A escolha do substrato é vital para os projetos de impressão
Por Carla Legner
Edição Nº 128 - Maio/Junho 2024 - Ano 23
De maneira geral, o papel é fabricado a partir de uma mistura de materiais fibrosos e não fibrosos, cuja composição vai depender de sua finalidade. Existem diversos tipos, desde fibras virgens provenientes de madeira, fibras celulósicas recicladas, fibras
De maneira geral, o papel é fabricado a partir de uma mistura de materiais fibrosos e não fibrosos, cuja composição vai depender de sua finalidade. Existem diversos tipos, desde fibras virgens provenientes de madeira, fibras celulósicas recicladas, fibras de algodão, fibras vegetais, minerais e animais. Vale mencionar que, hoje, a principal fonte de fibras para a indústria de papel e celulose é o eucalipto.
Em contrapartida, com o passar do tempo, os novos processos de impressão buscam e têm exigido novas características do papel, isso porque, quando se trata de desempenho de um projeto, os materiais de mídia usados são fundamentais. Os profissionais de impressão precisam distinguir cada substrato com o objetivo de buscar o melhor resultado diante de cada aplicação.
Não importa o sistema digital de impressão, a durabilidade dos impressos depende de alguns pontos: Fatores inerentes aos substratos; Fatores relativos aos revestimentos ou tratamentos aplicados nos substratos (se for o caso de substratos especiais para impressões digitais); Fatores relacionados às tintas utilizadas; Fatores dependentes do ambiente; e a Correta armazenagem e manuseio dos impressos.
No primeiro, a própria formulação ou engenharia construtiva do substrato pode interferir decisivamente na durabilidade da impressão. Um filme plástico, por exemplo, oferece diferentes condições de ancoragem da tinta de acordo com o seu tipo (Poliéster, Polipropileno, Poliestireno, Policarbonato, etc), com sua porosidade, lisura superficial, e muitas outras características próprias.
Todos esses quesitos determinam se a tinta terá melhores ou piores condições de ancoragem sobre esse substrato, qual percentual do solvente será absorvido e, consequentemente, o volume que deverá ser evaporado e diversas outras variáveis.
No caso dos substratos de papel, aspectos como o tipo de fibra usado na sua fabricação, sua densidade, tipo de colagem (ácida ou alcalina), umidade, compactação, lisura superficial e porosidade são determinantes para a estimativa de durabilidade dos impressos. O fato é que, não é qualquer papel que imprima com qualidade e que ofereça durabilidade.
Com relação aos revestimentos ou tratamentos aplicados sobre os substratos, existem inúmeras formulações e variações. O que muda é que dependendo do tipo de aplicação (ink jet, laser, sublimação) são aplicadas diferentes fórmulas às superfícies dos papéis ou filmes.
Essas formulações muitas vezes são compostas de elementos químicos com propriedades diferentes e que podem reagir de formas absolutamente distintas. Nesse sentido, é importante ressaltar, que mesmo entre papéis revestidos de mesma aplicação, existem grandes diferenças nos tratamentos de fabricante para fabricante.
As tintas utilizadas também atuam diretamente na durabilidade. Por conter diferentes tipos de fixadores, pigmentos ou corantes e aditivos estabilizantes, as formulações dessas tintas variam, assim, as impressões estarão mais ou menos sujeitas ao esmaecimento das cores.
Quando o assunto é o ambiente, é possível dizer que as condições ambientais são um dos fatores mais importantes na determinação da longevidade do impresso. Umidade relativa do ar, temperatura, exposição aos raios UV e IR, pó, condições que favorecem a presença de fungos e bactérias são elementos importantes no que diz respeito à durabilidade da impressão.
Os níveis ideais de temperatura são entre 20 e 25°C e umidade relativa do ar entre 45 e 65%. Isso se deve, pois todo o papel, tenha ele o tipo de fibra que tiver, é higroscópico, ou seja, absorve água ou seca de acordo com os níveis de umidade do ambiente. A umidade em diferentes níveis faz com que as fibras trabalhem, encorpando-se com a água ou contraindo-se na sua ausência.
Essas oscilações ocasionam um “descolamento” da tinta que ancorava sobre essas fibras e por consequência, sua liberação. Como resultado temos o esmaecimento das cores. Não é demais lembrar, ainda, que umidade+calor = paraíso para os fungos e bactérias.
Além disso, o papel sofre um processo de fotodegradação progressiva, quando exposto diretamente a luz, rompendo a sua estrutura. A radiação ultravioleta (entre 200 a 400 nanometros) e o infravermelho (acima de 700 nanometros) são os principais vilões no esmaecimento das cores pela exposição à luz.
O tempo de exposição a esses fatores e a sua intensidade somam-se na determinação do grau de nocividade. Maior intensidade numa frequência menor é tão prejudicial quanto menor intensidade por períodos de tempo mais prolongados. Desta forma, fica evidente que luz solar é a principal vilã nesse processo de perda de intensidade de cores. Já as lâmpadas fluorescentes emitem altos índices de radiação ultravioleta, bem mais que as incandescentes.
