Filtros Para Ar São Versáteis E Garantem A Qualidade Do Ar Ambiente
Por Cristiane Rubim
Edição Nº 77 - Novembro/Dezembro de 2015 - Ano 14
Os filtros painel ou planos agem na saúde do ar interno de edificações, que se não for filtrado, pode causar a Síndrome dos Edifícios Doentes ou SED
Os filtros painel ou planos agem na saúde do ar interno de edificações, que se não for filtrado, pode causar a Síndrome dos Edifícios Doentes ou SED. O SED ocorre quando as condições interiores do ar estão abaixo do desejável, provocando desde sintomas comuns, como dor de cabeça, cansaço, irritação de olhos, nariz e garganta, tosse e coceira, até mais graves, rinite, sinusite, conjuntivite, pneumonia, asma, dermatites de contato, entre outras. Além disso, cai a produtividade e os equipamentos deterioram. Quando não há operação nem manutenção adequadas nos sistemas de ventilação ou ar-condicionado, eles acabam tornando-se geradores de poluentes.
Existem várias normas em vigor hoje no Brasil que exigem e dão as diretrizes para o uso correto dos filtros de ar para cada tipo de construção e objetivo. O problema é que falta conscientização e fiscalização porque a maioria ainda compra movida pela ânsia de um custo-benefício mais baixo. Para economizar, a decisão recai sobre um filtro de custo menor com classe de filtragem abaixo da estipulada pelas normas ou por adquirir um pré-filtro apenas que atenda às suas necessidades de um modo geral, o que acaba não filtrando direito, porque, respectivamente, não é o indicado para seu objetivo e construção ou pela falta de outro filtro de maior eficiência.
De acordo com Jerson Alves de Oliveira, diretor comercial da Filtracom, há uma pequena confusão e erro no mercado quanto à nomenclatura técnica dos filtros painel em relação à forma e classes. Inclusive ele diz que, na norma 16.101:2012, o termo tipo painel não é usado e que precisa ser esclarecido o termo técnico correto. Segundo ele, esta expressão é utilizada para diferenciar os filtros de superfície quadrada ou retangular dos filtros cilíndricos, conhecidos como filtros tipo cartucho. Outro erro comum é chamar os filtros tipo painel somente de grossos, já que os finos e absolutos também podem ser tipo painel.
"Quando usamos a expressão filtro tipo painel para diferenciarmos a forma é aceitável tecnicamente, mas quando usamos para diferenciação de classe ou eficiência é errado tecnicamente", esclarece.
Para ficar mais claro, já que existem vários tipos de filtros, Oliveira cita alguns tecnicamente usados:
- Filtro tipo multibolsa (grossos e finos);
- Filtro plano (grossos);
- Filtro bolsa rígida com células filtrantes montadas em V (finos);
- Filtros com células filtrantes montadas em V (finos e absolutos);
- Filtro plano plissado (grossos, finos e absolutos);
- Filtros cilíndricos (tipo cartucho) (grossos, finos e absolutos);
- Filtros planos (tipo manta) – (grossos).
Considerando a forma do filtro, o diretor comercial da Filtracom diz que existem filtros planos simples, em que a área de face é igual à filtrante; e filtros planos plissados, no qual a área filtrante é muito maior que a de face. "Este recurso é usado para aumentar a área filtrante e reduzir o delta P", ressalta.
Aplicações
Os filtros para ar retêm impurezas e purificam o ar, protegendo pessoas, processos e equipamentos. "Eles retiram tanto a poeira mais fina como também a partícula maior ou simplesmente impedem a passagem de moscas, mosquitos, plantas secas, entre outros", diz Celymar Ventini Pinotti, proprietária da Filtros Free. Podem ser instalados em aparelhos de ar condicionado, ventilação industrial, comercial ou residencial, turbinas para geração de eletricidade, dutos, alvenarias, em empresas ou locais que necessitem de uma pureza melhor do ar.
