da marca para que não haja componentes metálicos em nenhum de seus filtros linha leve em plástico. Isso porque o etanol ataca estes componentes, gerando resíduos no lado limpo do filtro que irão causar desde falha até a parada do motor.

A Tecfil procura atender às solicitações dos clientes de todo o país e seus últimos lançamentos em 2018 na linha de veículos foram filtros de ar e de combustível.

Em relação às novidades da Mahle, destacam-se o filtro de combustível KL1079, utilizado nas VW Amarok 2.0l (2016->), e o filtro de óleo OC458, aplicado nos novos motores FIAT Firefly 1.0l e 1.3l 3 cilindros, que equipam os veículos recém-lançados Argo, Mobi e Uno.

Filtros e suas manutenções

Vamos ver agora o perfil de cada um dos filtros para veículos de passeio: filtros de ar, combustível, óleo e ar condicionado e sua importância para o carro rodar bem. De acordo com Ronilso Toledo, supervisor de assistência técnica da Sogefi Filtration do Brasil, desses quatro filtros, somente três são fundamentais para o bom funcionamento do motor. O filtro do ar condicionado não interfere na parte mecânica, mas é importante para o conforto e a saúde dos ocupantes do veículo. "Os formatos e os tipos dos filtros dependem do projeto de cada modelo, espaço disponível no compartimento do motor e na área do painel, tipo de carroceria, futura aplicação do veículo e também dos conceitos de engenharia empregados pelas montadoras" – explica.

A manutenção preventiva ou feita no período indicado pela montadora são os caminhos ideais. "Filtros saturados impedem a passagem dos meios filtrados (ar, óleo e combustível), dificultando o seu correto funcionamento" – alerta André Gonçalves, consultor técnico da Mann-Filter.

Realizar a manutenção preventiva com regularidade e efetuar a troca dos filtros evita danos à injeção eletrônica, nos demais sistemas e nas peças do motor. "Somente profissionais qualificados conseguem avaliar se a performance desses itens está afetando a eficiência e o funcionamento do veículo. Os filtros devem ser inspecionados em intervalos regulares e substituídos de acordo com as especificações do fabricante do veículo" – esclarece Diego Riquero Tournier, chefe do centro de treinamento automotivo da Bosch.

Quando em bom estado de conservação, ele diz que os filtros de óleo, ar e combustível reduzem o consumo de combustível e nível de emissão de poluentes e garantem maior eficiência, segurança, conforto e menor desgaste de determinados itens, contribuindo com o desempenho e vida útil do motor.

É preciso sempre estar atento aos intervalos corretos de manutenção de cada filtro. "Ao consultar o manual, nota-se que existem intervalos de troca diferentes para cada uso, com substituições mais frequentes nos regimes severos" – indica Toledo, da Sogefi. Na hora da compra, deve-se escolher os filtros de fabricantes renomados. "Quem opta somente pelo menor preço, pode instalar um filtro com pouca eficiência ou que até pode interferir no funcionamento no veículo. É preciso comprar as peças apenas em empresas idôneas e guardar a nota fiscal, assim o consumidor reduz o risco de comprar um componente falsificado ou contrabandeado" – orienta.

Filtro de óleo

O filtro de óleo elimina impurezas e partículas do óleo lubrificante nocivas ao bom funcionamento do motor, como pó, elementos abrasivos metálicos, fuligem e carvão do óleo, geradas do processo de combustão e desgaste das peças móveis internas do motor. Ele retém os contaminantes que tornam a lubrificação menos eficaz e que podem comprometer camisa, pistões, bronzina, bielas, mancais e anéis, prevenindo que estas partes móveis sofram desgaste prematuro e fazendo com que o óleo possa estar sempre limpo ao circular pelo motor.

