A filtração é uma das aplicações mais comuns do escoamento de fluidos através de leitos compactos. Usamos o termo filtração para descrever o processo de separação dos sólidos em suspensões líquidas e, também, para separação de partículas sólidas de gases, como, por exemplo, a separação das poeiras arrastadas pelos gases utilizando tecidos. Pode ser realizada por vários materiais, desde que apresentem porosidade, permeabilidade.
O objetivo deste processo é separar mecanicamente as partículas sólidas em uma suspensão líquida com o auxílio de um leito poroso. O líquido que passa através do leito é chamado de filtrado. Dentre as opções de dispositivos para filtragem se encontram o tecido e o não tecido filtrante.
O tecido, conforme a ABNT/TB-392, é uma estrutura produzida pelo entrelaçamento de um conjunto de fios, urdume, e outro conjunto de fios de trama formando ângulo (ou próximo) a 90 graus.  As características do tecido também devem seguir os critérios da ABNT, como:  gramatura, peso linear, densidade, espessura, ligamento, alongamento, elasticidade, entre outros.
O mercado de tecidos filtrantes tem ampla e complexa atuação nos mais variados setores. A indústria atende à diferentes segmentos com múltiplas aplicações para filtragem líquida e gasosa.
Filtração seca: utilizada para a filtragem de ar, como cabines de pintura, exaustores de pó e proteção de painéis elétricos.
Filtração líquida:  o tecido ou manta filtrante são utilizados para auxiliar no processo de filtragem dos líquidos em geral, na maioria dos casos, óleos sintéticos, semi-sintéticos e até mineral, oriundos do processo de usinagem ou limpeza de peças usinadas.
O tecido filtrante não é um substituto para outro elemento filtrante, porém é mais uma opção de produto que é indicado, dependendo do objetivo.
"O uso de tecidos para a filtração se justifica quando o processo é repetitivo e se espera boa homogeneidade nas características do elemento filtrante por um longo período", diz o gerente de vendas têxtil do Grupo Inbra, Daniel Guilhermo de la Fuente.
Mais barato que os tecidos convencionais, o não tecido é considerado um não tecido, porque não passa pelo mesmo processo de fiação e tecelagem que naturalmente é usado para se obter o tecido. Segundo a norma NBR-13370, não tecido é uma estrutura plana, flexível e porosa, constituída de véu ou manta de fibras ou filamentos orientados direcionamente ou ao acaso, consolidados por um processo mecânico (fricção) e/ou químico (adesão) e/ou térmico (coesão) e combinação destes. Na maioria dos casos, as fibras representam a principal matéria prima na fabricação dos não tecidos.
A produção comercial de mantas feitas com fibras ligadas produzidas para um uso específico começou em 1942, nos EUA. O produto foi chamado, então, de não tecido (NONWOVEN) pela primeira vez. Desde então, novas técnicas tem sido desenvolvidas para produzir não tecido de maneiras mais diversificadas para uso nas mais variadas áreas.
Também popularmente conhecido como TNT (Tecido Não Tecido), o mesmo usado para fins domésticos, tem, além do baixo custo, outras vantagens, como a variedade de aplicações e substrato para outros produtos.
"Pode se dizer que o não tecido é um tecido técnico, pois possui diversas aplicações, diferente dos tecidos convencionais, que está limitado", aponta o supervisor de vendas da Interfiltros, Fábio Morgado Cortes.
De acordo com a ABINT (Associação Brasileira de Não tecidos e Tecidos Técnicos), a produção de não tecidos aplica e combina tecnologia de diversas indústrias, como têxtil, a papelaria, de couro, de plástico, podendo, a qualquer momento, surgir novas técnicas. Dentre os campos de atuação, estão:
Filtração – filtração de ar, pós, líquidos e gases.
Calçados e afins – base para cabedal, forro interno, avessos, viras, embalagens, bases para flocados, etiquetas, couraças, reforços de couro e outros materiais, revestimentos, revestimentos de cambret, base para dublagem, palmilhas de acabamentos, etc.
Indústria – panos para limpeza, manta filtrante para óleo e emulsão de usinagem, material de polimento, sacos de lavagem, e outros.
Médico-hospitar – paramentação odonto-médico-hospitalar, compressas, campos cirúrgicos, etc.
Construção civil – manta asfáltica, forro para telhados, manta isolante, etc.
Confecção – entretelas, enchimentos, forros, e outros.
Automotivos – tubos de admissão, coifas do cambio, revestimento do capo, defletores de ar, isolador do painel de instrumentos, painel das portas, apoio de cabeça, console, etc.
Agribusiness – coberturas e ambientação (cultivo protegido) para flores, frutas, legumes e hortaliças, sombreamento e ambientação para pequenos animais, cobertura de fardos, entre outros.
Compósitos – coletes a prova de bala, blindagem de veículos, reforço de materiais.
Wipes – materiais para limpeza  doméstica, para uso hospitalar, para indústria alimentícia, farmacêutica, mecânica, ótica, entre outros.
"A ABINT congrega os fabricantes de não tecidos, representando-os setorialmente junto ao governo, outras entidades, a sociedade, e perante o mercado, agrupando-os em Comitês Técnicos, que trabalham o desenvolvimento tecnológico e promoção mercadológica. Cada qual em mercados específicos como, por exemplo, o da Construção Civil e Geotecnia, o do Médico Hospitalar, o de Descartáveis Higiênicos, e outros. Os elementos de filtração, não tecidos ou outros têxteis técnicos, são amplamente utilizados no setor automotivo, no setor de refrigeração, na indústria petroleira, na área médica, na área de higiene, em filtração de todo tipo de ar, pós e líquidos", exemplifica o secretário executivo da ABINT, Jorge Saito.
O uso de não tecidos não se limita apenas no mercado industrial, podendo, desta forma, se fazer presente no dia-a-dia de cada um. Classificamos como não tecidos descartáveis e não tecidos duráveis.
Descartável - absorvente, fralda, manta de limpeza (perfex), etc.
Durável - tapete de carro, etc.
Além das outras vantagens do uso pelo não tecido, está o reaproveitamento do material, como o não tecido de propileno que se torna material reciclado, exceto o utilizado na área médica que devido ao risco de contaminação deve ser incinerado, podendo ser fonte de energia.
Há muitos tipos de tecidos construídos com diferentes tipos de materiais, isto é, podemos ter uma mesma construção têxtil e mudar o material do tecido, basicamente de poliéster; polipropileno ou mesmo a poliamida entre outros materiais.
"A definição do material vai depender das características da solução a ser filtrada como o PH, a temperatura e a composição do meio fluido. A definição da textura ou do tipo de construção têxtil, por sua vez, depende das características do particulado, como: tamanho, forma, aderência, abrasividade, reatividade, concentração, se tem tendência de formação de gel, entre outras", explica o gerente de vendas têxtil do Grupo Inbra, Daniel Guilhermo de la Fuente.

