Dez Anos De Hengst No Brasil
Por João B. Moura
Edição Nº 43 - Março/Abril de 2010 - Ano 8
Top de linha, marca alemã coleciona resultados expressivos e planeja aumentar investimentos no país
Desde a fundação em 1958 pelo Engenheiro Walter Hengst na cidade de Münster, na Alemanha, é natural associar a marca Hengst a sistemas de filtragem e filtros de excelência em qualidade. Afinal, a Hengst ganhou força no início da sua história ao ser escolhida para o fornecimento de filtros para a Mercedes-Benz, conhecida internacionalmente pelo alto padrão de exigência – e reúne após mais de cinquenta anos de história, um portfólio de clientes com nomes entre os mais desejáveis no mercado automobilístico mundial, como: BMW, Porsche, Volvo, Audi e Bugatti, além de marcas mais tradicionais como Volkswagen, GM, Renault, Scania, Ford e MAN.
Os negócios no Brasil foram iniciados em 1999, através do estabelecimento de uma joint-venture com a Fundição Wetzel, denominada Hengst-Wetzel Ltda. A chegada oficial da empresa foi concretizada em 2000, quando para atender a uma necessidade da própria Mercedes-Benz, parceira de longa data, a Hengst inaugurou suas primeiras instalações fora da Alemanha, uma pequena fábrica com quatro funcionários em Joinville, Santa Catarina, iniciando a internacionalização das operações da empresa.
Após a conclusão da infra-estrutura com equipamentos de ponta, em 2001 a fábrica passou a realizar a nacionalização dos módulos de óleo para os motores OM904 e OM906 da família BR900 Mercedes-Benz, aplicados a diversos veículos comerciais leves da marca, como por exemplo, o Accelo. No primeiro ano de atividade foram comercializadas cerca de 10 mil peças, e o sucesso do empreendimento motivou em 2003, a inauguração de um escritório de engenharia em São Paulo, acompanhado por outro em Detroit, nos Estados Unidos.
Com o crescimento dos negócios no Brasil, em 2004 a Hengst adquiriu 100% do controle da joint-venture Hengst-Wetzel Ltda., sendo denominada Hengst Indústria de Filtros Ltda. Com este importante passo, a Hengst desenvolveu a sua própria marca no Brasil, passando a atender outros nichos de mercado, como o de reposição. O bom exemplo brasileiro e o espírito de parceria com as montadoras motivaram a Hengst a inaugurar em 2005, duas novas fábricas no exterior, uma em Camden, nos Estados Unidos, por solicitação da General Motors - e outra em Kunshan, na China, por solicitação da Volkswagen. No mesmo ano, em sintonia com sua política de expansão internacional, a Hengst participou da Automec – principal feira do setor na América Latina - ampliando ainda mais sua participação na região através do mercado de reposição.
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Com os resultados em franco desenvolvimento, o espaço físico no Brasil já era pequeno para os negócios e necessitava ser ampliado. Do início no galpão alugado, quatro colaboradores e 10 mil peças/ano, a Hengst mudou em 2006 para a sede atual, na Rua Dona Francisca, 7337, Distrito Industrial de Joinville, numa área de aproximadamente 186.000 m2, com 6.000 m2 de área construída e pronta para futuras expansões, empregando atualmente cerca de 100 colaboradores e fabricação anual de meio milhão de módulos e elementos de filtração.
Durante a cerimônia de inauguração, Günter Röttgering, sócio-diretor da Hengst GmbH & Co. KG, declarou: "No âmbito do projeto da nova construção, introduzimos em Joinville as mais novas tecnologias de produção". Impulsionada pelos investimentos, nos anos seguintes muitas outras nacionalizações foram feitas na planta de Joinville, inclusive novos módulos de aplicação global tiveram sua produção iniciada diretamente no Brasil.
Ao longo da primeira década da presença física da Hengst no país, foram desenvolvidos outros clientes e hoje a fábrica brasileira fornece sistemas de separação de névoa para a Ford México e componentes para outras montadoras brasileiras em fase final de desenvolvimento. Paralelo a isso, a fábrica brasileira exporta diversas linhas de produtos e componentes para montadoras e reposição automotiva, atendendo clientes na Europa e a própria matriz.
