Papéis Filtrantes E O Mercado Nacional: Panorama E Projeções
Por Vicente De Aquino
Edição Nº 68 - Maio/Junho de 2014 - Ano 13
Desenvolvido para promover a separação sólido-líquido adequada a cada tipo de processo os papéis filtrantes são um dos meios mais utilizados no Brasil em razão de seu valor e da alta demanda de filtros
Desenvolvido para promover a separação sólido-líquido adequada a cada tipo de processo os papéis filtrantes são um dos meios mais utilizados no Brasil em razão de seu valor e da alta demanda de filtros e, por esse motivo, têm fundamental importância no mercado.
Diferentes tipos de celulose e de fibras sintéticas adaptadas à regulagem da máquina e com posterior impregnação de resina geram os tipos com as características e a resistência adequada aos diversos setores onde possuem aplicabilidade. E eles são muitos. Ivo Tsumura, gerente de negócios internacionais da Poli-Filtro e da Filtros Notria exemplifica "O papel filtrante está presente em praticamente todos os segmentos da filtração desde veículos, máquinas agrícolas e transportes até a indústria. Possui diversas composições, resinas e características específicas para cada finalidade, portanto deve-se utilizar a correta aplicação para cada determinado tipo de filtro a ser fabricado. Trata-se de um material complexo e adquirir de fabricantes que não utilizam matéria-prima adequada pode colocar todo o seu veículo em risco".
Ricardo Brandão, diretor de administração e suprimentos da Tecfil/Filtros Vox também ressalta a importância do papel. "Ele é usado em filtros automotivos para combustível, óleo, ar e ar de cabine bem como para filtros hidráulicos". "Já no setor não móbil há as turbinas a gás que podem depender diretamente desta matéria-prima", complementa Jürgen Gaudry, gerente de mercado para a América Latina da Hollingsworth & Vose Company.
Panorama atual do mercado brasileiro
Segundo Willy Davis Bordignon, vice-presidente de marketing de Transportation Filtration da Ahlstrom Filtration, o mercado de papel filtrante continua a apresentar uma demanda similar ao ano de 2013 na América do Sul. Em 2014 existe uma previsão de crescimento da ordem de 4-5%, já para os próximos anos acreditamos que o crescimento será na faixa dos 5%.
Ivo Tsumura comenta que o mercado global de papéis filtrantes está concentrado na mão de três grandes multinacionais que possuem plantas em diversos locais do mundo. No entanto, dentre estas apenas uma empresa está instalada no Brasil para atender a demanda dos fabricantes de filtros locais. "Recentemente percebeu-se no mercado nacional o aparecimento de novos fornecedores menores, com material proveniente de países da Ásia, principalmente a China", explica.
A situação também é descrita por Ricardo Brandão, da Tecfil: "Após a saída da Adamas do mercado nacional, estamos apenas com uma opção de papel filtrante, a Ahlstrom. Isso diminui nosso poder de negociação o que ficou ainda pior com a valorização do dólar que praticamente inviabilizou as nossas importações - quando comprávamos em torno de 40% de nosso volume no exterior. Fora do Brasil temos algumas opções interessantes com as quais mantemos contato para desenvolvimento pensando em futuras oportunidades desde que o câmbio nos ajude", relata.
Além da alta do dólar a carga tributária e algumas questões relacionadas a infraestrutura dificultam as importações o que foi ressaltado por Tsumura. "Devido à presença de um único fabricante local, importar tornou-se necessário para suprir a demanda assim como para obter novas tecnologias e competitividade comercial. Temos excelentes parceiros comerciais na Europa e América do Norte, com material de excelente qualidade, porém infelizmente a carga tributaria os custos portuários e estrutura logística não favorecem a importação. Apenas para exemplificar, paga-se 12% de imposto sobre o valor da mercadoria e como um contraponto, podemos importar filtros de países com acordos bilaterais com o Brasil, com isenção deste mesmo imposto", diz.
Ricardo Brandão da Tecfil destaca que a mudança no cenário provocou dificuldades iniciais para a empresa. "No momento não temos tido a necessidade de importar por falta de atendimento da Ahlstrom. Hoje ela se ajustou a demanda do mercado, mas logo após a saída da Adamas tivemos muita dificuldade o que chegou a comprometer nossa produção devido aos vários atrasos. Creio que o principal desafio para a instalação de novas plantas no Brasil é o fato que a Ahlstrom possui capacidade instalada suficiente para suprir o mercado nacional e também porque o custo de implantação de uma indústria de papeis filtrantes é extremamente alto. Além disso, há fortes exigências ambientais que precisam ser cumpridas. Haveria espaço caso se pense no mercado sul-americano. Mas cabe lembrar que a Ahlstrom hoje é maior fabricante mundial de papel filtrante e possui tecnologia diferenciada e um padrão superior aos demais, a única empresa que se aproxima da Ahlstrom neste quesito é a Neenah Gessner localizada na Alemanha", ressalta.
