Primeiro grande projeto hidrelétrico do Paraná completa 90 anos

Usina Hidrelétrica Chaminé teve papel fundamental no desenvolvimento econômico e social de Curitiba


A Usina Hidrelétrica Chaminé completa, este mês, 90 anos de operação. Com 18 MW de potência instalada, é um dos empreendimentos de geração de energia mais antigos do Paraná e teve papel fundamental no desenvolvimento econômico e social de Curitiba.

Localizada na margem esquerda do rio São João, no munícipio de São José dos Pinhais (PR), em uma área de preservação permanente em meio à Serra do Mar, a Usina Chaminé tem quatro unidades geradoras e dois reservatórios: Vossoroca, localizado no munícipio de Tijucas do Sul, que é maior e tem a função de acumulação da água; e Salto do Meio, próximo à casa de força da usina, que serve para regularização da vazão da água para as turbinas.

Oficialmente inaugurada em março de 1931, Chaminé tinha, à época, potência instalada de 9 MW e duas unidades geradoras. Uma ampliação feita entre 1946 e 1952 dobrou a capacidade da planta, incluindo mais duas unidades geradoras. Essa usina foi incorporada pela Copel na década de 70 junto com a Companhia Força e Luz do Paraná.

Contexto histórico — Chaminé foi o primeiro grande projeto hidrelétrico do Paraná. Na época da construção, a capital estava em pleno processo de urbanização. A população reivindicava mais qualidade no serviço de iluminação pública e era estimulada a conhecer e se beneficiar das comodidades proporcionados pela energia elétrica dentro de casa.

Em 1929, numa reação à baixa qualidade dos serviços de iluminação pública na capital, o Governo do Paraná transferiu o contrato da Brazilian Railways Company Ltda. para a Companhia Auxiliar de Empresas Elétricas Brasileiras, que organizaram a Cia. Força e Luz do Paraná, pertencente ao grupo norte-americano Electric Bond & Share Corporation. Este grupo passou a investir na modernização do sistema de transmissão e também no aumento da capacidade instalada no Estado.

Começava, então, a construção de Chaminé. Seu funcionamento levou à extinção da Usina Térmica do Capanema, movida à lenha e construída no final do século 19 no terreno onde hoje está a rodoviária de Curitiba. A construção durou três anos, sob comando e supervisão do engenheiro americano Howell Lewis Fry.

Relíquia — Para transportar pessoal, máquinas e peças até o local, de difícil acesso, foi construído um trole (vagonete sobre trilhos), ligando a vila residencial à casa de força. O trole acabou se tornando uma marca de Chaminé, por proporcionar uma viagem de 720 metros através de uma exuberante reserva de Mata Atlântica, vencendo planos praticamente verticais, com declives de até 55 graus. Operando desde 1929, o trole funciona até hoje, movimentado por motores que liberam e recolhem um cabo de aço. Esses motores operavam a vapor na época da obra. Em 1999, o trole foi automatizado.

A energia de uma família — Neste ano do aniversário de 90 anos de Chaminé, será encerrado um grande ciclo de dedicação de duas famílias, envolvendo quase 30 pessoas, cujas histórias confundem-se com a da usina. Histórias que atravessam três gerações e que iniciaram com o trabalho dos pioneiros Ernesto Afonso Alves e Pedro Cardoso Ferreira.

Ernesto Afonso Alves trabalhou na construção da usina e, depois, como “barrageiro” em Vossoroca. Após a aposentadoria, deixou três filhos trabalhando em Chaminé. A terceira geração, dos netos de Ernesto, seguiu a tradição: Claucio Corrêa Nunes e Leonel da Rocha Vieira aposentaram-se em novembro de 2020. E Joel da Rocha Vieira deixa a Copel neste mês de março.

O outro pioneiro, Pedro Cardoso Ferreira, após atuar na obra da usina, trabalhou por muitos anos como barrageiro do reservatório Salto do Meio. Ao se aposentar, também deixou dois filhos trabalhando em Chaminé. E um neto, representando a terceira geração: Paulo Cardoso Ferreira Filho, aposentado pela Copel em novembro de 2018.

E essa história de família não para por aí. Um dos netos do pioneiro Ernesto, Altevir Daniel da Rocha casou-se com a neta do pioneiro Pedro Cardoso Ferreira, Rosangela Rocha. Altevir ainda trabalha na Copel e é ele quem vai encerrar o a longa trajetória de 90 anos de dedicação das duas famílias para manter a esse patrimônio do Paraná em pleno funcionamento. Altevir já entrou com o processo de aposentadoria e deve se desligar da empresa no final de 2021

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