"Os tipo painel são filtros de primeiro impacto utilizados para conforto e como pré-filtro para filtros finos em sistemas complementares", salienta J. Rai do Nascimento, gerente de vendas da Linter Filtros Industriais.
João Carlos Machado, diretor técnico e comercial da Filtrax Brasil saliente, "O curioso é que, por uma questão de economia, este tipo de filtro também é o único usado em shopping centers e escritórios porque depois dele deveria vir um filtro de maior eficiência", adverte. Além de atender às normas, ele previne a sujidade da serpentina, dos dutos e todo o sistema nas tomadas de ar externo. "Apesar de não ser o certo, é melhor ter um pré-filtro do que nada", brinca, alertando que deveria ter maior fiscalização pelos órgãos competentes, pois a maioria das instalações se quer atende ao grau exigido pela Portaria/Norma NBR 16.401.
Os filtros planos são constituídos de uma moldura junto com uma tela de proteção, estando o meio filtrante no centro. "Eles são uma opção econômica para filtragem de ar por ter baixo valor de aquisição", apontam Vinicius Lima, coordenador do centro de atendimento ao cliente (CRA), e Victoria Santos, estagiária em engenharia química, ambos da Unotech. Segundo eles, sua eficiência gravimétrica vai de 75% até 85% e a perda de carga inicial com a velocidade nominal a 2,5 m/s. São indicados também para sistemas de exaustão e cabines de pintura.
Os tamanhos das partículas em suspensão no ar filtradas têm entre 0,18 e 10µm. "Um fio de cabelo, por exemplo, tem, em média, 70µm. Partículas acima de 10µm decantam sem corrente de ar e não chegam ao filtro. Mas há exceções, como regiões com ruas de terra e tráfego de veículos, lixamento de alvenarias, queimadas de cana, vapores da indústria, queima de combustíveis fósseis, entre outras, que geram grande concentração de partículas maiores do que 10µm", explica o engenheiro Cesar Leão Santana, gerente de vendas internas da Trox do Brasil.
Na sala limpa, os filtros painéis são importantes para manter o fluxo unidirecional do ar. "Eles são compactos e trabalham com baixas vazões de ar, podendo atuar tanto como pré-filtros ou intermediários (médios ou finos) em sistemas HVAC ou como filtros terminais (Hepa) em salas limpas", ressalta Samir Costa, gerente de operações da Camfil Latinoamerica.
Tipos
No mercado, existem filtros painel de ar grossos, médios, finos e absolutos. A versatilidade destes filtros possibilita que eles atuem em várias posições porque o que os diferencia é o tipo de meio filtrante usado para cada aplicação. Além desta, as outras características têm relação com sua eficiência, especificação da aplicação, atendimento à norma e também os materiais usados na sua fabricação:
Filtros grossos: Pré-filtros – Utilizados nas tomadas de ar externo, retêm as partículas mais grossas.
Filtros médios ou finos – Retêm a maior parte das partículas, incluindo algumas grossas que passam pelos pré-filtros e, na maioria das vezes, com o objetivo de proteger os filtros Hepa.
Filtros absolutos: Hepa (High Efficiency Particulate Arrestance) ou Ulpa (Ultra Low Penetration Air Filter) – Retêm as partículas críticas para as salas limpas, a maioria delas menor ou igual a 0,5 micrometro. Fontes: Camfil Latinoamerica e Trox do Brasil.
No Brasil, é usada a norma da ABNT com as classes G para filtros grossos, F para filtros finos e A para filtros absolutos, entre outras, diferente da Eurovent, classe europeia. As classes de filtragem trabalham conforme o tamanho das partículas de impureza. Exemplos:
G3: Para eficiência de até 80% para partículas de 1 mícron, F1: 88% para a mesma partícula e assim por diante. Fonte: Filtros Free.
