Com o aumento constante da gasolina no País, muitos motoristas de veículos leves estão fazendo a conversão de equipamentos para poder rodar com outro tipo de combustível mais barato, como o Gás Natural Veicular (GNV). No caso de veículos pesados, não vale a pena fazer a conversão de combustível. “Apesar de existir a conversão de combustível de veículos pesados, em questão de economia não faz sentido a aplicação, pois o diesel é mais econômico, e a conversão é ainda muito custosa e não compensa fazê-la” – afirma Cesar Souza, gerente de desenvolvimento de negócios da Parker Hannifin.

Filtros diferentes
Os filtros de combustível protegem o sistema de injeção e o motor contra impurezas presentes no combustível. Por serem combustíveis de substâncias diferentes, os filtros para gasolina, etanol e GNV também são diferentes. De acordo com a Bosch, o material de construção dos filtros para veículos movidos a gasolina, a etanol / flex e a gás são produzidos de maneira distinta para suportar o grau de corrosão de cada combustível. 
Cada veículo deve seguir a troca de filtro de acordo com a especificação no manual da montadora. “Por isso, independentemente se o veículo está rodando com gasolina, etanol ou GNV, o tempo/km de troca do filtro deve ser respeitado” – alerta Viviane Vedovatto, responsável por trade marketing na Bosch Automotive Aftermarket. 
É preciso também ter cuidado redobrado com o filtro de combustível. “O filtro de combustível tende a saturar mais rápido, por exemplo, quando o veículo roda com álcool hidratado. Então, a troca tem que ser antecipada de acordo com manual do proprietário” – enfatiza Viviane. 

Filtros para GNV
Os filtros para GNV são iguais aos usados originalmente, não há adaptação. Todos os filtros da Tecfil são desenvolvidos de acordo com o projeto do filtro original. É extremamente importante consultar o catálogo de aplicação antes de fazer a instalação do filtro. “A Tecfil não recomenda nenhum tipo de adaptação no filtro que fuja das especificações técnicas e normas da montadora” – orienta Mateus Nascimento, consultor técnico comercial da Tecfil. 
O filtro de combustível retém as impurezas presentes no combustível para promover o perfeito funcionamento do sistema de alimentação do veículo, preservando componentes, como bicos injetores, bomba de combustível etc. “Caso não seja respeitado o período de troca do filtro de combustível, o veículo pode apresentar sintomas de perda de potência, falhas e aumento do consumo de combustível” – aponta Nascimento. Por isso, é recomendado trocar os filtros preventivamente sempre de acordo com o manual do proprietário.

Veículos pesados
Há diferenças também entre o filtro de diesel e o filtro para GNV em veículos pesados. Os filtros para GNV são utilizados para a coalescência do óleo presente no gás, além das partículas sólidas. “Os filtros são diferentes, com construções físicas e aplicações que necessitam de tecnologias inovadoras, já que coalescem o óleo contido no gás, além de outras impurezas” – explica Marcio Cirino, gerente de marketing e vendas LATAM da Parker Hannifin. 

Os filtros diesel, em geral, possuem duas funções. O Pré-Filtro Racor, da Parker, por exemplo, é utilizado para separar a água do diesel, além das maiores partículas. O filtro final diesel faz uma filtragem mais fina porque retira as menores partículas, protegendo o sistema de injeção. “A combinação destes dois filtros leva ao sistema de injeção um diesel com baixa quantidade de água e baixíssima quantidade de partículas” – esclarece Marcio Cirino.

Migração para GNV
Segundo informações da Secretaria Nacional de Trânsito (Senatran), o número de veículos alterados para GNV vem dobrando: até setembro deste ano, mais de 160 mil veículos fizeram a conversão. A economia com o GNV varia de 40% a 60% sobre a gasolina. Dados da People Interactive, citados pelo UOL Carros, apontam que a média de consumo de veículos com etanol é de 7 km/litro; a gasolina, 10 km/litro; e com GNV, 14 km/m³. Depende ainda de quanto o carro roda e do modelo do automóvel. O metro cúbico do GNV pode custar de 30% a 50% menos que o litro da gasolina. 
GNV é viável para quem utiliza muito o carro. Para convertê-lo, é preciso instalar módulo eletrônico, cilindro, suporte e regularizar os documentos. O GNV precisa ser instalado em oficina credenciada e passar por vistoria em um dos Organismos de Inspeção Acreditado (OIAs) cadastrados pelo Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia (Inmetro). 

