Produção Industrial, Pacotes De Incentivos E A Competitividade Brasileira
Por Marcio Freitas
Edição Nº 59 - Novembro/dezembro de 2012 - Ano 11
O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) apontou que, em agosto, a produção industrial avançou pelo terceiro mês consecutivo. A alta foi de 1,5%, a mais elevada desde maio do ano passado
O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) apontou que, em agosto, a produção industrial avançou pelo terceiro mês consecutivo. A alta foi de 1,5%, a mais elevada desde maio do ano passado. Esse resultado foi alcançado graças aos setores beneficiados pela redução do IPI. O crescimento da produção foi estruturado em bens de consumo duráveis, destacando-se a produção de automóveis, eletrodomésticos e móveis. Todos esses segmentos são clientes do setor de transformação plástica. Nos últimos três meses o ganho acumulado é de 9,4% na produção de bens de consumo.
O aumento na venda de veículos automotores, acima de 3%, foi o maior responsável pelo bom desempenho da indústria em agosto, segundo o IBGE. Entretanto, a expectativa é de que o setor automotivo deva sofrer redução de crescimento nos próximos balanços do IBGE. Isso se explica por conta da queda nas vendas de setembro, já registradas, segundo a Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores (Fenabrave). Embora a força da indústria automobilística tenha diminuído sua intensidade, analistas de mercado acreditam que o resultado do terceiro trimestre de 2012 seja um pouco melhor.
Alguns bancos trabalham com queda de 0,8% na produção industrial de setembro. Entretanto, os resultados acumulados pela indústria, nos meses de julho e agosto, mostram que o PIB do trimestre poderá crescer algo em torno de 1%. Especialistas de mercado acreditam que há uma recuperação em curso, embora ainda pequena. Porém, é difícil afirmar que é uma recuperação sustentável, uma vez que outros segmentos da economia ainda estão atravessando por dificuldades, não somente por conta das nossas históricas limitações, como pela competição com importados.
Para o ministro da Fazenda, Guido Mantega, já existe um aquecimento da economia brasileira. O ministro apontou aumento da demanda por produtos industrializados e melhora nas exportações de manufaturados. Claro que a análise de Mantega não viria sem o reforço de que o crescimento se deu graças às medidas adotadas pelo governo na área de câmbio, uma vez que o dólar está mais favorável à balança comercial brasileira. Otimista, ele diz que a expansão industrial se manterá pelos próximos meses.
Do lado de cá, vamos cruzar os dedos para que a profecia do ministro Mantega se materialize, pois não é fácil para a indústria brasileira concorrer com os importados que estão chegando e massacrando a nossa produção. As medidas que estão em curso, adotadas pelo governo, podem surtir efeitos somente em 2013. Vale também lembrar que o resultado de agosto não foi o mesmo para o setor de bens de capital, que foi de apenas 0,3%, tal resultado estimula os pensadores da economia a se perguntarem se o investimento produtivo está abaixo do esperado.
Embora haja consenso sobre a mão do governo e a melhora dos indicadores, o setor industrial não pode mais continuar seguindo sem uma política mais arrojada focada na melhoria de produtividade, na inovação, na melhoria das condições de infraestrutura para escoar nossa produção e investimento em educação, capacitando mão de obra, para termos melhores aparatos de competitividade no mercado global. Questões como a redução da tarifa de energia ajudam, mas continuam sendo medidas pontuais.
Se continuarmos somente na dinâmica de bolsa para esse setor, bolsa para aquele outro, nunca chegaremos ao patamar de competitividade que outros países têm. Não somente o Brasil, mas boa parte dos países da América Latina apresentaram crescimento e redução de disparidade social, o que mostra que há mais gente no mercado consumidor comprando e girando riqueza. É justo pensar em fornecedor para esses mercados, uma vez que já temos muitas empresas brasileiras investindo nesses países e conquistando seus espaços. Mas não chegaremos ao patamar desejado de competitividade se não houver uma política estruturada voltada para o aumento da competitividade e da sustentabilidade da produção brasileira.
Esses alívios governamentais são paliativos e não nos conduzem, em médio e longo prazo, a caminhos satisfatórios para o setor produtivo como um todo. O mundo está atravessando momentos difíceis, com economias tradicionais agonizando.
