Tecnologias melhoram padrão da água para alimentos e bebidas e produtos ganham em qualidade

A qualidade da água mudou. “Hoje com as tecnologias disponíveis, as indústrias de alimentos e bebidas trabalham com muito mais qualidade em seus processos e as especificações de padrão da água muito melhores, garantindo um produto final


Tecnologias melhoram padrão da água para alimentos e bebidas e produtos ganham em qualidade

A qualidade da água mudou. “Hoje com as tecnologias disponíveis, as indústrias de alimentos e bebidas trabalham com muito mais qualidade em seus processos e as especificações de padrão da água muito melhores, garantindo um produto final de excelente qualidade em todos os aspectos” – assegura Rogério Jardini, especialista em filtração de processos. 
A água é utilizada como matéria-prima na produção de alimentos e bebidas ou como veículo para incorporar ingredientes ao processo. Serve ainda como agente de sanitização e limpeza e fonte de resfriamento ou aquecimento. Por isso, é essencial o uso de água de boa qualidade. 
Para a manipulação e a produção de alimentos, a água deve ser potável e atender aos padrões físicos-quimicos e microbiológicos da Portaria 2.914/2011 do Ministério da Saúde. “O controle de qualidade da água na indústria de alimentos e bebidas deve acatar aos critérios da regulamentação vigente com avaliação recorrente de suas características” – aponta Diego Santos, gerente de vendas de filtração da Sefar South America. O uso de água imprópria na produção de alimentos pode alterar o produto, que sofre perdas das características nutricionais ou do valor comercial, e causar intoxicações e infecções alimentares. Os contaminantes podem causar mal à saúde das pessoas se não forem eliminados pela filtragem na produção de alimentos e bebidas.
O controle da água é feito no processo, como matéria-prima, para lavagem de equipamentos ou estruturas ou até para os colaboradores beberem. “Esses controles vão desde análises físico-químicas, como de cloro residual livre ao longo do sistema de distribuição e nos pontos de consumo, até análises microbiológicas, como Escherichia coli ou coliformes totais. Além de processos internos para garantir sua qualidade, como filtração da água, decloração quando necessária etc. – explica Domênica Maioli, analista de controle de qualidade e meio ambiente da Associação dos Fabricantes de Refrigerantes do Brasil (Afrebras).
“A Questão Microbiológica da Água X o Sistema de Filtração ainda é de extrema importância para garantir a qualidade, desde a captação do poço até o seu envase. A retirada de microrganismos patógenos é exemplo claro desta aplicação em que as indústrias ainda possuem divergências interpretativas” – enfatiza Jeferson Stamborowski, profissional de aplicação de filtração para food & beverage (F&B) da Sartorius do Brasil.
Em muitos casos, a água dentro do processo ainda é a principal matéria-prima, como nas indústrias cervejeiras, de refrigerantes, água mineral, entre outras. De outro lado, é um recurso cada vez mais escasso e caro para um processo em larga escala. Em casos específicos, como do engarrafamento de água mineral, Stamborowski explica que existem portarias nas quais a utilização da filtração ainda é bem ‘interpretativa’ e para garantir a qualidade final da água ao consumidor é muito ‘argumentativa’. 
“O consumo de água pelas indústrias alimentícias varia muito conforme o processo produtivo, o produto, as boas práticas de fabricação, a tecnologia utilizada e uma gestão voltada ao meio ambiente, que recircule água de boa qualidade em alguma etapa do processo” – analisa a bióloga Belinda de Cássia Manfredini Silva, doutora em saúde e saneamento ambientais e consultora técnica na Hidrolabor Laboratório de Controle de Qualidade. 
O uso da água nas indústrias de alimentos e bebidas pode ser planejado para atender à legislação nos pontos críticos, eliminando riscos de contaminação e implantando sistema de recirculação de água para usos menos nobres. “Em quaisquer das situações de usos da água na indústria alimentícia, é preciso adotar sistemas de tratamento que transformem a água disponível para nível de qualidade adequado requerido nos processos” – ressalta Dra. Belinda.
A água nas indústrias de alimentos e bebidas serve: 
• Como matéria-prima;
• Meio de transporte de materiais de um setor a outro; 
• Como solvente de outras matérias-primas; 
• Limpeza e higienização; 
• Sistemas de troca térmica.
Fonte: Hidrolabor.

