Como a digitalização está otimizando a operação remota de equipamentos pesados off road

Evento virtual teve cerca de 550 congressistas e mostrou que é possível planejar estrategicamente esse tipo de operação para obter maior custo benefício


Na semana passada, um workshop da Associação Brasileira de Tecnologia para Construção e Mineração (Sobratema) mostrou como a digitalização está otimizando a operação remota de equipamentos pesados off road. O evento virtual teve cerca de 550 congressistas e mostrou que é possível planejar estrategicamente esse tipo de operação para obter maior custo benefício em campo.

“Quando começamos, não havia monitoramento nos equipamentos e, hoje, a operação remota é acessível e uma realidade na construção e na mineração. É um enorme avanço e modernização para as obras”, diz o engenheiro Afonso Mamede, presidente da Sobratema

A operação remota tem uma complexidade maior e é necessário trabalhar o pilar relacionado às pessoas, pois há uma mudança de perfil do operador, dos encarregados, de profissionais de apoio e da alta liderança, segundo Carlos Magno Schwenck, responsável pela gestão de equipamentos da construtora Barbosa Mello. Em obras de descaracterização de barragens, a empresa integrou tecnologias de escaneamento de alta precisão, sistema de automatização de máquinas, rede de comunicação de dados e controle remoto das máquinas. Além disso, investiu na aquisição de novos equipamentos, embarcando as tecnologias para ampliar a confiabilidade na operação.

Segundo Schwenck, a gestão remota de equipamentos é uma inovação disruptiva, porque tanto o operador como o encarregado precisam realizar a gestão da máquina por meio de dados e imagens advindas da telemetria, de drones e do monitoramento em tempo real feito pelas câmeras e por meio de vibração de partículas.

Veja reportagem do InfraROI sobre a digitalização de equipamentos off road

Hugo Pereira Soares, diretor da Construtora Vale Verde, avalia que a operação remota produz a mesma eficiência de uma operação tripulada e ainda conta com outras vantagens, como a garantia da segurança das pessoas, uma vez que retira o operador e outros envolvidos da zona de risco. Ele também exalta a redução de custos e ganho de produtividade, pois há melhor aproveitamento da jornada de trabalho dos profissionais, reduzindo os deslocamentos de longas distâncias. “Independentemente da área de atuação e da questão do investimento, essa é uma tendência que vai se tornar cada vez mais próxima de nossas obras. É um fato irreversível, ainda mais com a proximidade da aplicação do 5G. Esses equipamentos se tornarão comuns para todos”, pontua.

Soares ressalta que quanto maior a distância entre a operação remota e a sala de controle, melhor precisa ser a tecnologia utilizada para reproduzir em tempo real o cenário para o operador. “O delay, por menor que seja, não pode existir, pois pode provocar acidentes. Assim, sistemas convencionais de imagem não podem ser aplicados”, diz.

Nesse sentido, uma tecnologia de rede móvel e dinâmica, capaz de se adaptar as variadas situações pode ser uma vantagem nesse tipo de operação. Tiago Barros, gerente técnico da SITECH Brasil, destaca o protocolo de comunicação InstaMesh, criado pela Rajant, no qual cada rádio pode ser um repetidor e não apenas um usuário. Com isso, utilizando outros equipamentos móveis, os rádios trafegam os dados e informações em tempo real, não sendo afetados por instabilidades ou barreiras físicas.

Barros traz um case de obra, no qual apresentou todo o processo para a implantação e operação de equipamentos não tripulados. Um equipamento essencial para esse tipo de obra é o drone, que permite realizar a topografia do local. Por meio de softwares da Trimble, foram processadas informações da área da barragem, retirados dados topográficos por imagem e aplicados em outro software da mesma fabricante para construção do projeto 3D, que foi então embarcado nos equipamentos para realizar a execução automática na obra.

Além do projeto 3D, os equipamentos foram dotados de um kit, composto por cabos, periféricos, antenas GPS, sensores angulares para fornecimento de informações sobre a inclinação da lâmina e da máquina, módulo de potência e um computador de bordo, no qual o operador se posiciona no projeto. “É preciso oferecer um suporte customizado, além de distribuir câmeras de forma estratégica para que o operador tenha a melhor percepção possível da operação”, disse Barros.

Como benefícios da operação remota, ele cita a dispensa de greidista ou pessoas próximas às máquinas. Outra vantagem é a possibilidade de nivelamento técnico de todos os operadores, mantendo o padrão e a qualidade operacional, além da execução do projeto atribuindo camadas de escavação de forma uniforme, otimizando recursos e elevando a produtividade, devido ao trabalho realizado com marchas mais alta.

Na Andrade Gutierrez, João Paulo Oliveira, gerente de equipamentos da construtora, a experiência é a primeira obra com 100% de equipamentos não tripulados. O projeto foi iniciado em setembro do ano passado e a solução foi uma alternativa para atender uma zona de autossalvamento (ZAS), onde não é permitida a presença de pessoas. A instalação da fibra óptica e câmeras de comunicação foi realizada com a ajuda de um helicóptero para prover acesso a alguns pontos do trajeto. Ao todo, foram instaladas oito antenas de comunicação em 400 metros.

Segundo Oliveira, em apenas dois meses, houve a conclusão dos trabalhos de aceitação da obra, com antecipação dos prazos devido ao aumento da produtividade. Em fevereiro deste ano, iniciou-se uma nova obra: a execução de inspeção de material rochoso pós-fragmentação. A frota aplicada é composta por caminhões basculantes, escavadeira, trator de escavadeira e motoniveladora.

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