Sua utilização por um tempo acima do especificado no manual do proprietário gera consequências negativas, tais como: desgaste excessivo das peças, perda de desempenho, aumento no consumo de combustível, travamento, quebra ou a parada total do motor. O filtro do óleo deve ser substituído a cada troca do óleo lubrificante, de acordo com o manual do veículo. O óleo sujo usado além da quilometragem especificada pelo fabricante causa borra no motor e pode até fundi-lo. Além disso, não trocar o filtro reduz a durabilidade do óleo novo no motor. O filtro é responsável por manter o óleo limpo. A manutenção é periódica, pois, a longo tempo, se acumula sujeira no interior do filtro, ocorrendo a perda da eficiência de filtragem. Por isso, sempre que trocar o óleo, deve-se trocar também o filtro do óleo. Os filtros de óleo podem ser do tipo blindado ou refil (convencional ou cartucho ecológico).

É importante fazer a troca conforme indicado pelo fabricante porque quando o filtro lubrificante fica saturado, conforme explica Odair Alves Júnior, assistente técnico comercial da Tecfil, o óleo começa a ter resistência para passar pelo meio filtrante devido à quantidade de contaminantes contidos nele. Com isso, ele diz que a válvula de segurança, que se encontra no interior do filtro ou no próprio motor do veículo, se abre e libera a passagem do óleo para que o motor não deixe de receber lubrificação. Porém, o motor receberá um óleo sem filtração, podendo passar partículas indesejadas.

A falta de manutenção preventiva causa danos sérios ao motor e em outros sistemas periféricos, como o turbocompressor, em pouco tempo. "Após a saturação do elemento filtrante, a válvula de segurança permanece aberta e o lubrificante sujo fica circulando livremente em todo o circuito" – ressalta Toledo, da Sogefi.

A saturação acelera o desgaste das peças móveis do motor e reduz sua vida útil. "Em casos extremos, é preciso uma intervenção maior onde a troca de vários componentes internos será necessária, aumentando muito o custo de reparo desse motor" – esclarece Eduardo Fischer, supervisor de assistência técnica da Mahle Metal Leve.

Filtro de combustível

O filtro do combustível retém as impurezas e partículas de sujeira, como pó, ferrugem, água e resíduos, existentes no tanque de combustível do veículo. Instalado em linha na tubulação que liga o tanque ao motor, garante que apenas combustível limpo chegue ao motor, impedindo que essas impurezas causem danos ao sistema de injeção, carburação e aos componentes do motor.

O filtro também diminui o nível de emissões e o consumo de combustível.

Por mais atenção que se dê à procedência do combustível usado no veículo, ainda assim não há como evitar a presença de impurezas. Por ser considerado item de segurança do veículo, sua manutenção não deve ser negligenciada.

A troca do filtro de combustível deve ser feita conforme orientações do manual do veículo. Na maioria das montadoras, trabalha-se com valores de 10 mil a 15 mil km.

Quando saturado, pode comprometer a bomba de combustível e o sistema de injeção. "O que prejudica o rendimento do veículo e aumenta o consumo de combustível, podendo fundir peças mecânicas, como a bomba de combustível, e acontecer a parada total do veículo" – salienta Fabio Castro, gerente de produtos e desenvolvimento da Wega Motors.

Além de causar falhas no sistema de alimentação de combustível, gerando problemas de funcionamento do motor e do sistema de injeção, a falta da troca do filtro de combustível dentro do prazo recomendado aumenta os gastos. "Esse caso também não é exceção, sendo o gasto para se reparar falhas geradas pela falta de troca do filtro bem maior do que se fazer a manutenção preventiva adequada com produtos de qualidade e dentro do prazo recomendado" – avalia Eduardo Fischer, da Mahle.

Quando saturados, os filtros de ar e combustível provocam uma série de deficiências na alimentação do motor. "Primeiramente, ocasionam falhas e perdas de rendimento, além de maior consumo de combustível e aumento das emissões de poluentes", diz Toledo, da Sogefi. Num estágio mais avançado, a falta de manutenção pode causar danos mais sérios. "São provocados pela exposição dos componentes internos do motor às impurezas ou devido ao funcionamento por longo período num regime incorreto, o que acaba forçando as peças, causando superaquecimentos, entre outros problemas", conta.

