Existem hoje modernos laboratórios no Brasil e exterior equipados pelos fabricantes para garantir a eficácia dos testes e análises dos filtros e meios filtrantes oferecidos ao mercado. O Departamento de Ciência e Tecnologia Aeroespacial (DCTA) por meio do Instituto de Aeronáutica e Espaço (IAE) é outro exemplo no setor, já que possui, desde a década de 70, o único laboratório independente no Brasil, o Laboratório de Filtros do Ar (LFA). O LFA realiza análises de desempenho em filtros do ar para linha automotiva leve e pesada, sistema geral de ventilação e sistema de admissão do ar para turbinas a gás (Termoelétricas). Estes produtos seguem rígidas normas internas e reguladoras que acompanham o setor. Todo esse aparato é desenvolvido para proporcionar qualidade e confiança no produto vendido ao consumidor.
Com a crescente demanda de solicitação de ensaios em filtros do ar no mercado nacional e o fato de não existir um laboratório independente no Brasil para prestação deste serviço tanto da linha automotiva como de sistema de ventilação, o LFA percebeu a necessidade e buscou acompanhar o mercado e, para isso, se modernizou e foi acreditado junto ao Inmetro para atender esses clientes. "Atualmente, uma das missões da Divisão de Propulsão Aeronáutica (APA), da qual o LFA faz parte, é realizar estudos ligados a projetos no campo da propulsão aeronáutica, automotiva e de geração de energia elétrica", esclarece o engenheiro Valdeci Laurindo, do LFA. Conforme explica, o LFA atende a todos os fabricantes de filtros e pesquisadores na área de filtração de sistemas de admissão do ar. "Ambos os laboratórios de filtro do ar da linha automotiva e de sistema de ventilação do ar são os únicos no país em instituição independente, ou seja, fora de empresa privada. Para a linha automotiva, existem alguns laboratórios que pertencem às empresas fabricantes de filtros, porém, não são acreditados pelo Inmetro."
O engenheiro Alex Peixoto de Alencar, gerente de Produto de Filtros Hidráulicos da Hydac Tecnologia, empresa com know-how em diversos ramos industriais que oferece produtos de hidráulica, diz que a verificação por amostragem, o desenvolvimento, os testes normalizados que avaliam e asseguram a integridade de fabricação dos elementos filtrantes são realizados na matriz da empresa, na Alemanha, em moderno laboratório destinado ao controle de contaminação em sistemas hidráulicos. Já as análises de contagem de partículas e outras adicionais, como viscosidade cinemática, teor de água no óleo, acidez e percentual de saturação do óleo por água, são feitas no laboratório da Hydac em São Bernardo do Campo/SP, que possui a ISO 17025 CRL 0536.
Rodrigo Malagutti, supervisor de Assistência Técnica e pós-vendas da Sogefi Filtration do Brasil afirma que a Filtros FRAM possui avançados laboratórios na América Latina, América do Norte e Europa, todos totalmente capacitados para avaliação e homologação de seus produtos. A empresa atua fortemente no mercado de equipamentos originais, sendo fornecedora para várias montadoras de veículos leves e pesados no mundo inteiro. "É preciso atender aos requisitos específicos de cada montadora que variam de acordo com cada cliente. O resultado disso é que, a cada ano, investimos cada vez mais em máquinas e equipamentos de testes para atender aos requisitos mais severos, o que aumenta o nosso grau de exigência", complementa.

Segundo Malagutti, no segmento, existem algumas normas internacionais utilizadas, como ISO e SAE e, no Brasil, da ABNT. No caso de filtros, não existem órgãos reguladores. Porém, ressalta Malagutti um exemplo de como os órgãos reguladores governamentais podem intervir com a imposição de normas. Explica que o sistema de aspiração dos veículos possui vital importância no comportamento acústico do veículo. Com o passar dos anos, vemos carros cada vez mais silenciosos. "Esses são requisitos de órgãos reguladores governamentais impostos às montadoras para reduzir os níveis de ruídos dos veículos e os sistemas de aspiração contribuem cada vez mais para a diminuição de ruídos gerados pelos motores", cita. Hoje, também não existe selo de garantia, mas salienta que a Filtros FRAM oferece a seus clientes garantia total sobre seus produtos. "Recentemente, iniciamos alguns estudos para analisar a viabilidade de inserir o selo do Inmetro. Estes trabalhos estão em andamento", afirma o supervisor da Sogefi.
