Filtros De Ar Ajudam A Saúde Do Planeta
Por Alexandre De Aquino
Edição Nº 52 - Setembro/Outubro de 2011 - Ano 10
Um ar puro, límpido e que não prejudique de forma alguma tanto a saúde humana, quanto a do planeta. Este é o sonho de todos aqueles que de alguma maneira criam mecanismos e lutam integralmente para a purificação do ar.
Indústrias preocupadas apenas com seus lucros esquecem que a Constituição Federal determina que "todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações." No entanto, na prática, passamos a esquecer tanto de nós mesmos na atualidade, quanto das nossas futuras gerações.
É bem verdade que simplesmente fenômenos naturais como incêndios florestais de origem natural, metabolismo de plantas e animais e tempestades de areia por si só já contribuam para a poluição do ar. No entanto, agravamos o processo ainda mais com a emissão descontrolada de poluentes na atmosfera.
As atividades humanas como a indústria, os transportes, o aumento da população e a sua concentração em grandes cidades nos trouxe um problema. Nos colocou frente à enfermidade que fomos proporcionando ao nosso planeta e à espécie humana em geral.
Vimos durante anos empresas agredindo a camada de ozônio com poluentes químicos. Entre eles, o mais comum, está o Dióxido de carbono (CO2), que é lançado na atmosfera através de combustíveis fósseis (petróleo, gás natural e carvão) e também por plantas e animais. Outro gás muito comum e também ruim para a nossa atmosfera é o monóxido de carbono (CO) proveniente, essencialmente, de motores de combustão interna. Já o óxido nítrico e o dióxido de azoto são poluentes frequentemente designados por óxidos de azoto (NOx). Eles podem ter sua origem natural como, por exemplo, na emissão direta pela ação microbiana do solo, ou uma origem antropogénica que seria com a combustão do carvão, da gasolina, da utilização de automóveis e transportes aéreos, além de indústrias e centrais termoelétricas.
Entre os principais problemas de saúde para a espécie humana causados por poluentes no ar estão a dificuldade em respirar, pequenas alterações fisiológicas e bioquímicas, até tosse e agravamento de condições cardíacas ou respiratórias. Os efeitos da poluição do ar na saúde são abrangentes, mas afetam principalmente os sistemas respiratório e cardíaco.
Depois de perceber todos estes problemas, nosso planeta agora caminha a passos ainda vagarosos e tenta resolver esta questão. Criou leis para proteger o Meio Ambiente e soluções para tentar deixar o ar que respiramos melhor. Boa parte deste avanço devemos aos sistemas de filtração do ar que são regidos pela norma ABNT NBR16401, que tem como função principal regulamentar a criação e o bom uso dos sistemas de filtração.
"A Camfil Farr prima pela obediência às normas do setor, tanto que é uma das empresas que mais ap-óia e incentiva a produção de normativas em todo o mundo, e aqui no Brasil isso se dá pelo fato de participarmos ativamente da Comissão de Estudos Especiais Nº 138, que trata das normas de Equipamentos para limpeza do ar e outros gases, e se reúne toda primeira 3ª feira do mês, das 9h as 12h30 na Abrava, em São Paulo, SP", afirma Edmilson Alves, da Camfil Farr. "Em relação às normas em vigor, a maior de todas é a resolução nº3 do CONAMA, Conselho Nacional do Meio Ambiente, de 28 de junho de 1990", completa.
Um sistema de filtração de ar tem como objetivo básico limpar, purificar e reduzir o número total de partículas e impurezas presentes em uma fonte de ar. Como qualquer sistema de filtragem, esta categoria abrange uma gama extremamente ampla e diversificada de equipamentos para filtração. "Praticamente todos os filtros de ar de baixa pressão (tomadas de ar) têm impacto direto na descarga de ar para a atmosfera, porém, existem filtros específicos para isso, como nossos modelos de Air Pollution Control (APC) Gold Series - onde nosso lema é ‘parece um cofre porque é construído como um cofre’ para garantir que as partículas sejam retidas", afirma Edmilson. "Esse produto existe em diversas aplicações, sendo as mais comuns nas áreas de jateamento, farmacêuticas, corte a laser etc. Em indústria farmacêutica e nuclear, temos também as caixas de trocas segura Bag In Bag Out, que também são para destinação na atmosfera", salienta. "Existem diversos tipos de filtros para várias necessidades; desde um simples par de cartuchos (na indústria de jateamento e processamento de madeira, por exemplo) a até unidades com conceitos de troca segura (BAG-IN/BAG-OUT), usados na indústria farmacêutica", completa.