Filtro de ar

Sendo plano ou cilíndrico, o filtro do ar retém as partículas abrasivas nocivas contidas no ar aspirado pelo motor, poeiras, fuligem, sílicas, terra, areia e demais impurezas, e cuida para que somente ar limpo entre na câmara de combustão, carburador, sistema de injeção e cilindros do motor, impedindo que estes contaminantes causem desgaste prematuro ou excessivo nas partes móveis do motor, como pistão, anéis, camisa etc., prolongando sua vida útil e garantindo bom desempenho do veículo.

Quando o componente não está em boas condições, ocorre má preparação da mistura de ar/combustível, levando à redução da potência do motor e à emissão de substâncias poluentes, maior consumo de combustível e desgaste acentuado do motor, bem como problemas no arranque do veículo. Deixar o filtro de ar saturado por falta de manutenção (troca) causa a passagem de impurezas durante a admissão de ar no motor que irão desgastar suas partes móveis, alterar a temperatura do trabalho do motor e ocasionar fumaça negra no escapamento, entre outros.

Deve-se realizar a troca do filtro de ar conforme orientações do manual do veículo. A maioria das montadoras atua com valores de 10 mil a 15 mil km. Quando o proprietário perceber perda de potência e aumento do consumo de combustível, deve verificar o filtro e antecipar a troca.

Filtro de cabine ou ar condicionado

As cidades estão cada vez mais poluídas e as pessoas passam muitas horas no trânsito com as janelas dos veículos fechadas. Pelo sistema de ar-condicionado ou sistema de ventilação do carro, entram substâncias nocivas dentro do ambiente do veículo, sobretudo, em áreas com trânsito intenso, e o papel do filtro de cabine ou de ar condicionado é filtrá-las, protegendo a saúde e dando conforto para os ocupantes. Este filtro purifica o ar que circula dentro do veículo em meio às grandes concentrações de fuligem, partículas, poeira e gases tóxicos emitidos pelos motores de caminhões, ônibus e automóveis que podem afetar a saúde dos motoristas e passageiros do carro.

O filtro de cabine preserva o bom funcionamento do ar condicionado do veículo e retém todo e qualquer tipo de contaminante em suspensão no ar, fuligem de poluição, folhas, poeira, pólen, pó, terra e demais particulados, que causam desconforto, alergias ou doenças respiratórias aos ocupantes, garantindo que o ar chegue mais puro ao interior dos veículos.

Os filtros de cabine contêm ainda elementos de filtração química que filtram gases tóxicos emitidos por outros veículos, protegendo quem estiver no carro. Retêm gases com ozônio e monóxido de carbono e odores indesejáveis, como o de escapamento de caminhões, queimadas e poluição. O filtro de carvão ativado coleta seletivamente gases, líquidos ou impurezas no interior dos seus poros e tem alto poder de clarificação, desodorização e purificação de gases, eliminando todos esses contaminantes, gases e odores.

A manutenção preventiva protege o sistema de ar-condicionado e evita que as partículas se depositem no vaporizador e, com a presença de umidade, gerem mofo e fungos, causando problemas de saúde, principalmente para pessoas alérgicas a esse tipo de substâncias. Se o filtro não for trocado dentro do prazo e não houver manutenção preventiva, pode causar quebra de algum componente, mau funcionamento ou problemas no ar-condicionado. Aos passageiros, provoca surgimento ou agravamento de doenças alérgico respiratórias e problemas de asma ou alergias podem ser potencializados.

"A saturação dos filtros de cabine pode deixar os ocupantes expostos aos contaminantes do ambiente, chega a provocar mau cheiro no interior, se estiver com grande acúmulo de impurezas, e reduz a eficiência do fluxo de ar do sistema de ventilação" – alerta Toledo, da Sogefi.

Deve-se trocar o filtro no período de 6 a 12 meses. Para filtros com carvão ativado, podem ser trocados de 12 a 18 meses. É preciso ficar atento aos sinais e antecipar a troca em casos de odor forte, ar abafado e falta de potência na ventilação.

