O Segredo Dos Filtros Na Produção Da Cerveja
Por Alexandre De Aquino
Edição Nº 51 - Julho/Agosto de 2011 - Ano 10
Muitos brasileiros apreciam uma boa cerveja. Seja no happy hour de sexta-feira, após o trabalho, ou então em um dia de muito calor.

Muitos brasileiros apreciam uma boa cerveja. Seja no happy hour de sexta-feira, após o trabalho, ou então em um dia de muito calor. Com sol na praia, beber aquela famosa geladinha para aliviar a tensão e o estresse causados pelo dia a dia sempre cai bem. A escolha do produto faz sentido, afinal, nosso País tem se mostrado cada vez mais dedicado ao mercado cervejeiro.
Atualmente, segundo o Sindicato Nacional da Indústria de Cerveja (Sindicerv), o Brasil é o nono maior consumidor do produto no mundo, bebendo por ano, em média, 47 litros per capita. A República Checa, líder no ranking, registra o consumo de 158 litros por habitante ao ano.
Os números impressionam ainda mais quando o assunto é produção. Neste quesito, o Brasil já ocupa o quarto lugar entre os maiores fabricantes de cerveja do globo, com um volume anual de cerca de 10,3 bilhões de litros. Estão à sua frente como os grandes fabricantes apenas os chineses, que atingem a marca de 35 bilhões de litros por ano, seguidos por EUA, com 23 bilhões, e Alemanha, com 10,7 bilhões.
Tanto mercado chama a atenção daqueles que querem investir no setor ou estar sempre bem informados das novas tecnologias que surgem. De 5 a 7 de julho, acontece no Transamérica Expo Center, em São Paulo, a Brasil Brau, uma feira especializada no ramo cervejeiro. Para participar do evento, não há necessidade de pré-credenciamento. Será preciso apenas apresentar na entrada um documento (como cartão de visita, crachá da empresa) que comprove que o visitante trabalha no setor. Quem não for da área e quiser participar, não precisa se preocupar. Desembolsando R$ 30,00, qualquer pessoa terá acesso à feira, que este ano trará algumas novidades.
A principal delas é o Degusta Beer que, segundo Fabiana Sardinha, gerente da Fagga GL events e responsável pela organização do evento, tornou-se um sucesso porque dá ao público a chance única de experimentar os produtos e se antecipar às novidades do mercado. "O Degusta Beer foi concebido para proporcionar a aproximação entre expositor e público", afirma Fabiana.
"O resultado que temos obtido não é apenas a geração de novos negócios como a consolidação das marcas dessas empresas, mas o alto valor agregado na lembrança daqueles que visitam a feira", acrescenta. "Como em qualquer ambiente de negócios, é importante que os interessados possam experimentar produtos, principalmente as novidades de um mercado como o de microcervejarias e cervejas especiais", finaliza.

Um dos pontos que certamente será abordado é a filtração. Este procedimento está presente durante todo o processo de fabricação da cerveja e tem como objetivo primário a eliminação de turvações, levedura, resinas de lúpulo, ligações tanino-protéicas; eliminação de microrganismos, bactérias e redução ou extinção de substâncias que podem levar a uma turvação, como proteínas e polifenóis.
Uma má filtrabilidade traz consigo algumas desvantagens, como por exemplo, o elevado consumo de água, energia e elementos auxiliares de filtração e riscos microbiológicos. O primeiro processo de filtração começa na água que será usada para se misturar ao restante do produto. A empresa Tech Filter abrange no mercado aplicações para filtração e tratamento de água utilizada na indústria de cerveja e bebidas. Entre os principais filtros utilizados estão os decloradores em aço inox (padrão sanitário) e filtros polidores com elementos nominais e absolutos.
"Na água de produção da cerveja, pode-se utilizar sistemas de ultrafiltração. Este, por sua vez, substitui um processo de tratamento convencional (Fisico Químico/ Decantação) e propicia uma qualidade final muito superior", garante o gerente geral da Tech Filter, Fernando Damasceno. "Além do mais, o sistema é totalmente automático", observa. "Outro ponto bastante importante é a área de ocupação do sistema, que comparada a um sistema convencional, pode ser reduzida em até 80%", explica.
Passado esse processo vem a filtração da cerveja propriamente dita. A aplicação das técnicas de filtração varia de acordo com cada empresa. Existem vários métodos a serem utilizados. Entre os principais filtros estão os de placas horizontais, os de cartucho e o de membrana, este considerado o mais moderno. O avanço contínuo de novas aplicações com base neste último filtro citado e o desenvolvimento de membranas de melhor qualidade e mais duradouras, oferecem novas perspectivas nesta área.
"A filtração por membrana é uma técnica que utiliza uma barreira física, sob a forma de membrana porosa ou filtro, para separar as partículas num fluido. Essas partículas são separadas com base no seu tamanho e forma, utilizando, para tal, o efeito da pressão e membranas especialmente desenhadas para o processo, apresentando poros com diferentes diâmetros", afirma o suíço Patrik Gruber, um dos diretores da Pall, que ao lado da Gea West Falia fabricam em conjunto um filtro para abastecer o mercado. Entre os seus principais clientes está a Ambev.
"Embora haja diferentes métodos de filtração por membrana (osmose inversa, nano filtração, ultrafiltração e microfiltração, em ordem crescente relativamente ao diâmetro dos poros da membrana), todos eles pretendem a separação ou concentração de substâncias em um líquido", ressalta.
A aplicação desta técnica de filtração oferece uma ampla gama de vantagens tanto para o consumidor como para o produtor. Por um lado, a tecnologia de filtração representa uma forma eficaz de conseguir uma qualidade superior e uma maior segurança, sem por em causa as propriedades sensoriais essenciais do produto. Ela elimina os ingredientes indesejáveis, tais como os microrganismos, borras ou sedimentos, que têm um impacto negativo na qualidade, garantindo assim um produto final mais atrativo no que diz respeito à textura, e com maior tempo de prateleira.
Além disso, encurta algumas fases de produção e aumenta o rendimento; apresenta um elevado grau de seletividade; aumenta o nível de controle sobre o processo produtivo e tem baixos custos energéticos. Desde que a tecnologia de filtração por membranas passou a ser utilizada como um substituto para filtros de diatomáceas, os cervejeiros já não têm que trabalhar com sílicas poluentes, que acabam sendo prejudiciais para a saúde.