"A história da Hengst no Brasil representa uma enorme conquista, passando de uma pequena unidade de produção para uma fábrica ampla e moderna", explica o Engenheiro Ralph Felsmann, Diretor da Planta Brasil, ressaltando a qualidade dos produtos - idêntica aos
padrões da matriz. "A Hengst tem um único padrão de qualidade e não há nenhuma diferença entre os produtos fabricados aqui ou na Alemanha. Grande parte da produção brasileira é exportada para outros países e, sobretudo, para a Alemanha. Nossa fábrica segue os elevados padrões de qualidade da matriz, respeito aos funcionários e ao meio ambiente, sem deixar de considerar as peculiaridades locais. Contamos com uma instalação que concilia o funcional e econômico com conforto e bem estar, criando um excelente local de trabalho". A Hengst do Brasil possui certificação ISO TS 16949:2008 e está em fase de implantação da ISO 14001:2004.
Felsmann também destaca o parque tecnológico em Joinville: "Em relação às outras fábricas do grupo
Hengst, a unidade brasileira é uma das mais modernas e que tem o maior potencial de ampliação. Nossa área de 186.000 m² pode ser ocupada aproximadamente em 50% por instalações fabris. Isso demonstra uma grande confiança da família Röttgering (controladora da Hengst) no Brasil".
A trajetória da Hengst é marcada por conquistas e também percalços que foram vencidos com muita dedicação e trabalho, como o incêndio em 1998 que destruiu um terço das instalações da fábrica na cidade de Münster. Acompanhe os principais acontecimentos. - O pai oferece a Walter Hengst um terreno em Münster. A empresa é registrada no cartório da cidade e a produção de filtros teve início no prédio MS-1, em área de 3.000 m². - Primeiro filtro de óleo para carros da Mercedes-Benz. - Primeira exposição com stand próprio em uma feira automobilística internacional (IAA). Realização de joint-venture com a empresa norte-americana Donaldson. - Início da produção em série de filtros para a Porsche. – Walter Hengst passa o comando da empresa para Günter Röttgering. - Início da produção em série do primeiro filtro feito todo em plástico para os veículos comerciais da Mercedes-Benz. - Lançamento do sistema de filtragem ecológica ENERGETIC® – o primeiro sem metal. - Hengst recebe prêmio de inovação por Ciência & Economia em Münster, pelo desenvolvimento do filtro de óleo ecológico ENERGETIC®. Produção da série 500 para motores Mercedes-Benz. Construção de uma empresa injetora de moldes própria em Münster. - Primeiro módulo de óleo em conjunto integrado. - O grande incêndio na história do pós-guerra na cidade de Münster destrói um terço da fábrica de filtros Hengst. - Início da joint-venture em Joinville, Brasil, com o nome Hengst-Wetzel Ltda. - Diplomado em administração de empresas, Jens Röttgering começa suas atividades na empresa, iniciando a 3ª geração. - Inauguração dos escritórios de engenharia em São Paulo, Brasil e em Detroit, EUA. - Aquisição de todas as ações no Brasil da joint-venture Hengst Wetzel Ltda. Renomeação da filial brasileira para Hengst Indústria de Filtros Ltda. - Inauguração das filiais nos Estados Unidos e na China. - Mudança da Hengst Indústria de Filtros Ltda. para nova sede em Joinville. - Início da produção em série do módulo multifuncional para o motor HDEP do grupo Daimler. – Início no Brasil das atividades da moderna e automatizada fábrica de peças técnicas em plástico. |
Walter Hengst faleceu em 1978 e comandou a Hengst até 1977, quando passou a direção ao genro Günter Röttgering, que desde 2002 tem o apoio do filho, Jens Röttgering, na condução dos negócios.
E exatamente um dos pontos que chama a atenção na Hengst é que, independente do porte e alcance global, trata-se de uma empresa familiar, que preza por padrões elevados de moral e conduta que são vistos como vantagem competitiva, com valores e metas que norteiam os caminhos da organização.
