No mês de março, a Divisão de Filtração da Parker Hannifin inaugurou sua nova planta de fabricação de filtros hidráulicos. A fábrica está localizada na cidade de Arujá (SP) e é resultado de uma parceria entre a Parker e a HDA, empresa adquirida em janeiro de 2011. Após a fusão, a Parker HDA passou a ser a maior fabricante de filtros e acessórios hidráulicos da América Latina, além de ser a única empresa internacional a fabricá-los no Brasil.
O grupo Parker é dividido em nove Divisões, sendo que a Filtração é uma das mais representativas dentro da corporação, cobrindo sete plataformas de negócios: Filtração de Motores, Filtração Hidráulica, Tratamento de Ar Comprimido, Geradores de Gases, Filtração de Processos, Aerospace e Filtração de Água. De acordo com Peter Popoff, presidente mundial do grupo de Filtração, a empresa foi separada dessa forma, pois assim é possível trabalhar as oportunidades de negócios para cada grupo. "No mercado global de filtração existe uma série de aplicações, e a Parker tem trabalhado na diversificação desse portfólio", explica.
Desde o começo, a cultura da Parker no Brasil foi produzir em larga escala. A empresa começou com a plataforma de filtração hidráulica em 2002, atendendo a apenas três clientes, e sempre com grande volume de produção.
De acordo com Sérgio Monteiro, gerente geral da Divisão de Filtração e um dos principais responsáveis pela aquisição da HDA no Brasil, o interesse pela empresa veio justamente por que a mesma tinha como característica principal a produção de pequenas quantidades e um portfólio bastante amplo de produtos.
"Com a fusão, passamos a atender todos os tipos de necessidades. Em São Paulo, com a antiga fábrica da HDA localizada no bairro do Ipiranga, atendíamos a distribuição de baixos volumes e produtos especiais. Em São José dos Campos, onde está sediada a Divisão de Filtração, atendíamos pedidos em grande escala e com pouca diversificação, mas estava faltando um link, pois as equipes estavam separadas, eram equipamentos distintos e em culturas diferentes", conta Sérgio.

Como a fábrica da HDA estava em uma região com problemas de tráfego e mobilidade, surgiu a necessidade de unirmos os dois ambientes. "Procuramos então por um local de melhor logística e acesso. Encontramos o espaço aqui em Arujá facilitando a nossa logística, sendo que estamos ao lado das rodovias Via Dutra, Carvalho Pinto e do Aeroporto Internacional de Guarulhos, e futuro acesso do trecho norte do Rodoanel. Dessa forma, não tinha melhor local para unir estas operações", ressalta o gerente geral.
Agora em um único espaço, a Parker HDA está trabalhando com as duas operações juntas, com o intuito de unir a cultura de ambas as empresas e com a certeza de que o nosso vendedor vai a campo sabendo que pode comercializar qualquer filtro e em qualquer quantidade. As grandes empresas têm sucesso por dispor de uma excelente logística e estratégia. Máquinas e equipamentos qualquer empresa pode comprar, mas produzir material de qualidade a baixo custo, continua sendo um desafio para toda indústria. De acordo com Sérgio, o interesse não é limitar a linha da HDA, pelo contrário, a ideia é modernizar o portfólio de produtos e melhorar ainda mais sua competitividade. "A marca HDA é e continuará sendo estratégica para a Parker, completa".