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Melhor qualidade 
Até 4 de maio deste ano, a qualidade da água tinha parâmetros e limites de exigência determinados pela Portaria de Consolidação GM/MS nº 5, anexo XX, de 28/09/2017, que dispunha sobre procedimentos de controle e vigilância de qualidade da água para consumo humano e padrões de potabilidade. Nesta data, foi publicada e entrou em vigor a nova Portaria de Consolidação GM/MS nº 888, que altera o anexo XX. “A nova Portaria estabelece valores mais restritivos para certos parâmetros baseados em dados atualizados sobre a qualidade das águas dos mananciais de abastecimento e conhecimentos de toxicologia e riscos à saúde humana” – esclarece Dra. Belinda.
Classificação da qualidade das águas: 
a) Água potável em contato com o alimento ou partes dele e superfícies em contato com os alimentos e a água que fará parte do produto, como bebidas alcoólicas e não alcoólicas. Além da Portaria de Potabilidade, existem outras normativas internas sobre a qualidade da água e a formulação de bebidas ou alimentos, porque suas características físico-químicas e microbiológicas interferem no produto.
b) Água potável na fabricação de gelo, salmoura e temperos.
c) Água de sistemas de aquecimento e resfriamento: caldeiras e águas de torres de resfriamento e trocadores de calor. Em alguns processos industriais, a água quente ou seu vapor entra em contato com as matérias-primas e produtos. A qualidade dessas águas é mais exigente. Além de atenderem aos padrões de potabilidade, devem preservar os equipamentos contra incrustação, corrosão, biofilme e contaminação dos alimentos ou bebidas.
d) Água potável para lavar caixas, utensílios, esteiras rolantes, pisos e superfícies.
e) Água potável para barreira sanitária: gabinetes de higienização de mãos e botas e higienização geral da indústria.
f) Águas de reúso: águas tratadas dos efluentes menos contaminados por produtos e microrganismos, reutilizadas em descarga sanitária e lavagem de pisos externos.
Fonte: Hidrolabor.
As águas entram em contato com alimentos na fase de preparação nas indústrias de:
• Enlatados, como massa de tomate, frutas, ervilhas e milho, requerem lavagem das embalagens e matérias-primas e da indústria em geral;
• Macarrão e alimentos pré-cozidos – água ou vapor para o cozimento; 
• Processamento de leite e queijos com várias etapas de limpeza clean in place; 
• Frigoríficos, avícolas e abatedouros;
• Pescados;
• Processamento de frutas para a produção de geleias e doces;
• Fabricação de massas, biscoitos e similares;
• Bebidas alcoólicas e não alcoólicas, cuja principal matéria-prima é a água.
Fonte: Hidrolabor.
As indústrias alimentícias são grandes consumidoras de água: 

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No processamento de batatas para fabricar salgadinhos, exemplo citado por Dra. Belinda, a água da primeira lavagem e remoção de terra e insetos das batatas colhidas não necessita ser potável, pode-se usar água do processo produtivo, recirculada de outra etapa. Por outro lado, na sequência, o enxague final das batatas descascadas, deve-se utilizar água potável com qualidade microbiológica controlada.
“O armazenamento, a sedimentação, a coagulação química e a filtração são etapas de tratamento convencional e diminuem as bactérias presentes na água industrial, mas não são eficientes na sua remoção, é preciso a desinfecção da água. No Brasil, o desinfetante de uso geral é o cloro” – Diego Santos, da Sefar. Ele explica que no caso de água de indústrias para processos fermentativos não pode ter adição de cloro ou flúor, como em cervejarias, pois mata leveduras e fungos essenciais na produção.