Segundo Willy a Ahlstrom vem investindo constantemente para atender a demanda do mercado nacional "Nossa estratégia para atender a demanda é investir na capacidade de produção em nossa planta em Louveira. Ao mesmo tempo expandimos nossa capacidade de produção na Ásia e Europa e temos disponibilizado materiais importados no mercado da América do Sul."
Exigências e perspectivas para o mercado mundial
A importância e crescente demanda do mercado são aliadas a pressão para reduzir custos e a necessidade de melhorias tecnológicas "Os clientes e fabricantes de filtros querem vantagens competitivas, acesso a novos segmentos e margens melhoradas. O aumento da renda nos países do BRIC oferece crescimento latente com impacto a longo prazo na indústria automotiva global. A Europa e APAC vão testemunhar a forte demanda de filtros automotivos em 2014 após a implementação da norma Euro VI de emissões. Assim prevemos a produção de novos motores, o que se traduzirá em desenvolvimento para atender a esses novos requisitos. Além disso, espera-se novidades no mercado de diesel o que vai impulsionar a demanda por filtros de combustível nos próximos anos", explica Jürgen Gaudry da Hollingsworth & Vose Company, companhia que atua na produção de cerca de 400 tipos de meio filtrante para ar e líquidos, incluindo a concepção e produção de filtros de ar, óleo de lubrificação e mídias de filtragem de combustível para motores a gasolina e diesel, substratos para óleo hidráulico, combustível de aviação e separadores de ar / óleo, bem como aplicações de turbinas a gás.
No entanto é necessário atentar também para a eficiência desses produtos. "A legislação é mais rigorosa com os padrões de qualidade do ar.
A certificação LEED e biocombustíveis aparecem como uma prioridade. Essas pressões darão lugar a motores menores, com cada vez mais refinados sistemas de lubrificação de entrada de ar e de fornecimento de combustível", diz Gaudry.
Segundo ele três pontos devem ser observados no desenvolvimento da indústria para o futuro: a necessidade de maior produção devido ao crescimento populacional e a alta demanda aliada a ênfase na proteção do meio ambiente (desenvolvimento sustentável) e a maior conscientização dos consumidores com a saúde e o consumo inteligente. "Nossa estratégia é a valorização dos nossos clientes a partir da produção de materiais com performance superior e qualidade reconhecida. O comprometimento com os consumidores, a inovação e o foco direto no mercado nos direciona", complementa Gaudry.
Dentre as inovações tecnológicas na produção de meios filtrantes da Hollingsworth & Vose Company pode ser citado o Meio Filtrante Technostat que foi adicionado na linha da fábrica em Floyd, Virginia fornecendo a capacidade para suportar a crescente demanda na América do Norte por meio filtrante sintético de alta performance. Esta nova linha vai produzir o H & V patenteado Technostat e o meio filtrante de eletreto que oferece alta eficiência de filtração com baixíssima queda de pressão. A linha de produção Floyd está prevista para entrar em operação no quarto trimestre de 2014", diz.
Segundo Gaudry também tem crescido a demanda pela nanotecnologia que é a técnica que trabalha com fibras entre 200 e 600 nm o que permite uma melhor eficiência na filtração. "Nós anunciamos planos para adicionar o NanoWave® Meio Filtrante na capacidade de produção em nossa fábrica em Hatzfeld, Alemanha, para suportar o rápido crescimento da demanda por meio de filtro de alta performance. A linha ganhou o Prêmio IDEA13 Achievement de bens laminados e atinge níveis mais elevados de eficiência de filtração em pressão reduzida. A linha de produção Hatzfeld está prevista para entrar em operação em meados de 2015 e irá atender os clientes europeus. H & V atualmente fabrica mídia NanoWave® nos Estados Unidos, em Floyd, Virginia", conta.
Segundo Willy a Ahsltrom possui um portfólio completo de produtos para aplicações automotivas em ar, óleo, combustível e filtros de cabine, além de uma linha completa para aplicação em Life Science e turbinas a gás. Tratando-se de novidades Willy destaca os principais produtos que estão sendo lançados no mercado "Temos diversos novos produtos chegando em nosso portfólio, sendo na linha de combustível: Linha Flex para aplicação em Etanol, Captimax a nova geração de papéis de filtração de combustível, já para a linha de filtros de cabine estamos lançando a nova linha SafeCabin com um portfólio completo incluindo meios filtrantes produzidos no Brasil, para ar lançamos os meios filtrantes com nanofibra aumentando a eficiência de forma considerável, além de mais 3 lançamentos mundiais de produtos de alta tecnologia e performance nas linhas de óleo e combustível", finaliza.
Contato das empresas:
Ahlstrom: www.ahlstrom.com
Hollingsworth & Vose Company: www.hollingsworth-vose.com
Poli-Filtro/Filtros Notria: www.polifiltro.com.br
Tecfil/Filtros Vox: www.tecfil.com.br