Rodrigo Madeira, diretor regional da Freudenberg (FFT), cita um exemplo ao entrar em um carro para viajar e a pessoa sentir aquele odor de mofo, o que é muito desagradável. Quando o fim da viagem coincide com um leve resfriado ou dor na garganta muitos julgam ser culpa da temperatura mais amena proporcionada pelo ar-condicionado. Mas tanto o odor como as consequências negativas para a saúde dos passageiros podem ser evitados. "Ao utilizar um filtro de boa qualidade e fazer a troca periódica de acordo com as recomendações do fabricante irá garantir melhor qualidade do ar no interior do veículo e maior proteção à saúde dos ocupantes" – recomenda Madeira.

"Quando o filtro de cabine não é substituído no tempo certo, o ar interno do veículo pode ser até seis vezes mais poluído que o ar externo", afirma Castro. Os filtros devem ser trocados a cada seis meses ou 10 mil km. Segundo ele, em condições severas, cidades com altos níveis de poluição, áreas rurais, áreas de mineração e usinas, estradas de terra ou áreas de queimadas, é necessário antecipar o período de troca.

"O principal motivo de uso do filtro de cabine é o conforto, depois a saúde e, nas grandes cidades, abrange a segurança" – ressalta Celso L. Rodrigues, diretor da Schuck. Um exemplo citado pela empresa de um veículo desprovido do filtro de cabine, rodando em ambiente urbano, com o sistema de refrigeração ligado e os vidros fechados, o ar no exterior será "sugado" para o interior do veículo. A entrada de poluentes será maior que a capacidade de renovação de ar do sistema de ar condicionado, resultando no aumento da concentração de poluentes no interior do veículo.

O sistema de sucção pode ser comparado a um aspirador de pó; o ar, poluentes e matérias orgânicas, como folhas e penas, são sugados para o interior do veículo. Outro eventual risco é o acúmulo de resíduos no interior sistema de refrigeração, obstruindo seus dutos e reduzindo sua eficiência. "Já o filtro saturado pode vir a ser sete vezes mais prejudicial para a saúde do ser humano" – diz Rodrigues.

Para melhor funcionamento do sistema de refrigeração e menor consumo de combustível, o filtro de cabine deve estar presente. A substituição do filtro de cabine costuma ocorrer de forma corretiva e não preventiva ou preditiva e é feita após sua saturação e/ou a identificação de sintomas de perda de potência no ar-condicionado, cheiro ruim após ligar o ar-condicionado ou quando os passageiros começam a apresentar rinite e coriza.

Segundo Rodrigues, quem vê grandes concentrações de poluentes em cidades como São Paulo pensa que não há poluentes em cenários rurais e que o ar lá é "puro". "No Centro-oeste, por exemplo, há ocorrência de muitas estradas de chão batido. Com o tráfego de veículos, o pó (terra) das estradas é espalhado pelo ar, tornando-o nocivo à saúde" – explica.

"No exterior, existe filtro antialérgico, o que já foi um avanço. A segunda onda foi o filtro de carvão ativado. E a terceira onda é o filtro antimicrobiano, o produto químico não é veneno. Mas precisa ser trocado a cada 10 mil km ou a cada seis meses" – explica Rodrigues.

Atento à hora da troca dos filtros

Mesmo com toda a informação disponível hoje, o consumidor precisa estar atento para não deixar a troca dos filtros passar da hora e ter que fazer uma manutenção corretiva. Ricardo Yuso Hiratzuka, engenheiro técnico da Seineca, divide os usuários de veículos em dois tipos: aqueles que utilizam o carro para se deslocar e os que usam como ferramenta de trabalho. "O usuário que utiliza como ferramenta de trabalho faz manutenções preventivas com maior frequência e tende a realizar a troca de todos os filtros. Ele visita autopeças, mercados de peças, sites, mecânicas e procura estar sempre informado sobre os produtos e preços. O usuário de passeio faz mais manutenções corretivas. Ele, muitas vezes, acaba trocando os filtros por orientação de um mecânico ou frentista de posto, realizando a troca de um ou dois filtros, negligenciando os demais" – afirma.

Outro exemplo, com o uso mais intenso do ar-condicionado no verão, as pessoas lembram com mais frequência de trocar os filtros de cabine do carro. "Mas durante o inverno, os filtros continuam trabalhando na climatização dos veículos, reciclagem e filtragem do ar quente ou até mesmo na simples busca do ar externo para ventilação interna e, neste processo, acumulam microrganismos que podem gerar riscos à saúde" – aponta Madeira, da FFT.

