Filtros De Combustível Para Motores De Injeção Direta
Por Daiana Cheis
Edição Nº 71 - Novembro/Dezembro de 2014 - Ano 13
O filtro de combustível tem função vital para o motor e independe se os motores de combustão sejam movidos a diesel, gasolina ou álcool com sistema de injeção eletrônica ou carburado
Manutenção de filtros de combustível
A quilometragem de troca varia de acordo com o modelo do carro e o tipo de injeção do combustível. Se o carro for carburado, recomenda-se trocar entre 8.000 e 15.000 km, se for injeção eletrônica entre 15.000 e 40.000 km. Exceto quando usado combustíveis de má qualidade, pois estes irão provocar uma troca antecipada dessa peça.
A substituição do filtro segue a recomendação do fabricante no manual do veículo, caso não seja feita no prazo indicado e o veículo continuar rodando com os mesmos filtros – em qualquer tipo de sistema no motor -, certamente, vão aparecer alguns problemas, como por exemplo:
- Ineficiência de filtragem, ocasionando cortes de combustível, falhas no motor, vazamento de combustível e até mesmo incêndio em casos extremos;
- Podem ocorrer defeitos e desgaste precoce nos componentes de injeção nos carburadores, no funcionamento do motor, corrosão e aumento de emissão de poluentes.
A diferença dos motores com injeção direta é que a tecnologia contida nessa peça recomenda que a sua substituição seja feita em oficinas de confiança e por profissional especializado.
O consultor técnico, Wilson Ananias, da Wega Motors, empresa de autopeças Argentina, onde se encontra atualmente a fábrica, desde 2003 no Brasil vem crescendo junto aos seus parceiros, diz que "os motores do ciclo Otto bem como a Diesel, alimentados por injeção direta, não sofreram alterações nos filtros de combustível. Esta alteração ocorreu internamente onde o combustível quando injetado em pré-câmara ou injetado direto na câmara".
A disponibilidade de tecnologias avançada dos meios filtrantes no mercado colabora para que o resultado final do motor seja alcançado e de forma positiva. Para o especialista da Tecfil, líder em desenvolvimento de filtros, Roberto Rualonga, a filtragem nos veículos com injeção direta é fundamental na purificação do combustível para um bom funcionamento do sistema e proteção dos componentes. Os filtros devem ser desenvolvidos com tecnologias avançadas dispondo de meios filtrantes de alto desempenho que possam atender às exigências e especificações das montadoras. O desempenho do motor está ligado também à pontual manutenção dos dispositivos.
"Os usuários deverão se atentar às especificações do fabricante com relação as trocas regulares dos sistemas de filtragem; caso a troca do filtro não seja feita no tempo certo o veículo pode apresentar perda de potência impedindo o bom desempenho do veículo", comenta o gerente de assistência técnica da empresa, Roberto Rualonga.
Motores com sistema de injeção direta
Como vimos, a filtração de combustível é basicamente a mesma em qualquer motor, a diferença fica por conta da ingestão do combustível na câmara, se ela é direta ou indireta.
Para entendermos esse sistema vamos voltar ao funcionamento do sistema convencional.
O carburador sempre foi o principal componente do sistema de alimentação, que trabalha formando a mistura ar-combustível nas proporções requeridas pelas diversas condições de funcionamento do motor. Com as maiores exigências governamentais a respeito de emissões poluentes muita tecnologia foi empregada no carburador para dar uma sobrevida ao equipamento.
A princípio, foram desenvolvidos sistemas de controle de dirigibilidade e de poluentes, mecânicos e pneumáticos, como o cut-off, corte da alimentação de marcha-lenta sob freio-motor, e odash-pot, retardador de fechamento da borboleta de aceleração. No primeiro caso, para diminuir as emissões de hidrocarbonetos (HC); no segundo, de óxidos de nitrogênio (NO e NO2).
Como não foram atingidos os limites de emissões cada vez mais baixos, foi necessário implantar a eletrônica ao sistema. Daí teve então os primeiros carburadores eletrônicos. Tinham módulo de controle e acessórios eletromecânicos e eletropneumáticos, passaram a ter um melhor controle da marcha lenta, partida a frio, abertura do segundo estágio, desacelerações, etc.
A injeção veio para aposentar definitivamente o carburador. O sistema de injeção eletrônica é constituído de sensores, atuadores, unidade de comando e bomba de combustível, é responsável pela regulagem da quantidade de combustível ideal para o volume de ar admitido, gerando a perfeita relação entre esses dois componentes. A mistura combustível/ar deve estar equilibrada para garantir melhor rendimento e economia de combustível, bem como menor emissão de gases poluentes do veículo.
As injeções single-point ou monoponto possuem um único injetor, instalado no corpo da borboleta. Seu trabalho não é muito diferente do carburador: faz a mistura na entrada do coletor de admissão - mas com maior precisão e mistura mais homogênea, pois a válvula de injeção age de acordo com o programa escrito no módulo eletrônico de comando.
