Filtros para aquecedor e combustão de gás
Por Carla Legner
Edição Nº 112 - Setembro/Outubro 2021 - Ano 20
A oleína (óleo ou graxa) é um item presente no Gás Liquefeito de Petróleo – GLP, que pode causar diversos danos, ao usuário e ao equipamento. Pensando em aquecedores, o aparelho pode perder a propriedade mecânica de seu diafragma e acarretar problemas
A oleína (óleo ou graxa) é um item presente no Gás Liquefeito de Petróleo – GLP, que pode causar diversos danos, ao usuário e ao equipamento. Pensando em aquecedores, o aparelho pode perder a propriedade mecânica de seu diafragma e acarretar problemas em fornecer a quantidade ideal de gás para uma combustão estequiométrica, ocasionando aumento do nível de CO, fuligem e má combustão.
Valmir Lages, representante da WMF Solutions explica que vários fatores contribuem para a redução da taxa de vaporização e consequentemente a formação desta substância. A primeira delas é o dimensionamento da bateria de botijões de gás não compatíveis com a demanda.
Despois, podemos mencionar a temperatura ambiente baixa onde se localiza os botijões. Em regiões em que há maior incidência de clima frio, por exemplo, deve ser visto com cuidado o dimensionamento da bateria de gás, pois a taxa de evaporação é reduzida em relação aos valores de vaporização conhecidos no mercado.
Ainda é possível destacar a alta proporção de butano na mistura propano/butano na composição do gás GLP. O butano e a oleína, por serem mais pesadas, tendem a acumular no fundo do botijão no final do gás, por isso, a companhia distribuidora é obrigada a fazer limpeza periódica.
“Outro fator importante que contribui para o arraste de oleína para a tubulação de gás e para o aquecedor é o sub-dimensionamento da tubulação. Isso, associado a pressão elevada nos reguladores, na tentativa de aumentar a vazão, ocasiona um aumento na velocidade do gás, favorecendo assim o arraste da oleína, registro e regulador de gás com vazão inferior a especificada, e pressão dinâmica primária acima do recomendado pelo fabricante do aquecedor” - afirma Lages.
Nesse sentido, o uso de um filtro se faz muito necessário. Trata-se de um acessório que, em conjunto com o correto dimensionamento da bateria e da rede de gás, evitará que a oleína se sedimente e chegue até a válvula controladora de gás dos aquecedores de passagem. Sua principal função é proteger os componentes a montante do cavalete de gás, preservando também a estequiometria (regulagem ar/gás) do sistema de combustão.
Segundo Marcelo Miam, gerente comercial da Mainflame Combustion Technology, o filtro é um componente importantíssimo na instalação, garantindo um processo livre de impurezas e diminuindo a manutenção/substituição dos mesmos. “Ele impede a passagem de partículas de poeira ou detritos trazidos pelo gás, protegendo os componentes do sistema de combustão: redutora de pressão, válvulas de bloqueio, medidor de vazão, queimador, etc” – completa.
De maneira geral, todos os filtros desenvolvidos para gases combustíveis (GLP ou GN), têm como objetivo principal a proteção dos demais componentes da linha de suprimento de gás de partículas que possam comprometer o bom funcionamento do queimador. A NBR 12.313:2000, que regulamenta os sistemas de combustão, determina que eles precisam ter a capacidade de filtragem na ordem de 20 micra.
Composição, instalação e funcionamento
Geralmente são fabricados em alumínio e o elemento filtrante é constituído de plásticos e fibra de polipropileno, e são projetados para que o gás tenha contato imediatamente com o elemento filtrante e nessa passagem as partículas maiores são retidas. “Em linhas gerais, esses filtros são compostos de um corpo e tampa em alumínio injetado em alta pressão; Cartucho refil plástico injetado em ABS; Elemento filtrante de alto desempenho com fibra de polipropileno progressivo; Filtro metálico em aço inoxidável; Parafusos em aço zincado; e O’Rings” – detalha Valmir Lages.
Sua instalação é feita logo na entrada de gás do aquecedor, preferencialmente na posição horizontal, em função do decantador existente no corpo do filtro, de acordo com sentido da seta gravada na tampa superior que orienta sobre o fluxo de gás. Recomenda-se também instalar em lugar de fácil acesso para eventual troca do cartucho ou refil. Por último, deves- se medir a pressão dinâmica primária após o filtro e ajustar entre 280 a 330 mmbar.
Os modelos são diferenciados pelas bitolas, tamanhos e capacidade de filtragem. “Os tipos variam de acordo com os modelos de aquecedores de passagem e pressão de operação, além dos tipos de conexões, no entanto, sua funcionalidade proposta não é diferenciada entre modelos / fabricantes” – complementa Lages.
