Crise na Petrobras não intimida a expansão do setor
A crise econômica que se alastra pelo país, os problemas hídricos e os sucessivos escândalos de corrupção envolvendo a Petrobras parecem não ter intimidado o mercado de gás natural. Apesar do cenário totalmente desfavorável, as perspectivas de crescimento para esse setor são bastante promissoras. De acordo com a Empresa de Pesquisa Energética (EPE) nos próximos 10 anos, o consumo elétrico do Brasil deve apresentar uma taxa anual de crescimento de 3,9% até 2024, atingindo 693.469 GWh. "Independentemente da crise hídrica, ao longo de cada ano vai havendo equilíbrio na alternância entre a demanda de energia de hidrelétricas e de termelétricas, neste último caso, ganhando destaque a participação do gás na matriz energética", explicou o presidente da EPE, Maurício Tolmasquim, durante uma apresentação realizada no seminário Gas Summit Latin America. Ainda segundo a projeção da EPE, a demanda máxima de gás em 2024 crescerá 47 milhões de metros cúbicos (m³) de gás diário frente a 2015, o que representa uma expansão de 47%.
A demanda passará dos atuais 100 milhões de m³/dia para uma ação potencial de 147 milhões de m³/dia. O estudo da EPE ressalta também que a oferta potencial de gás crescerá 54 milhões de m³/dia, com aumento de 49% em relação a 2015.
Mais do que as perspectivas analíticas, os consumidores também têm se mostrado mais receptivos ao gás natural, como comenta o engenheiro da WMF Solutions, Marcelo Firagi: "Este é um mercado que vem crescendo, de maneira constante, apesar dos poucos investimentos do Governo Federal. O consumidor de larga escala já compreende que um gás limpo e controlado reflete na otimização de seus processos produtivos, menor tempo de parada dos equipamentos servidos e o que resulta em uma maior lucratividade. Isso, somado as novas tecnologias desenvolvidas, garante que o mercado de sistemas de condicionamento de gás tenha uma perspectiva positiva a médio e longo prazo".
Firagi analisa ainda que, apesar da crise na Petrobras, o Pré-Sal deve impulsionar novos investimentos nesse setor. "A exploração em águas profundas, mais especificamente no Pré-Sal, mostrou aos analistas que o teor de gás misturado ao petróleo extraído, é muito mais alto do que se imaginava. Isso vai forçar o mercado a desenvolver novas tecnologias para manusear este gás", afirmou o engenheiro da WMF Solutions.
Gás natural como insumo energético
A utilização do gás natural como insumo energético apresenta benefícios ambientais em comparação a outras fontes fósseis de energia, como o carvão mineral e os derivados de petróleo. Entre eles pode-se citar:
- Baixa presença de contaminantes;
- Combustão mais limpa, que melhora a qualidade do ar, pois substitui formas de energias poluidoras como carvão, lenha e óleo combustível, contribuindo também para a redução do desmatamento;
- Menor contribuição de emissões de CO2 por unidade de energia gerada (cerca de 20 a 23% menos do que o óleo combustível e 40 a 50% menos que os combustíveis sólidos como o carvão);
- Pequena exigência de tratamento dos gases de combustão;
- Maior facilidade de transporte e manuseio, o que contribui para a redução do tráfego de caminhões que transportam outros tipos de combustíveis;
- Não requer estocagem, eliminando os riscos do armazenamento de combustíveis;
- Maior segurança, já que por ser mais leve do que o ar, o gás se dissipa rapidamente pela atmosfera em caso de vazamento;
- Contribuição para a diminuição da poluição urbana quando usado em veículos automotivos, uma vez que reduz a emissão de óxido de enxofre, de fuligem e de materiais particulados, presentes no óleo diesel.
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Gás natural
Historicamente, o maior produtor de gás no Brasil sempre foi a Petrobras. Parece difícil acreditar que em meio a tantos escândalos envolvendo a empresa, as perspectivas para esse setor sejam tão favoráveis. Porém, é preciso lembrar que o país também vive uma crise energética e o gás natural se destaca por ser uma importante fonte de energia limpa que pode ser usada nas indústrias, substituindo outros combustíveis mais poluentes como óleos, lenha e carvão. Além disso, o gás natural se distribui entre diversos setores de consumo, com fins energéticos e não energéticos, sendo utilizado como matéria-prima nas indústrias petroquímica (plásticos, tintas, fibras sintéticas e borracha) e de fertilizantes (ureia, amônia e seus derivados), comércio, serviços, domicílios etc., nos mais variados usos.
O gás natural pode ser classificado em duas categorias: associado (GA) e não associado (GNA). Predominantemente, o gás produzido no Brasil é de origem associada, que é o produto que no reservatório, se encontra dissolvido no petróleo ou sob a forma de uma capa de gás. Neste caso, normalmente privilegia-se a produção inicial do óleo, utilizando-se o gás para manter a pressão do reservatório. O gás não associado é aquele que está livre do óleo e da água no reservatório. Sua concentração é predominante na camada rochosa, permitindo a produção basicamente de gás natural.
De acordo com os últimos estudos, as perspectivas de maior oferta de gás natural no Brasil estão principalmente na Bacia de Santos, além do Espírito Santo e na Bacia de Campos, no Estado do Rio de Janeiro, que hoje concentra 44% da produção deste energético no Brasil.