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Especificações microbiológicas da água potável para:
Consumo humano:
bactéria Escherichia coli ou coliformes termotolerantes – ausência em 100 mL.
Saída do tratamento: Coliformes totais – ausência em 100 mL.
Tratada distribuição (reservatórios e redes): bactéria Escherichia coli ou coliformes termotolerantes – ausência em 100 mL.
Padrões físico-químicos básicos:
• Cor: 15 uH – Unidade Hazen;
• Cloro residual livre: 2 mg/L;
• pH: 6,0 a 9,5;
• Turbidez: 5 uT – Unidade de turbidez.
Fonte: Sefar.
A qualidade da água deve ser controlada nos sistemas de abastecimento público, nas indústrias e serviços de alimentação, incluindo fontes, poços e veículo transportador. “A indústria de alimentos deve elaborar programa de controle de qualidade e utilizar plano de amostragem adequado. Em situações de uso de novo manancial, mudança no tratamento ou no sistema de distribuição, aconselha-se a aplicação de planos completos com análises da água previstas na legislação que são realizadas obrigatoriamente quando da implantação da indústria e repetidas anualmente” – explica Santos.
 

Perfil do setor
Segundo dados da Associação dos Fabricantes de Refrigerantes do Brasil (Afrebras), a indústria de alimentos e bebidas processa 58% de toda a produção agropecuária do Brasil e representa o maior setor da indústria da transformação brasileira. Além disso, é a maior geradora de empregos: 1,6 milhão de postos diretos de trabalho em mais de 36 mil empresas. 

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Contaminantes
A desinfecção da água é um desafio. “Existem agentes químicos que desinfectam, como o hipoclorito, mas ele pode causar reações secundárias por ser muito reativo. Tecnologias limpas e nanotecnologias seriam substituto, mas ainda são muito caras. Análises para garantir a potabilidade da água não são realizadas internamente, porque precisam de tecnologia e recursos, dessa forma, grande parte das empresas terceiriza esse serviço” – aponta Domênica, da Afrebras.
Contaminantes podem modificar as características organolépticas de um produto e gerar problemas de aceitação de mercado, reclamações, entre outros, que Stamborowski, da Sartorius, qualifica como não graves. “Já outros contaminantes microbiológicos, como a pseudomonas e bactérias inerentes à fabricação de alimentos e bebidas, podem causar desde pequeno desconforto gastrointestinal até infecções muito sérias, levando a pessoa a óbito se não tratada corretamente” – adverte.
Caso os sistemas de tratamento e filtração não sejam eficazes, os resultados serão preocupantes. Dra. Belinda explica que os vasilhames de bebidas lavados com água, as esteiras rolantes, os sprays de água, soluções aspergidas no produto – fungicidas e bactericidas – e mesmo os alimentos produzidos com essas águas apresentarão contaminantes inorgânicos e orgânicos em sua composição, colocando a saúde das pessoas em risco. “O tratamento, o controle e o monitoramento das águas e de processos de indústrias alimentícias não são apenas boas práticas em higiene, mas, sim, uma das etapas para garantia da qualidade dos alimentos e preservação da saúde dos consumidores” – afirma a consultora técnica da Hidrolabor. 
De acordo com o Ministério da Saúde, existem mais de 250 tipos de Doenças Transmitidas por Alimentos (DTAs) causadas por bactérias, protozoários, vírus, príons, parasitas, toxinas, defensivos agrícolas, metais pesados e substâncias químicas. Veja os números dos gráficos fornecidos por Dra. Belinda:

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As bactérias são responsáveis por cerca de 90% dos casos e 70% dos surtos. “A água usada na fabricação de alimentos deve estar isenta de microrganismos de origem fecal, garantindo sua qualidade microbiológica, o que é importante para a Saúde Pública” – salienta Diego Santos, da Sefar.
Dos microrganismos listados, a Salmonella spp. é uma das mais preocupantes porque provoca náuseas, vômito e diarreia e suas toxinas afetam rins, fígado, sistema nervoso e causam desidratação grave, chegando até a óbito. Dra. Belinda cita que a primeira contaminação na Cervejaria Backer, de Belo Horizonte, em 2019, foi de um paciente com insuficiência renal aguda e alterações neurológicas, seguido de outro com os mesmos sintomas. As primeiras vítimas relataram enjoos, vômitos, diarreia, paralisia dos rins e facial. Foram 29 vítimas, 7 morreram e 22 ficaram com sequelas por consumir cerveja contaminada por dietilenoglicol. 