No processo de funcionamento, Bruno Marques Scaranti, gerente comercial da Corimec explica que gás combustível passa pelo filtro e nele são retidos todos os particulados (partículas sólidas, pó, oleína, etc), desta forma previne-se o entupimento dos bicos injetores e outros prováveis danos causados por este tipo de sujidade.
É importante destacar que para melhor resultado do processo de filtragem, sempre que possível, seja realizada a medição dos gases presentes nos equipamentos. O monitoramento de gases é um procedimento indispensável para a segurança das pessoas que precisam permanecer em ambientes confinados.
Devido ao seu design flexível, é um recurso fácil de ser removido e, com isso, possibilita que o trabalho de inspeção do equipamento, bem como a sua limpeza periódica seja feita de uma maneira rápida e fácil. Nesse sentido, é importantíssimo manter o bom estado do equipamento, para que todas as impurezas e os eventuais riscos sejam evitados.
Para um resultado adequado é importante saber os princípios por trás desses equipamentos afim de escolher o melhor produto. O fato é, que esses filtros são pequenos, não necessitam de muito espaço e, geralmente, são de baixo custo, mas fazem a diferença em todo o processo, uma vez que proporcionam grande benefícios à saúde das pessoas e qualidade dos equipamentos.
Manutenção e principais cuidados
O Filtro Para Gás irá proteger os dispositivos de regulagem e segurança, impossibilitando a passagem de fragmentos de pó ou qualquer tipo de impurezas presentes no gás. A não utilização do filtro fará com que partículas maiores entrem no sistema e ao passarem pelas válvulas, estas poderão prejudicar a vedação/estanqueidade, colocando o sistema em risco de vazamentos.
Segundo Miam, os filtros mais comuns possuem uma tampa aparafusada que deverá ser retirada para acesso ao elemento filtrante, que caso seja feito por material sintético poderá ser lavado, e substituído assim que possível.
A limpeza desse tipo de filtro deverá ser realizada a cada 6 meses (ou em períodos menores, caso haja necessidade). Todos fabricantes de aquecedor a gás informam o método de manutenção preventiva do filtro no manual técnico, mas recomendável a realização desse tipo de manutenção por assistência técnica especializada. O serviço deverá ser realizado periodicamente para que o equipamento possa funcionar adequadamente.
A substituição total e/ou do elemento filtrante se dá de acordo com as avaliações nas manutenções preventivas e corretivas de cada equipamento. De acordo com Scaranti, a realização dessas manutenções é a melhor forma de manter o bom funcionamento de um sistema de combustão. “O não cumprimento da norma vigente é perigoso e passível de ação trabalhista, sendo o filtro um dos componentes exigidos pela norma” – ressalta.
É importante estar atento também, principalmente no início de operação, com redes novas de gás, pois o gás irá arrastar todas as sujeiras da tubulação (poeiras, limalhas, soldas etc), sendo necessário uma atenção maior ao entupimento do filtro. “Recomenda-se ainda a instalação de manômetros na entrada e saída do filtro para assim se verificar a perda de pressão causada devido a este entupimento e providenciar sua limpeza/substituição” – explica Miam.
Ele destaca ainda, que os elementos filtrantes nunca deverão serem “limpos” com ar comprimido, pois devido à alta pressão o ar abrirá a malha do filtro alterando sua área e permitindo assim a passagem de partículas maiores ao sistema. Por se tratar de gases combustíveis, um vazamento na instalação poderá ocasionar uma explosão, gerando além das perdas materiais também a possibilidade de perda de vidas.
Além disso, a WMF Solutions recomenda que também seja realizada a manutenção preventiva do aquecedor a gás. A não realização desse serviço expõe o usuário a riscos, além de afetar a eficiência e durabilidade do aparelho, podendo ocorrer a Irregularidade na combustão; Consumo de gás alterado; Superaquecimento do aparelho; Desligamento durante o uso; Falhas no acionamento; e Instabilidade na temperatura.
A falta de manutenção no equipamento também pode ser responsável por emissão de altos teores de monóxido de carbono, um gás tóxico para pessoas e animais. O escape de produtos da combustão pode acontecer sem que as pessoas percebam e gradualmente sintam: náuseas, mal estar, ardor nos olhos e na garganta, ou odores estranhos quando o aparelho está em funcionamento. São indícios graves de que algo está errado, o aparelho deve ser desligado imediatamente e um técnico deve ser acionado.
Os aquecedores a gás não poderão trabalhar sem o filtro e sua eficiência é comprovada apenas mediante as manutenções periódicas adequadas. “A manutenção preventiva avalia o aparelho e, principalmente, o estado do duto de exaustão. Realizar esta manutenção de forma periódica assegura a integridade dos moradores da residência, portanto esta não pode ser negligenciada” – finaliza Lages.
Contato das empresas
Corimec: www.corimec.com.br
Mainflame Combustion Technology: www.mainflame.com.br
WMF Solutions: www.wmfsolutions.com