"A Hengst está preocupada com um crescimento saudável focado em grandes perspectivas para o futuro, por isso propaga os valores e metas da empresa para os funcionários, que são o seu bem mais precioso", explica Cynthia Schultz de S. Thiago, responsável pelas atividades de Marketing no Brasil. "Longevidade, confiabilidade e responsabilidade na prestação de contas são importantes valores para a nossa empresa – em relação aos nossos funcionários e também parceiros de mercado. Numa empresa familiar, o objetivo dos sócios e da direção da empresa não é o lucro em curto prazo, e sim o desenvolvimento contínuo, sustentável e a garantia do futuro da empresa. A Hengst é caracterizada particularmente por seguir seu próprio caminho e de não se orientar em tendências de curto prazo, mas sim de trazer idéias inovadoras".
"Nós somos a empresa", é o tema central dos valores da Hengst, que tem como lema "Nosso caminho comum", o que demonstra que cada colaborador é encarado como um representante da empresa em termos globais, contribuindo decisivamente para o crescimento da marca.
Segundo a Hengst, a continuidade na política da empresa e de sua existência em longo prazo diz respeito a ser uma empresa familiar, com responsabilidades para com o ser humano e o meio ambiente, o que contribui para que estabeleça laços diferenciados de confiança também no relacionamento com colaboradores, clientes e fornecedores. "Pretendemos continuar como uma empresa familiar e independente, com uma marca que seja a mais reconhecida pela qualidade, inovação e confiança no nosso segmento", complementa Cynthia.
Na área de responsabilidade social, a Hengst investiu na combinação de trabalho e família, com participação ativa nas comunidades onde está inserida. Na Alemanha, há jardins de infância para os filhos dos colaboradores e a empresa também realiza sonhos de crianças e jovens que estão muito doentes, através da organização "Herzenswünsche". No Brasil, disponibiliza instalações de primeiro mundo aos colaboradores nos quesitos de ambiente de trabalho e segurança, além de patrocinar a ação "Schule mit Köpfchen" e "Amigos do Bolshoi", do Teatro Bolshoi, em Joinville.
Para melhorar a eficiência energética do automóvel, diminuir o consumo de matéria-prima e facilitar processo de descarte e reciclagem, a Hengst fabrica o sistema ENERGETIC®, que reduz em aproximadamente 90 por cento, o volume de resíduos ocasionados da troca do filtro de óleo. O segredo do produto, é integrar diferentes funções do motor no módulo multifuncional, resultando num modelo mais compacto, de menor peso e ecológico. |
"Os resultados em Joinville são apenas os primeiros passos de uma jornada longa que trilharemos com sucesso. O Brasil ocupa atualmente uma posição de destaque no ranking mundial dos fabricantes de veículos e possui um mercado interno bastante pujante. Queremos aproveitar essa situação e tornar nossos produtos e soluções mais conhecidos localmente, com investimentos que vão muito além da nossa estratégia de vendas e marketing", explica Ralph Felsmann.
Segundo o executivo, o Brasil representa em torno de 5% da fabricação mundial de veículos e a participação do faturamento da Hengst no Brasil é proporcional a esta cifra, ou seja, frente aos negócios globais, a unidade brasileira representa aproximadamente
4,0 a 5,0% do faturamento, com total apoio da matriz. "Nos últimos anos, investimos mais de
R$ 20 milhões no país. O último investimento de grande envergadura foi a instalação de uma fábrica de peças plásticas técnicas, inaugurada no ano passado".
Para Felsmann, o Brasil ainda tem grande potencial de desenvolvimento. "Pretendemos continuar a crescer focando ainda mais o mercado local, tanto para equipamentos originais como para reposição. Além de intensificarmos em curto prazo nossa atuação em vendas e na engenharia de aplicação, planejamos em médio prazo uma expressiva ampliação na fabricação de elementos filtrantes. O país demonstrou na recente crise ter uma economia robusta, confiável e acreditamos que nesse cenário, produtos de qualidade superior acabem conquistando um espaço maior, o que vai ao encontro das características dos produtos Hengst".