Regularização
Em 2021, o Detran de São Paulo registrou 102% de aumento nos pedidos de mudança na documentação para GNV. É preciso regularizá-la porque esse tipo de combustível não é do projeto original do carro. Ir primeiro a um OIA para validar a colocação do cilindro no automóvel, fazer a vistoria e obter o Certificado de Segurança Veicular (CSV). 
Após obter o CSV, dirigir-se ao Detran do Estado para alterar as características do veículo e incluí-las no Certificado de Registro Veicular (CRV), documento emitido na troca de propriedade ou compra do veículo, porque a conversão exige nova emissão do CRV. Quanto ao Selo GNV, é de porte obrigatório e deve ser atualizado todo ano. Antes da renovação anual do documento veicular, o dono do automóvel precisa ir ao OIA fazer a revisão periódica do kit e passar por inspeção anual obrigatória e requalificação do cilindro a cada cinco anos.  
É preciso alterar a apólice de seguro também, segundo a Webmotors, porque, ao colocar GNV, agrega-se valor ao veículo e o seguro fica 5% até 40% mais caro, conforme o modelo, perfil do cliente, tipo de cobertura e contrato com a seguradora. Se a regularização não for feita, pode-se perder direito à cobertura em caso de sinistro. Qualquer alteração mecânica no automóvel 0 km ou dentro da garantia pode implicar perda parcial ou total da cobertura de fábrica.  

Preço e ROI
O preço do GNV varia conforme com o kit. Os modelos de quinta geração que diminuem a perda de potência do motor custam 
R$ 3,5 mil e R$ 4,5 mil no Rio e em São Paulo para cilindro de 15 m³, de acordo com a Webmotors. E em média chegam até R$ 5 mil, 
conforme o UOL Carros.

O cálculo abaixo é de valores médios da gasolina comum – R$ 6,75, o litro – e do GNV – R$ 4,35 o m³ –, segundo a Agência Nacional do Petróleo (ANP) na última semana de novembro de 2021. O custo por quilômetro rodado:
Gasolina: R$ 0,54/km / GNV: R$ 0,34/km
Para calcular o retorno, foi usado orçamento de R$ 3.700 em duas lojas de São Paulo de instalação para o Onix 2018, segundo a Webmotors.
500 km/mês:
Custo mensal gasolina: R$ 270,00 / Custo mensal GNV: R$ 170,00
Retorno do investimento em 36/37 meses
1.000 km/mês:
Custo mensal gasolina: R$ 540,00 / Custo mensal GNV: R$ 340,00
Retorno do investimento em 18/19 meses
3.000 km/mês:
Custo mensal gasolina: R$ 1.620,00 / Custo mensal GNV: R$ 1.020,00
Retorno do investimento em 6/7 meses
Esses valores não levam em conta a inflação do período nem que o GNV tende a ter melhor autonomia que a gasolina. Sendo assim, a economia mensal pode ser maior, e o retorno mais rápido.
No exemplo do UOL Carros, quem circula 5 mil km/mês, se paga em três meses. Rodar 500 km/mês, o payback é longo, três anos para economizar. Andar mais de mil quilômetros/mês, a economia é de R$ 300 a R$ 350.
Alguns Estados dão descontos no IPVA para carros com GNV. No Rio de Janeiro, chega a 70%, conforme a Webmotors, que cita o exemplo de Onix LT 1.4 manual 2018 sobre seu preço médio pela Tabela Fipe de novembro de 2021:
IPVA normal: R$ 2.092,00 / IPVA com GNV: R$ 630,00. 
 

Contato das empresas
Bosch: www.bosch.com.br
Parker Hannifin: www.parker.com
Tecfil: www.tecfil.com.br
 

Referências
GAMA, Paulo. Número de conversões dobra com gasolina cara. Veja quando vale a pena. UOL Carros, 22 set. 2021. Disponível em:  <https://www.uol.com.br/carros/noticias/redacao/2021/09/22/gnv-numero-de-conversoes-dobra-com-gasolina-cara-veja-quando-vale-a-pena.htm?>.  
MIRAGAYA, Fernando. Quanto custa colocar e manter o GNV no carro? Webmotors, 26 nov. 2021. Disponível em: <webmotors.com.br/wm1/dinheiro-e-economia/quanto-custa-colocar-o-gnv-no-carro>.