A mudança para o uso dos filtros ecológicos depende das montadoras

Filtros ecológicos nos carros dependem das montadoras


Esta segunda década do terceiro milênio foi sensacional para quem gosta de automóvel – afirma Paulo Cardamone, Chief Strategy Officer da Bright Consulting, em seu artigo “A década de transformações no mercado de veículos leves no Brasil”. O Brasil se tornou o 4º maior mercado consumidor a partir de 2010, com 3,33 milhões. “Chegamos a 3,66 milhões e retrocedemos até os 1,99 milhão de 2016. Desde então, buscamos a recuperação e fechamos 2019 com 2,66 milhões – 1 milhão a menos do que o recorde da década” – relata. A Consultoria estima que voltaremos aos 3,6 milhões em 2024, se as previsões sobre as variáveis que impactam o mercado se concretizarem, o que exigiria crescimento médio de 6,5% ao ano.
Para atender a toda essa demanda e à evolução natural tecnológica dos automóveis, de olho também na sustentabilidade, os motores como um todo avançaram e se modernizaram, exigindo que os filtros acompanhassem essas transformações, como é o caso dos filtros ecológicos, que trazem a proposta de proteger o meio ambiente. “No Brasil, presenciaremos uma grande mudança ao longo dos próximos anos com os veículos híbridos, que já são uma realidade. Iniciou com o Prius, da Toyota, e agora, o novo Corolla híbrido. Com motor a combustão e filtro do óleo refil ecológico. Cremos que seja o futuro, tanto aqui como no mundo. Mais tecnológico que estes motores e este sistema de filtragem é o motor 100% elétrico” – aponta João Lucena, do suporte técnico da Sogefi Filtration do Brasil.
Com a globalização da produção mundial e a consolidação de marcas asiáticas no mercado nacional, as montadoras estão se adaptando aos filtros ecológicos. Além de proteger o meio ambiente, entre outras vantagens, está a redução do custo do produto final, que corrobora para esta tendência de mercado. “Na sua maioria, a mudança para o uso de filtros ecológicos depende das montadoras” – afirma Laine Cracco, supervisora de vendas da Mahle Metal Leve. “Entre os desafios no segmento de filtros ecológicos, estão a modernização das fábricas, os investimentos e a inovação dos motores por parte das montadoras” – destaca Laine.
As montadoras informam aos fabricantes dos filtros as características do sistema de filtragem dos motores. “Por isso, precisamos trabalhar cada vez mais o apelo da sustentabilidade do produto e da modernização dos sistemas de filtragem. Além disso, novas tecnologias proporcionam maior rendimento e menos desgaste do equipamento/motor” – ressalta a supervisora de vendas.

 

A mudança para o uso dos filtros ecológicos depende das montadoras

 

Montadoras seguem o passo
Tanto na Europa quanto em outros países da Ásia e nos EUA, os filtros ecológicos são utilizados há mais de 20 anos. “A Mahle foi uma das primeiras empresas a investir nesta tecnologia já no final da Segunda Guerra Mundial. Essa ação foi adotada devido à necessidade de evitar o desperdício de material, escasso à época” – conta Laine Cracco.
Ela diz que, em alguns países, já não são mais aceitos os motores com filtros convencionais. “Desta maneira, as montadoras se veem ‘obrigadas’ a acompanharem esta evolução, que visa, entre outras, à proteção do meio ambiente, mas também a uma redução de custo do produto final” – salienta.
Segundo Laine, hoje, a tendência, principalmente internacional, está voltada ao mercado de eletrificação. “Podemos verificar, inclusive, testes destes motores em equipamentos de construção e mineração, e não somente no mercado de on road. Isso quer dizer que o segmento de filtros corre risco iminente? Não, a princípio, pois ainda temos anos de motores à combustão pela frente, mas, como no passado, quando a maioria dos fabricantes teve que investir em tecnologias dos sistemas ecológicos de filtração, agora, o desafio bate à porta novamente” – reflete.
Já que se firmam como megatendências, Cardamone, da Bright Consulting, cita que os automóveis conectados, inclusive pelo celular, chegaram a 9,4% das vendas de 2010 e atingiram 55,7% em 2019. Foram 20 unidades de híbridos e elétricos em 2010 e 0,4% em 2019, total de 11.123 veículos, 95% deles híbridos.
Hoje os híbridos têm preços mais acessíveis, principalmente no segmento Premium. “Dependendo de preço acessível, os automóveis e SUVs compactos demorarão mais para ter essa modernidade e o mercado brasileiro de híbridos e elétricos só chegará a 5% por volta de 2025. Porém, o veículo totalmente autônomo está longe de chegar. É mais fácil pensar em percursos demarcados e ambientes controlados para estes veículos, o que ajudará bastante a redução de acidentes” – prevê Cardamone.