O manuseio também é importante, pois, o dobrar, raspar, molhar, engordurar ou acidificar a superfície impressa também acelera a degradação. Todo o fabricante de mídias para impressão digital deve ter por norma o estudo de todas essas variáveis e apropriar seus produtos para que esses ofereçam as melhores condições de durabilidade aos consumidores.
De maneira resumida, os cuidados começam nas especificações dos tipos de substratos a serem utilizados. Se filmes, aqueles com as melhores características. Tipo de fibras utilizadas, colagem, lisura, PH, porosidades, densidade, carteado, enfim, tudo adequado ao processo a que se destina o papel.
Na seleção dos produtos químicos, devem ser escolhidos apenas aqueles mais apropriados e que não reajam com as tintas as quais se destinam os papéis. Nos processos de fabricação, controles de umidade, temperaturas e filtragem do ar, garantindo a durabilidade dos produtos. As embalagens além de proteger eficazmente os produtos trazem claras instruções de manuseio, armazenagem e setup de impressão.
Papel para impressão Inkjet
A impressão do tipo Inkjet não possui um bom desempenho no substrato mais comum de todos, que é o papel. Isso ocorre, pois as tintas para impressão nesse caso devem ter baixa viscosidade, suficiente para serem ejetadas pelo orifícios das cabeças de impressão, e o espalhamento da tinta na superfície depende de como a água , óleo ou solvente é absorvido e da velocidade de fixação da cor na superfície.
Durante seu processo, o corante deve ser parado rapidamente na superfície do papel, mas vale ressaltar que a absorção não pode ser tão rápida a ponto de causar baixa densidade óptica ou vazar para o outro lado do papel, nem pode ser tão lenta que cause o espalhamento da tinta e a sobreposição de cores ou má definição de bordas.
Desta forma, os papéis inkjet normalmente possuem várias camadas. A superior, composta de polímeros microporosos, tem a função de realizar uma espécie de gerenciamento de tinta. Os polímeros recebem e encapsulam a tinta, preservando os pontos que compõem a imagem e protegendo-a contra a umidade.
Logo abaixo, ficam as camadas de ligação, compostas por um material termoplástico que promove a adesão da tinta durante a prensagem. A próxima camada garante que a tinta e os elementos de ligação sejam desprendidos do papel, para que ele possa ser removido e descartado ao término do processo.
A maioria das impressoras domésticas funciona através do sistema inkjet. No seu funcionamento são disparados jatos de tinta na folha ou no substrato a ser impresso, de acordo com os comandos que tiverem sido dados pelo computador, tablet ou smartphone.
No caso de uma impressora inkjet industrial não é diferente. O processo funciona de maneira similar disparando jatos de tinta para imprimir dados, números, códigos, símbolos e logotipos na superfície desejada, seja uma caixa de papelão, uma embalagem plástica ou alguma outra opção.
Vale destacar que a precisão e a definição de uma impressora industrial para marcação e codificação é bastante alta, mas pode variar de acordo com o modelo escolhido.
Papel transfer para impressão laser
Apesar de parecer com o papel inkjet, o laser é bem diferente em relação ao que contém abaixo da camada superficial. Na impressão laser, muito calor é gerado, sendo o principal problema para o papel. Além disso, há diferentes toners no mercado, por isso recomenda-se fazer testes prévios entre os sistemas de impressão e os papéis, a fim de encontrar a melhor combinação entre eles.
Ao contrário do inkjet, em que a tinta fica encapsulada, a película de toner fica apenas na superfície do papel, mas os agentes de desprendimento também são usados.
Por outro lado, assim como o papel inkjet, toda a área (além da imagem) é transferida para o substrato. Alguns fabricantes, no entanto, oferecem um toner especial onde apenas a imagem é transferida e não a superfície toda. Vale lembrar que as áreas em excesso também podem ser cortadas
Papel transfer para sublimação
O Papel transfer para sublimação é usado para receber tinta sublimática de impressoras a jato de tinta. As propriedades químicas dessa tinta (que é feita de corante) são radicalmente diferentes das pigmentadas, assim, esse tipo de papel é especialmente desenvolvido para o processo de sublimação.
Enquanto a tinta inkjet padrão usa agentes de ligação para que fique retida na superfície do tecido, a tinta sublimática penetra, liga-se e colore as fibras do tecido, ou seja, fica impregnada, não sendo necessário usar agentes de ligação, por isso, o papel para sublimação é composto por uma camada de polímeros combinada com agentes de destaque.
Ao contrário dos papéis inkjet e laser, por não ter esses agentes, nem toda a superfície do papel sublimática acaba sendo transferida. A tinta sublimática simplesmente transforma-se em gás durante a prensagem, e depois solidifica-se, penetrando nas fibras de polímero do substrato.
Vale destacar que existe um novo papel sublimático, vendido apenas em bobinas, que possui um adesivo muito leve em sua superfície, ideal para prevenir o efeito fantasma, que acontece quando o papel se movimenta na hora da prensagem.
Ademais, para aqueles que não podem imprimir em materiais em forma de bobina, há uma opção do adesivo em forma de spray. Lembrando que as diversas marcas de papéis sublimáticos usam diferentes receitas de fabricação.