Bem automatizados 
“Quando falamos em tecnologia dentro da indústria de alimentos do Brasil, não estamos falando de determinada tecnologia que resolve todos os problemas e vira a chave de transformação digital” – explica Domênica, da Afrebras. Ela cita que o setor dispõe da nanotecnologia para desinfecção da água e do filtro de carvão ativado, que funciona bem para a retirada do cloro da água utilizada como matéria-prima. 
Outra excelente solução, segundo ela, é a higienização de garrafas e tampas com ozônio. 
“O ozônio não é apenas mais um ‘desinfetante’, é um verdadeiro ‘esterilizador’, que não deixa resíduos no ambiente, pois se degrada em minutos em oxigênio. Pode destruir completamente quantidades impressionantes de esporos, bactérias, vírus, mofo, fungos, bolores, ácaros, insetos, partículas de fumaça, agrotóxicos, micotoxinas e outros contaminantes e, ao mesmo tempo, oxidar qualquer material orgânico” – relata Domênica Maioli.

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A tecnologia integra dados. “Além de promoverem insights, as informações tornam os fabricantes mais proativos, relevantes e preditivos no monitoramento de desperdícios, por exemplo. Pode-se usar essa tecnologia para monitorar de perto toda a cadeia de suprimentos, desde a fonte de alimento até a mesa do consumidor final” – avalia a analista da Afrebras.
Principais equipamentos de tratamento de água em indústrias de alimentos e bebidas:
• Filtro de areia e carvão ativado;
• Filtro de zeólitos e permutitas;
• Filtros de membranas, como nanofiltração, ultrafiltração e osmose reversa;
• Abrandador;
• Desmineralizador;
• Dosador de cloro;
• Sistemas automatizados para controle de pH, condutividade e sólidos suspensos;
• Desinfecção com luz ultravioleta e por ozonização;
• Tratamento por ultrassom;
• Processos Oxidativos Avançados (POA).
Fonte: Hidrolabor.
Para Dra. Belinda, a automação de sistemas de tratamento deixou de ser novidade. “Controlar e monitorar a qualidade da água, a adição de produtos químicos e o start de equipamentos passou a ter resposta mais rápida, aumentando o fornecimento de água de qualidade, na vazão necessária e dentro dos padrões requeridos, sem riscos de erros humanos ou de falhas mecânicas” – diz.

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Rogério Jardini comprova que com os avanços abaixo descritos hoje os processos são bem mais automatizados e controlados e fazem com que a qualidade do produto final seja constante e dentro do padrão especificado:
Tecnológicos: membranas que melhoram a qualidade da água e retêm partículas e microrganismos na filtração e microfiltração. Caso da Osmose Reversa com membranas seletivas para reter sais minerais e de Ultrafiltração para tratar efluentes, gerando água que pode ser reaproveitada sem perigo nos processos.
Digitais: equipamentos que oferecem recursos aos operadores que controlam de forma precisa os processos, seja no local de trabalho, seja a distância.
Automação: todos os equipamentos usados nos processos são automatizados hoje – válvulas, bombas, dosadores, misturadores, tanques, camisas de aquecimento controladas, dosadores de gases e ingredientes –, facilitando o trabalho dos operadores e fazendo o produto final mais padronizado em cada produção.
IoT: em equipamentos já é prática desde 1982, tornando-se realidade hoje. O controle e as informações que estão sendo produzidos têm registros instantâneos, permitindo aos fabricantes monitorar melhor seus processos e qualidade do produto final.
Filtros: a filtração tornou-se processo imprescindível na produção de água de qualidade.
Processos e sistemas: integrados e controlados trazem melhor qualidade ao produto final.
A automação e a telemetria conectam sensores com computadores, tablets e smartphones, com rápido acesso por Wi-Fi, rede ou via rádio. “Elas ampliam a supervisão e o controle dos sistemas de tratamento e da qualidade das águas, em cada etapa da produção, obtendo dados em tempo real para o gerenciamento eficaz dos processos” – analisa a consultora técnica da Hidrolabor. 
Com sensores em diversas etapas produtivas, os sinais digitais transmitem dados exatos de pH da água, turbidez, condutividade, teor de oxigênio dissolvido e outros gases – nas indústrias de bebidas gaseificadas, por exemplo, CO2 –, íons de cálcio, sílica e magnésio, acionando ajustes para dosagem de produtos; de outros equipamentos, como start de conjunto de filtros; ou retrolavagem de filtros saturados. “Com este avanço tecnológico, as indústrias alimentícias conseguiram atingir padrão de qualidade e de excelência do produto e menor risco de perdas por causa de contaminação e falhas operacionais nos sistemas de tratamento de água” – comemora Dra. Belinda.

