Centro de Gerenciamento de Resíduos administrado pela Veolia gera energia elétrica através do lixo
Por Carla Legner
Edição Nº 129 - Julho/Agosto 2024 - Ano 23
Não é de hoje que os questionamentos sobre o destino do lixo gera discussão, polêmica e, principalmente, muita preocupação. Prova disso é que em muitos lugares do mundo, e até no Brasil, ainda são vistos aterros e lixões a céu aberto
Não é de hoje que os questionamentos sobre o destino do lixo gera discussão, polêmica e, principalmente, muita preocupação. Prova disso é que em muitos lugares do mundo, e até no Brasil, ainda são vistos aterros e lixões a céu aberto, oferecendo grandes problemas e riscos.
O que podemos dizer sobre esses locais é que, do ponto de vista técnico, trata-se de uma área onde resíduos sólidos são descartados sem qualquer tratamento, caracterizada pela falta de medidas de segurança ambiental e sanitária, causando impactos ambientais, sociais, à saúde pública e problemas econômicos.
O acúmulo descontrolado de resíduos em lixões afeta diretamente ecossistemas locais, causando a perda de biodiversidade, a degradação do habitat e a contaminação ambiental ameaçando a flora e a fauna, além de alterar o equilíbrio ecológico. Ademais, embora possam parecer soluções de baixo custo para o descarte de resíduos, criam um ônus econômico de longo prazo tanto para as comunidades locais quanto para os governos.
A educação ambiental deficiente também tem um papel crucial. Sem o entendimento da importância da segregação do lixo, reciclagem e dos impactos ambientais negativos associados aos lixões, as pessoas tendem a continuar contribuindo para o crescimento destes locais. O fato é que, a falta de conscientização sobre práticas sustentáveis prolonga cada vez mais o ciclo de acumulação de lixo em áreas abertas.
O resultado disso é que, infelizmente, em muitas cidades brasileiras ainda destinam incorretamente seus resíduos para lixões. Isso quando poderiam ser reciclados ou reutilizados para poupar matéria-prima e contribuir para economia circular. Há diversas medidas para mitigar os impactos provocados pela destinação incorreta de resíduos, uma delas é através de sistemas de controle e gerenciamento.
Na região metropolitana de Sorocaba, por exemplo, diariamente 1.500 toneladas de resíduos urbanos e industriais são enviadas para o Centro de Gerenciamento de Resíduos (CGR) de Iperó, administrado pela Veolia. O projeto, com mais de 100 colaboradores, atende mais de 10 municípios e tem capacidade para receber 10 milhões de toneladas de resíduos no prazo de 25 anos.
No processo intitulado como “caminho do lixo”, os resíduos não perigosos, domiciliares e industriais, após serem aterrados passam por um processo de decomposição, através do qual é gerado o biogás, composto em parte pelo gás metano, que pela característica altamente inflamável é tratado e utilizado como combustível em motogeradores que geram energia elétrica.
As atividades dentro do CGR começam após os resíduos serem coletados nas cidades e trazidos para o local. O primeiro passo é a identificação dos caminhões, que já possuem cadastro e são reconhecidos ao entrar no local, tudo de forma automatizada. Se não houver nenhum tipo de resíduo com risco de contaminação, vai direto para pesagem. Caso contrário, os resíduos passam pelo laboratório, análise e liberação.
Em seguida, os mesmos vão para o processo de espalhamento, compactação e cobertura, a fim de evitar que vetores e infiltração de água da chuva. A próxima etapa é a disposição. Abaixo das camadas de recebimento de resíduos são construídas barreiras de proteção e impermeabilização responsáveis por proteger o solo e o lençol freático do eventual contato com o chorume.
Essas barreiras são compostas por Bica corrida e Colchão drenante, Geotêxtil, Manta PEAD, Geotêxtil Geocomposto Bentonítico e Solo compactado (argila). Lembrando que toda essa disposição gera uma disposição de resíduos ambientalmente correta. “Um diferencial da Veolia é que colocamos pedras em toda a base, que vira um meio drenante, um investimento para segurança ambiental” - enfatiza Luiz Cantanhede, gerente de operações da Veolia Brasil.
