Fontes de energias sustentáveis para remediar os impactos ambientais
Por Carla Legner
Edição Nº 116 - Maio/Junho 2022 - Ano 21
Nos últimos anos, as mudanças climáticas e suas consequências causaram efeitos devastadores, e o meio ambiente pede ações urgentes. Embora os investimentos em fontes de energias renováveis ainda sejam promissores
Nos últimos anos, as mudanças climáticas e suas consequências causaram efeitos devastadores, e o meio ambiente pede ações urgentes. Embora os investimentos em fontes de energias renováveis ainda sejam promissores, há motivos para acreditar que é possível remediar esses impactos através do seu uso. Atualmente, mais de 80% da energia gerada no Brasil vem de fontes renováveis.
De acordo com Gustavo Xavier, representante da HCC Energia Solar, são consideradas fontes de energias sustentáveis todas as formas possíveis de transformar a energia que a natureza oferece em energia para facilitar as nossas tarefas do dia-a-dia, como a irradiação solar, fluxos de ar em movimento, desníveis de quedas d’água, fontes termais de regiões vulcânicas, ou seja, não destruindo ou prejudicando a natureza.
“A energia solar sem dúvida é, hoje, a fonte de energia renovável mais acessível financeiramente e que mais se adapta as mais variáveis situações no cenário humano, basicamente podemos transformar a irradiação solar (fonte de energia gratuita vindo da nossa estrela mais próxima por ainda alguns milhões de anos) captada pelos módulos fotovoltaicos que conseguem gerar corrente contínua através de diferença de potencias dentro das células fotovoltaicas” – destaca Xavier.
Essa eletricidade por sequência será transformada em corrente contínua por meio de um inversor e finalmente podendo ser utilizada em aparelhos eletrônicos de uso em áreas de lazer e domésticos, chegando ao nível de ser a fonte de energia para veículos de carga. Ou seja, a versatilidade dessa tecnologia permite ter desde pequenas e micro usinas instaladas sobre telhados residenciais, até mesmo grandes usinas em áreas rurais com a finalidade de abastecer cidades inteiras.
Além da solar, são exemplos de fontes renováveis: hídrica (energia da água dos rios), eólica (energia do vento), biomassa (energia de matéria orgânica), geotérmica (energia do interior da Terra) e oceânica (energia das marés e das ondas), entre outras.
Apesar de consideradas inesgotáveis, algumas dessas fontes apresentam variação na geração de energia elétrica ao longo do dia ou do ano, como é o caso da eólica, que não é usada quando não há ventos e a energia solar, à noite. No caso da fonte hídrica, podem ocorrer estiagens ou seca.
Nesse sentido, para Xavier, a utilização isolada de uma única fonte de energia não é o caminho ideal, o melhor cenário é variar todas as formas e inclusive sair um pouco da caixinha em alguns momentos e até pensar em como armazenar a energia sobressalente para a utilização em momentos onde essa não é tão generosa.
“Se pensarmos um pouco além das baterias com base metálicas, podemos armazenar energia em desníveis de contenção de água, ar comprimido em cilindros, basta ponderarmos de forma diferente sem nos preocuparmos com os paradigmas existentes” – afirma.
Há muitas alternativas
Ao redor do mundo existem diversas fontes de energia. A energia hidrelétrica, por exemplo, é produzida pela força da água. Nesse processo, as estruturas das usinas hidrelétricas utilizam a água armazenada pelas barragens como recurso para a movimentação de turbinas para transformar em energia elétrica. O funcionamento das hidrelétricas envolve a construção de barragens, força e linhas de transmissão.
A principal vantagem da energia hidrelétrica é a utilização da água, ou seja, um recurso natural renovável. Além disso, as usinas hidrelétricas têm baixo custo de produção, quando se compara às demais fontes de energia.
A Energia eólica, por sua vez, é a energia cinética proveniente da força de massas de ar em movimento (ventos), que é captada pelas turbinas dos aerogeradores e convertida em eletricidade. A tecnologia produz energia limpa, que permite reduzir as emissões de gases poluentes da queima de combustíveis fósseis. Atualmente lidera a expansão das fontes de energia renováveis mundial junto com a solar fotovoltaica.
No Brasil, onde as condições são favoráveis para esse tipo de geração, a capacidade instalada de projetos eólicos segue em crescimento desde 2005. Segundo os dados da Associação Brasileira de Energia Eólica (ABEEólica), o país encerrou 2020 com 17,74 GW de potência operacional por aerogeradores, comprovando mais uma vez que a energia eólica é a segunda maior fonte na matriz elétrica brasileira.