Em cada caso deverá ser aplicado um tipo de filtro. Isto depende da necessidade de cada setor. "Os menos eficientes G3, G4 pegam as grandes partículas de poeira e são, em geral, mantas planas, mas em alguns casos, como aeroportos, se recomenda dois estágios de filtragem começando com um G3 e depois um F6. A diferença é que tipo de partícula ou microorganismo se quer evitar que adentrem o sistema", garante Celso Simões Alexandre, presidente da Trox América Latina. "O filtro de melhor resultado é o que retem ao menor custo possível e com a menor perda de carga (olho no consumo elétrico do ventilador que tem de criar condições para o ar "vencer" a resistência do filtro) os contaminantes que se quer deixar do lado de fora da instalação", observa. "Imagino que o de melhor resultado será também o mais útil. O custo do filtro não é só o seu valor inicial, mas quanto tempo ele dura e faz a função para que foi selecionado, mais os custos de energia elétrica associada, mais os custos de trocar o filtro (mão de obra, custo da hora parada da instalação", salienta.
O que se sabe, no entanto, é que os agentes poluentes do ar podem desencadear reações alérgicas sérias em humanos e animais, bem como promover a disseminação de doenças transmitidas pelo ar e entupir aparelhos eletrônicos ou mecânicos, gerando a redução de produtividade ou mesmo falha do equipamento em casos extremos. O uso de um sistema de filtragem de grande precisão, tais como filtros de partículas de ar de alta eficiência (HEPA) e os ultrafiltros de ar de baixa de partículas (ULPA), removem as partículas tão pequenas quanto 0,3 nanômetros.
A maioria dos sistemas utiliza um ventilador eletrônico que empurra ou puxa o ar através de um filtro, ou de vários filtros. Os agentes contaminantes e as impurezas como mofo, poeira, pólen, pó metálico, bactérias, gases e produtos químicos podem ser recolhidos para reciclagem ou disposição adequada conforme necessário, enquanto o ar é devolvido à circulação na atmosfera.
Alguns tipos específicos de filtros de ar incluem filtros de mangas, filtros de caixa, filtros do ventilador, painel e filtros de cartucho. Cada tipo usa algum tipo de meio filtrante. Como o ar ou o gás passa através do filtro, uma esteira retém as impurezas e elas ficam presas ou, em alguns casos, são dissolvidas por reações químicas. "Hoje, nessa área, existem filtros de mangas e cartuchos; cada um tem sua aplicação, porém, o cartucho ocupa menos espaço e tem maior possibilidade de controle, além de maior capacidade de acumulação de pó e possibilidade de troca segura, o que atualmente lhe dá vantagem nas indústrias; porém, ainda se usam mangas", conta Edmilson.
Os principais materiais utilizados na confecção dos filtros mencionados incluem carbono, acrílica ativada, fio de alumínio, tela eletrostática, fibra de vidro, papel, espuma de poliuretano, poliéster, algodão e materiais não tecidos. Na hora da fabricação, algumas considerações mais comuns incluem a porosidade, a eficiência, a vazão, comprimento do filtro, queda de pressão e a quantidade de dobras.
Cada filtro pode ser usado sozinho ou em conjunto com outro para que a purificação do ar se torne ideal. Enquanto alguns filtros são reutilizáveis através de lavagens repetidas, outros são projetados para uso limitado seguido por substituição. Celso Simões Alexandre explica como funcionam estes filtros: "Os mecanismos de retenção dos filtros usados em instalações usuais se baseiam no princípio de que as partículas de poeira que passam nos filtros pelo seu tamanho, peso ou trajetória se chocam com as fibras do filtro e estas, como têm um adesivo, as retêm." Edmilson Alves, da Camfil Farr, salienta: "O conceito é simples: o pó vem em concentração alta e alta velocidade, se choca contra os filtros cartuchos (montados na vertical para melhor aproveitamento da gravidade) onde acaba retido; esse pó retido leva a perda de pressão provocada pelos filtros a aumentar, e isso dispara um alarme ao sistema eletrônico de que é necessário descarregar esse pó no equipamento."
"Esse alarme manda sinal a um conjunto de válvulas solenóides que, por sua vez, estão ligadas a um sistema de acumulação de ar pressurizado entre 4 a 6 bar, com tubos projetados para disparar um jato dentro do cartucho (jato pulsante ou pulse Jet) que o leve a remover as partículas retidas no filtro e, com isso, lançá-las para o fundo do equipamento, onde são coletadas. O ar então fica dentro das especificações de concentração de partículas e é lançado na atmosfera", finaliza.
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A Anvisa lançou em 24 de outubro de 2000 a Resolução nº 176, um estudo sobre as principais fontes de poluentes do ar em ambientes interiores e suas principais medidas de correção. Acompanhe abaixo o estudo.
