O Papel Do Headhunter
Por Caio Mello De Abreu
Edição Nº 42 - Janeiro/Fevereiro de 2010 - Ano 8
O Headhunter é uma figura interessante dentro do mercado de trabalho e muitas vezes as pessoas que se relacionam com ele não têm uma perspectiva realista e completa de sua atuação.
O Headhunter é uma figura interessante dentro do mercado de trabalho e muitas vezes as pessoas que se relacionam com ele não têm uma perspectiva realista e completa de sua atuação. Sendo reconhecido como uma presença de ligação nas relações entre uma empresa e um candidato, fica fácil reduzir seu papel e não identificar as particularidades de seu trabalho. Sendo um consultor, o trabalho de um Headhunter deve se adaptar à necessidade do seu cliente mas, independentemente da situação que deve ser abordada, essas necessidades têm semelhanças entre si, o que permite ao Headhunter ter base para atuar em diversas atividades recorrentes. Aqui pretendo comentar apenas três delas: o papel como agente de recrutamento e seleção, a atuação como termômetro do mercado e, finalmente, a posição de intermediário entre aquele que busca um novo desenvolvimento na sua carreira e as oportunidades que se apresentam.
O papel de recrutador e selecionador é, sem dúvida, o mais conhecido e simples de ser explicado: o Headhunter é o profissional com experiência para encontrar profissionais com perfis desejados pelas empresas e selecioná-los, determinando quais deles estariam mais alinhados com as características técnicas e comportamentais requisitadas pelo perfil em questão. Dessa forma, o Headhunter consegue suprir uma necessidade de uma organização ao mesmo tempo em que permite que ela possa economizar recursos. Sem entrar na discussão da precificação de serviços desse nível, é fato que um Headhunter só encontra espaço para atuação porque, de alguma forma, sua atuação permite que a empresa economize tempo e dinheiro. Outra faceta nesta função é a de consultor, tanto para a empresa, quanto para o candidato. A avaliação da empresa pelo candidato e do candidato pela empresa é uma constante em processos de seleção, pois é importante alinhar de maneira apropriada as expectativas dos dois lados. Para isso, é fundamental conhecer profundamente as necessidades do cliente, suas especificidades de negócio e de cultura e também as perspectivas dos candidatos avaliados para saber se eles se encaixam nesse cenário. O Headhunter que conhece esses aspectos pode atuar como consultor no gerenciamento das interações dos dois lados de forma a ajudar que eles cheguem ao acordo necessário para finalizar um processo.
O segundo papel discutido é o de termômetro do mercado, o que é uma conseqüência comum desse ramo de atuação. Estando em contato com empresas contratantes e com candidatos, é natural que o Headhunter tenha acesso a dados e perspectivas das mais completas e diferentes. Ele conhece o mercado e pode perceber indicadores importantes, que trazem um retrato da realidade vivida pelos diferentes setores econômicos e, portanto, tem a capacidade de ajudar tanto as empresas quanto os próprios candidatos a balizarem os próximos passos de suas estratégias. Não raramente, os profissionais dessa área diversificam suas atividades e prestam serviços como mapeamento salarial e de mercado, consultorias de outplacement e aconselhamento de carreira, justamente porque de posse dessas informações eles estão ferramentados para fazer as análises necessárias a essas atuações.
O último papel a ser apresentado neste texto é um dos mais recentes: o papel de intermediador entre candidato e o mercado. É necessário deixar claro que um
Headhunter não procura oportunidades de mercado para um profissional. Essa é a atuação de um consultor de Replacement e, por vezes, uma das atividades envolvidas em programas de Outplacement. Diferentemente desses dois serviços, o papel do Headhunter aqui é o de conhecer e nutrir relacionamentos com profissionais de perfis interessantes para o mercado de forma que, quando uma nova oportunidade for apresentada, ele possa apresentar essa pessoa como um candidato para a empresa. Esse tipo de relacionamento é bom para o profissional e para o Headhunter. O primeiro ganha acesso a vagas abertas que nem sempre estão evidentes no mercado, ganha uma linha de contato direto com boas oportunidades de desenvolvimento que tradicionalmente estão nas mãos desses consultores. O Headhunter ganha um potencial candidato com fortes possibilidades de preencher uma de suas posições, assim como um importante contato em sua rede de relacionamentos.
O principal objetivo desse artigo é, através desses poucos exemplos das maneiras pela qual o Headhunter faz seu trabalho, que as pessoas comecem a entender as oportunidades e vantagens que podem ter com um relacionamento mais próximo com esses profissionais. Não digo isso apenas porque sou um Headhunter, mas porque eu mesmo tenho contato com vários e percebo a riqueza que eles acrescentam à minha rede de contatos. Longe de ser apenas um selecionador, um Headhunter sério e preparado pode ajudar em muito a sua empresa e a sua carreira.
Caio Mello de Abreu é psicólogo e especialista em Gestão e em Administração de Empresas. Atualmente é consultor de recursos humanos e divide seu tempo entre as atividades de Headhunter para posições especialistas e de executivos, Coach de executivos e consultor de Outplacement. e-mail: caiomabreu@gmail.com |