Com tudo isso, o Brasil está melhor que muitos países. Não é por essa razão que devemos cruzar os braços e deixar as oportunidades passarem. Temos de seguir forte para afugentar a nuvem negra que sopra pelos Estados Unidos e Europa atrapalhando suas economias. O Brasil deve trabalhar seus desafios do presente, mas principalmente projetar sua nação para um futuro que nos dê condições de competir no mercado global.
O aumento na venda de veículos automotores, acima de 3%, foi o maior responsável pelo bom desempenho da indústria em agosto, segundo o IBGE. Entretanto, a expectativa é de que o setor automotivo deva sofrer redução de crescimento nos próximos balanços do IBGE. Isso se explica por conta da queda nas vendas de setembro, já registradas, segundo a Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores (Fenabrave). Embora a força da indústria automobilística tenha diminuído sua intensidade, analistas de mercado acreditam que o resultado do terceiro trimestre de 2012 seja um pouco melhor.
Alguns bancos trabalham com queda de 0,8% na produção industrial de setembro. Entretanto, os resultados acumulados pela indústria, nos meses de julho e agosto, mostram que o PIB do trimestre poderá crescer algo em torno de 1%. Especialistas de mercado acreditam que há uma recuperação em curso, embora ainda pequena. Porém, é difícil afirmar que é uma recuperação sustentável, uma vez que outros segmentos da economia ainda estão atravessando por dificuldades, não somente por conta das nossas históricas limitações, como pela competição com importados.
Para o ministro da Fazenda, Guido Mantega, já existe um aquecimento da economia brasileira. O ministro apontou aumento da demanda por produtos industrializados e melhora nas exportações de manufaturados. Claro que a análise de Mantega não viria sem o reforço de que o crescimento se deu graças às medidas adotadas pelo governo na área de câmbio, uma vez que o dólar está mais favorável à balança comercial brasileira. Otimista, ele diz que a expansão industrial se manterá pelos próximos meses.
Do lado de cá, vamos cruzar os dedos para que a profecia do ministro Mantega se materialize, pois não é fácil para a indústria brasileira concorrer com os importados que estão chegando e massacrando a nossa produção. As medidas que estão em curso, adotadas pelo governo, podem surtir efeitos somente em 2013. Vale também lembrar que o resultado de agosto não foi o mesmo para o setor de bens de capital, que foi de apenas 0,3%, tal resultado estimula os pensadores da economia a se perguntarem se o investimento produtivo está abaixo do esperado.
Embora haja consenso sobre a mão do governo e a melhora dos indicadores, o setor industrial não pode mais continuar seguindo sem uma política mais arrojada focada na melhoria de produtividade, na inovação, na melhoria das condições de infraestrutura para escoar nossa produção e investimento em educação, capacitando mão de obra, para termos melhores aparatos de competitividade no mercado global. Questões como a redução da tarifa de energia ajudam, mas continuam sendo medidas pontuais.
Se continuarmos somente na dinâmica de bolsa para esse setor, bolsa para aquele outro, nunca chegaremos ao patamar de competitividade que outros países têm. Não somente o Brasil, mas boa parte dos países da América Latina apresentaram crescimento e redução de disparidade social, o que mostra que há mais gente no mercado consumidor comprando e girando riqueza. É justo pensar em fornecedor para esses mercados, uma vez que já temos muitas empresas brasileiras investindo nesses países e conquistando seus espaços. Mas não chegaremos ao patamar desejado de competitividade se não houver uma política estruturada voltada para o aumento da competitividade e da sustentabilidade da produção brasileira.
Esses alívios governamentais são paliativos e não nos conduzem, em médio e longo prazo, a caminhos satisfatórios para o setor produtivo como um todo. O mundo está atravessando momentos difíceis, com economias tradicionais agonizando.
Com tudo isso, o Brasil está melhor que muitos países. Não é por essa razão que devemos cruzar os braços e deixar as oportunidades passarem. Temos de seguir forte para afugentar a nuvem negra que sopra pelos Estados Unidos e Europa atrapalhando suas economias. O Brasil deve trabalhar seus desafios do presente, mas principalmente projetar sua nação para um futuro que nos dê condições de competir no mercado global.
Marcio Freitas |