A energia é então gerada pela decomposição desses resíduos orgânicos. É importante destacar que a geração de energia elétrica através do biogás é uma alternativa neutra em termos de emissão de carbono em comparação ao gás natural, proveniente de combustíveis fósseis.
Sendo assim, em vez do biogás ser lançado na atmosfera, contribuindo com o aquecimento global, ele é tratado e utilizado para gerar energia. Além de valorizar o gás metano emitido no CGR e contribuir com o meio ambiente, a empresa também coopera com a matriz energética brasileira.
No CGRs da Veolia com termelétricas instaladas, a energia gerada pelo Biogás tem potência suficiente para abastecer uma cidade de mais de 40 mil habitantes. Lembrando que o projeto evita a emissão ao meio ambiente de 17 mil toneladas de metano por ano.
O Futuro
O CGR, que está se transformando em um Parque Tecnológico Ambiental, devido às suas diversas tecnologias para gestão ambiental, assegura à população de Sorocaba e região a correta destinação de todos os resíduos que são destinados ao local, através das melhores práticas operacionais, análises laboratoriais, e monitoramentos ambientais, garantindo altos padrões operacionais e o cumprimento de toda legislação aplicável.
Desde 2010, foram plantadas aproximadamente 40 mil mudas de árvores nativas ao redor do empreendimento, contribuindo com a fauna e flora local. De acordo com Henrique Nicoletti, gerente regional de São Paulo da Veolia, há alguns anos a empresa tem trabalhado para transformar seus aterros sanitários em parques tecnológicos ambientais, firmando um compromisso para o desenvolvimento e a preservação do ecossistema como um todo.
O CGR Iperó garante que todos os resíduos da região metropolitana de Sorocaba destinados ao empreendimento sejam tratados de forma adequada, de acordo com a Política Nacional de Resíduos Sólidos.
“Trabalhamos por meio da economia circular e valorizamos os resíduos que chegam aqui, garantindo que seu ciclo não termine no momento do aterramento. Onde alguns vêem desperdício, nós vemos recursos e riquezas para as gerações futuras”, afirma Nicoletti. Vale lembrar que atualmente, o tratamento desses resíduos ocorre em Sorocaba, no entanto, a partir do segundo semestre deste ano, será realizado no próprio CGR Iperó.
Além disso, no local já foram iniciadas as obras para o gerenciamento de lixo hospitalar, com previsão de entrega para o segundo semestre de 2024. Apenas para contextualizar, os Resíduos de Serviços de Saúde (RSS) são todos aqueles resultantes de atividades exercidas nos serviços de atendimento à saúde humana ou animal, como centros de pesquisa, clínicas de estética, hospitais, laboratórios e unidades de atendimento da saúde.
Por suas características, necessitam de processos diferenciados em seu manejo, exigindo ou não tratamento prévio à sua disposição final. Isso porque são materiais que apresentam alto risco de manejo e destinação final tanto para a saúde humana quanto para o meio ambiente.
De maneira geral, podem ser divididos em 5 grupos: resíduos com a possível presença de agentes biológicos (vírus, bactérias, fungos) que podem apresentar risco de infecção; resíduos contendo substâncias químicas que podem apresentar risco à saúde ou ao meio ambiente; resíduos contaminados com radionuclídeos, provenientes de laboratório de análises clínicas, serviços de medicina nuclear e radioterapia; e resíduos que não apresentam risco biológico, químico ou radiológico à saúde ou ao meio ambiente.
É importante enfatizar que, além de preservação do meio ambiente, a prática de gerenciar e destinar corretamente este tipo de resíduo se torna uma prioridade, garantindo que as ações planejadas promovam a proteção da saúde da população, a redução dos riscos durante o manejo e armazenamento temporário, a redução dos custos operacionais e a destinação ambientalmente correta dos resíduos.
Além disso, é fundamental estar em conformidade ambiental com as regulamentações propostas pelas esferas municipais, estaduais e federais. Desta forma, é importante que o gerenciamento de resíduos de serviços de saúde seja monitorado em todas as suas etapas. Um centro de gerenciamento com o potencial do CGR de Iperó com certeza também fará total diferença nesse setor. A previsão é tratar 3.700 toneladas por ano de Resíduos de Serviço de Saúde infectantes.
Contato
Veolia Brasil: www.veolia.com.br