Dispositivos avaliam performance e otimizam filtros manga
Por Cristiane Rubim
Edição Nº 122 - Maio/Junho 2023 - Ano 22
Existem vários modelos de filtros manga disponíveis no mercado para utilização nos processos industriais. Cada modelo dispõe de automação, coleta de dados e conectividades distintas.
Existem vários modelos de filtros manga disponíveis no mercado para utilização nos processos industriais. Cada modelo dispõe de automação, coleta de dados e conectividades distintas. “Os dispositivos presentes nos filtros manga permitem avaliar a performance dos filtros e otimizar o uso dos equipamentos. É possível ainda definir os melhores materiais para constituir o meio filtrante usado na fabricação das mangas” – destaca Eder Raksa, gerente de produtos da Processo Industrial.
Os filtros de manga são automatizados por Controlador Lógico Programável (CLP) e os sensores indicam os ciclos de uso dos filtros. “Os sensores enviam avisos ao painel de controle e smartphone sobre os dados relativos ao uso dos filtros e mostram quando é preciso fazer as trocas e as manutenções preventivas. Evitam também a manutenção corretiva, que causa atrasos e complicações na linha de produção” – menciona Edson Plauth Binello, diretor técnico da Eitec do Brasil.
Existem filtros com utilização mais severa e alta quantidade de mangas. “Os sensores IoT auxiliam o corpo técnico nas manutenções e correções, gerando previsibilidade em falhas, reduzindo e eliminando paradas indesejadas” – diz Edson Plauth Binello.
Binello cita dados que podem ser coletados e processados para otimizar o sistema:
• Pressão de entrada e de saída;
• Fluxo de ar na saída;
• Tempo de uso do filtro em filtragem, propiciando previsibilidade na troca das mangas e nas manutenções preventivas;
• Vida útil dos sistemas de limpeza, válvulas diafragma, unidirecionais ou roscas;
• Entupimento de mangas e setores de filtragem;
• Controle de exaustor conforme demanda de uso para coletas de particulados em vários pontos de fábrica. O exaustor se autoajusta e reduz a rotação, caso algum ponto não esteja sendo utilizado, diminuindo o consumo de energia;
• Indicadores de eficiência.
Perfeito estado
Escolher o material correto para a confecção das mangas. “Levar em conta as características do material a ser retido e as condições de operação, como umidade e temperatura, é determinante para o melhor funcionamento do filtro” – enfatiza Raksa, da Processo Industrial.
A limpeza periódica e a manutenção preventiva são indispensáveis nos filtros manga. “Com as manutenções em dia e seguindo os protocolos regulares de trocas das mangas e outros componentes, são evitados problemas e paradas repentinas na linha de produção. E ainda a poluição gerada pode causar danos a outros equipamentos e ao meio ambiente” – enfatiza Manoel Alcantara, projetista da Eitec do Brasil.
A manutenção e a correta programação para a troca das mangas devido a saturação, furos ou queda de performance garantem o bom resultado do conjunto. “O conjunto de manga e gaiola em perfeito estado para a operação contribui para o ótimo funcionamento do filtro de manga. O desgaste das gaiolas tem influência direta na vida útil das mangas. Durante as manutenções preventivas, é importante que as gaiolas sejam inspecionadas” – explica Eder Raksa, da Processo Industrial.
Orientações
A falta de manutenção interfere na performance dos filtros de mangas. “A exaustão ineficiente e/ou a passagem de poluentes comprometem os processos produtivos, aumentando os riscos para os colaboradores e os equipamentos e reflete na produtividade do setor” – afirma Eder Raksa.
Na manga, o elemento filtrante pode saturar. “Por acúmulo de resíduos não removidos, furos no elemento filtrante ou comprometimento da estrutura da gaiola” – relata.
A mesma manga funcionando por muito tempo. “Dependendo da velocidade, os particulados maiores causarão microperfurações no pano das mangas e fragilizarão o tecido, aparecendo futuros rasgos no pano” – conta Alcantara, da Eitec do Brasil.
Quando entope alguma parte do filtro ou das tubulações adjacentes. “Se o sistema de limpeza das mangas não funcionar, a manga vai saturar e com a pressão pode danificar e condenar a armação que a sustenta” – diz.
Verificar o sistema para a limpeza funcionar e não haver danos ao conjunto. “Se o sistema de automação das válvulas que envia o ar nos bicos para a limpeza não estiver sendo verificado em dia e ocasionar falha de algum solenoide, não será feita a limpeza e o conjunto pode danificar” – pontua Alcantara.
Realizar vistoria também na parte externa do equipamento. “É preciso verificar se há alguma trinca ou defeito nele que gere escape para o exterior, o que pode poluir o meio ambiente e causar a ineficiência do equipamento” – orienta o projetista.
O alojamento e a manga precisam estar bem fixados. “Se o alojamento que encaixa as mangas não estiver bem fixado, vazará material que contaminará a linha de tubulação após o filtro. E se não existir fixação rígida da manga no alojamento, a pressão do ar contaminado pode levantar as mangas e causar o mesmo problema” – explica.