Cândido Lima, presidente do Grupo Latino Americano da Parker, conta que no processo de aquisição da HDA sempre foi respeitada a cultura da empresa adquirida e a sua distribuição, mas sempre apresentando como opção as práticas da Parker, mostrando caminhos alternativos para que ocorra o crescimento e a sinergia entre as empresas. Para Cândido, o distribuidor Parker tem um papel muito importante, pois através dele é possível ramificar a atuação de vendas em campo, o que gera, claro, um maior resultado dentro da empresa.
"A aquisição da HDA foi importante para nossa estratégia de crescimento na plataforma de filtração hidráulica. Entendemos que a nova fábrica vai nos trazer um diferencial em questões de logística, proximidade ao cliente, bom atendimento e suporte técnico", ressalta Cândido.
A Parker é considerada uma empresa de grande porte e uma das suas principais estratégias nos últimos anos tem sido a de investir em novos mercados, pulverizando desta maneira suas vendas globais. De acordo com Doug Blakeman, vice-presidente de vendas e marketing do grupo, esse salto vem através do crescimento interno ou com novas aquisições. "Nos últimos 2 anos, o grupo Parker adquiriu dez novas companhias só na Divisão de Filtração, e a HDA foi uma delas", conta.
Quando mencionado sobre a expansão das fábricas e linhas de produtos, Doug explicou que hoje a Parker tem sete plataformas em todas as regiões do mundo, com enormes possibilidades de crescimento. "A fábrica de São José dos Campos, por exemplo, é basicamente para atender a indústria automobilística, com a filtração de motores. Aqui em Arujá, nós temos uma excelente estrutura para a plataforma de filtração hidráulica", ressalta.
A Parker vem praticando uma estratégia similar à do Brasil no continente asiático. A empresa realizou investimentos em novas fábricas para crescimento interno e algumas aquisições já foram finalizadas. Segundo Doug, em geral a economia mundial vem passando por ciclos de crescimento menores que nos últimos anos, porém, o Brasil é um país com enorme demanda interna e grande capacidade de competir externamente dentro de alguns segmentos. É o que buscamos neste momento para a América Latina, em 2013/2014.
"Como sabemos, o Brasil deve sediar a Copa do Mundo e as Olimpíadas, e todos esses processos de investimentos em infraestrutura nos fazem enxergar um país de grandes oportunidades. Nossa estratégia é ter certeza de que iremos replicar todas as plataformas de produto em todo o mundo. Pode ser uma nova aquisição ou apenas um investimento em uma nova fábrica", completa Blakeman.
Os processos de aquisição são fundamentais para o crescimento de uma empresa, de acordo com Ricardo Machado, ex-presidente do grupo Latino Americano da Parker. A Parker sempre teve como meta crescer organicamente, ou seja, crescer com seus próprios negócios, mas em um determinado momento passou a estabelecer como objetivos ter metade do crescimento como orgânico e metade do crescimento com aquisições. "Mas, existem momentos na economia global em que não é possível fazer aquisições e se faz necessário trabalhar mais com crescimento orgânico, mantendo assim um equilíbrio para compensar estas limitações", ressalta. 

Ricardo comenta ainda que dentro da Parker as aquisições são muito importantes, porém, têm que se encaixar dentro da estratégia de negócio da empresa. "Uma das principais características da Parker é trabalhar com sinergia, mas existem algumas estratégias que mudam um pouco esse processo. Há algum tempo, quando nós percebemos que a água purificada era umas das dez principais necessidades da humanidade e que tinha um mercado muito grande dentro desse setor, passamos a fugir um pouco dessa sinergia para investir neste segmento. Às vezes a gente precisa mudar um pouco, não é sinérgico, mas sim estratégico", explica.
Para o ex-presidente, a parceria com a HDA foi uma das melhores e mais tranquilas aquisições da Parker, "Foi uma relação de muita confiança entre as duas empresas. Ambas as partes trabalharam juntas e com muita transparência, principalmente pelo renome e qualidade dos produtos de ambas. Eu fiz várias aquisições na América Latina, mas nunca participei de uma parceria tão plena e de tanta confiança mútua", completa Ricardo.

A história das empresas

Parker
Em 1984 a Parker Hannifin Corp., localizada em Cleveland, Ohio (EUA), adquiriu a Racor que passou a integrar o grupo. No Brasil, a marca Racor era comercializada e representada pela Irlemp, que administrava com seriedade a marca e superava constantemente as crises que assolavam o Brasil na década de 80. A Parker, desta forma, passou a se interessar mais profundamente pelas atividades da Irlemp e acabou adquirindo a empresa em 1987.
Para agregar ainda mais ao grupo, além da Racor e Irlemp, a Parker adquiriu uma série de empresas nos anos posteriores, como por exemplo, a Domnick Hunter (conceituado fabricante mundial de filtros para a linha de ar comprimido e processos), a Velcon (filtros para aviação e motores diesel), a Zander (fabricantes de secadores e filtros para ar comprimido), a Kittiwake (empresa especializada em sistemas de filtração hidráulica), a Twin Filter (filtração de processos e sistemas para a indústria de óleo e gás), entre outras. Com estas aquisições a Parker passou a crescer com sinergia, pois agregou com isto um portfólio extremamente abrangente de produtos.
A Parker sempre se destacou por ser uma das principais empresas de filtração no mundo e a aquisição de novos negócios trouxe também o aumento de sua participação no mercado.
Presente nos segmentos industrial, mobil e aeroespacial, a Parker atua também com as linhas de automação pneumática e eletromecânica, refrigeração industrial, comercial e automotiva, tubos, mangueiras e conexões, instrumentação, hidráulica, filtração e vedações. Ao todo, são 1.800 funcionários diretos e mais de 300 distribuidores autorizados em todo o país, oferecendo um excelente atendimento, material de treinamento e assistência técnica sempre que necessário.
No mundo, a Parker está presente em 150 países, com mais de 58.000 colaboradores diretos. Nossa rede de distribuição autorizada, a maior do segmento, conta com mais de 13.000 distribuidores, atendendo mais de 500.000 clientes em todo o mundo.

