Transformação digital fará com que o futuro da indústria automobilística seja B2B

A mobilidade passou a ser vista como serviço e o futuro da produção de carros será B2B


Para a green4T, empresa de serviços de tecnologia e infraestrutura digital, a queda nas vendas do setor e a mudança de hábito na população provocada pela transformação digital motivará as montadoras a buscar outras formas de manter os negócios e as companhias que desenvolvem a nova mobilidade passam a ser as principais concorrentes do setor.

"As transformações tecnológicas aliadas às mudanças de hábito das populações trazem novos paradigmas ao setor automobilístico e, consequentemente, à mobilidade global. Tanto por preocupações com a sustentabilidade quanto pelos novos modelos de serviço facilitados pela economia digital, a mobilidade passou a ser vista como um serviço, e não mais como um bem de consumo", avalia Carlos Eduardo Dumard, Gerente de Soluções de Tecnologia da green4T.

"Uma quebra de paradigmas como essa tem potencial para transformar a indústria automobilística, que começa a desempenhar um novo papel na mobilidade urbana. No futuro, a tendência é que as fabricantes passem a se dedicar a produzir carros para atender às empresas de tecnologia, que já são uma das principais preocupações das gigantes do setor", afirma o executivo.

Dumard cita alguns exemplos brasileiros que mostram a mudança de percepção sobre a mobilidade. De acordo com dados da Federação Nacional de Distribuição de Veículos Automotores (Fenabrave), as vendas de veículos no país caíram de 2,26 milhões de unidades em 2019 para 1,61 milhão em 2020. Ainda, segundo a Mobile Time, 71% dos brasileiros que possuíam um smartphone já haviam solicitado pelo menos uma corrida por aplicativo em 2019. A empresa que lidera o serviço no país já realizou mais de um bilhão de corridas desde 2014.

Outro indicador, ressalta Dumard, é o número de emissões de carteiras de habilitação: o Departamento Nacional de Trânsito (DENATRAN) identificou uma queda de 1/3 nas emissões do documento desde 2014, de 250 mil novas habilitações por mês naquele ano para 170 mil em 2018. O alto custo para obtenção da permissão e as novas alternativas são alguns dos motivos que estimulam jovens a não priorizar a obtenção do documento.

Para o especialista, essa transformação no modo de pensar a mobilidade causa impactos não apenas no dia a dia das pessoas, mas em toda a dinâmica da economia e das cidades. A chegada dos aplicativos de mobilidade por geolocalização de motoristas responde por boa parte dessa alteração. O surgimento de um ecossistema de mobilidade pessoal, que inclui ainda o compartilhamento de carros, motos, patinetes e bicicletas, tornou inadiável uma reinvenção da indústria automobilística.

"Há, porém, uma reação do setor, já que as montadoras passam a buscar no mercado soluções que permitam manter a relevância em um momento em que carros enquanto bem de consumo se tornam menos atrativos. Isso inclui a aquisição de startups de micromobilidade e fabricantes de veículos elétricos, já antevendo uma saída na sustentabilidade", conclui.

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