Grupo Inbra
O Grupo Inbra Filtro, atua com mais de 30 anos na produção e comercialização de tecidos para filtragem industrial, proteção Balística para blindagem de veículos. Com a própria tecelagem, agulhadeira, sistema de tratamentos térmicos, laboratórios, setor de corte, confecção e beneficiamento de papel filtro, a Inbra Têxtil é uma das seis empresas que fazem parte do grupo. Conta com uma linha de produção completa de elementos filtrantes desenvolvendo tecnologia no combate à poluição.
Interfiltro
Fundada no ano de 1992, a Interfiltros é uma empresa 100% nacional que vem sendo referência no segmento de não tecidos para as mais diversas aplicações. Atualmente, a marca Inter Prot é uma das maiores fabricantes de vestimentas de proteção e foi criada com o compromisso de atender e superar as expectativas dos clientes.
Os tecidos filtrantes, assim como outro produto qualquer, obedecem as normas de fabricação. Segundo o supervisor de vendas da Interfiltros, Fabio M. Cortes, o que diferencia um fabricante do outro é o tipo de maquinário, nicho de mercado e, principalmente, o serviço agregado.




Perspectiva para o mercado
Em relação ao cenário atual da indústria de tecidos filtrantes, Cortes explica que, embora o mercado de não tecido esteja sempre com novas aplicações, o produto em si não muda muito. "As bases da fibra ainda não apresentaram nenhum diferencial nos últimos cinco anos. As tecnologias se aprimoram apenas com relação a velocidade de produção ou aprimoramento do produto, mas, não impacta consideravelmente para o cliente final. Claro, cada cliente possui uma necessidade e é possível alterar o produto de acordo com esta necessidade, mas nada que vire um padrão para o mercado", analisa ele.
Com olhar realista, Daniel G. de La Fuente, do Grupo Inbra, enxerga muito além de um mercado brasileiro, que, apesar de bastante promissor no que se refere a demanda de elementos filtrantes, ainda é dependente do mercado externo.
De acordo com o gerente de vendas têxtil, muito do que se usa no Brasil ainda é importado, isso resulta um pouco da defasagem tecnológica existente na qualidade dos fios usados pela indústria têxtil e como consequência na filtragem.
"Dentre as dificuldades que vemos no desenvolvimento da atividade têxtil de produtos técnicos é a constante desnacionalização da produção das matérias primas, basicamente o fio têxtil. Mesmo com a alta do dólar, nossa visão é que os principais fornecedores serão cada vez mais estrangeiros. As indústrias brasileiras voltadas para o segmento estão desativando suas linhas de produção e passando a importar. De um lado uma redução de custo e um incremento de qualidade, mas em longo prazo nos torna dependentes das oscilações do mercado externo", compara.
Quanto a concorrência nesse mercado não é diferente dos demais, as empresas contam com a inovação em tecnologia, o que na opinião de La Fuente, gerente de vendas do Grupo Inbra, as indústrias estão "niveladas" nesse sentido.
"O que difere é a metodologia empregada na solução dos problemas de filtragem do cliente. A indústria em geral é sensível a pequenas melhorias, pequenos ganhos de desempenho, seja por um aumento de produtividade ou da durabilidade do elemento filtrante. Em situações extremas a qualidade do atendimento; a regularidade na qualidade e um bom apoio técnico acabam se tornando fatores de desequilíbrio.
A Interfiltros, por exemplo, aposta no suporte de pós venda ao cliente, e o que afirma Fabio M. Cortes, supervisor de vendas da empresa: "Hoje a Interfiltros está focada não só em vender seu produto e sim, trazer soluções aos seus clientes. Fazendo isso com técnicos que acompanham a produção do cliente em sua fábrica".
 
 
Contato das empresas:
ABINT (Associação Brasileira de Não tecidos e Tecidos Técnicos): www.abint.org.br
Grupo Inbra: www.grupoinbra.com.br
Interfiltros: www.interfiltros.com.br