 


Pistas de inovação até 2030
Em sua projeção de cenários, a Bright Consulting apresenta pistas de inovações surpreendentes a acontecer até 2030.
O Relatório de Cenários de Futuro Automotive Brazil 2030, representado pela Bright Consulting e Neocom Informação Aplicada, aponta diferentes possibilidades de trajetória de futuro e tem como objetivo subsidiar o planejamento estratégico das empresas e a identificação de vantagens competitivas, trazendo mais de 80 indicadores de mercado para cada cenário, site http://www.brightisd.com/.
Uma tendência para a próxima década é as montadoras exigirem menos para as instalações. “Com showrooms virtuais e maior proporção de vendas diretas – e-commerce incluído –, diminui a necessidade de concessionários-palácios. O atendimento aos clientes agora em menos concessionárias completas e mais showroons e oficinas multimarca” – avalia Cardamone.

 

Motores menores e mais potentes
O desenvolvimento de motores com tecnologias modernas avançou nesta década. “Apenas 15% dos veículos tinham comando de válvulas variável em 2010 e chegaram a 72% em 2019. Nem 3% dos motores eram 3 cilindros e são 24% hoje. A aplicação de turbocompressor passou de 4% a 20% no mesmo período” – aponta Cardamone.
Todas essas tecnologias se tornaram necessárias devido à nova legislação de eficiência energética e emissões, INOVAR-Auto e Rota 2030. Estabelecida pelo INOVAR-Auto em 2,07 MJ/km em 2012, não existia antes, a eficiência energética atingiu 1,74 MJ/km em 2019, evolução comparada à de padrões globais. “Isso significa que a energia despendida para mover um veículo dentro do mesmo ciclo-padrão diminuiu 16% nesse período – um progresso notável” – destaca Cardamone.
São tantos itens técnicos, de elementos, estrutura, motores dos carros que passam por mudanças. No caso dos motores, eles estão cada vez menores e mais potentes e os filtros ecológicos estão englobados nestes projetos. “A redução do tamanho do motor e dos espaçamentos entre as peças móveis corresponde ao aumento de potência. Exemplos são as BMWs, sempre muito potentes e com sistema de filtração do óleo do motor com filtro refil ecológico” – diz João Lucena, da Sogefi.
A construção dos filtros ecológicos varia de acordo com o projeto de cada montadora.
“Nossos filtros são desenvolvidos no sistema de termofusão, no qual o elemento filtrante não é colado e, sim, fundido diretamente na tampa plástica, garantido perfeita filtragem e retendo todas as impurezas presentes no combustível ou no lubrificante” – explica Diogo Afonso da Silva Rocha, supervisor técnico da Wega Motors.

Vantagens dos ecológicos
Cada vez mais o mercado busca por produtos ecologicamente corretos, que proporcionem maior desempenho ao motor, possam ser descartados com facilidade e utilizem menos recursos da natureza. “As estruturas dos filtros ecológicos são acopladas diretamente ao motor e feitas de alumínio. Com isso, evita-se a emissão de gases nocivos, visto que o alumínio em contato com o lubrificante não emite nenhuma substância tóxica. Além disso, não usando a chapa de aço na composição da carcaça dos produtos, já que esta vem acoplada ao motor, utiliza-se menos recurso mineral para a fabricação dos filtros” – explica Laine, da Mahle.
A principal vantagem de se utilizar um filtro ecológico em relação ao Blindado, spin on, é que, em sua composição, não é utilizado aço. “Então, ele não emite os gases causados pela reação entre o próprio aço e o lubrificante, poluindo menos o meio ambiente” – aponta.
Outra vantagem, de acordo com Laine, é a reciclagem do óleo retido dentro do filtro Blindado. Como o filtro Blindado é feito de caneca fechada, ela retém certa quantidade de óleo lubrificante, mesmo depois do seu descarte, podendo, quando descartado incorretamente, contaminar o solo. “Com o elemento ecológico, isso não ocorre, porque ele não acumula quantidade significativa de lubrificante no seu interior” – salienta.
Quanto à eficiência de filtragem, Laine diz que esta, sim, é superior devido à composição do produto – celulose, fibra sintética, fixados, na sua maioria, por sistema de injeção plástica – e proporciona maior eficiência na filtragem dos fluidos, principalmente para motores tecnologicamente avançados. Além disso, a redução do custo final do produto é um atrativo.

