As ONGs hoje em dia estão bem capacitadas e podem e devem se tornar prestadoras de serviço para empresas no segmento específico em que atendem às necessidades na área Social. As empresas contratam assessoria de imprensa, agência de publicidade, empresa de tecnologia e podem contratar a expertise das ONGs. As ONGs não dependeriam tanto de doações nem de captadores de recursos. Tudo precisa ser estudado e ajustado por ambas as partes. Mas fica muito claro que é possível. Principalmente, diante da demanda de necessidades sociais e de trabalho que o País passa hoje. O contingente de pessoas desempregadas ou que dependem do benefício do governo é muito grande no Brasil atualmente pós-pandemia.

Como mudar?
O governo em todos os níveis, federal, estadual e municipal, apesar de todo bom aparato e conhecimento, não tem o expertise que as ONGs desenvolveram ao longo de todos esses anos. Muitas empresas querem ter atuação social na sociedade, mas também não têm know-how que as ONGs conquistaram. Por quê? Porque muitas das ONGs foram criadas por motivos pessoais que o fundador dedicou à causa social. Quando é assim, o laço de amor é muito forte com a causa. E a instituição cresce em volta dessa motivação de amor maior.
O governo e as empresas fazem parcerias, programas e doações com as ONGs que atuam na sociedade. Em vez disso, podem e devem contratar e pagar o trabalho das ONGs para cada segmento específico que querem desenvolver. A empresa ou governo solicitaria jobs específicos de acordo com a necessidade só que pagaria pelo serviço. Assim como empresas têm Depto. de Marketing que contratam agências de publicidade pagas por campanhas ou jobs, muitas empresas já possuem Depto. de Desenvolvimento Social que atua em parceria com as ONGs, só que, neste modelo, as ONGs seriam pagas pelos jobs ou projetos realizados na área social.

Jobs
Uma ONG pode ser contratada por uma empresa para desenvolver uma região no Nordeste, por exemplo, onde será construída uma fábrica. Toda a região seria beneficiada com comida, água, educação, saúde e emprego. Ou uma região pobre pode ser beneficiada por uma empresa que tem interesse apenas em melhorar aquela localidade muito carente e seria feito o trabalho social ali.   

Outra visão 
Mudar a visão de doação e captação de recursos para trabalho pago. As empresas, o governo ou até pessoas da sociedade civil podem pagar para ONGs prestarem serviços a jovens, idosos, moradores de rua, portadores de deficiência etc. Por exemplo, uma pessoa pode contratar uma ONG para fazer trabalho social com um grupo de 25 crianças e adolescentes em uma favela e acompanhar o trabalho feito. Muitas pessoas não sabem como ajudar ou não podem e contratariam e pagariam o serviço das ONGs para realizá-lo. É preciso analisar se é viável. As empresas e o governo têm condições de monitorar. Precisam ser entidades renomadas e éticas contratadas sempre avaliadas.

Aprendizes
As empresas são obrigadas a contratar de 5% a 15% de aprendizes em seu quadro funcional. No Brasil, pelo Projeto Aprendiz, já existe essa parceria com as ONGs, que capacitam esses jovens para o mercado de trabalho nas empresas. Pelo modelo de contratação do serviço pago, as empresas contratariam e pagariam as ONGs para capacitá-los. Tudo precisa ser analisado para serem criadas leis e normas adequadas ao serviço. A empresa pode investir e pagar uma ONG para capacitar um grupo de jovens para trabalhar no Atendimento, Comercial e Vendas da empresa, por exemplo.     

Atividades
As ONGs desenvolvem muitas atividades com o público-alvo que atendem. A parceria financeira do governo auxilia muitas das ONGs, depois de rigorosa avaliação, justamente para que estas atividades possam ser realizadas com a população. Só que muita gente fica de fora. Pagando pelo trabalho, o governo estaria alinhado para planejar melhor as políticas sociais, daria mais suporte e conseguiria abranger mais pessoas nas atividades das ONGs. As ONGs ficariam com profissionalização, bandeira já há muito tempo levantada, e com condições de atuar melhor no mercado social.

Investimento
O investimento social traz crescimento para o País e as pessoas. Assim como se investe dinheiro em diversos outros setores da economia, o social precisa de investimento sim, só que não para o mínimo social, mas para o crescimento social de verdade. 
O mercado social caminha para a profissionalização do setor e o investimento social de verdade. E não mais somente a ajuda ao próximo e o assistencialismo, que ainda, sim, impera desde os primórdios do Serviço Social. Pode ter mudado de caráter, mas ainda é um assistencialismo que depende de doações, de recursos daqui e dali, de ajuda financeira. 
Claro, todos esses recursos são maravilhosos do ponto de vista humano, porque senão fossem estas doações, investimentos e ajudas o que seria de toda essa população? Mas precisamos ir além.