Deve haver tratamento nas partes expostas do filtro com o meio ambiente e na parte interna com o particulado. “Elas podem enferrujar com o tempo de uso. Por isso, pintura e acabamento são indispensáveis. E saber o tipo de material que será filtrado. Se for corrosivo ao aço, precisará de sistema de revestimento ou construir o filtro com material específico” – aponta Alcantara.
Limpeza
É importante avaliar o grau de saturação dos elementos filtrantes. “Quando o sistema de limpeza por jato pulsante não apresentar a correta eficiência mesmo dentro dos parâmetros de funcionamento e houver rápida mudança no diferencial de pressão e perda de carga, a troca das mangas deve ser considerada” – aponta Raksa, da Processo Industrial.
Binello instrui como fazer a limpeza do sistema. “Trabalhar com pressão entre 6 e 7 bares no ponto do jato pulsante do ar comprimido, que deve estar isento de água e óleo. A pressão precisa ser no manifold – aparelho medidor – e não na linha. Deve-se analisar também o material construtivo da manga no manual do fornecedor para ajustar a pressão” – explica o diretor técnico da Eitec do Brasil. Segundo ele, o tempo de permanência do disparo no momento do jato – tempo de abertura da válvula – fica entre 65 e 150 milissegundos, conforme material da manga e deposição de partículas.
A limpeza pode ser feita por diferencial de pressão que começa apenas quando o diferencial atingir um certo valor. De acordo com Binello, pode-se iniciar entre 110 mmCA e 150 mmCA – medida de pressão da água – e terminar quando reduzir para 80 mmCA a 100 mmCA. “Se não houver sistema de limpeza por diferencial, os intervalos dos jatos devem ser de 15 segundos ou mais, de acordo com as características do processo e do particulado” – diz.
A limpeza deve ser realizada entre fileiras intercaladas e não sequenciais. “É preciso verificar se a pressão cai após o disparo do jato e se sobe rápido até a pressão original – tempo suficiente para recarregar o manifold. Utilizar o dumper – máquina de transporte – do ventilador o mais fechado possível até o ponto suficiente para a exaustão do particulado a fim de melhorar a relação ar-pano” – informa.
Após parar o filtro, manter o jato pulsante ligado de 15 a 20 minutos. “Verificar se em todos os disparos do jato os sons emitidos são os mesmos. Se houver diferença, é que já existem válvulas solenoides ou diafragmas danificados” – orienta Binello.
O material restante, depositado no fundo da cavidade do filtro, deve ser retirado regularmente, uma vez ao dia ou uma vez na semana, dependendo da quantidade e do grau de poluição. A retirada do material do fundo do filtro pode ser realizada manual, abrindo uma válvula e coletando o resíduo, por rosca transportadora ou similar. “Se o material que fica depositado dentro do filtro não for removido de forma manual, por algum sistema, válvula unidirecional ou rosca transportadora, ele se solidifica, diminui a eficiência do filtro e danifica o equipamento” – alertam Edson Plauth Binello e Manoel Alcantara.
Itens importantes também em uma inspeção de rotina. “Deve-se observar as condições do conjunto motor e exaustor do filtro, dos rolamentos, se a corrente elétrica está em plena operação e caso tenha alguma vibração no balanceamento do rotor” – recomenda Binello.
Ganhos
Dentro do processo produtivo, os benefícios do uso dos filtros de mangas vão além do que se pode mensurar. Para Raksa, da Processo Industrial, toda empresa geradora de particulados sólidos deve ter como objetivo: “Trabalhar dentro das normas de emissão, procurando diminuir poluentes atmosféricos que interferem na qualidade do ambiente e buscando melhores condições para a saúde dos colaboradores e da sociedade” – afirma. O descarte simplificado dos dejetos secos gerados na captação de pó também impacta na questão ambiental para várias gerações.
Os filtros de mangas beneficiam o meio ambiente, a empresa e os colaboradores que trabalham no local. “Quando os particulados são emitidos no ar, afetam a vegetação ao redor da empresa. Descem e decantam em cima das folhas e dificultam ou impedem a realização da fotossíntese, que é vitalícia para elas” – expõe Alcantara, da Eitec do Brasil.
Esse mesmo particulado no ambiente de trabalho traz complicações à saúde e ao bem-estar dos funcionários. “Desde leve desconforto até complicações severas aos pulmões dos operadores ou colaboradores expostos a estes poluentes” – adverte.
Esses particulados também danificam os equipamentos adjacentes. “O tempo e a umidade do ar formam uma camada de material que pode entupir alguma entrada ou travar a motriz de outro equipamento, os rolamentos etc. Quando se tem o filtro de manga instalado e operando com eficiência, esse particulado no ar deixa de existir – conclui Alcantara.
Contato das empresas
Eitec do Brasil: www.eitecdobrasil.com.br
Processo Industrial: www.processoindustrial.com.br