Destacamos ainda a biomassa em usinas termelétricas. Sua utilização vem se tornando cada vez maior e está sendo usada para atingir áreas não contempladas pela rede elétrica de abastecimento, como comunidades rurais isoladas.
O uso de sistemas de cogeração, que conciliam a geração de energia elétrica através da biomassa à produção de calor, aumentando a eficiência energética dos sistemas de produção, passou também a ser cada vez mais comum.
É importante destacar que é considerada Biomassa toda matéria orgânica, de origem vegetal ou animal, utilizada na produção de energia. Ela é obtida através da decomposição de uma variedade de recursos renováveis, como plantas, madeira, resíduos agrícolas, restos de alimentos, excrementos e até do lixo (carvão, lenha, bagaço de cana-de-açúcar).
Podem ser classificadas como: vegetais lenhosos (madeiras), vegetais não lenhosos (sacarídeos, celulósicos, amiláceos e aquáticos), resíduos orgânicos (agrícolas, industriais, urbanos) e biofluidos (óleos vegetais). As opções de conversão da biomassa são várias, e por isso, é possível obter uma variedade de biocombustíveis como o etanol, o metanol, o biodiesel e o biogás (gás natural).
A energia geotérmica é obtida por meio do calor do interior da Terra. Sua geração se dá por meio do magma, uma formação rochosa que pode alcançar 6 mil ºC e que esquenta a água. Através de usinas são direcionados para reservatórios geotérmicos e destes para as turbinas, que por sua vez produzem a eletricidade.
Por emitir menos gases poluentes responsáveis pelo efeito estufa e aquecimento global, como o dióxido de carbono, essa não queima combustíveis fósseis e por isso gera menos impacto ambiental. Nesse sentido, pode ser considerada uma fonte alternativa de energia para substituir as usinas termelétricas, por exemplo. Além disso, embora haja a perfuração do solo, a geração desse tipo de energia não prejudica a natureza.
Infelizmente, a energia geotérmica no Brasil ainda é utilizada apenas para lazer e turismo, com as famosas águas termais de Poços de Caldas (MG) e Caldas Novas (GO). Essas cidades usam essa fonte de energia para aquecer a água por meio do processo chamado de geotermia. Vale ressaltar que os métodos de perfuração estão em desenvolvimento em todo o mundo, a fim de que se torne uma fonte de energia com ampla participação dentre as demais fontes utilizadas.
Por fim, temos a energia oceânica. Trata-se de uma alternativa com uma grande projeção do futuro, isso porque, 70% do planeta é formado por água e, destes, 97% vem de mares e oceanos. Essa eletricidade gerada pela conversão da energia cinética do movimento de oscilação no nível das águas oceânicas recebe o nome de maremotriz.
Nesse caso, a geração é por meio das correntes que são causadas pelas marés. Comumente advinda do funcionamento de barragens e de turbinas, que se assemelham às turbinas eólicas, porém com as hélices posicionadas na porção inferior do mastro, ou seja, abaixo da superfície do mar.
O sistema formado pela barragem realiza o represamento da água e, por esse motivo, costuma ser construído em áreas de baías, enseadas ou reentrâncias do mar no litoral, formando uma espécie de bacia, onde o controle do fluxo é feito por meio de comportas. A água é armazenada quando há um aumento no nível do mar. Quando a maré abaixa, por sua vez, a água é liberada e obrigatoriamente passa pelas turbinas instaladas na porção inferior das barragens.
No sistema de turbinas, essas estruturas são fixadas na camada de areia que recobre o fundo do mar. A corrente provocada pela alteração no nível da água é a responsável por movimentar as hélices das turbinas, que, consequentemente vai ativar o gerador, onde é alcançada a conversão da energia cinética em energia elétrica.
“O mundo mudou e precisamos mudar também. A utilização de derivados de petróleo para geração de energia teve sim a sua importância, basta procuramos nos livros de história, mas agora a realidade é outra, sabemos que esse combustível está se esgotando e precisamos ainda do petróleo para outros fins (polímeros), portanto, temos sim que pensar nessas novas fontes e sem dúvidas alguma temos que colocar na balança até que ponto compensa, e se compensa, continuarmos injetando gás carbônico na nossa atmosfera” – enfatiza Xavier.