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A Sartorius dispõe de uma linha de Inteligência Artificial. “O desenvolvimento de produtos alimentícios é complexo, arriscado e caro. O Umetrics® Suite auxilia no custo, sabor, ingredientes ou parâmetros relevantes para que as receitas sejam escalonáveis desde o Produto Mínimo Viável até a produção total da planta, adaptando os produtos de acordo com as demandas do consumidor” – afirma Alexandra Ivanovosky, suporte técnico de F&B da Sartorius da França.
Estes sistemas automatizados reduzem tempos de paradas, utilização de mão de obra e agentes químicos de regeneração e sanitização. “Trazem saving não só no processo, como também na hora-homem, hora-máquina e no uso de recursos naturais, como a água” – explica. 
O sistema de filtração melhora a qualidade do produto final e garante as características organolépticas. “Além disso, reduz custos com energia e espaço, entre outros fatores, como o uso de pasteurizadores. O processo de filtração chega a ser de 15% a 25% mais barato” – assegura Alexandra.

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Projetado para a filtração de água mineral, o Jumbo Star (ver foto) retém partículas e biocarga baseado nos filtros Jumbo Star, que têm projeto higiênico e certificado de contato com alimentos. “Esse sistema significa processo otimizado para economizar custos de produção, monitoramento para produção otimizada, sensores eletrônicos, válvulas automatizadas e software de dados com controle avançado de processo” – diz Alexandra. 
Três filtros com membrana de Polietersulfona fazem parte do portfólio da Sartorius para filtração de água esterilizada na indústria de alimentos e bebidas: Aquasart PS, Aquasart Plus e Aquasart Plus XL. Eles barram o microrganismo e evitam que qualquer contaminação da água entre em contato com o alimento ou a bebida.

Sequência de filtros
Stamborowski, da Sartorius, divide as aplicações em pré-filtração e filtração final. “Hoje, são comuns filtros em Polipropileno em aplicações de pré-filtração. As variações construtivas de um fabricante para outro muda muito, mas ainda o PP é o material mais comum nesta parte do processo por ser inerte e, de acordo com as legislações vigentes, para a segurança alimentar” – diz. Já na filtração final, existem diversos materiais, como a Polietersulfona (PES), o PVDF, o Náilon e raramente o acetato de celulose, mas ainda mais comuns em alimentos e bebidas seriam a PES e o Náilon. 