 

A mudança para o uso dos filtros ecológicos depende das montadoras

 

Tecnologias ecológicas
Estudam-se para os filtros ecológicos novas tecnologias de plásticos ou polímeros para injeção, segundo Lucena. Outro ponto importante para 2020 dos filtros ecológicos da Fram é o Chevron, patente do grupo Sogefi. “Com ele, aumentamos a área de filtragem e mantemos a eficiência, evitando um possível colapso e que o dono do carro venha a perder o motor por quebra. Estamos tentando aumentar nosso portfólio de filtros Chevron, estendendo a tecnologia para Audi, BMW, Mercedes, entre outros que utilizam Filtro Refil Ecológico” – revela.
“O primeiro passo é estender a tecnologia Chevron para os outros produtos Fram e estudarmos junto aos fornecedores um papel com as características exigidas pelas montadoras que atendam à necessidade do mercado. Hoje os motores estão utilizando, em vez de óleos minerais, óleos sintéticos à base de polímeros que chegam a ser fluidos e não mais óleos. Alguns veículos usam o óleo 0W20 ou até mesmo o 0W10” – explica Lucena.
Para 2020, a Mahle está migrando ainda mais linhas para filtros ecológicos. Dentre eles, os Separadores de Água, hoje compostos 100% de plástico injetável, isentos de carcaça de aço e, por consequência, menos poluentes. “Além disso, comunicamos a linha destes elementos, ou seja, um só produto atende várias aplicações. No total, seis filtros atendem a mais de 30 aplicações originais. Com isso, nossos clientes podem reduzir o estoque destes produtos e também ter a certeza de que, mesmo com esta redução, sempre terão o filtro certo para atender o consumidor” – afirma Laine.
O mote hoje é pensar ecologicamente, por isso, cada vez mais as montadoras estão desenvolvendo filtros ecológicos. “Um exemplo são os filtros do óleo, que não necessitam mais das tradicionais peças metálicas. Sua nova estrutura é de celulose e polímero. Hoje as novas tecnologias de filtros ecológicos para transmissão automática seguem também esse conceito ecológico, produzidos com papel sintético em diversas camadas, aumentando seu poder de filtragem e sua durabilidade” – relata Rocha.
No portfólio da Wega Motors, existem diversos modelos de filtros para transmissão automática. “Como planejamento para 2020, seguimos a ética estabelecida pela empresa, uma organização sustentável, desde os produtos fornecidos até mesmo os serviços prestados” – afirma Rocha.

“Aventureiros de plantão”
Lucena, da Sogefi, alerta para tomar cuidado com os “aventureiros de plantão”. “Existem muitos ‘aventureiros’ em nosso mercado de filtração, inclusive, alguns itens de baixíssima qualidade e produtos que não passam confiança nenhuma e também os chineses. Estes últimos, em especial, para quem consome produtos asiáticos, em específico, no caso dos filtros, temos que testá-los e colocá-los em bancadas de testes bem rígidos, pois a gama de matérias, no caso, produtos e a alternância de qualidade nos preocupa muito” – desabafa.
Mesmo ao longo de todos esses anos, a conscientização sobre a troca do óleo e do filtro também é necessária hoje. “O que precisamos ainda é conscientizar os trocadores, mecânicos, lubrificadores, os donos de caminhões e donos de veículos leves que a troca do óleo e do filtro é benéfica para o carro, assim como a água é benéfica para nós” – compara.
Para Rocha, os principais desafios do filtro ecológico no Brasil é a cultura do ser humano em ter o conceito sustentável. Por esse motivo, a Wega Motors é apoiadora do projeto Abrafiltros, levando informações para os reparadores sobre o descarte consciente e a preservação do meio ambiente. Além disso, a empresa mostra para os clientes que o filtro ecológico, mesmo sem a carcaça (blindado), tem a mesma funcionalidade.

 

A mudança para o uso dos filtros ecológicos depende das montadoras

 

 

 

 

 

 

 

Contato das empresas
Bright Consulting:
www.brightisd.com
Mahle: www.mahle.com.br
Sogefi: www.fram.com.br
Wega Motors: www.wegamotors.com

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