Bactérias. Reservatórios com água estagnada, torres de resfriamento, bandejas de condensado, desumidificadores, umidificadores, serpentinas de condicionadores de ar e superfícies úmidas e quentes. Realizar a limpeza e a conservação das torres de resfriamento; higienizar os reservatórios e bandejas de condensado ou manter tratamento contínuo para eliminar as fontes; eliminar as infiltrações; higienizar as superfícies.
Fungos. Ambientes úmidos e demais fontes de multiplicação fúngica, como materiais porosos orgânicos úmidos, forros, paredes e isolamentos úmidos; ar externo, interior de condicionadores e dutos sem manutenção, vasos de terra com plantas. Corrigir a umidade ambiental; manter sob controle rígido vazamentos, infiltrações e condensação de água; higienizar os ambientes e componentes do sistema de climatização ou manter tratamento contínuo para eliminar as fontes; eliminar materiais porosos contaminados; eliminar ou restringir vazos de plantas com cultivo em terra ou substituir pelo cultivo em água (hidroponia); utilizar filtros G-1 na renovação do ar externo.
Vírus. Hospedeiro humano. Adequar o número de ocupantes por m2 de área com aumento da renovação de ar; evitar a presença de pessoas infectadas nos ambientes climatizados.
Algas. Torres de resfriamento e bandejas de condensado. Higienizar os reservatórios e bandejas de condensado ou manter tratamento contínuo para eliminar as fontes.
Pólen. Ar externo. Manter filtragem de acordo com NBR-6401 da ABNT.
Artrópodes. Poeira caseira. Higienizar as superfícies fixas e mobiliário, especialmente os revestidos com tecido e tapetes; restringir ou eliminar o uso desses revestimentos.
Animais. Roedores, morcegos e aves. Restringir o acesso, controlar os roedores, os morcegos, ninhos de aves e respectivos excrementos.
CO. Combustão (cigarros, queimadores de fogões e veículos automotores). Manter a captação de ar exterior com baixa concentração de poluentes; restringir as fontes de combustão; manter a exaustão em áreas em que ocorre combustão; eliminar a infiltração de CO proveniente de fontes externas; restringir o tabagismo em áreas fechadas.
CO2. Produtos de metabolismo humano e combustão. Aumentar a renovação de ar externo; restringir as fontes de combustão e o tabagismo em áreas fechadas; eliminar a infiltração de fontes externas.
NO2. Combustão. Restringir as fontes de combustão; manter a exaustão em áreas em que ocorre combustão; impedir a infiltração de NO2 proveniente de fontes externas; restringir o tabagismo em áreas fechadas.
O3. Máquinas copiadoras e impressoras a laser. Adotar medidas específicas para reduzir a contaminação dos ambientes interiores, com exaustão do ambiente ou enclausuramento em locais exclusivos para os equipamentos que apresentem grande capacidade de produção de O3.
Formaldeído. Material de acabamento, mobiliário, cola, produtos de limpeza domissanitários. Selecionar os materiais de construção, acabamento e mobiliário que possuam ou emitam menos formaldeído; usar produtos domissanitários que não contenham formaldeído.
Material particulado. Poeira e fibras. Manter filtragem de acordo com NBR-6402 da ABNT; evitar isolamento termo-acústico que possa emitir fibras minerais, orgânicas ou sintéticas para o ambiente climatizado; reduzir as fontes internas e externas; higienizar as superfícies fixas e mobiliários sem o uso de vassouras, escovas ou espanadores; selecionar os materiais de construção e acabamento com menor porosidade; adotar medidas específicas para reduzir a contaminação dos ambientes interiores (vide biológicos); restringir o tabagismo em áreas fechadas.
Fumo de tabaco. Queima de cigarro, charuto, cachimbo, etc. Aumentar a quantidade de ar externo admitido para renovação e/ou exaustão dos poluentes; restringir o tabagismo em áreas fechadas.
COV (Compostos Orgânicos Voláteis). Cera, mobiliário, produtos usados em limpeza e domissanitários, solventes, materiais de revestimento, tintas, colas, etc. Selecionar os materiais de construção, acabamento, mobiliário; usar produtos de limpeza e domissanitários que não contenham COV ou que não apresentem alta taxa de volatilização e toxicidade.
COS-V (Compostos Orgânicos Semi-Voláteis). Queima de combustíveis e utilização de pesticidas. Eliminar a contaminação por fontes pesticidas, inseticidas e a queima de combustíveis; manter a captação de ar exterior afastada de poluentes.
Os poluentes indicados são aqueles de maior ocorrência nos ambiente de interior, de efeitos conhecidos na saúde humana e de mais fácil detecção pela estrutura laboratorial existente no país. Outros poluentes que venham a ser considerados importantes serão incorporados aos indicados, desde que atendam ao disposto no parágrafo anterior.