Ultravioleta, A Luz Que Livra A Água Das Contaminações Microbiológicas
Por Vicente De Aquino
Edição Nº 42 - Janeiro/Fevereiro de 2010 - Ano 8
A desinfecção de água por ultravioleta caracteriza-se pela adição aos processos de tratamento de água, de uma unidade compacta extra que usa esse tipo de luz para impedir de maneira rápida e confiável, que bactérias e vírus se proliferem.
A desinfecção de água por ultravioleta caracteriza-se pela adição aos processos de tratamento de água, de uma unidade compacta extra que usa esse tipo de luz para impedir de maneira rápida e confiável, que bactérias e vírus que causam cólera, febre tifóide, diarréia e outras doenças mortais se proliferem, produzindo água potável de altíssima confiabilidade.
A luz germicida ultravioleta altera o DNA das bactérias e vírus até que eles não sejam mais capazes de se reproduzir. Sem a capacidade de se reproduzir, os microorganismos são inofensivos.
A desinfecção pela luz UV é extremamente segura, sendo um método confiável de desinfecção de água para o consumo diário. Ele é rápido, barato e não deixa gosto ou odor na água.
Sistemas de esterilização por ultravioleta são utilizados em estações de pós-filtração, em substituição ao cloro de modo a possibilitar o reúso seguro do produto tratado.
Podemos apontar inúmeras vantagens do sistema ultraviolenta, mas as principais seriam:
Não agride o meio ambiente, sem apresentar problemas com manuseio ou estocagem de produtos químicos;
Baixo investimento inicial, bem como custos reduzidos quando comparados com tecnologias semelhantes como ozônio, cloro etc;
Processo de tratamento imediato, não necessitando tanques de estocagem ou longos períodos de retenção;
Extremamente econômico;
Não há adição de produtos químicos, sem o risco de formação de trihalometanos;
Não altera sabor ou odor da água;
Operação automática sem atenção especial ou medições constantes;
Simplicidade e facilidade de manutenção, limpeza periódica, com a troca anual das lâmpadas;
Compatível com qualquer outro processo para tratamento de água (osmose reversa, filtração, troca iônica, por exemplo).
Para Jackeline Souza de Lima, supervisora de laboratório, e Edgar Mascarenhas, do setor de desenvolvimento de produtos da Brasfilter Indústria e Comércio, fabricante dos purificadores de água Europa, uma observação importante que deve ser feita é a de que "o ultravioleta não é um sistema de filtração, mas sim de desinfecção. Ultravioleta significa além do violeta, que é a cor de menor comprimento de onda no espectro da luz visível. A luz ultravioleta (UV) é uma forma de luz invisível ao olho humano. Comprimentos de onda específicos entre 100 e 280 nanômetros (ou bilionésimos de metro), são classificados como germicidas, o que significa que têm a capacidade de eliminar bactérias e vírus", dizem.
Os microorganismos presentes na água são expostos à luz ultravioleta ao passarem por essas lâmpadas especiais: "A energia UV instantaneamente destrói o material genético no interior de bactérias, vírus e outros agentes patogênicos, eliminando sua capacidade de se reproduzirem e causar infecções. Devido aos danos causados ao seu DNA, os microorganismos morrem e não representam mais um risco à saúde", afirmam Jackeline e Edgar.
A mesma opinião é compartilhada por Douglas Silveira Moraes, gerente de produto da Tech Filter Tratamento e Filtração, para quem o ultravioleta "é um sistema que age esterilizando os microorganismos através de reações fotoquímicas que ocorrem com a luz UV e o DNA dos organismos, promovendo uma transformação nos mesmos que faz com que não consigam mais se reproduzir. Portanto, pode-se dizer que a luz ultravioleta inibe a reprodução celular dos microorganismos".
Para Jackeline e Edgar, do Europa, o ultravioleta "é um sistema confiável de desinfecção através de UV e, em regra, deve apresentar as seguintes características: contar com um iluminante (lâmpada) de boa qualidade, que em condições normais seja capaz de gerar luz em um comprimento de onda pré-determinado (o UVC – ultravioleta curto, que é um parâmetro indispensável à desinfecção) de maneira estável e contínua por longos períodos; possuir um invólucro hermético construído em material resistente à ação dos raios UV e que também impeça a "fuga" dos mesmos; o projeto do circuito hidráulico deve garantir a irradiação uniforme de toda a massa de água que passa ao redor da lâmpada, objetivando o máximo rendimento e desempenho do sistema", explicam.
