Reciclagem da sucata de carros potencializa a geração de empregos
Por Cristiane Rubim
Edição Nº 113 - Novembro/Dezembro 2021 - Ano 20
O uso de matérias-primas recicláveis fica cada dia mais importante. Fomentar e formalizar a cadeia de reciclagem potencializa a geração de empregos
O uso de matérias-primas recicláveis fica cada dia mais importante. Fomentar e formalizar a cadeia de reciclagem potencializa a geração de empregos. A Gerdau está dando exemplo. A empresa transforma, anualmente, 11 milhões de toneladas de sucata em aço. Esses números posicionam a empresa como a maior recicladora da América Latina. Na Gerdau, esses milhares de toneladas de sucata ferrosa são transformadas em novos produtos todos os dias. Além disso, o uso de sucata ferrosa como matéria-prima tem efeitos positivos na mitigação das mudanças climáticas porque poupa recursos naturais, reduz o consumo de energia e diminui a emissão de gases de efeito estufa.
Parceria e estratégia
Para poder desenvolver este trabalho, a empresa mantém parcerias com órgãos regionais de trânsito para reciclar veículos abandonados ou descartados. Além disso, vem aprofundando sua estratégia no varejo do comércio de sucata, aproximando-se dos pequenos coletores nas localidades onde atua para capilarizar sua rede de fornecedores de matéria-prima.
Os materiais enviados para parceiros responsáveis pelo processo de reciclagem são cuidadosamente desmontados, separados e condicionados, seguindo todas as exigências de cuidados com o meio ambiente. Assim, 73% de todo o aço produzido pela Gerdau tem como matéria-prima principal a sucata ferrosa.
Impactos positivos
Muitos carros acabam se deteriorando pelo longo período que permanecem expostos a intempéries. A reciclagem veicular impacta positivamente no meio ambiente e na saúde das pessoas porque garante a destinação correta de todos os materiais presentes e reduz a contaminação do solo. Além disso, diminui focos de mosquitos da dengue, chicungunha e zika que se formam quando os carros acumulam água das chuvas.
O uso de matérias-primas recicláveis no processo produtivo do aço traz diversos benefícios e reflete-se no compromisso da empresa com o desenvolvimento sustentável. Usando sucata como matéria-prima, a Gerdau reduz a demanda por recursos naturais e o consumo de energia. Além disso, minimiza a emissão de gases e diminui a quantidade de material depositado em aterros e locais inadequados.
Fluxo
Ao adquirir carros como sucata em leilões ou licitações públicas, a Gerdau estabelece importante fluxo de reciclagem veicular, que pode ser separado em quatro etapas:
Na primeira etapa, são separados os materiais não metálicos para posterior reciclagem, como fluidos, baterias, pneus, catalizadores e eletrônicos. Para fazer a reciclagem destes materiais em conformidade com a legislação ambiental local, a Gerdau conta com parceiros capacitados e licenciados. Para realizar a atividade com segurança, tanto para as pessoas quanto para o meio ambiente, a empresa utiliza um equipamento projetado especificamente para este fim, o Ecofluv. Com grande mobilidade, o Ecofluv pode ser transportado para o local onde a atividade será realizada.
Depois de retirados todos os materiais que serão reciclados, inicia-se a segunda etapa: o empacotamento. Esta fase consiste em carregar as carcaças dos veículos em uma prensa para transformá-las em pacotes de sucata.
Os pacotes são levados às usinas Gerdau, onde estão as plantas de processamento Shredder, que fazem parte da terceira etapa deste processo. As plantas Shredder têm capacidade média de processar 220 veículos por hora.
Os pacotes são completamente triturados na planta, que fornece material pronto para a quarta e última etapa, a de industrialização. Após processada, a sucata ferrosa passa pela aciaria, unidade onde o ferro é convertido em aço, e pela laminação, que gera chapas, tiras ou folhas de aço com novos perfis para as aplicações, transformando-se nos produtos finais da Gerdau.
Pneus inservíveis
Pneus que não servem mais passam por ciclo para novas utilidades
No Brasil, o ciclo sustentável do pneu funciona: 100% de todos os pneus no País são recolhidos e reaproveitados após o descarte. Após sua vida útil, o pneu pode ser reutilizado para diversos fins. Desde 1999, a Associação Nacional da Indústria de Pneumáticos (Anip) atua na realização deste objetivo. Em 2007, nasceu a Reciclanip, entidade sem fins lucrativos ligada à Anip. De 1999 até 2020, foram recolhidos e destinados de forma adequada mais de 5,6 milhões de toneladas de pneus inservíveis, o que equivale a 1,1 bilhão de pneus de carros de passeio. Desde 2001, os fabricantes nacionais investiram R$ 1,6 bilhão na coleta e destinação de pneus inservíveis. Os próximos desafios são otimizar as destinações e tornar o pneu um resíduo de valor positivo.
Destinações dos pneus inservíveis:
• Valorização energética em cimenteiras, 59%;
• Laminação, 10%;
• Pisos e gramados, artefatos de borracha e asfalto, 22%;
• Siderúrgica, 9%.
Coprocessamento
Por seu alto poder calorífico, os pneus inservíveis são usados como combustível alternativo em fornos de cimenteiras.
Artefatos
A borracha dos pneus inservíveis é transformada em tapetes para automóveis, pisos industriais e pisos para quadras poliesportivas.