HDA
Fundada por Clovis Pelozine, Julio Coutinho e Valdir Pepe, a HDA iniciou suas atividades em 1976, época em que o Brasil vivia o início de uma séria crise cambial, posterior ao "milagre econômico" dos anos 70. Naquela época, diversas restrições às importações foram estabelecidas, como por exemplo, para conseguir importar algum componente era necessário obter uma licença de importação, que correspondia a uma parcela do valor exportado pela empresa.
O slogan "exportar é o que importa", foi amplamente difundido na época e representa muito bem a dificuldade que as empresas enfrentavam para operar, pois muitas delas estabeleceram-se no Brasil para vender localmente e abastecer a necessidade de equipamentos a fim de suportar o "milagre brasileiro", poucas eram as exportadoras "de origem" e, portanto, não conseguiam cotas. Nesse cenário de incertezas, a HDA cresceu desenvolvendo produtos para essas empresas fabricantes de bens de capital que ficaram órfãs com as limitações de importações impostas.
As poucas empresas que conseguiam cotas de importação, as utilizavam para trazer insumos de maior valor agregado, relegando, para a sorte da HDA, filtros e acessórios a um segundo plano. Como não poderia deixar de ser, a HDA escolheu os filtros e acessórios mais populares no mercado para iniciar o processo de nacionalização - Greesen e UCC, empresas que hoje pertencem à Parker.
Os filtros FR24 e FR25 são referência de mercado – os mais copiados pelos concorrentes nacionais – e seu desenvolvimento no Brasil ocorreu para atender clientes como Dynapac, CASE, Romi, entre outros, que continuam a utilizá-los até hoje. Seguindo sua trajetória de sucesso, a HDA tornou-se líder de mercado em filtração hidráulica e acessórios. Foi pioneira na introdução e fabricação de filtros hidráulicos absolutos em 1990 e, por vários anos, a única empresa a fabricá-los no Brasil, enquanto outras companhias, inclusive a Parker, os importava.
Com o passar do tempo e a constatação de que a melhor eficiência de filtração aumenta o desempenho e a vida útil dos equipamentos, outras empresas passaram a fabricá-los localmente.
Apesar de ter iniciado operações em um momento em que as barreiras de importação favoreciam a produção local e que os produtos de menor qualidade eram ainda aceitos, a HDA soube superar concorrentes e se desenvolver no mercado. Com a abertura econômica dos anos 90, a HDA se reinventou e aprendeu a conviver com concorrentes estrangeiros que passaram a investir no mercado brasileiro e se beneficiaram de um câmbio favorável para manter seus preços competitivos.

Aquisição
Desta forma, o interesse recíproco que já havia entre as empresas, passa a ser a característica marcante da Parker HDA, com acesso irrestrito à tecnologia de ponta, capacidade de desenvolver localmente produtos customizados, independente da escala de produção. De acordo com os diretores da Parker, a HDA sempre chamou a atenção pela responsabilidade no atendimento, foco no cliente e rapidez em lançar produtos, cobrindo toda a necessidade do mercado por elementos de reposição de filtros importados.
Em 1988 houve a primeira tentativa de aquisição da HDA pela Parker, que não logrou êxito. Em 2008 as empresas se reaproximaram, mas a crise econômica mundial esfriou os ânimos, sem arrefecer, porém, o objetivo da parceria entre ambas. No auge da crise em 2009, a relação entre as empresas se fortaleceu e estabeleceram uma política mútua de fornecimento de produtos em diferentes áreas. Um ano depois, com o mercado revigorado, as transações recomeçaram, resultando no sucesso do negócio, sendo a primeira aquisição da Parker, em âmbito mundial, depois da crise financeira.
De acordo com os representantes da empresa, a maioria dos funcionários passou a trabalhar na nova fábrica em Arujá mantendo, assim, profissionais com conhecimento de mercado e da operação.