Com a injeção multi-point ou multiponto, que adota um injetor para cada cilindro instalado próximo às válvulas de admissão, é possível um ganho da ordem de 15% em torque e potência. Isto é possível, pois a mistura passa a ocorrer praticamente na entrada das válvulas de admissão, não se condensando pelo caminho. Aliado a um coletor de admissão redimensionado, o fluxo de ar - menos denso por não estar misturado com o combustível - ganha velocidade e o motor atinge uma eficiência volumétrica maior.
A injeção multiponto ainda pode ou não ser sequencial, em que cada cilindro recebe a mistura no momento adequado, em função da ordem de ignição. Nos sistemas não-sequenciais a injeção dá-se simultaneamente em todos os cilindros, o que não é o ideal. Mas há casos em alguns veículos que a injeção ocorre ao mesmo tempo em dois cilindros, sendo por isso chamada de semi-sequenciais.
A gasolina em um motor dotado de injeção convencional de combustível toma um caminho menos direto do que nos motores de injeção direta. Essa abordagem indireta causa toda espécie de ineficiência na queima de combustível e pode resultar no desperdício de muita energia utilizável.
Funciona assim: diferentemente dos motores de injeção eletrônica indireta, em um motor de injeção direta o combustível pula o período de espera que teria de sofrer em um motor convencional, por exemplo. Em lugar disso, vai diretamente à câmara de combustão, e não no coletor de admissão, dosando a quantidade de ar e combustível de forma precisa. Além disso, devido ao gerenciamento eletrônico, todo processo de distribuição de queima é feito na quantidade e no tempo adequado. Isso permite que ele seja queimado de maneira mais regular e completa.
Para o motorista, o fato pode significar menor consumo e maior potência nas rodas. Quanto a manutenção, do sistema, é feita da mesma maneira que os demais componentes do veículo, ou seja, seguindo a recomendação do fabricante no manual do proprietário.
Mas, por se tratar de um sistema mais sensível à variações, o supervisor de assistência técnica, Ronilso Toledo, da Sogefi Group, empresa líder mundial no fornecimento de peças originais para a indústria automotiva, com mais de 30 anos de experiência, faz um alerta para que a manutenção seja efetuada dentro do indicado: "Por possuir mais componentes eletrônicos que o sistema de injeção convencional, o fato de se manter um filtro saturado pode acarretar possíveis falhas no motor, aumento do consumo e consequente aumento da emissão de poluentes, sobrecarga de alguns componentes, como, por exemplo, a bomba".
No caso de limpeza do sistema, seja de injeção direta ou injeção indireta, o SINDIREPA–SP (Sindicato da Indústria de Reparação de Veículos e Acessórios do Estado de São Paulo), recomenda que o serviço só seja realizado após diagnóstico com equipamento específico que aponte anomalia no funcionamento da vazão e estanqueidade dos bicos injetores.
E, se dentre as principais vantagens está a economia de combustível para o consumidor, podemos citar como desvantagem a emissão em grande quantidade de NOx (óxidos de nitrogênio). Os óxidos de nitrogênio, conhecidos como importantes poluentes da atmosfera são emitidos na atmosfera pelos motores de combustão interna. Porém, como ressalta Toledo, da Sogefi: "se todos os dispositivos que estão após o motor (catalizadores, sensores, etc) estiverem trabalhando normalmente a emissão no escapamento é menor". Por isso a manutenção feita no tempo indicado é imprescindível.
Tendência
Antigamente, a injeção direta envolvia muitos obstáculos técnicos para que seu uso valesse a pena em automóveis a gasolina produzidos para o mercado em massa. Mas se vencemos estes impasses por que nem todos os veículos saem de fábrica com esse dispositivo?
Para o especialista da Wega Motors, Wilson Ananias, a questão não depende unicamente dos fabricantes: "A Lei de Emissões, aprovada pelo Proconve, disponibilizava limites de emissões escalonado em fases assim. Os investimentos foram parcelados ao longo dos anos".
Apesar da vantagem na economia no consumo de combustível, Ananias afirma que, embora seja possível, a adaptação do sistema convencional para injeção direta, feita por um mecânico especializado, não é viável economicamente.
Contudo, se ainda não temos uma total produção saído de fábrica desse sistema – de injeção direta - nos veículos é uma questão de tempo. Hoje, a maioria dos fabricantes de automóveis produz ou planeja em breve produzir carros a gasolina com motores de injeção direta.
"Daquela época para hoje tivemos muitos avanços tecnológicos nos componentes de motor e no próprio combustível, como, por exemplo, a questão dos bicos injetores utilizados em motores ciclo Otto, que até então não poderiam estar ligados diretamente na câmara de combustão em virtude de restrições como a pressão e temperatura", analisa Toledo da Sogefi Group.
A expectativa para que no futuro, e não muito distante, o cenário seja diferente é positiva. "Acredito que este sistema de gestão de motores é uma tendência para o futuro não muito distante, visto que a cada dia que passa as legislações quanto à emissões se tornam cada vez mais rigorosas. Um empecilho para a adoção deste sistema hoje é o custo, porém, logo se tornará algo mais popularizado, e com o aumento da demanda com certeza se tornará mais acessível e acabará sendo adotado em todos os veículos novos", comenta.
Contato das empresas:
Sogefi: www.sogefigroup.com
Tecfil: www.tecfil.com.br
Wega Motors: www.wegamotors.com