Já o gerente de produtos da Tech Filter afirma que "as principais características do ultravioleta são os sistemas compostos por lâmpada de comprimento de onda germicida, 254 nm, que são gerenciadas por reator eletrônico e painel de controle e são protegidas por um tubo de quartzo. Uma câmara de aço inox é responsável pelo tempo de contato da água com a luz ultravioleta.
O sistema pode ter controle de intensidade de luz e limpeza dos tubos automaticamente, como opcional".
E todos concordam sobre as vantagens em comparação com outros sistemas mais usais: é simples e livre de componentes químicos, sendo altamente eficaz; elimina bactérias, vírus e outros agentes patogênicos; é bastante flexível em termos de dimensionamento dos sistemas, podendo ser aplicada na desinfecção de água em âmbito público, industrial, doméstico e mais recentemente, até em aplicações portáteis, do tamanho de uma caneta, para tratamento de porções de água para consumo individual.
Quando empregada em grandes estações de tratamento, a luz UV é extremamente segura, eliminando a necessidade de transporte, estocagem e manuseio de produtos tóxicos ou corrosivos; não exige o treinamento e certificação de equipes dedicadas à resposta de emergências e evacuação de plantas; é amigável ao meio ambiente, não tendo efeitos negativos à vida aquática; ao contrário do cloro, não admite a dosagem em quantidades excessivas, e não gera e libera subprodutos carcinogênicos ou toxinas na água; apresenta custos muito competitivos em comparação com a desinfecção química, com gastos operacionais e de manutenção menores, e não altera o sabor e o odor da água.
Ao contrário do que se pode imaginar, o conceito de purificação por ultravioleta não é tão recente. Jackeline e Edgar, do Europa, explicam: "Esta tecnologia, pelo menos em sua forma básica, já é explorada há mais de um século. O efeito bactericida da energia radiante da luz solar foi registrado pela primeira vez por Downes e Blunt em 1877, e a utilização de um metódo técnico de desinfecção UV em estações de tratamento de água potável teve início no começo do século XX. A primeira aplicação de luz ultravioleta para desinfecção de água potável em larga escala, cerca de 200 m3/dia, ocorreu em Marselha, França, de 1906 a 1909, mas seu uso só se incrementou a partir de 1955, quando se descobriram os trihalometanos".
A mesma opinião é compartilhada por Douglas, da Tech Filter: "Trata-se de um conceito já implantado e concretizado em todo o mundo, mas mais intenso nos países da Europa, América do Norte e Japão, onde há muitos anos esta tecnologia já é comum e largamente empregada para água potável e desinfecção de efluentes. No Brasil a tecnologia também já está bastante difundida na indústria, principalmente nas áreas de bebidas alimentícias, fármacos e cosmética, porém na área pública ainda há muito por se fazer e evoluir".
Os técnicos do Europa acreditam que não existe muita dificuldade, nos dias de hoje, em se explicar ao consumidor que uma luz na tubulação está purificando sua água: "No passado isto talvez consistisse em um problema, porém hoje com a disseminação das possibilidades de controle de operações e também da gravação, leitura e transmissão de dados sem contato físico (atualmente se fala até em transmissão de energia sem fios), esse entendimento foi facilitado.
É razoável deduzir que desde o advento dos raios X, as pessoas ficaram mais propensas à aceitação da idéia de que meios aparentemente incorpóreos possam produzir efeitos sobre a matéria. Esse conjunto de conceitos, somado à massificação das informações sobre o campo da genética, torna mais simples explicar e compreender que um tipo específico de luz pode ser um meio eficiente de desinfecção da água", explicam Jackeline e Edgar.
A luz ultravioleta, no que se refere aos efeitos sobre a saúde humana e o meio ambiente, classifica-se como UVA (400 – 320 nm, também chamada de "luz negra" ou onda longa), muito empregada em reações de polimerização de adesivos especiais, processos de cura de vários materiais e também em ensaios estruturais não-destrutivos através de inspeção por fluorescência; UVB (320–280 nm, também chamada de onda média), também aplicada em polimerizações e, uma vez que se trata da faixa de maior energia da luz solar natural, é especialmente usada em ensaios de envelhecimento acelerado de materiais; e UVC (280 - 100 nm, também chamada de UV curta ou "germicida"), o tipo utilizado no processo de desinfecção de água. |