Projeto da UFMG pesquisa fungos na Antártica em busca de substâncias que possam ser usadas na indústria
Por Dona Comunicação
Edição Nº 117 - Julho/Agosto 2022 - Ano 21
Com aproximadamente 14 milhões de quilômetros quadrados, território 1,6% maior do que o Brasil, a Antártica abriga, além de uma grande variedade de seres vivos, uma rica biodiversidade que poucos vêem
Com aproximadamente 14 milhões de quilômetros quadrados, território 1,6% maior do que o Brasil, a Antártica abriga, além de uma grande variedade de seres vivos, uma rica biodiversidade que poucos vêem. São fungos, bactérias, vírus e microalgas que se adaptaram para enfrentar as baixas temperaturas e têm despertado o interesse cada vez maior de pesquisadores. No Brasil, uma equipe da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), em parceria com a Fundação Oswaldo Cruz (FioCruz), tem se dedicado a estudar uma parte destes microrganismos — os fungos. A ideia é descobrir se eles contêm substâncias que possam ser empregadas na atividade industrial, em defensivos agrícolas e em novos medicamentos, como antivirais para a dengue.
Os fungos são retirados de rochas e sedimentos marinhos ao longo da Península Antártica e trazidos congelados para o Brasil. Aqui, uma equipe de 12 pessoas, orientada pelo doutor em microbiologia Luiz Henrique Rosa, coordenador do Projeto Antártica, submete o material a uma análise para saber se ele tem propriedades úteis. Os estudos na UFMG já têm alcançado resultados significativos, com a descoberta de uma levedura criada por um dos microrganismos pesquisados. Os pesquisadores acreditam que seja possível produzir a partir dela materiais sustentáveis e biocompatíveis, que possam substituir compostos industriais, como detergentes e substâncias utilizadas na produção de cosméticos.
O projeto, que desde 2013 faz a coleta anual no continente gelado (em 2020 e 2021 as viagens foram interrompidas por conta da pandemia) possui a maior coleção de fungos da Antártica do mundo, com cerca de 8 mil espécies. “Considerando a diversidade e ecologia dos fungos residentes nos diferentes ambientes da Antártica e, principalmente, sua capacidade de produção de diversos metabólitos, é importante que mais estudos sejam conduzidos nos ambientes antárticos para ampliar o conhecimento sobre as comunidades residentes, identificando enzimas, biossurfactantes e metabólitos com aplicações biotecnológicas”, afirma Lauren Machado Drumond, Mestre em Microbiologia pela UFMG, com foco na Diversidade e Bioprospecção de Fungos.
No ponto extremo do planeta, é importante que o projeto disponha de equipamentos e consumíveis robustos, que requeiram pouca manutenção. “É o que chamamos de qualidade alemã. São anos e anos de estudo e investimentos para que um equipamento seja lançado. Além disso, temos a preocupação de garantir a menor carga ambiental possível em todos os processos de fabricação”, garante Adriana Machado, gerente de Marketing da Eppendorf para a América Latina. A Eppendorf é a empresa responsável por boa parte dos equipamentos utilizados na Estação Comandante Ferraz, na Antártica, e nos laboratórios de pesquisa no Brasil.
Nos próximos meses, uma nova expedição seguirá, de navio, para o gelo polar. Na bagagem, expectativas em alta e avanços promissores.
Fonte: Dona Comunicação