O ar quente gerado pelo sistema de aquecimento do veículo e a umidade do evaporador podem tornar os filtros um lugar propício à proliferação de microrganismos, como fungos e bactérias. Por isso, os donos de carros com ar-condicionado devem estar sempre atentos ao prazo de troca dos filtros. "A tecnologia utilizada em nossos filtros permite a troca anual em vez de duas vezes por ano, ao contrário da maioria dos filtros hoje encontrados no mercado" – destaca o diretor regional da FFT.

A manutenção preventiva não só de filtros, mas de outros componentes, deve ser realizada com regularidade, pois proporciona economia e mais tranquilidade ao condutor. Segundo Tournier, da Bosch, entre as vantagens de fazer a manutenção preventiva, estão a redução de até 5% no consumo de combustível, menor tempo do carro parado na oficina, valorização do preço de revenda, preservação do meio ambiente e evita multas.

O proprietário deve ler o manual do fabricante e verificar qual o óleo e o filtro indicados. Para assegurar a qualidade do sistema de filtragem, o ideal é usar produtos de qualidade original. "Ainda existem casos onde a manutenção é mais corretiva do que preventiva, justamente pelo dono do veículo não ler as informações e seguir as especificações das montadoras. Com isso, o custo de reparo após um problema mais grave é bem superior a uma troca feita no tempo correto" – avalia Gonçalves, da Mann-Filter.

O consumidor não tem a cultura de fazer a revisão preventiva dos veículos. "A equipe de trade marketing da Wega Motors e os técnicos vêm realizando esse trabalho em campo. Orientando os mecânicos sobre as trocas de óleo e informando aos clientes da importância da troca completa e do descarte dos materiais", ressalta Castro.

Já na opinião de Fischer, da Mahle, o consumidor está mais atento ao período de troca dos filtros. "Ele está mais consciente dos gastos envolvidos em uma possível manutenção corretiva" – salienta.

"As manutenções têm sim sido feitas de forma preventiva, porém, muitas vezes, acabam originando manutenções corretivas por uma aplicação feita de forma incorreta" – diz Alves Júnior. Hoje, no serviço de atendimento ao cliente da Tecfil, aproximadamente 80% das solicitações feitas são evidenciados erros de aplicações.

A empresa dispõe de uma equipe de técnicos atuante em todo o território nacional. "O que percebemos é que, infelizmente, ainda existem muitos critérios equivocados não só quanto ao prazo de troca dos filtros, mas também da forma correta dos filtros serem trocados. Por isso, há sete anos a empresa inaugurou um Centro de Treinamento (TecStop), espaço de aprendizagem prática para reparadores. Além dos treinamentos presenciais, a empresa dispõe de treinamentos online pelo site www.tecfil.com.br, catálogos impressos, eletrônicos online e off-line e aplicativo para Android e iOS.

Há o outro lado também. Com toda a facilidade que existe hoje no acesso às informações técnicas, os consumidores estão cada vez mais alinhados com as boas práticas da manutenção veicular. "Muitos fazem as trocas nos intervalos corretos, usam filtros de qualidade e só frequentam estabelecimentos idôneos e com profissionais bem treinados" – afirma Toledo, da Sogefi.

Mas até neste caso, segundo ele, existem muitas informações equivocadas e até as famosas "fake news", com notícias maldosas e completamente erradas, circulando na Internet. "Os consumidores precisam ficar atentos para não seguir práticas erradas, perder dinheiro realizando um serviço desnecessário ou desconfiar de um produto de qualidade por causa de um boato que alguém espalhou na rede" – adverte Toledo.

Nos diferentes canais de atendimento aos clientes da Sogefi, eles notam claramente essa mudança de atitude. "Por um lado, são cada vez mais raros os problemas causados pela falta da troca de filtros ou aplicação de um item errado. Em contrapartida, recebemos muitas consultas de reparadores e donos de veículos nos perguntando qual é o filtro certo para o veículo, como fazer a troca da forma correta etc. É um sinal claro e muito positivo da evolução que está ocorrendo no nosso mercado de reposição" – analisa Toledo.