Segundo Santana, é comum especificar vários estágios de filtragem em uma única máquina, por exemplo, com três estágios de filtragem:
1º estágio: pré-filtro eficiência em fibra sintética, G4; 2º estágio: filtro fino bolsa, eficiência F9 e 3º estágio: filtro absoluto Hepa, eficiência de 99,97% para 0,3 micrometro.
"Numa sala cirúrgica de um hospital, por exemplo, são estabelecidos três estágios de filtragem, G4, F8 e H13; enquanto em um escritório acima de 5 TRs é requerido filtro médio M5 de acordo com as normas para cada setor", salienta o gerente de vendas internas da Trox do Brasil.
Variedade de meios filtrantes
"A vantagem dos filtros planos é a diversidade de meios filtrantes que podem ser utilizados para várias aplicações", indica Lima. Podem ser construídos com meios filtrantes de poliéster, fibra de vidro, carvão ativado ou columbus. Além disso, possuem telas de alumínio, atendendo às classificações de filtragem grossa, e as molduras são de papelão ou metálicas.
"A diferença entre eles é que, dependendo do tipo de partícula e velocidade nominal de passagem do ar pelo filtro que envolve também a possibilidade de odor ou não, existe um material mais apropriado", ressaltam Lima e Victoria.
Hoje os sistemas de porta-mantas substituem os encartonados. "Isso porque têm suporte fixo onde somente a manta é trocada, o que reduz custo ao longo do tempo e também custo com reciclagem e diminui o tempo de troca dos elementos em mais de um terço no mínimo", explica Machado, da Filtrax Brasil.
Normas descumpridas
Atualmente existem muitas normas que regem o mercado de filtragem para ar no país, mas a maioria dos estabelecimentos, para fazer economia e por falta de fiscalização, não cumpre o que as normas pedem. "Apesar da preocupação com a qualidade do ar nas instalações ter aumentado e as normas se tornado bem exigentes, ainda faltam no Brasil fiscalização e melhora na consciência dos consumidores quanto à exigência técnica na compra de filtros de ar", adverte Santana. Ele enfatiza que não se pode adquirir filtros só levando em conta o preço. "É preciso exigir certificados dos fabricantes de laboratórios de ensaios reconhecidos que atestem a qualidade dos filtros e comprovem sua eficiência", alerta. Outro grande desafio no Brasil ainda é ter um laboratório independente para testes dos filtros conforme as normas.
A manutenção do filtro depende do grau de saturação em função do local de instalação, número de pessoas no local e de horas usadas. "Apesar da preocupação com o meio ambiente hoje em dia estar em alta, muitos estabelecimentos recebem alvará de funcionamento, mas a maioria deles está fora das normas. Para fazer economia, eles acabam usando filtros com classificações que não estão de acordo com as normas para seu tipo de construção, não trocam os filtros e fazem pouca manutenção. Sempre orientamos o cliente, mas o maior problema é que falta fiscalização", alerta Machado.
Cada norma tem um objetivo e escopo, a qual citamos as principais.
Normas que ditam regras para se determinar a eficiência dos filtros.
ABNT NBR 16101:2012 – Atualmente é a norma mais moderna encontrada no mercado brasileiro, que além de determinar as eficiências e as classes de filtragem, a norma determina a eficiência de filtragem no estado inicial do processo assim como os efeitos da perda eventual de carga eletrostática, que podem impactar significativamente a eficiência ao longo da vida útil, além de sugerir ainda em seu anexo F uma proposta de aplicação de classificação energética dos filtros, de forma a informar ao usuário o quanto impactam no consumo de energia. Rica em detalhes, a norma abrange as formas construtivas dos elementos filtrantes, métodos de ensaios, determinação de vazão, perda de pressão, poder de acumulação, economia de energia, entre outros.
ABNT NBR ISO 29463:2014 – Filtros de alta eficiência (Hepa) em meios filtrantes para remoção de partículas no ar.