As novas normas do Proconve 7 exigem mudanças e várias peças vêm sofrendo alterações para contribuição da redução dos níveis de emissões dos veículos. Para Malagutti, nos sistemas de aspiração desenvolvidos nos últimos anos, percebe-se a necessidade da introdução de sensores para medir a quantidade de massa de ar que está sendo entregue ao motor. "Este sensor – chamado de MAFS – Mass Air Flow Sensor – se comunica com a injeção eletrônica do veículo, que, por sua vez, injeta somente a quantidade necessária de combustível nos cilindros. Esse mecanismo se aproxima cada vez mais do que conhecemos como mistura estequiométrica, que é a queima total do combustível, teoricamente ideal, sem desperdícios, extraindo o máximo rendimento do veículo e reduzindo as emissões de poluentes", indica. De acordo com ele, tudo isso implica em mais investimentos para execução de novos testes para avaliação do funcionamento do sistema de aspiração com este componente eletrônico.
Na Hydac, os testes nos filtros e seus elementos filtrantes são conduzidos segundo as normas internacionais ISO 2941, ISO 2942, ISO 2943, ISO 3724, ISO 3968, ISO 11170 e ISO 16889, conforme informa o engenheiro Alencar. Já o LFA segue normas nacionais e internacionais para a realização de ensaios de filtros do ar, segundo o engenheiro Valdeci Laurindo. No caso da linha automotiva leve e pesada, por exemplo, a norma de ensaio é a ABNT NBR ISO 5011, versão da norma internacional ISO 5011. Na linha de sistema de ventilação, é a EN 779, já que, conforme diz, a ABNT está em trabalho final para publicação da versão nacional desta norma. Além disso, o LFA é acreditado pela Coordenação Geral de Acreditação (Cgcre) do Inmetro e pertence também à Rede Brasileira de Laboratórios de Ensaio (RBLE) sob nº CRL 250. Já o Sistema de Metrologia Aeroespacial (Sismetra), do qual o LFA faz parte, é responsável pelas auditorias internas no sistema de gestão da qualidade do Laboratório.

Segundo o supervisor de Assistência Técnica e Pós-Vendas da Sogefi, os testes mais comuns realizados para filtros automotivos são:
• Vida;
• Eficiência;
• Capacidade de Retenção;
• Restrição ao Fluxo.
Mesmo assim, existem vários testes específicos necessários para a homologação de um filtro. Segundo Malagutti, a lista é tão extensa que não é possível mencionar aqui todos os testes. Mas se pudesse ser resumida, ele diria que os testes executados são basicamente para:
• Avaliação da performance de filtração;
• Resistência mecânica;
• Ataques químicos;
• Atenuação acústica no caso de sistemas de aspiração.
Na linha de filtros hidráulicos para aplicação industrial e mobil, para saber se o desempenho do elemento filtrante está indo bem, segundo o gerente de produto da Hydac, são realizados ensaios que acompanham rotineiramente sua capacidade de manutenção do nível de limpeza e investigam a condição existente para possível alteração.
Conforme diz, estes ensaios são feitos através de contagem de partículas:
• Por leitura em membrana de análise com método manual ou semiautomático; ou
• Por leitura automática em contadores eletrônicos de partículas.
Para que os contadores de partículas façam a leitura, são coletadas amostras em frascos especiais ou direto no sistema hidráulico por tomadores de amostra especiais. "Pode ser uma análise pontual ou online, que permite a leitura permanente do nível de limpeza do sistema. Os resultados destas análises são expressos baseados na distribuição das partículas por tamanho num volume de referência de fluido", explica Alencar. As normas de expressão da leitura mais utilizadas, conforme o engenheiro, são: a ISO 4406:1999; a SAE-AS 4059; e, ainda, a NAS 1638, de 1964.
Em relação aos filtros do ar, o mais importante, garante Laurindo, do LFA, é a proteção do motor. "É necessário não permitir uma restrição do ar que possa comprometer a mistura ar e combustível e evitar a entrada de partículas de contaminantes que causam desgaste nos dispositivos do sistema de admissão de ar do motor", afirma. Segundo o engenheiro, uma admissão do ar limpo com a menor restrição para o motor favorecerá uma boa combustão. Dessa forma, a emissão de poluentes será também reduzida. "O filtro do ar tem uma influência indireta nos gases de exaustão, pois faz parte do sistema de admissão do ar, mas a exaustão de gases nocivos ao ambiente depende de um conjunto de fatores, tais como tipo e qualidade do combustível, sistema de injeção, entre outros."