Asfalto-borracha
O pó de borracha da trituração de pneus inservíveis é adicionado à massa asfáltica. O asfalto-borracha tem vida útil maior e nível de ruído menor, oferecendo maior segurança aos usuários das rodovias.
Laminação
Os pneus não radiais são cortados em lâminas para fabricar percintas de indústrias moveleiras, solas de calçados, dutos de águas pluviais etc.
Em 2020:
• Os fabricantes nacionais de pneus destinaram de forma ambiental correta 380 mil toneladas de pneus inservíveis.
O número de pneus descartados é mapeado pelo número de pneus vendidos para reposição. A meta de logística reversa de pneus exigida pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) é de nível nacional.
De 1999 até 2020:
• Foram recolhidos e destinados mais de 5,6 milhões de toneladas de pneus inservíveis, equivalente a 1,1 bilhão de pneus de carros de passeio;
• Desde 2001, os fabricantes nacionais investiram R$ 1,6 bilhão na coleta e destinação de pneus inservíveis.
Projeto
O projeto foi iniciado em 1999 com o Programa Nacional de Coleta e Destinação de Pneus Inservíveis implantado pela Anip, entidade que representa os fabricantes de pneus novos no Brasil. O Programa se ampliou para todas as regiões do País e, em 2007, os fabricantes decidiram criar a Reciclanip. As atividades atendem à Resolução 416/09, do Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama), que regulamenta a coleta e a destinação dos pneus inservíveis.
Referência
Criada com o objetivo de fortalecer ainda mais a ação executada pelo Programa, a Reciclanip desenvolve o modelo de gestão de empresas europeias aqui no Brasil com ampla experiência na coleta e destinação de pneus inservíveis. Tornou-se uma das maiores do mundo em volume de destinação de pneus insersíveis, ultrapassando até entidades europeias. Hoje se firma como referência mundial em logística reversa. Seu trabalho é comparado aos grandes programas de reciclagem do País com latas de alumínio e embalagens de defensivos agrícolas.
Metas
Conforme a Resolução 416/09, do Conama, os fabricantes e importadores de pneus devem destinar de forma ambiental correta um pneu inservível a cada pneu produzido para o mercado de reposição.
As metas são calculadas e fiscalizadas em peso. Para o cálculo de meta de peso, é aplicado um fator de desgaste de 30% sobre o peso do pneu novo:
Meta = ((P + I) - (EO + EXP))*0,7
É obrigatória para fabricantes e importadores a criação de um ponto de coleta em todas as cidades com mais de 100 mil habitantes.
Coleta
O programa da Reciclanip é desenvolvido em parcerias na maioria com prefeituras que cedem um terreno para armazenar o material. Os acordos com as prefeituras têm permitido ampliar o número de pontos de coleta de pneus em todo o País. Dado comprovado pelo Balanço Anual do Programa de Coleta e Destinação de Pneus Inservíveis. O responsável pelo ponto de coleta avisa a Reciclanip, que programa a retirada do material com transportadores homologados. A Reciclanip é a única que atua com pontos de coleta no Brasil.
• Diariamente, 90 caminhões retiram cerca de 1.250 toneladas de pneus inservíveis dos pontos de coleta;
• Além dos 1.053 municípios conveniados, a Reciclanip faz a coleta ainda em mais de cerca de 350 municípios.
Os Pontos de Coleta são locais disponibilizados e administrados pelas Prefeituras Municipais que seguem normas específicas de segurança e higiene para receber e armazenar os pneus recolhidos pelo Serviço de Limpeza Pública de revendedoras, lojas de pneus, entre outros. Além de pneus levados direto por borracheiros, recapadores, pelos próprios cidadãos etc., que também devem cumprir normas de segurança e higiene.
Por meio de convênio, a Reciclanip fica responsável por toda a gestão da logística. Desde a retirada dos pneus inservíveis do ponto de coleta até a destinação ambiental adequada em empresas licenciadas pelos órgãos ambientais competentes e homologadas pelo Ibama.
Ciclo do Pneu
Indústria → Lojas → Pontos de coleta → Coprocessamento → Destinação
Pelo aplicativo de coleta, a operação é vista em tempo real e a comunicação entre os Pontos de Coleta, o Transportador e a Reciclanip
fica ágil.
Empresas associadas da Reciclanip no ciclo sustentável do pneu: Bridgestone, Pirelli, Dunlop, Goodyear, Maggion, Michelin, Titan, Tortuga, Continental e Rinaldi.
Foco
A criação da Reciclanip mostra o foco da indústria de pneumáticos brasileira nas questões ambientais e desenvolvimento sustentável, preservação da natureza e qualidade de vida. A responsabilidade compartilhada tem atribuições individualizadas e encadeadas conforme a Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS) - Lei 12.305/2010 entre fabricantes, importadores, distribuidores e comerciantes, consumidores, titulares de serviços públicos e limpeza urbana que visam à menor geração de resíduos sólidos e à redução dos impactos à saúde humana e à qualidade ambiental.
O trabalho de logística reversa da Reciclanip já recebeu diversos prêmios: Prêmio E, da Unesco em parceria com a Prefeitura do Rio de Janeiro e o Instituto E; Prêmio Fiesp, pela ação de sustentabilidade; e Prêmio Opinião Pública (POP), dos Conselhos de Relações Públicas, pela conscientização sobre como recolher e destinar de forma adequada os pneus inservíveis.
Contato das empresas
Gerdau: www.gerdau.com.br
Reciclanip: www.reciclanip.org.br