As normas acima são baseadas, respectivamente, nas normas europeias EN 779:2012 e EN 1822:2009.
A norma americana ANSI/ASHRAE 52.2.2012 também é utilizada. Fonte: Camfil Latinoamerica e Trox do Brasil.
Normas que recomendam utilização de filtro em função da aplicação.
NBR ISO 14.644 - que trata de ensaios em salas limpas, usada em indústrias farmacêuticas, microeletrônica, biotecnologia etc.
NBR 7256 - que trata de aplicações em hospitais. Fonte: Trox do Brasil.
No Brasil, a ABNT está trabalhando na normatização de filtros absolutos tipo Hepa. Oliveira convida os interessados a participar todas as primeiras terças-feiras do mês das reuniões realizadas na Associação Brasileira de Refrigeração, Ar Condicionado, Ventilação e Aquecimento (Abrava) para decidir sobre o assunto.
Troca adiada
O mercado de filtros de ar sofreu mudanças nos últimos anos e também foi afetado pela atual crise econômica. "Alguns clientes têm postergado a troca dos filtros, estendendo ao máximo a vida útil dos elementos", relata Santana. "O cliente está se segurando para não fazer a troca porque como a produção caiu, usa menos, e no escritório troca menos também. O problema é que o custo de trocar o filtro é mais barato do que não trocá-lo porque o risco de contaminação e de levar uma autuação e multa são muito mais custosos", diz o diretor técnico e comercial da Filtrax Brasil.
"Existe e sempre existiu uma grande procura, pois, além de eficientes, os filtros tipo painel são de fácil instalação e o preço é bem acessível, mas, infelizmente, com a crise, os clientes, por economia, demoram em fazer suas trocas periódicas", compartilha da opinião, Celymar. Quanto às aplicações que mais procuram estes filtros, ele diz que depende muito de cada uma. "Existem salas com muita poeira, salas que necessitam de um ar limpo e locais que são proibidos de ter qualquer tipo de impureza", explica.
"A reposição dos filtros ocorre quando da sua saturação com o uso da máquina ou sistema onde ele está instalado. Portanto, com a redução da produção industrial automaticamente diminui a necessidade de trocas com maior frequência dos elementos filtrantes", corrobora Oliveira. Segundo ele, os filtros de ar planos, plissados, montados em V, tipo multibolsa, mangas, cartuchos e outros são usados em diversas aplicações na filtragem do ar industrial, tanto no controle da contaminação ambiental (ar que entra) como no controle da poluição ambiental (ar que sai).
"A demanda por filtros tipo painel vem aumentando com o passar dos meses, principalmente para os fabricantes de equipamentos (AHUs), que visam fornecer uma máquina mais compacta. Ao comparar como o mercado era antes com o atual, a principal justificativa é a frequente exigência do mercado, em ser flexível e competitivo, alterando as especificações de equipamentos e instalações", relaciona Wilson Ferreira, coordenador de vendas C&O e APC da Camfil Latinoamerica.
Segundo Lima, na Unotech há mais procura para aplicações em cabine de pintura, filtros de ar condicionado, automotiva e indústria com grandes processos de pintura. "Quanto ao mercado nos últimos anos, as vendas caíram em média 40% devido aos recursos das empresas estarem cada vez menores e aos processos de fabricação na linha automotiva", avalia.
Para a Linter Filtros, a demanda para esta linha de produtos é grande em vários segmentos industriais. "Apesar das dificuldades que o país atravessa, estamos cada vez mais atuantes neste nicho de filtros", afirma Nascimento.
Foto: Linter Filtros
Contatos das empresas:
Camfil Latinoamerica: www.camfil.com
Filtracom: www.filtracom.com.br
Filtrax Brasil: www.filtraxbrasil.com.br
Filtros Free: www.filtrosfree.com.br
Linter Filtros: www.linterfiltros.com.br
Trox do Brasil: www.troxbrasil.com.br
Unotech: www.unotech.com.br