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Em um mercado cervejeiro, de refrigerantes, água mineral, produção de lácteos, entre outros, os sistemas de filtrações são peculiares. “De maneira geral, a água captada, seja de superfície, seja de profundidade, deve passar por pré-filtração para retirar particulados grosseiros e encaminhada para reservatório. Depois do reservatório, dependendo do mercado e aplicação, esta água será novamente pré-filtrada em micragem diferente da primeira, para que, se necessário, seja feita a filtração final com membranas filtrantes” – explica Stamborowski.
Principais contaminantes para remover de água da rede municipal de captação e distribuição: 
• Cloro e seus subprodutos, flúor, sais de ferro – aplicados nas ETAs –, microrganismos, em especial, bactérias heterotróficas que geram biofilme dentro dos equipamentos e entram em contato com alimentos e tubulações por onde a água é distribuída na indústria.
Principais contaminantes para remover de água captada em mananciais superficiais ou subterrâneos:
• Sólidos totais, ferro, manganês, magnésio, sílica, carbonatos, bicarbonatos e hidróxidos, compostos orgânicos – alguns mananciais brasileiros estão poluídos pelo descarte de efluentes sanitários –, derivados de petróleo, produtos de desinfecção e pesticidas. 
Fonte: Hidrolabor.
Nem sempre a indústria dispõe de manancial de boa qualidade. Dra. Belinda exemplifica com a Cervejaria Ambev Skol Águas da Serra, que se instalou em Guarulhos (SP), desde 1978, por ter encontrado uma fonte muito produtiva de água, com excelente vazão e qualidade. A consultora técnica conta ainda que, no interior do Estado de São Paulo, existem mananciais subterrâneos profundos de excelente vazão de captação, porém com composição química que poderia alterar a qualidade do alimento ou bebida produzidos. 
Equipamentos e sistemas de tratamento são recomendados conforme a água que abastece as indústrias. Os mais utilizados nas indústrias de alimentos e bebidas são os de nanofiltração, ultrafiltração e osmose reversa. Além de garantirem a qualidade do produto, uma das finalidades dos sistemas de filtração na indústria alimentícia é produzir água para higienizar equipamentos e embalagens, no caso das bebidas envasadas em garrafas de vidro, pets e latas. Para isso, segundo Dra. Belinda, é adotada sequência de filtros de acordo com a qualidade da água de abastecimento.

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Problemas em filtragens  
De acordo com Stamborowski, da Sartorius, entre os problemas com sistemas de filtração nos processos de produção estão: a obstrução precoce dos elementos filtrantes, a restrição de vazão por dimensionamento equivocado, os golpes de aríete em tubulações, os sistemas de CIP ineficientes, entre outros. 
“Na captação de água de superfície ou profundidade, a maior preocupação são os microrganismos patógenos que podem ser retirados com as membranas ou filtros finais corretos, mas o pré-tratamento é fundamental para que tudo ocorra bem na filtração final” – enfatiza Stamborowski. Segundo ele, a complexidade de materiais orgânicos e a grande quantidade de coloides podem provocar o entupimento precoce do sistema de filtração. 

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“Estes problemas são resolvidos utilizando etapas de pré-filtração, que variam conforme o processo do cliente, a qualidade da água e a correto uso dos equipamentos de filtração. Análises prévias da água ajudam a dimensionar de forma adequada a quantidade de pré-filtração que podemos ou iremos utilizar dentro do processo” – explica Stamborowski. Ele cita que técnicas como análise de SDI em campo, que mede a quantidade total de sólidos em suspensão nas fontes de água, dão uma boa ideia de como a água está para o devido dimensionamento. 

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“O acúmulo de lama, partículas, matéria orgânica, colóides e microrganismos retidos entre as camadas das membranas causa obstrução ou incrustação viscosa aderida às membranas que impede a passagem de água, reduz a capacidade de filtração e interfere na qualidade da água” – esclarece Dra. Belinda. Conhecida como fouling, Biofouling ou Biofilme, pois pode ter sua origem no agrupamento de microrganismos nas membranas filtrantes, esta película viscosa preenche os espaços entre os poros e danifica as membranas, que perdem sua eficácia, produzindo água de má qualidade. 