Processamento
O processamento de gás natural começa na boca do poço e inclui todos os processos necessários para a purificação de gás natural bruto. A composição do gás natural explorado varia significativamente dependendo de cada poço e é constituído por hidrocarbonetos gasosos, líquidos de gás natural, hidrocarbonetos líquidos e por uma certa quantidade de água e de outros gases.
As etapas do processo de purificação de separação do gás natural vão desde o tratamento do gás azedo, a desidratação, a captura dos líquidos de gás natural, até a compressão final na rede de gasodutos.
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Tratamento
Apesar de seus inúmeros benefícios, os gases naturais brutos contém uma combinação de contaminantes sólidos e líquidos, incluindo: produtos químicos para tratamento de poços e tubulações, vapor de água, sulfeto de ferro, óxido de ferro e gases ácidos, tais como sulfeto de hidrogênio e dióxido de carbono. Estes contaminantes podem sujar equipamento de processamento, corroer equipamentos de distribuição e levar à formação de espuma e produtos finais fora das especificações. "O processo de extração do gás (da forma como é encontrado na natureza) gera impurezas e também concentrações moleculares diferentes. A análise destas composições moleculares é imprescindível para o bom funcionamento dos equipamentos que são alimentados por gás, numa concentração especifica. Como analogia, podemos pensar num carro movido a gasolina. Se o mesmo for abastecido com outro combustível, que não seja o especificado pelo fabricante, o carro não irá funcionar de maneira adequada", explica Firagi. Além de comprometer os equipamentos, a falta de controle e filtragem do gás natural pode resultar ainda na geração de agentes nocivos ao meio ambiente e ao ser humano.
O processo de purificação e separação do gás natural se inicia com o tratamento do gás azedo e segue com a desidratação, a remoção dos líquidos de gás natural, até a compressão final na rede de gasodutos. Para aumentar a eficiência dos processos que envolvem o gás natural, proteger os equipamentos e também os recursos ambientais, o mercado de filtros conta com uma série de soluções direcionadas para esse setor.
A WMF Solutions, por exemplo, atua no mercado de gás com o fornecimento de sistemas de tratamento para fabricantes de equipamento que utilizam o gás como utilidade, ou seja, equipamentos movidos a gás, mas que precisam ser tratados antes da utilização, tanto na filtragem como na pressurização e aquecimento. Também fabrica equipamentos na forma de módulos ou "Skids", para separação, medição e injeção em equipamentos como turbinas e compressores por exemplo. "Na distribuição do gás natural, a WMF, de forma pioneira, fabrica e fornece todos os sistemas necessários para transformar o gás que vem das usinas através do gasoduto para o gás que é utilizado na indústria, no comércio e até em nossas próprias residências", explica Firagi.
O gás transportado nos gasodutos não tem cheiro (uma característica própria do gás natural), e é transportado a uma pressão em torno de 100 kgf/cm2. Desta forma o gás seria totalmente impróprio para consumo pelos usuários finais devido ao perigo da não detecção de um vazamento ou o de se trabalhar com uma pressão tão elevada. "Sendo assim, sempre que o gás sofre uma derivação no gasoduto para uma distribuição para o consumo, as distribuidoras instalam um sistema chamado de City Gate, que é, geralmente, composto de equipamentos como: odorizador, estação de medição, estação de redução de pressão, estação de filtragem, e analisador de gás", sinaliza o engenheiro da WMF Solutions.
A odorização é uma etapa importante do tratamento do gás natural. O equipamento é responsável pela inserção de um derivado de enxofre no gás dando a ele o odor característico do produto e possibilitando a detecção de vazamentos. Como o próprio nome já diz, a estação de medição é um módulo que irá medir o gás que está sendo fornecido ao cliente. Já a estação de redução de pressão tem como objetivo reduzir a pressão do gás de transporte para a pressão comercial. "Essa pressão é menor e menos perigosa de se trabalhar", diz Firagi.
A estação de filtragem é outro processo essencial para a qualidade e segurança dos recursos que utilizam o gás natural. Esse sistema é responsável pela eliminação de substâncias indesejáveis, sejam elas químicas ou mecânicas.
O tratamento é complementado pelo analisador de gás, que é um sistema que analisa a composição química do gás que está sendo fornecido.
Todas essas etapas são responsáveis pela transformação do gás natural bruto em um produto de qualidade e próprio para a utilização, garantindo a segurança das indústrias e, principalmente, do meio ambiente e do ser humano.
Produção de gás em alta
Boa notícia para as empresas que investem no segmento de gás natural! Segundo informações da Petrobras, a produção de petróleo e gás natural, no Brasil e no exterior, em maio de 2015, foi de 2 milhões 766 mil barris de óleo equivalente por dia (boed), 6,2% superior à produção de maio de 2014 (2 milhões 605 mil boed).
A produção própria, no Brasil, de gás natural, excluindo o volume liquefeito, foi de 73 milhões 593 mil m3/dia, similar ao produzido em abril (73 milhões 370 mil bpd).
Ainda no mês de maio, a Petrobras bateu dois novos recordes mensais de produção no pré-sal. A produção operada atingiu seu maior nível, alcançando 726 mil bpd, com aumento de 1,6% em relação a abril (715 mil bpd). Desse total, a parcela própria atingiu nova marca histórica, de 519 mil bpd, superando em 3,2% o patamar de abril (503 mil bpd).
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