Segundo Rodrigues, da Schuck, as concessionárias e os grandes centros automotivos são os grandes divulgadores hoje da troca do filtro de cabine. "Nosso objetivo é superar a expectativa do cliente. O mecânico oferece algo a mais além da expectativa. Hoje na Internet tem muito procura por faça você mesmo.

A empresa está lançando um aplicativo para smartphones Android e IOS, mostrando o passo a passo com fotos de como instalar o filtro. Em 80% dos casos, em menos de 10 minutos se instala o filtro" – conta.

Filtros ecológicos

Hoje em dia a preocupação ecológica abrange todos os filtros usados nos veículos de passeio. Os filtros ecológicos são usados desde o final dos anos 90 na Europa e Ásia com o início dos motores com injeção eletrônica. No Brasil, este paradigma vem sendo quebrado. Os atuais filtros de ar e de cabine são reciclados com facilidade e, nas últimas décadas, os filtros de óleo e de combustível do tipo cartucho ecológico, sem uso de metal, são aplicados em grande parte da frota. O filtro do óleo ecológico não agride o ecossistema e facilita a manutenção dos veículos automotores. Mas o avanço dos filtros ecológicos depende dos fabricantes de veículos e motores que especificam para os fornecedores quais sistemas deverão ser usados em cada modelo. O programa Descarte Consciente contribui com o descarte adequado e seguro dos filtros de óleo usados, destinando-os para tratamento e reciclagem.

Os filtros convencionais possuem carcaça de metal e são conhecidos como "spin-on". Somente se troca o elemento filtrante dentro do alojamento do filtro que fica junto ao bloco do motor. Os filtros ecológicos não possuem carcaça ou partes metálicas e, na hora do descarte, se tornam mais fáceis de serem processados. Assim como os convencionais, os ecológicos retêm partículas indesejadas nos sistemas.

As partes metálicas são substituídas por plásticas, porque a ideia é sempre reduzir ao máximo a quantidade de componentes, conceito chamado de Metal Free. "A tendência é aumentar a quantidade de veículos com este conceito, mas tudo depende da montadora, que deve aplicá-lo desde a concepção do projeto, o mercado não tem muita escolha. Quanto ao meio ambiente, este, sim, tem vantagens.

A destinação de filtros contaminados com óleo, combustível e outros, pois o maior problema é retirar as partes metálicas dos filtros convencionais, o que gera perda de tempo e energia" – explica Gonçalves, da Mann-Filter.

Em relação à sustentabilidade e aos produtos eco-friendly, o foco da FFT está na redução do consumo de energia com produtos de maior eficiência de filtragem e menor resistência à passagem do ar, proporcionando menor perda de carga e menor consumo de combustível. A Seineca realizou investimentos em novos maquinários para aumentar gradativamente sua linha ecológica. Dos 74 lançamentos, 63 utilizam material ecológico.

A Bosch atua com foco em desenvolvimento sustentável, utilizando materiais reciclados e com restrição a substâncias nocivas. O portfólio da Bosch conta com cartuchos ecológicos para filtros de combustível e filtros de óleo, nos quais há a necessidade da troca apenas do elemento filtrante e do anel de vedação.

A Mann+Hummel dispõe deste conceito nos quatro tipos de filtros, não em 100% do portfólio, mas sempre que possível, pois é uma tendência. A Mahle tem em seu portfólio elementos ecológicos para os filtros de óleo.

Os projetos contemplam soluções e/ou propostas de materiais alternativos com possibilidade de reciclagem a baixo nível de resíduo final. "Por exemplo, conceitos inovadores que eliminam itens metálicos e substituem por polímeros injetados" – diz Alves Júnior, da Tecfil.

Contato das empresas

Bosch: www.bosch.com.br

Freudenberg: www.freudenberg.com.br

Mahle: www.mahle.com.br

Mann-Filter: www.mann-hummel.com

Seineca: www.seineca.com.br

Schuck: www.schuck.com.br

Sogefi: www.fram.com.br

Tecfil: www.tecfil.com.br

Wega Motors: www.wegamotors.com