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Dra. Belinda cita que pesquisadores da start up holandesa BiAqua estudam reduzir os nutrientes de fosfato, antes da filtração, para retirar os nutrientes dos microrganismos que morreriam por inanição antes de chegarem às membranas ou ficariam retidos, sem se reproduzirem nos espaços e poros delas.
De acordo com a consultora técnica da Hidrolabor, os problemas do fouling e biofilme são resolvidos com outros processos unitários ou pré-tratamento que removem parte das impurezas e contaminantes da água, antes da filtração, a fim de preservar as membranas, aumentar a vida útil do equipamento e manter o padrão de qualidade das águas.
Os parâmetros de dureza total, carbonatos, bicarbonatos e hidróxidos, sílica, pH, bactérias heterotróficas, entre outros, são controlados e monitorados para preservar a vida útil dos equipamentos. As bactérias, vírus, protozoários, parasitas, algas cianofíceas e os fungos podem contaminar a água, e essa água, os alimentos. Entre os compostos químicos contaminantes da água, estão: defensivos agrícolas, derivados de petróleo, produtos secundários de desinfecção e minerais, como o cálcio e o magnésio. “Além de afetarem a qualidade do produto alimentício ou da bebida, causam danos nos equipamentos, com despesas com manutenções, paradas para substituições e gastos diversos, impactando o preço final ao consumidor” – alerta Dra. Belinda.
O cálcio e o magnésio influenciam na dureza da água, causando corrosão e incrustações em equipamentos. “A presença desses minerais pode afetar a ação dos detergentes na limpeza e aumentar o custo da produção. A quantidade e a vida de prateleira do produto dependem da qualidade microbiológica, pois a água contaminada chega a deteriorar o produto antes mesmo dele sair da produção” – aponta Diego Santos, da Sefar.
 

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O controle de qualidade da água rende na produção, durabilidade de produtos nas prateleiras, qualidade de vida e saúde aos consumidores. “A água estando dentro dos padrões e recomendações legais vigentes, seja de dureza, teor de cloro residual ou substâncias químicas, a qualidade dos produtos da indústria alimentícia é preservada, capacitando o estabelecimento para produzir alimentos” – afirma Santos. 

 

Contatos
Afrebras:
www.afrebras.org.br
Hidrolabor: www.hidrolabor.com.br
Rogério Jardini: rflcursoseservicos@gmail.com
Sartorius do Brasil: www.sartorius.com
Sefar South America: www.sefar.com

 

Referências bibliográficas:

ÁGUAS CLARAS ENGENHARIA. Automação e telemetria de ETE, ETA e EEE. Disponível em: <https://aguasclarasengenharia.com.br/automacao-e-telemetria-de-ete-eta-eee/>. Acesso em: 12 maio 2021.

Brasil, MS, 2019. Surtos de DTAs no Brasil. Informe 2018. Disponível em: <https://antigo.saude.gov.br/images/pdf/2019/maio/17/Apresentacao-Surtos-DTA-Maio-2019.pdf>. Acesso em: 14 maio 2021.

CNI - PORTAL DA INDÚSTRIA. Uso da água no setor industrial brasileiro. CNI Confederação Nacional das Indústrias, 2013. Disponível em: <https://static.portaldaindustria.com.br/media/filer_public/3e/b4/3eb4b4e1-fce4-4323-bdf2-2462c6369794/20140313113650962172e.pdf>. Acesso em: 5 maio 21.

EVISTAIT. Água para indústrias de alimentos e bebidas, tendências e oportunidades. Disponível em: <evistait.com.br/noticias/destaque/agua-para-industrias-de-alimentos-bebidas-tendencias-e-oportunidades-de-mercado/>.  Acesso em: 5 maio 21.

CANOFRE, Fernanda. Veja o que se sabe sobre cerveja contaminada em MG. Folha de S. Paulo, 9 jun. 2020. Disponível em: <Fonte: https://www1.folha.uol.com.br/cotidiano/2020/06/veja-o-que-se-sabe-sobre-cerveja-contaminada-em-mg.shtml>. Acesso em: 15 maio 2021.

THE WATER NETWORK. BiAqua da Holanda desenvolveu uma nova tecnologia para prevenção de incrustação biológica em Estações de Tratamento de Água. Disponível em: <https://thewaternetwork.com/article-FfV/adsorbent-reduces-ro-biofouling-xaw2oAVrLCbar2IcKcmHjA>. Acesso em: 14 maio 21.

 

 

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