Podemos remediar os impactos
Anualmente, a Statkraft, empresa líder em energia hidrelétrica internacionalmente e grande geradora de energia renovável da Europa, desenvolve um relatório internacional, o Statkraft Baixas Emissões (em inglês Low Emissions Scenario), com o intuito de trazer um cenário atual sobre o tema e, consequentemente, pensando em tendências do mercado global para investimentos futuros.
Este ano, a 6ª edição do relatório indica que a energia renovável já é, na maioria dos lugares, mais barata do que os combustíveis fósseis. As tecnologias solar e eólica superam as atuais usinas de carvão e gás em cada vez mais lugares e os custos estão em tendência de declínio.
E mais, é possível destacar um aumento dos empregos no setor de renováveis. De acordo com dados da Agência Internacional de Energia Renovável (IRENA), em 2019, o setor de energia renovável empregou 11,5 milhões de pessoas. A fato é que, desde 2012, os empregos continuam crescendo mundialmente, o que comprova que cada vez mais há a preocupação com a importância da geração de energia proveniente de fontes limpas.
Outro ponto que reforça as iniciativas globais na redução de emissões de CO2 é o crescimento das fontes eólicas e solar não somente no Brasil, mas também em outros países. Segundo aponta estudo, a energia solar será a maior fonte de energia do mundo em 2035. O relatório ainda destaca que mundialmente, em 2050, 80% da geração de energia virá de fontes renováveis.
As energias solar e eólica fornecerão cerca de dois terços do sistema de energia global. A demanda de energia mais do que dobrará até 2050 e todo este crescimento será coberto por energia renovável. Além disso, outra razão para acreditar é o advento do hidrogênio verde, uma molécula produzida em processo de separar o oxigênio e o hidrogênio da água, com uso de eletricidade de fontes limpas e renováveis.
Ainda segundo dados do Statkraft Baixas Emissões – Cenário 2021, cerca de 10% da demanda global de energia virá da produção de hidrogênio verde em 2050. Além disso, o hidrogênio verde desempenhará um papel fundamental na indústria e no setor de transporte pesado, substituindo a matéria-prima de hidrogênio existente e removendo emissões em indústrias nas quais a eletrificação direta é impossível ou cara, por exemplo, na indústria do aço.
Paralelo a isso e vindo de encontro com a ideia de remediar os impactos ambientais, um Estudo da Agência Internacional de Energia (IEA, em inglês), na publicação Global EV Outlook 2021, destacou que no fim de 2020, 10 milhões de carros elétricos movimentaram-se em todo o mundo. No primeiro trimestre do ano passado, em comparação com o mesmo período de 2020, impulsionadas pelas vendas na China e na Europa, houve um aumento de cerca de 140% de novos veículos.
De acordo com a Statkraft a eletrificação é a principal ferramenta para reduzir as emissões de CO2 . Segundo estudo da companhia, a participação da eletricidade na demanda energética global final mais que dobrará, atingindo 47% em 2050. O cenário de baixas emissões estima que quase todos os novos veículos mais leves serão movidos a bateria, enquanto cerca de metade dos novos veículos mais pesados funcionarão com bateria ou hidrogênio em 2050, em todo o mundo.
Nesse sentido, o estudo enfatiza quatro tendências para o mercado de Energia, com destaque para a importância da eletrificação para a redução das emissões, e a necessidade de acelerar drasticamente a transição energética com o objetivo de diminuir o aquecimento global.
Para Xavier, sem dúvidas estamos falando de um mercado promissor, mas para isso é preciso de mão de obra qualificada no Brasil e no mundo. “Um dos pontos que mais prejudica o setor de energia de energias renováveis no Brasil são as pessoas sem formação técnica que trabalham no setor fazendo muitas vezes, estruturas perigosíssimas e com isso manchando a imagem daqueles que trabalham de forma justa. Temos que lembrar que todo sistema precisa de manutenção, não existe mágica” – ressalta.
Ele destaca também que ainda precisamos da conscientização de toda sociedade. “Consciência de que nada é eterno e que podemos sim fazer uso dos 4 Rs (reciclar, reutilizar, repensar e reduzir), não só nos meios físicos, mas também nos meios intelectuais” – finaliza o representante da HCC Energia Solar.
Contato das empresas
HCC Energia Solar: www.hccenergiasolar.com.br
Statkraft: www.statkraft.com.br